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1.

Pesquisas e características do tráfego


• Para planejar o sistema de transportes, é necessário uma série de pesquisas e levantamentos
associados à demanda de usuários e o local onde será implantado;
• Os levantamentos e pesquisas podem ser classificados em 2 formas, de acordo com a origem dos
dados:
• Oriundo de levantamentos realizados diretamente em campo,
Dados primários
usualmente por meio de entrevistas e questionários com os usuários.
• Oriundos de pesquisas que foram previamente realizadas por outros
Dados
órgãos, empresas de transporte ou instituições nacionais;
secundários
• Ex: Censo do IBGE.

• Diversas metodologias podem ser empregadas, porém destaca-se a Pesquisa Origem-Destino


(Pesquisa O/D);
• Tem como objetivo identificar características socioeconômicas, modos de transporte, origens,
destinos, motivos das viagens, endereço, entre outras informações;
• Necessário a definição de Zonas de tráfego;
• O local de aplicação desta pesquisa deve ser estratégica;
• Pesquisa voltada para o transporte público – Estações de transbordo.

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Exemplo de questionário para pesquisa de


origem e destino em pontos de transbordo de
transporte público

FERRAZ E TORRES, 2004

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• A partir da coleta de dados das pesquisas, o próximo passo é identificar a atração mútua entre as
zonas de tráfego, quantificando as viagens através das matrizes O/D;

• Linhas: Viagens produzidas de uma zona para outra;


• Colunas: Viagens atraídas de uma zona para outra.

Ex: Quais correlações podemos tirar com relação a zona de tráfego 1?

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• Para uma melhor representação da dinâmica de atração de viagens, pode ser representada através de
vetores, conhecidos como Linhas de Viagem ou Linhas de Desejos;
• Linhas mais espessas representam maiores volumes de viagens entre as zonas.

• Importante ressaltar que o planejamento de transportes é um processo contínuo;


• Deve-se manter após sua implantação de modo a averiguar os aspectos técnicos projetados para a
operação do sistema.

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• Existem três características fundamentais
dos aspectos dinâmicos do tráfego: Volume,
velocidade e densidade;

• Conceitos importantes
• Volume de tráfego: Número de veículos
que passam numa determinada seção na
unidade de tempo;

• VMDA: Volume médio diário anual de


tráfego. Volume total anual/365 dias;

• VMD: Volume médio diário. Pode-se ter


diferentes apresentações deste parâmetro;
• VMDm: Volume médio diário mensal;
• VMDs: Volume médio diário semanal;
• VMDd: Volume médio diário em um dia
da semana específico.

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Volume de tráfego
• Unidade usual: UCP/tempo (Unidade de carro de passeio);
• Como representar outros veículos na contagem do volume de tráfego?
• Uso de fatores de equivalência.
Tipo de veículo Fator UCP
Carros 1,0
Motos 0,33 – 0,5
Bicicletas 0,2
Ônibus 2,0
Caminhões 2,0 – 3,0
Veículos Articulados 3,0 – 3,5

• Hora de pico: Intervalo de uma hora com o maior volume do dia;


• Volume de pico: Volume registrado em um intervalo de 1 hora na hora de pico;

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Variações do volume de tráfego
• O fluxo de uma via de tráfego varia de forma generalizada
• Varia ao longo do ano, mês, semana, dia e até da mesma hora;
• Também varia conforme a faixa de tráfego que está sendo analisada.
• Os veículos que passam em uma seção da via não são uniformes no tempo. Recomenda-se separar
em 4 períodos de 15 minutos dentro de uma hora;
• Fator Horário de Pico (FHP): Fator que mede a variação do volume de tráfego dentro do horário de
pico.

FHP – Fator Horário de Pico • Utilizado nos estudos da capacidade de serviço das vias;
Vhp – Volume da hora de pico • Pode variar de 0,25 a 1,00;
V15max – Volume de tráfego • Mais comum são na faixa de 0,75 a 0,90;
dentro do período de 15 minutos • Região urbana – 0,80 a 0,98;
com o maior fluxo de tráfego • FHP maiores que 0,95 indicam grandes volumes de tráfego, com
dentro da hora de pico. restrição das capacidades das vias;

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Velocidades

• Relação entre espaço percorrido por um veículo e o tempo gasto em percorrê-lo;


• Conceitos importantes:

• Velocidade Percentual N%: Velocidade da abaixo da qual trafegam N% dos veículos (geralmente
utiliza-se 85% para fins de determinação da velocidade máxima permitida);

• Velocidade de fluxo livre: Velocidade média dos veículos de uma via quando apresenta volumes
baixos de tráfego e sem restrição quanto às velocidades. Reflete a tendência natural do motorista;

• Velocidade diretriz: Velocidade selecionada para fins de projeto, da qual se derivam os valores
mínimos de características físicas da rodovia;

• Velocidade de operação: Mais alta velocidade que o veículo pode percorrer uma dada via
atendendo às limitações impostas pelo tráfego, sob condições favoráveis de tempo. Não pode
exceder velocidade de projeto.

