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ENGENHARIA

DE
TRANSPORTES

Planejamento x Demanda
de Transportes
Planejamento de Transportes

Objetivo – definir medidas ou estratégias para adequar a oferta de transportes com a demanda
existente ou futura
Simples intervenção num sistema de
transportes – aumento da frequencia

Custos – Estimativa de demanda

ESTRATÉGIAS

Implantação de um novo sistema de


COMO???
transportes – VLT
• Demanda é a quantidade de produtos ou
serviços que os consumidores estão
dispostos a comprar.

O que é
DEMANDA????

O que é
OFERTA????
• Oferta é a quantidade de um produto ou
serviço disponível para compra.
“No âmbito do planejamento de transportes, existe uma necessidade primordial de se conhecer o
número de viagens geradas em uma determinada área de estudo, de forma a compatibilizar a
oferta e a demanda por transportes nessa área, seja com relação aos serviços, seja com relação à
infra-estrutura”.(Kneib & Silva, UNB)

Com relação à demanda, ou desejo de realizar deslocamentos, a ANTP (1997) ressalta ser
imprescindível conhecê-la para o desenvolvimento de planos e ações de transporte e trânsito.

Já a EBTU (1988) trabalha com o termo demanda manifesta e demanda potencial. Define como
demanda manifesta o número de usuários que já utilizam o sistema de transporte em análise. A
demanda potencial seria a que reflete um possível incremento, ou surgimento, de novos usuários
no sistema.
Estimativa da demanda

• A estimativa de demanda é feita utilizando-se métodos de projeção ou modelos de planejamento


de transportes.
• Através desses métodos procura-se modelar o comportamento da demanda e, a partir daí, definir
as alternativas que melhor se adaptam à realidade da região.

PLANEJAMENTO
DE PLANO DE DESENVOLVIMENTO
TRANSPORTES DA REGIÃO
Níveis de Planejamento
• Segundo Pereira (2005) , de acordo com o nível da decisão a ser tomada, o planejamento pode ser estratégico,
tático ou operacional.
NÍVEL DE PLANEJAMENTO ( TIPOS X ATIVIDADES )
ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL
Planejamento de novas vias Projeto geométrico de vias Avaliação do estado da área controlada
(volumes, tempos de viagem, incidentes
ocorridos, condições climáticas, velocidades)
Modificações a longo prazo no Projetos de sinalização Informação aos usuários(velocidade, tempos
sistema existente de viagens, guia de rotas, etc)
Analise de Investimentos nos Projeto de controle eletrônico Configuração do uso das faixas de tráfego
sistemas de transportes públicos do tráfego
Definição de área de influência Definição espacial de subáreas Aplicação de dispositivos de controle de
de pólos geradores de tráfego de controle de tráfego tráfego
Macrossimulação na rede de Elaboração de linhas isócronas Programação de semáforos
tráfego de índice de congestionamento
Modificação no uso do sistema Micro e mesossimulações na Espaçamento e localização de paradas de
viário rede de tráfego ônibus
Redução do Incentivo ao uso do Frequencia de um serviço de ônibus
automóvel
Características da demanda
• A demanda de transportes é considerada uma demanda “derivada” porque é uma consequencia
da necessidade de deslocamento para se realizar alguma atividade.
• Por isso a demanda pode variar com a hora do dia, o dia da semana, o propósito da viagem e com
o tipo de transporte ofertado.

• Formas para determinar a demanda:


• Agregada – modela-se o mercado sem considerar o comportamento individual. Dados:
população, emprego, renda nacional, consumo global, exportação total, etc
• Desagregada – modela-se considerando o comportamento individual. Dados: característica
de um individuo ou grupo de indivíduos com características semelhantes.

• A demanda depende ainda de: características físicas e socio-econômica da região em estudo.

• Exemplo; modificação no uso e ocupação do solo influencia a movimentação dos indivíduos.


Mudanças no CICLO DE TRANSPORTES
uso do solo

Gera • Interação entre transporte e


Alteração no
movimentos uso do solo, ou seja, a
valor da terra
dinâmica das relações de causa
e efeito de mudanças que
ocorrem nestes elementos.
Aumento da Demanda por
acessibilidade a transporte
mobilidade

Oferta de
transportes
Transporte x Uso do solo

• Capítulo II – (Vania Barcellos Gouveia)

• Introdução-
• Transporte é indutor do crescimento de uma região
• Planejamento de transportes – categorias diferentes de uso de solo geram diferentes
padrões de viagens

• Categorias de uso do solo


Ambiente Construido Espaço aberto
Residencial Áreas de estacionamentos
Comercial (lojas e escritórios) Agricultura
Institucional ( escolas, serviço público Florestas e reserva
Construções abandonadas Áreas verdes virgens
Transportes ( vias, calçadas, estacionamentos, etc Área litorânea
Critérios de Avaliação de Padrões de Uso do Solo

