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AULAS 3, 4, 5 & 6

Estudos de tráfego, capacidade,


planejamento e avaliação de
alternativas

II PARTE
Planejamento das estradas e dos transportes

• Fases no planejamento de estradas: análise da situação atual e


futura, seleção de alternativas, controle do planejamento

• Demanda do transporte de passageiros e mercadorias:


extrapolação de tendências e modelos de previsão (geração/atração
viagens, distribuição zonal/modal e alocação na rede)

• Planejamento: avaliação de alternativas e escolha da solução ótima

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Fases no planejamento das estradas

Etapas essenciais no processo de planejamento de estradas:

• Análise da situação atual: inventário dos meios disponíveis


(infraestruturas, veículos), determinação do uso e rendimento
obtido (qualidade de serviço, custos)

• Análise da situação futura: conjunto de métodos, técnicas e


modelos de previsão do funcionamento futuro das estradas e das
respostas a possíveis intervenções para atingir os objetivos de
planejamento

• Determinação das opções possíveis: avaliação dos resultados


previsíveis das alternativas e escolha da solução ótima (indicando
custos de aplicação e etapas de implementação)

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Índice geral de um estudo de planejamento de estradas
Memória/relatório do projeto:

• Exposição e delimitação do projeto de estudo; dados de base;


análise da situação atual; previsões da demanda de transporte e
impactos socio-econômicos; desenhos viários; valoração econômia;
comparação e seleção de alternativas; conclusões;

Planos correspondentes aos itens do relatório do projeto:

• Planos da situação geral; dados básicos (físicos, socioeconômicos,


técnicos e ambientais); análise da situação atual (rede atual de
transporte); modelos de demanda e repercusões socioeconômicas
na região; previsões na oferta e na demanda de transporte;
• Projeto rodoviario; perfis longitudinais, seções transversais,
alinhamento longitudinal/vertical;
• Valoração/análise de custos e benefícios e seleção de alternativas;
conclusões e escolha do traçado final da rodovia 4
Modelos de demanda
• Um modelo é a representação de um sistema ou de
um de seus componentes.

• Na elaboração do modelo, busca-se construir um


quadro simplificado da realidade, contendo no
entanto todos os elementos e relações relevantes
existentes no sistema real.

• Tal representação pode ser feita através de vários tipos


de linguagem: matemática, lógica, gráfica, física etc.
A demanda do mercado – estruturação
do planejamento de transportes (I)
• Em transportes, há uma estruturação clássica para definir a demanda,
que está baseada no denominado “modelo quatro etapas”:
A demanda do mercado – estruturação
do planejamento de transportes (II)
• Os modelos de geração de demandas relacionam as variáveis que
descrevem a população ou a atividade econômica de cada zona e as
que caracterizam seu padrão de uso e ocupação do solo, com o
potencial da zona como unidade produtora e consumidora*.

• Os modelos adotados na distribuição de demanda utilizam as


estimativas de produção e atração por zona de tráfego e algum tipo
de informação sobre a estrutura da distribuição de demanda. O
resultado é uma matriz de demanda, em que cada célula contém
uma medida da intensidade do intercâmbio entre um dado par de
zonas.

* Divisão da área de estudo em zonas homogêneas de transporte “Transport


Area Zones (TAZs)” ~ Pesquisa O/D Metrô (470 TAZs em 2007)
A demanda do mercado – estruturação
do planejamento de transportes (III)

• Durante a divisão modal devem ser distinguidos os


fluxos que, em função de suas características, são
cativos de certos modos de transporte, daqueles
considerados competitivos.