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• Densidade: Equivale ao número de veículos por unidade de comprimento da via;
• Parâmetro crítico dos fluxos, pois caracteriza a proximidade dos veículos, refletindo o grau de liberdade
de manobra do tráfego. Dt – Densidade (veículos/km)
Fmt – Fluxo médio no trecho (veículos/h)
Vmt – Velocidade média no trecho (km/h)

• Headway: Tempo entre passagem sucessiva de dois veículos por um ponto da rodovia (expresso em
segundos);
• Headway espacial ou espaçamento: Distância entre a passagem sucessiva da frente de dois
veículos consecutivos num dado período de tempo. Expresso em metros.

• Headway médio espacial: Média de todos os headways espaciais da via. É expresso em


metros/veículo, e pode ser obtido através da densidade.
1000 Dt – Densidade (veículos/km)
𝐸𝑚𝑡 =
𝐷𝑡 Emt – Headway médio espacial (m/veíc)

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Relações entre as variáveis
• Entre fluxo e densidade;

• Densidade zero = Fluxo zero;


• Densidade máxima = Fluxo zero;
• Fluxo máximo = Densidade intermediária;
• Na densidade de congestionamento a velocidade média no espaço é zero.

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Relações entre as variáveis
• Entre volume e densidade

• Partindo do ponto de fluxo livre, reduz-se a velocidade média até chegar a um ponto de densidade
ótima – Fluxo máximo que a via pode carregar (capacidade);
• A partir deste ponto, a entrada de mais veículos provoca turbulência – Velocidade e volume diminuem.

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Relações entre as variáveis
• Entre velocidade e densidade

• Considerando mesmo volume, a densidade de uma via aumenta com a diminuição da velocidade;
• Atingida a densidade ótima, a densidade continua aumentando, enquanto a velocidade decresce.

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• Em estudos de tráfego, também é necessário realizar


a contagem do volume de tráfego atual;

• Procedimentos que se realizam que tem como


finalidade determinar o número de veículos que
circulam em um determinado segmento de uma
via, em determinada unidade de tempo, nas
condições atuais, em um sentido ou ambos, de forma
a possibilitar o cálculo da projeção do número de
veículos que passará a circular, em condições
futuras, após a implantação de melhoramentos ou
construção de rodovias/vias urbanas.

• Os resultados são elementos condicionantes para o


planejamento, conservação e segurança de uma
determinada rodovia ou via urbana.

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Classificação das contagens
• Contagens globais: Registrado o número de
veículos que circulam por um trecho,
independentemente de seu sentido. Utilizados para
determinação do VMD, mapas de fluxo e
determinação de tendências de tráfego;

• Contagens direcionais: Registrado o número de


veículos por sentido do fluxo. Usados para cálculo
da capacidade, intervalos de sinais, estudo de
acidentes, previsão de faixas adicionais;

• Contagens classificatórias: Registrados os


volumes para os vários tipos ou classes de
veículos. Empregadas para dimensionamento
estrutural e projeto geométrico, cálculo de
capacidade, entre outros.

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Métodos de contagens
• Contagem manual
• Utiliza material humano;
• Permite classificação por tipo, tamanho, etc;
• Prod.: 1000 veículos/h ou 200 pedestres/h;
• Período de contagem < 8 – 10 h.
• Procedimentos de contagem
• Troca de observadores a cada 2 – 3h;
• Divide-se o período de contagem em intervalos
de 5 – 15 min;
• Pode-se usar planilhas ou contadores manuais.
Vantagens Desvantagens
Boa precisão Limitação de cobertura
Grande número de
Custo
informações
Flexibilidade,
simplicidade, rapidez

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Métodos de contagens

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Métodos de contagens
• Contagem mecânica/automática
• Utiliza detectores de tráfego de instalação
permanente ou móvel;
• Podem ser classificados em detectores na
via/intrusivos ou acima da via/não intrusivos;
• Intrusivo: Instalado embutido ou preso a
superfície do pavimento;
• Não intrusivo: Instalado acima ou às margens
da faixa de tráfego.