Densidade –numero de pessoas , empregos ou unidades residenciais numa área


Clusters – se algumas categorias estão agrupadas( centros comerciais, condomínios, vilas (etc
Mix- quando diferentes tipos de uso do solo estão agrupados numa mesma área
Conectividade – número de conexões numa via ou caminho
Área construída – superfície total construída nas edificações
Espaços verdes – áreas ocupadas por parques, jardins, fazendas, etc
Acessibilidade – facilidade para alcançar destinos e atividades
Acessibilidade não-motorizada – a qualidade e condições de caminhada e uso de bicicleta.
• A relação entre a estrutura urbana e os transportes por Calvet ( 1970):

“é difícil chegar ao conhecimento dos transportes urbanos sem passar pelo estudo da
estrutura urbana sobre a qual eles vão se desenvolver.
O problema dos transportes não é um problema que pode se resolver em si mesmo.
Ele atua num determinado cenário, a cidade, então é preciso conhecer a fundo suas características
para determinar não somente a demanda por transportes como também os meios mais adequados
para satisfazê-la, o que está extremamente relacionado com as peculiaridades da estrutura física da
urbe”.
Métodos Diretos de Previsão de Demanda e Conceito de
Elasticidade
• Os modelos diretos de previsão de demanda são
uteis para estimar a demanda para novas
estratégias ou projetos de transportes como
suporte à tomada de decisão quanto as mudanças
que podem ser implantadas em planos de curto e
médio prazo.

• Tipos de estimativa de demanda:


• Incondicional – não vinculada a outras
variáveis, utilizando séries históricas
• Condicional – vinculada a variáveis que
podem ter influência sobre o comportamento
da demanda como: tarifa, renda, população e
produção, etc.
• Estimativa Incondicional

• Realizada a partir de uma série histórica


• Utiliza três tipos de projeção: linear, geométrica, linha de tendencia e logística
• Se baseia no comportamento observado num período de tempo ( normalmente um ano) e
não se relaciona com nenhuma outra variável.

• Projeção Linear

• Admite que a demanda cresce segundo uma progressão aritmética.

Onde: =demanda no ano “n”

a = taxa de crescimento anual


n = número de anos decorridos após o ano base.
• Projeção Geométrica ou Exponencial
• A demanda cresce segundo uma progressão geométrica

Onde: =demanda no ano “n”

a = taxa de crescimento anual ( em porcentagem)


n = número de anos decorridos após o ano base.
• Linha de tendência

• Busca-se identificar, a partir da série histórica, a tendencia de crescimento positivo ou negativo


da demanda durante um período.
• Utiliza-se o método dos mínimos quadrados.
• O ajuste, em geral , do modelo resulta na equação de uma reta, sendo:

Onde; Y= variável dependente ( demanda)


x= variável independente ( ano correspondente)
a= coeficiente linear
b= coeficiente angular

onde: =valor obs. variável independente


=valor obs. variável dependente
e = valores médios das obs.
• Curva logística

• Usada para estudos sobre a variação de volumes de tráfego através de dados históricos,
condicionando-a ao valor de saturação ou capacidade de uma rodovia (DNIT, 2006)

onde: =volume de tráfego no ano “n”


C = capacidade da rodovia
k = constante
b = constante
n = ano a que se refere
= ano base

Para definir os valores de K e b , definem-se as variáveis:


então;

Logo:
• Estimativa Condicional

• Compreende a identificação dos


fatores/variáveis que influenciam na
demanda como interagem e afetam
os sistemas de transportes.
• Busca-se uma função que estime a
demanda com base em variáveis que
tem relação como seu
comportamento.

• Fatores:
• Caracteristicas socio-
econômicas dos usuários
• O custo de uso do sistema
• Atributos relacionados com o
nível de serviço
PRODUÇÃO
PIB
CONSUMO COMBUSTIVEL
QUE VARIÁVEIS SÃO UTILIZADAS PARA O CUSTO DO TRANSPORTE
TRANSPORTE DE CARGA? SALARIO MÍNIMO
QUE VARIÁVEIS SÃO UTILIZADAS
PARA O TRANSPORTE DE
PASSAGEIROS?

POPULAÇÃO
RENDA
PESSOAS EMPREGADAS
CUSTO DO TRANSPORTE
• Na estimativa condicional utiliza-se o método estatístico da regressão linear – estabelecer funções matemáticas que
representem o relacionamento entre duas ou mais variáveis.

• Tipos:
• Regressão simples – duas variáveis : dependente ( demanda) e independente.
Y= a + bx

• Regressão Multipla – função envolvendo mais de duas variáveis: uma dependente e varias independentes

Obs: além das funções lineares existem funções exponencial,potencial,logarítmica etc.

