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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


ESCOLA DE ENGENHARIA – DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO E TRANSPORTES

Coleta de Dados para o


Planejamento de Transportes

Disciplina: Planejamento de Transportes (ENG 09035)


Prof. Felipe Ferreira de Ferreira
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Introdução
• Processo de planejamento envolve utilização de
uma quantidade considerável de dados
• Deve-se coletar dados sobre características e
padrão de viagens atuais da área de estudo
• Deve-se procurar determinar a futura distribuição
do uso do solo e da população
• Adequação das facilidades existentes e estimar a
capacidade potencial
• Consomem tempo e exigem expressivos
recursos financeiros
• Planejamento e programação
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Objetivos
• Levantar informações da área de estudo sobre:

• Comportamento da demanda: variáveis sócio


econômicas e dados sobre viagens
• Uso do solo: classificação segundo atividade
predominante (comercial, residencial, etc.)
• Infraestrutura existente: dados sobre sistema
viário, disponibilidade de transporte público,
etc.
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Fonte dos Dados


• Censo, dados de órgãos públicos
• Entrevistas domiciliares
• Entrevistas na via, locais de emprego, empresas,
etc.
• Contagens de fluxo, pesquisa com placas, etc.
• Outros
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Definição da Área de Estudo

• Delimitada pelo Cordão Externo


• Pesquisa mais intensa na área interna
(geralmente entrevistas domiciliares)
• Pesquisa em menor detalhe na área externa
(nenhuma pesquisa domiciliar é feita
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Critérios de Delimitação da Área de Estudo


• Deve englobar todos os deslocamentos que são
cruciais ao contexto do estudo
• Deve ser maior que a área de interesse cobrindo
o projeto estudado – para permitir considerações
sobre mudanças de rotas
• Deve incluir áreas que sofrerão futuros
desenvolvimentos urbanos dentro do horizonte
de planejamento
• Cordão definido canalizando movimentos em um
número pequeno de ruas – para facilitar
levantamentos nos pontos de cruzamento
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Subdivisão em Zonas de Tráfego


• Tem objetivo de agregar os dados de forma a
torná-los manuseáveis, fáceis de analisar e
adequados para a modelagem
• Compromisso entre número e tamanho de zonas
• Possibilitam determinar:
• Onde viagens iniciam e terminam
• Os fatores que influenciam geração de
viagens
• Os principais “corredores de movimento”
(eixos de demanda)
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Critérios para divisão das ZT


• Tamanho das zonas – erro de agregação causado pela
hipótese de viagens concentradas no centróide não seja
muito grande
• Coerência com outras divisões – a fim de permitir utilização
de dados de outras subdivisões (ex: censo IBGE)
• Homogeneidade de características socioeconômicas
• Geografia e Topografia – levar em consideração limites
naturais e barreiras físicas como rios, montanhas,
ferrovias, etc.
• Semelhantes dimensões de tempos de viagens (menores
em áreas congestionadas)
• Limitações orçamentárias – número máximo de zonas
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Subdivisão em Zonas de Tráfego


• Para garantir que a informação seja coletada no
nível de detalhamento suficiente as zonas são
distinguidas em:
• Zonas Externas: fora do cordão externo,
maiores quanto mais distantes estiverem
• Zonas Internas: dentro do cordão externo,
pequenas para garantir precisão suficiente
sobre os deslocamentos e permitir uma taxa
de geração de viagens confiável
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Dados sobre o padrão de viagens


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Entrevistas Domiciliares
• Finalidade: informações sobre as viagens de um dia típico
de uma região
• Hipótese: os hábitos se repetem e são similares
• Amostragem: deve ser aleatória e depende do número de
habitantes e do grau de precisão requerida

fonte: Michael Bruton


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Entrevista domiciliar – seleção da amostra