• Na alocação de viagens é realizada a interação


entre a demanda, representada pelas matrizes de
fluxos, e a oferta, descrita pela rede de
transportes.
Modelo Sequencial (4 etapas) e de
Geração de Viagens (I)
• Objetivo: determinam a quantidade de viagens
geradas (produzidas e atraídas) em casa zona de
tráfego (TAZ).
• Produção: viagens que se iniciam numa determinada
zona de tráfego.
• Atração: viagens que chegam numa determinada zona
de tráfego.
• Fatores que afetam diretamente a geração de viagens:
• Padrão de uso do solo.
• Características socioeconômicas da população e de produção
da região.
Modelo Sequencial (4 etapas) e de
Geração de Viagens (II)
• Para o estudo de demanda em meio urbano o
procedimento para construção do modelo segue:

• Divisão do meio urbano em zonas de tamanho reduzido e


com características socioeconômicas e de transportes
homogêneas;*
• Levantamentos de dados diretos (condições e meios de
transporte utilizados, tempos e custos);
• Levantamento de dados secundários (características
socioeconômicas e de uso do solo).

* Transport Area Zones (TAZs) ~ Pesquisa O/D Metrô (470


TAZs em 2007)
Modelo Sequencial (4 etapas) e de
Geração de Viagens (III)
Modelo Sequencial (4 etapas) e de
Geração de Viagens (IV)
• Método do fator de crescimento Tf = Fi Ta
f, futuro e i, atual
Modelo Sequencial (4 etapas) e de
Geração de Viagens
• Método do fator de crescimento Tf = Fi Ta
f, futuro e i, atual

Spatial distribution of capital, demography, private transport, economy,


motorization and transit use in São Paulo Metropolitan Region (SPMR)
Modelo Sequencial (4 etapas) e
de Geração de Viagens (I)
• Método das taxas de viagens

• Este método determina o número de viagens pelo tipo


de ocupação do solo.

• Para cada tipo de atividade define-se uma taxa de


produção e/ou atração de viagens. Esta taxa na maioria
das vezes relaciona o número de viagens por unidade
de área construída ou de utilização do solo por
atividade.
Modelo Sequencial (4 etapas) e de
Geração de Viagens (II)
• Modelo de classificação cruzada
Modelo Sequencial (4 etapas) e de
Geração de Viagens (III)
• Modelo de classificação cruzada: taxa Rij0 *
número de residencias Hi,j0

i: # de carros; j: # habitantes por residéncia;


0: ano base
Modelo Sequencial e de
Geração de Viagens (IV)
• Método de regressão
Modelo Sequencial e de
Geração de Viagens (V)
• Fator de ajuste da matriz final
Modelo de
Distribuição Espacial (I)
• O objetivo dos modelos de distribuição é o de definir
os elementos Fij da matriz de distribuição de viagens
(n x n), conhecendo-se os totais produzidos (Oi) e os
totais atraídos (Dj) pelas n zonas.
Modelo de Distribuição Espacial (II)
Oferta (rede de transporte) Demanda (matriz de viagens)

Simplificação rede/grafo rodoviária Matriz origem/destino,


(TAZs, centroides, nós, trechos, viagens geradas/atraídas
acessos/links) (n TAZs origem/n TAZs destino)
Modelo de Distribuição Espacial
(III)
• Modelo gravitacional β >1
Modelo de Distribuição Espacial
(IV)
• Modelo gravitacional β >1
Modelo de Distribuição Espacial
(V)
• Métodos de fator de crescimento

A estimativa de viagens é feita utilizando-se um fator


multiplicador 𝝉 que é aplicado à matriz do ano-base e tem a
seguinte forma geral:
F’i,j = Fi,j τ
Onde:
F’i,j número de viagens futuras entre as zonas i e j.
τ fator de crescimento,
Fi,j número de viagens atuais entre as zonas i e j.
Modelos de Divisão Modal (I)
• Objetivo: determinar a quantidade de viagens por modo
de transporte entre as zonas de tráfego.

• Utilizam-se os modelos de divisão modal para “dividir” a


matriz de O/D de viagens em matrizes de O/D por modo
de transporte

• Fatores que influenciam na escolha modal:


• Atributos do deslocamento: motivo da viagem, período de
realização e destino;
• Atributos do usuário: propriedade de veículos, renda e
estrutura familiar, e nível cultural;
• Atributos do sistema de transporte: custo e tempo de viagem,
tempo de espera, de transbordo ou andando, frequência,
conforto e acessibilidade.
Modelos de Divisão Modal (II)
Modelos de Divisão Modal (III)
Modelo de Alocação de Fluxos (I)
• Objetivo: avaliar a distribuição do fluxo de viagens
nos sistemas de transporte existentes e/ou em novas
alternativas de transporte.