Testes estatísticos:
Coeficiente de determinação “r²” – proporção da variação de y explicada pelo ajuste da regressão ideal +
++ próximo de 1)

onde: =valor estimado a partir da reta ajustada


=média dos valores observados
= valor observado
• Erro padrão da estimativa “p” - grau de variação dos dados em relação à linha de regressão obtida:é
a medida do erro esperado.

• Teste “t” – é a significância do coeficiente de regressão de cada variável independente na equação de


regressão: Em geral “t” deve ter um valor no mínimo de 2,0 para o nível de significância de 95%; o
valor de “t” é calculado pela divisão do coeficiente de regressão pelo erro padrão. Se “t” é menor que
2,0 não há uma relação significativa com a variável dependente e assim, não contribuem para uma
correlação confiável.

Onde: b=coeficiente angular


EP = o erro padrão
= variância residual.
Exemplo:
• A tabela abaixo apresenta uma série histórica de volume de tráfego numa rodovia. Identifique as
funções linear, geométrica e logística que permitem estimar o volume de tráfego para o ano 2012.

ANO VDMA
1994 7.401
1995 7.886
1996 8.402
1997 11.255
1998 11.479
1999 12.002
2000 12.704
• Solução
• Projeção linear:

12.704 = 7401( 1+ 6 a) - a = 0,119 ( taxa de crescimento linear média)

• Projeção geométrica;

12.704 = 7401 - a=0,094 taxa de crescimento geométrico

Fazendo a estimativa da demanda para 2012 com essas taxas:

Projeção linear – VDMA=30.845


Projeção geométrica – VDMA = 37.338

• Linha de tendencia: y= a + bx utilizando o método dos mínimos quadrados

• Y= -19311065,40 + 972,07 (X)


• Ou a expressão:
Y= 7245,07 + 972,07 ( Xn – 1994) e Xn=2012

LINHA DE TENDENCIA

Com este resultado obtém-se


uma estimativa da demanda
média anual para 2012 de
24.742 veículos.
• Usando o método da curva logística e considerando a capacidade de 40.000 veículos/dia, calcula-se a tabela a
seguir:
Z Ln Z
4,405 1,483
4,072 1,404
3,761 1,325
2,554 0,938
2,485 0,910
2,333 0,847
2,149 0,765

• Com o auxílio da regressão simples obtém-se a função:


e k=4,439

E a equação final:
Assim, para o ano 2012 a estimativa da demanda do volume d etráfego é de 28.244 veículos/dia.
• Conclusão:

• Os valores resultantes de cada


análise são diferentes.
• Pode-se estabelecer diferentes
cenários:
• Tomando o maior valor tem-
se uma demanda otimista;
• Tomando o segundo valor
tem-se uma demanda regular
e
• Tomando o menor valor tem-
se uma demanda pessimista.
• Caracteristicas:
 Permite avaliar uma possível
alteração da demanda em
função de mudanças nas
características do serviço como:
tarifa, frequencia, tempo de
viagem, etc.
 Muito útil para empresas de
transportes possibilitando
avaliar a demanda em função
de parâmetros
socioeconômicos como: renda,
PIB, salário mínimo, etc
• Considerando, por exemplo, a curva de demanda da figura 2 e supondo de uma maneira
geral, que a demanda D de um determinado Sistema de Transporte é Função de uma
variável X:

Quando variar X, do ponto A para ponto


B, a demanda D sofrerá modificação, e a
relação entre estas variações resulta no
coeficiente de Elasticidade (E)
Da A
B
Db

Xa Xb

Figura 2 – Curva da Demanda


• A Elasticidade no ponto A é definido como:

E de uma forma geral a elasticidade é definida como:


• Na expressão o numerador indica uma medida de variação da demanda e no numerador uma
variação da variável x.
• Assim o valor resultante da expressão acima é adimensional e pode ser positivo ou negativo.

• Quando positivo indica que o aumento, ou a redução, do valor da variável de análise da


demanda produz um aumento, ou uma redução, da demanda.
• Quando negativo representa a relação é inversa, ou seja, um aumento da variável produz
uma redução da demanda e uma redução produz um aumento da demanda.

• Exemplo: quando se tem uma curva demanda em relação a variável tarifa. um aumento da tarifa
tende a reduzir a demanda, assim como uma redução da mesma tende a aumentar a demanda
pelos serviços.
• Exemplo:

• Se o preço inicial de um serviço de transporte é de R4 20,00 e for aumentado para R$ 24,00, a


mudança no preço será:

• Para o preço inicial, a demanda era de D=100ton e com o aumento do preço, a demanda passou a ser
de 75 ton. Assim a mudança relativa na demanda foi:

• Deste modo a elasticidade da demanda em relação à tarifa é de:

• Ou seja: para cada 1% de aumento da tarifa espera-se uma redução de 1,25% da demanda.
• Considerando a curva entre demanda e uma outra variável, diz-se que no limite quando a
variação de X ou tende a zero tem-se a elasticidade da demanda no ponto A dada por:

• Neste caso E é definido como a elasticidade no ponto A da demanda D em relação à variável X.