• Cadastro eleitoral
• Lista de contribuintes
• Registro companhia de água
• Registro companhia de luz
• Brasil: problema dos “gatos”
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Entrevista domiciliar – procedimento da


entrevista
• Movimentos internos
• Entrevistadores especialmente treinados
• Supervisão de técnicos qualificados
• Cada entrevistador recebe uma lista de endereços que
devem ser visitados em determinados dias
• Três ou quatro dias antes, envia-se uma carta ao domicílio
explicando as razões da pesquisa e comunicando o dia
exato da visita
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Entrevistas Domiciliares
• Informações a serem coletadas
• Sobre o domicílio:
• Idade, sexo dos moradores
• Número de moradores economicamente ativos, tipo,
local de trabalho, etc
• Número de pessoas que estudam, nível, local
• Renda e número de veículos
• Sobre o padrão de viagens (solicitada a cada membro
do domicílio maior do que 5 anos):
• Dados sobre todas as viagens do dia anterior (dia
típico) – local, hora, origem, destino, duração,
propósito, modo
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Pesquisa no Cordão Externo


• Métodos Utilizados:
• Tráfego Rodoviário
• Cartões Postais
• Entrevista Direta
• Registro de Placas
• Trasnporte Público
• Cartões Postais
• Uso de Gravador
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Pesquisa no Cordão Externo


• Dados de Interesse:
• Data e hora
• Número de ocupantes no veículo
• Propósito da viagem
• Paradas durante a viagem
• Origem e destino da viagem
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Pesquisa no Cordão Externo – Pesquisas


com cartões postais
• Distribuem-se em pontos do cordão externo
cartões postais com tarifa paga contendo o
questionário
• Este deve ser preenchido e devolvido para o
endereço determinado
• Taxa de respondentes baixa entre 10 – 50%
• Método requer apelo à cooperação e divulgação
em imprensa da importância do estudo
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Pesquisa no Cordão Externo – Entrevista


direta e contagem de veículos:
• Intervalos de tempo
• Entre 15 e 30 minutos
• Operação
• Das 6:00 às 22:00
• Normalmente em um dia útil
• Época do ano favorável
• Seleção da Amostra:
• Amostragem por períodos alternados
• Amostragem por volumes pré-determinados
• Amostragem variável
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Pesquisa no Cordão Externo – Entrevista


direta e contagem de veículos:
• É prática normal ter um policial a serviço orientando o
tráfego e selecionando os veículos a serem entrevistados
segundo orientação do supervisor da pesquisa no posto
• Ao parar-se o veículo registra-se classe do veículo e
número de ocupantes
• Indaga-se ao motorista sobre origem, destino, propósito da
viagem e se houve ou haverá paradas e qual razão da
parada
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Viagens por transporte público


• Viagens não incluídas no inventário das facilidades de
transporte público são as originadas fora do cordão
externo
• No entanto são importantes para justificar coleta de
informações sobre elas
• Técnicas de coleta
• Distribuição de cartões postais com tarifa paga ou
entrega em pontos de coletas nas estações e paradas
• Uso de gravador para entrevistas sobre viagens de
usuários que atravessam cordão externo
• Entrevistador embarca no ônibus e seleciona amostra
• Informações coletadas semelhantes a pesquisa com
transporte individual
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Pesquisas transporte coletivo


• Preferência Declarada:
• Usada para avaliar a viabilidade de um novo sistema de
transporte
• Um cenário é criado e os entrevistados devem
responder o quê eles fariam nessa situação
• Preferência Revelada
• Usada para verificar como as pessoas usam o sistema
de transporte oferecido e avaliar o sistema existente
• Embarque e Desembarque
• Realizada com o uso de um cartão entregue no
embarque ao passageiro, e coletado no desembarque
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Coleta de dados com veículos comerciais


• Pouco executada, porém cada vez mais importante
considerar
• Seleção de amostra dentro da área de estudo (30%) através
de dados órgão que realiza arrecadação de imposto
• Entrevistas realizadas com os motoristas
• Informação sobre veículo
• Informação sobre todas viagens realizadas (ideal que o
entrevistado seja orientado a registrá-las em um dia
típico)
• Procedimento pode ser adotado também para pesquisa
sobre táxi na área de estudo
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Disponibilidade de Transportes
• Inventário das Vias:
• Capacidade das vias e interseções
• Tempos semafóricos
• Regulamentações de tráfego
• Inventário do Transporte Público:
• Rotas e paradas
• Tabelas horárias
• Volume de passageiros
• Tempo de viagem
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Condições dos Sistemas de Transportes