• Parâmetros considerados:
• Tempo de deslocamento;
• Capacidade das ligações;
• Alguns modelos incorporam também o custo de
deslocamento.

• Fluxo de viagens:
• Transporte público;
• Transporte individual.
Modelo de Alocação de Fluxos (II)
• Princípios
• Os tempos de viagem nas rotas utilizadas são iguais ou menores
que aqueles que poderiam ser experimentados por um único
veículo em qualquer outro caminho não usual;
• O tempo médio global de viagem de todos os motoristas é
mínimo.

• Problemas de alocação de fluxos em rede:


• Determinar a rota de menor custo (tempo) na rede;
• Minimizar o custo total na rede.

• Técnica: “tudo ou nada” – definida a melhor rota


(caminho mínimo) entre uma origem e um destino, todo
fluxo passaria por esta rota, independentemente da
capacidade da mesma.
Curva de alocação do tráfego:
uso rodovia vs. tempo na rodovia/tempo na estrada

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Estimated high-resolution CO2
emissions from on-road vehicles
in São Paulo during 2011/2012, on
a 0.5 km x 0.5 km grid, in units of
kg C km-2 h-1. Estimated spatial
patterns of on-road vehicle
emissions (hot-stabilized) of CO2
by hour of the weekday in SPMR,
A1) 8:00-9:00h, A2) 13:00-14:00h,
A3) 18:00-19:00h.
Modelo de Alocação de Fluxos

Traffic flows from freight vehicles during peak hours (8-9h) in the
MRSP (2016): vans (a1), motorcycles (a2), articulated trucks (a3) and
small rigid trucks (a4).
Evolução do transporte rodoviário de mercadorias
volume de transporte anual (t-km/a) vs PIB (ao custo dos fatores)

T = k * (PIB)a

T = transporte médio anual


rodoviário de mercadorias (t-km)

PIB = produto interno bruto a


preços constantes

k e a = parâmetros a estimar

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2.1 CONCEITO DE OFERTA E DEMANDA DO TRANSPORTE:
DeterminantesUNIDADESda demanda (I)
A demanda do transporte: especificidades
• A demanda depende do preço, além disso da...
– Qualidade
– Tempo (no veículo, espera, transbordo,...)
– Segurança
– Conforto
• C= P+ aT+bX+cS+...
– C: custo generalizado do transporte
– P: custo monetário do transporte
– T: tempo
– X: indicador das condições do conforto
– S: indicador das condições de segurança
2.1 CONCEITO DE OFERTA E DEMANDA DO TRANSPORTE: UNIDADES
Determinantes da demanda (II)
A demanda do transporte: especificidades

•O custo generalizado C não depende


unicamente da oferta:
– O tempo (e C) aumenta com o tráfego
– O conforto (e C) diminui com o tráfego
– A segurança de um usuário depende dos outros
2.1 CONCEITO DE OFERTA E DEMANDA DO TRANSPORTE: UNIDADES
Determinantes da demanda (III)
A demanda do transporte: especificidades

• O transporte não é transportável, nem pode armazenar-se


(serviço “pessoal”)

– A análise da demanda deve, por conseguinte, incluir

• A origem e destino
• O período de tempo que é feito
• A técnica utilizada (o modo de transporte)
• ....
Determinantes da demanda (IV)
• Movimento ao longo da curva da demanda à medida que o preço de x
muda.
Determinantes da demanda (V)
• Mudanças da curva de demanda quando, por exemplo, há um aumento de
renda.
2.1 CONCEITO DE OFERTA E DEMANDA DO TRANSPORTE: UNIDADES
Elasticidades da demanda
A demanda do transporte: especificidades

• O conceito econômico da elasticidade tem que se


adaptar:
– Elasticidade ao preço... E ao custo generalizado
– O transporte é um bem intermediário: elasticidade reflete o desejo de
transportar um bem ou de ser transportado

|ηXY = dY/dX * X/Y|

> 1 (elástico) ou < 1 (inelástico)


Elasticidades da demanda
• As elasticidades consideradas mais importantes são a
elasticidade do preço, a elasticidade da renda e a
elasticidade cruzada.