Vantagens Desvantagens
Baixo custo/hora Informações limitadas
Amplitude do tempo
Alto investimento inicial
de cobertura
Boa precisão

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Detectores intrusivos – Tubos pneumáticos
• Sensores enviam pulsos de pressão de ar assim que
um veículo passa por sobre o tubo;
• Gera um sinal elétrico, que transmite para um
software ou contador;
• Objetivos: Contagem em períodos curtos,
classificação dos eixos, medição de velocidade.
• 1º Tecnologia de detecção de tráfego (1920). Ainda
muito utilizada.
Vantagens Desvantagens
Rápida instalação Sensível a temperatura
Uso
Sujeitos a atos de vandalismo
permanente/temporário
Baixo custo Tubo pode se desgastar
Manutenção simples
Pouca energia/tempo de
uso

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Detectores intrusivos – Laços indutivos

• Interação entre campos indutivos gerados entre o


laço alimentado por uma tensão fixa e os veículos
que passam por cima do laço;
• Objetivos: Dados sobre passagem de veículos,
ocupação, velocidade, classificação de veículos;
• Forma mais comum de detecção de tráfego
utilizada no Brasil.

Vantagens Desvantagens
Boa sensibilidade Baixa sensibilidade a motos
Baixo custo (comparado Necessário estruturas de laço
com outros sensores) para frotas heterogêneas
Vida útil longa

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Detectores intrusivos – Sensores piezoelétricos

• Converte energia cinética em elétrica. Quando um


veículo passa sobre o detector, o sensor gera uma
tensão proporcional à força/peso do veículo;
• Objetivos: Volume, velocidade, peso, classificação
de veículos;
• Utilizados principalmente para coleta de dados de
tráfego e em postos policiais (balanças).

Vantagens Desvantagens
Baixa interferência Difícil manutenção

Vida útil longa Alto investimento inicial

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Detectores não intrusivos – Sensores infravermelhos

• Passivos: Detectam mudanças na energia emitida


ou refletida de uma determinada área. Acusam
presença do veículo, volume, ocupação, velocidade
(zonas de detecção);
• Ativos: Emitem raios laser de baixa energia e
medem o tempo de retorno do sinal. Detectam
presença, volume, densidade, classificação de
veículos, velocidade (zonas de detecção).
Vantagens Desvantagens
Não modificam pavimento Luz do sol pode interferir
Podem transmitir vários Clima pode interferir no seu
feixes de energia funcionamento
Se instalado na lateral,
podem abranger várias
pistas

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Detectores não intrusivos – Sensores microondas
• Transmitem radiação de micro-ondas de baixa
energia a partir de uma antena e analisa o sinal
refletido;

• Doppler: Mede a presença do veículo em função do


movimento entre uma fonte sonora e seu receptor.
Medem presença e velocidade de veículo em
movimento, mas não consegue medir veículos
parados;

• Radar: Usam sinal de frequência para calcular tempo


de atraso da onda refletida, obtendo distância do
veículo. Medem velocidade, além de veículos
parados. Utilizado para engarrafamentos.

• Estrutura leve e compacta, a prova d’água, baixo


consumo de energia.

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Detectores não intrusivos – Sensores por imagem/vídeo
• Sistema de processamento de imagens/vídeos, 1 ou
mais câmeras, computador para digitalização e
processamento das imagens e software para
interpretação e conversão em dados de fluxo de
tráfego;

• Utilizadas para coletar velocidade, volume, presença,


ocupação, densidade, movimentos de conversão,
mudança de faixa, aceleração, classificação de
veículos;

• Maior confiabilidade, suporta várias horas de


gravação, informa indicadores de velocidade,
equipe enxuta;

• Bastante utilizado em áreas urbanas para


monitoramento do tráfego e gerenciamento de
acidentes.
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Detectores não intrusivos – Sinais de celulares
• Tecnologia recente, usada principalmente na
Europa e EUA;

• Uso dos sinais de celulares para identificar


tráfego presente em determinada região.

Vantagens Desvantagens
Falta de precisão
Baixo custo
geográfica

Grande amostra Sem classificação modal

Contagem completa Cobertura do operador


Vários processos de
Manutenção simples
calibração

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Contagens pontuais/locais
• Realizadas em locais específicos da via;

• Objetivo: Projeto viário, análise de


capacidade, análise de operação,
dimensionamento de semáforos;

• Levantar dados por direção e/ou


classificada;

• Contagem em interseções
• Tem como objetivo obter dados sobre
fluxogramas de tráfego, projetos de
canalização, cálculos de capacidade e
análise de acidentes;
• Características: Contagens manuais,
identificação de volumes e
classificação, intervalos de 15 minutos.

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Contagem em áreas

• Postos de contagem

• Permanente: Instalados onde é necessário uma


série contínua de dados para determinação de
volumes horários, tendências de tráfego;

• Controle: Período repetido de tempo, porém


intermitentes. Estabelece fatores de expansão
diárias e sazonais dos postos de cobertura;

• Cobertura: Fornecer informações para determinar


VMD para cada seção da via ao menos uma vez
por ano. Estudo dos fatores de correção da
rodovia.

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Apresentação dos dados obtidos

Mapas de fluxo de tráfego Diagramas de fluxos em interseções

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Apresentação dos dados obtidos

Folha resumo dos fluxos de tráfego


Variação de volume

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