• Pesquisa de Volume de Tráfego:
• Definir horários de pico
• Volume de veículos no cordão externo
• Tempo de viagem:
• Define o nível de serviço do sistema
• Estacionamento
• Ocupação
• Tempo de permanência
• Rotatividade
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Flutuação horária da demanda


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Ocupação de Estacionamentos

• Ocupação no início da tarde


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Velocidade e Retardo

• Velocidades no início da tarde – ônibus


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Velocidade e Retardo (ônibus)


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Demanda de Transporte Público

• Matriz O/D (zonas) – Picos de início e fim de tarde


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Demanda de Transporte Público

• Linhas de desejo – Pico de


fim de tarde
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Demanda de Automóveis

• Linhas de desejo – Pico de


início de tarde
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Demanda de Transporte Público

• Sobe - Desce (paradas) – Pico início de tarde


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Demanda de Transporte Público

• Sobe - Desce (paradas) – Pico fim de tarde


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Demanda de Transporte Público

• Sobe - Desce (paradas) – Pico início de tarde


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Demanda de Transporte Público

• Sobe - Desce (paradas) – Pico fim de tarde


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Dados socioeconômicos para o planejamento


• Dados de população e emprego:
• Fonte mais comum CENSO (dificuldade de coincidir zonas)
• População da zona, estrutura (sexo, idade e ocupação),
número total de domicílios
• Tamanho e estrutura da força de trabalho (primária,
manufatureira e serviços)
• Dados sobre renda:
• Propriedade de carros, padrão da unidade domiciliar,
consumo de energia elétrica do domicílio para indicação da
renda
• Vendas a varejo
• Área de shoppings, lojas, etc.
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Dados socioeconômicos para o planejamento

• Dados sobre frequência em escolas,


universidades e outros estabelecimentos
educacionais:
• Localização, frequência através do registro municipal e
comparativo com entrevistas domiciliares
• Outros dados sobre o uso do solo:
• Densidade residencial para zonas residenciais
• Para zonas de emprego da área central, densidade através
da taxa de uso
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Avaliação e Exatidão dos Dados

• Entrevista domiciliar
• Ajustes de variações no tempo e verificação em relação
ao censo (erro não maior que 15%)

• Dados sobre padrões de viagens


• Uso de linha de controle
• Uso de pontos de controle
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Contagem no Cordão Interno

• Recomenda-se o uso de barreiras naturais aos movimentos


(rios) para diminuir os pontos de pesquisa

• Contagem automática ou manual do volume de veículos


que cruzam uma determinada “linha”

• Útil para a comparação com as entrevistas


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Análise dos Dados

• Codificação
• Facilitar entrevistas e tabulação
• Fatores de expansão
• Calculados para cada zona e para cada tipo de
entrevista
• Viagens externo-externo (viagens diretas)
• Cruzam duas vezes o cordão externo (fator 0,5)
• Tabulações
• Facilita manuseio dos dados
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Conclusões

• A coleta de dados envolve muitos problemas


• Mudanças nos últimos anos ocorrem a taxas nunca antes
vistas
• Previsões difíceis para horizontes superiores a 5-10 anos
• Estimativa dos padrões de crescimento sujeitas a várias
hipóteses
• Cautela com as conclusões que se possa chegar
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Desenvolvimentos futuros

• Novas tecnologias para coleta de dados


• Utilização do serviço de localização dos telefones celulares
(problema de privacidade)
• Identificação de automóveis por GPS, ou identificador para
cobrança automática de pedágios (já possível em alguns
países)
• Automação do pagamento de tarifas em transporte coletivo
(rica fonte de dados)
• Planejamento e fiscalização do desenvolvimento das
cidades e uso do solo (evita erros, facilita desenvolvimento
de uma cidade desejável)

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