• A elasticidade do preço é a medida da resposta da


demanda a mudanças no preço do próprio produto ou
serviço.

• A elasticidade da renda é definida como a mudança


proporcional na quantidade demandada resultante de
uma mudança proporcional na renda.

• A elasticidade cruzada da demanda é definida como a


mudança proporcional na quantidade demandada de x
resultante de uma mudança proporcional no preço de y.
Avaliação de alternativas
Usuários rodoviários e operadores de transporte

• Custos de funcionamento dos veículos, tempos de viagem, acidentes, segurança e


conforto.

Não-usuários afetados diretamente (empresas, estações de serviço, hotéis, pessoas


morando perto da rodovia)

• Custos dos terrenos, locais, locomoção, construção, impactos ambientais,


perdas/benefícios no valor do solo, negócios, alterações socioeconômicas.

Não-usuários afetados indiretamente

• Empresas ferroviárias, consumidores finais, rotas alternativas, comunidades afetadas


pelas mudanças ambientais.

Administrações rodoviárias

• Custos de construção, manutenção, exploração, administração e financiamento.


Benefícios produzidos pelas variações dos custos
de transporte (I)
Custos vs demanda de transporte (Análise de Custos/Benefícios)

C = f (D)

C = custo inicial
!`#!
B= (𝐶 − 𝐶`)
$
C’ = custo final reduzido

B = benefício (área hachurada)

D : volume tráfego anual sem projeto D = demanda inicial


D` : volume tráfego anual com projeto (+)
C : custo do transporte sem projeto
C` : custo de transporte com projeto (-) D’ = demanda final aumentada

curva demanda constante


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Benefícios produzidos pelas variações dos custos de transporte (II)
Custos vs demanda de transporte (Análise de Custos/Benefícios)

Para determinar os custos de transporte, considerar:


• Custos de funcionamento dos veículos
• Custos dos tempos empregados pelos motoristas e passageiros
• Custos dos acidentes
%
𝑐"
𝐶 = 𝑐! + %
(1 + 𝑟)"
"#$
onde C: custo total atualizado; c0: custo de construção da rodovia; ci: custos
de construção e manutenção no ano i; r: taxa de retorno/atualização;
n: vida útil do projeto.

Analogamente, para determinar os beneficios de transporte, estimar o


benefício total atualizado:
%
𝑏"
𝐵= %
(1 + 𝑟)"
"#$
onde B: benefício total atualizado; bi: benefício no ano i.

Para que o projeto seja aceitável/viável: 𝐵 > 𝐶 42


Alternativas no estudo de uma rodovia ao redor
de uma população (I)
marginais

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Alternativas no estudo de uma rodovia ao redor
de uma população (II)
Critérios baseados na análise de custos e benefícios (C/B):
• Valor atualizado obtido pela construção do projeto rodoviario V
• Benefícios atualizados B
• Custos atualizados C
• E sua relação (eficiência)
𝑉 = 𝐵 − 𝐶 ; R = B/C
Critérios não econômicos, custo e eficácia:
• Diminuir nível de ruído; outros critérios não econômicos (sociais,
ambientais, culturais, etc.).

Análise multicritério, índice único n para cada alternativa i:


• Considerando j ponderações nas diferentes i alternativas ; assim, se a
valoração na alternativa i segundo o critério j é nij , se estimará para cada
opção i um índice médio: *,+

𝑛% = & 𝑓' 𝑛%,'


%,'()

Onde, fj é o peso atribuído ao critério j. A opção escolhida é aquela com


índice menor. 44

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