• Assim, a elasticidade da demanda para um determinado valor da variável analisada é obtida pelo
produto entre o quociente do valor da variável e o valor da demanda no ponto em análise, e a
derivada da função para estes mesmos fatores.
• A elasticidade varia para cada tipo de função:

FUNÇÃO ELASTICIDADE
Linear D=a - bx Varia em cada ponto E= - bx / (a – bx)
Produto Constante E= b
Exponencial Varia em cada ponto E=bx

• Para uma função y= f(x) qualquer elasticidade pode ser:


• Unitária em relação a X se
• Relativamente elástica em relação a X se
• Relativamente inelástica em relação a X
• Exemplo:

• Um determinado ramal ferroviário transportava de carga a um preço de R$ 4,00 por tonelada.


Um aumento na tarifa de 10% provocou uma redução na carga de 12%.
• Com base nesses dados determine:
• A elasticidade da demanda em relação à tarifa para a situação observada e se a mesma é
relativamente elástica ou inelástica.
• Verifique se a empresa perdeu ou ganhou em termos de receita
• Avalie se o aumento fosse de apenas 5%.
Solução:
• Então: E= - 0,12/0,10 = -1,2 (relativamente elástica)

• Este valor da elasticidade significa que para 15 da tarifa de transportes a demanda reduzirá 1,2%

• Receita antes do aumento: 2 x 10⁶ x 4,00 = R$ 8 x 10⁶


• Receita depois do aumento: 1,76 x 10⁶ x 4,40 = R$ 7,744 x 10⁶

• Conclusão:
• Houve uma redução na receita, apesar do aumento da tarifa.
• Na segunda situação, ou seja, com o aumento de 5%, a redução da demanda seria de 5 x 1,2 = 6%
e nesse caso a receita seria de:
• Demanda; 0,94 x 2 x 10⁶ = 1.880.000 ton
• Receita: 1.880.000 x 4,2 = R4 7.896.000,00

• E nesse caso também ocorre uma redução da receita, embora menor.


Elasticidade Cruzada

• Elasticidade Direta – baseada nos efeitos sobre a demanda a partir de mudanças numa variável
ou atributo relacionado ao produto ou serviço analisado.

• Elasticidade Cruzada – baseada nos efeitos de mudanças de variável ou atributo de um serviço


sobre outros produtos e serviços diferentes do analisado.
• Um aumento da tarifa por ônibus – redução da demanda por viagens nesse serviço – pode
aumentar a demanda pelo transporte ferroviário
• Exemplo:

• Observou-se numa área urbana que após um acréscimo de 20% no custo de viagem por automóvel
houve um decréscimo de 10% das viagens por automóveis. Verifique a elasticidade da demanda de
viagens por automóvel e a elasticidade cruzada da demanda no metrô.

• Solução:

A elasticidade direta da demanda de automóvel em relação ao custo da viagem no mesmo é de:

A elasticidade da demanda do metro em relação ao custo de viagem no automóvel é:

Assim, verifica-se que a elasticidade direta é negativa, ou seja,o aumento do custo do automóvel
reduz seu uso;
e a elasticidade cruzada é positiva, ou seja o aumento do custo do automóvel contribui para um
aumento na demanda do metro.
Exercicio
(Todos os equipes deverão entregar a resposta escrita a professora e preparar uma apresentação da
solução em data show com conclusão.)

• ( CAMPOS, V.B.G,2013, P 30)


• Uma viagem por ônibus entre uma área residencial e uma zona de comércio e serviços de uma
cidade envolve 8 minutos de tempo de espera., 10 minutos de caminhada e 12 minutos dentro do
ônibus. Planeja-se melhorar o nível de serviço da rede. Sob determinada restrição orçamentária
estão em análise aas seguintes estratégias:
1. Aumento da frequencia visando a redução do tempo médio de espera de 8 paraa 5 minutos;
2. Rearranjo de linhas de ônibus de forma a reduzir o tempo médio de caminhada de 10 para 6 minutos;
3. Estender a faixa exclusiva para ônibus visando reduzir o tempo de viagem no veículo de 12 para 10
minutos.

As elasticidades lineares estimadas da demanda em relação a estas variáveis são:


E1=0,5 E2=0,6 E3=0,4

VERIFIQUE AS VARIAÇÕES PERCENTUAIS NO VOLUME DE USUÁRIOS DEVIDAS ÀS TRES ESTRATÉGIAS.

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