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ET2613

3. MODELO DAS 4
ETAPAS
INTRODUÇÃO
Vou ou não vou?
PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES Para onde vou?
Como vou?
Por onde vou?

Mestrado em Engenharia de Transportes SE/2


Prof. Orivalde Soares da Silva Júnior – orivalde@ime.eb.br
Modelo das 4 Etapas

A maioria dos estudos de transportes que inclui modelagem da demanda por transporte utiliza uma
abordagem consolidada no final dos anos 60 que se baseia no denominado: Modelo global de
Transportes / Modelo clássico dos Transportes / Modelo das 4 etapas.
Vou ou não vou?
Este é um modelo macro que trata conjuntos de viagens e é
usado quando se pretende avaliar impactos sobre o
sistema de transportes resultantes de intervenções ou
alterações tanto no sistema de transportes como nos usos Para onde vou?
do solo de uma determinada região assim como de
alterações socioeconômicas da população.
O modelo representa as determinantes do desejo de Como vou?
mobilidade e da escolha das soluções para essa mobilidade
através de um conjunto de equações matemáticas.
Trata-se de um modelo de simulação do funcionamento de
Por onde vou?
um sistema de transportes que se aplica com base num
Modelo da Rede de Transportes e integra as seguintes
etapas

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Prof. Orivalde Soares da Silva Júnior
Modelo das 4 Etapas

Etapa da Geração de viagens (viajo ou não viajo?)

Determina o número total de viagens originadas em, ou destinadas a cada zona de tráfego
(variáveis Oj e Dk, sendo j e k índices representativos da zona de origem e destino das
viagens respectivamente) – bordas da matriz OD.

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Etapa de Distribuição de viagens (para onde viajo?)


Determina o número de viagens entre cada zona de origem e cada zona de destino
(variáveis Tjk) – miolo da matriz OD.

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Modelo das 4 Etapas
Etapa de Repartição Modal (que modo de transporte vou usar?)

Determina a forma como as viagens se repartem


entre modos de transporte (variáveis Tjkm, sendo m
um índice representativo do modo de transporte) –
divisão em várias matrizes OD por modo.
- Permite obter a matriz OD por cada modo de
transporte existente ou projetado.

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Etapa da Atribuição (Que caminhos vou utilizar?)

Determina o carregamento de tráfego em cada eixo, por modo de transporte e/ou em


termos agregados (variáveis Tlm ou Tl , sendo l um índice representativo dos eixo da rede).

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Modelo das 4 Etapas
Na prática o modelo das 4 etapas é aplicado considerando cada etapa de forma
independente e sequencial. Contudo a sua independência é apenas uma simplificação da
realidade.
Cada etapa corresponde à resposta que os utilizadores dão às 4 perguntas fundamentais.

MAS SERÁ ESSE O ENCADEAMENTO DE PERGUNTAS QUE CADA VIAJANTE REALIZA?

EXEMPLO: A fase de repartição modal das viagens determina a percentagem que, para
cada par OD, utilizará cada um dos modos de transporte dependendo do custo e tempo de
viagem do modo. Dessa repartição resulta uma percentagem de pessoas que se deslocam
em transporte individual (TI). Esses veículos são posteriormente atribuídos/afetados à rede
viária e se for o caso pode acontecer um fenômeno de congestionamento que agrava o
tempo de viagem em relação ao que era estimado à partida o que por conseguinte deveria
afetar a escolha do modo, havendo assim uma interdependência que a sequencialização do
modelo não traduz.

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Há na verdade uma interdependência entre:
• A decisão de realizar um deslocamento, para o exercício de uma atividade;
• A escolha do local do destino, tomando em consideração a acessibilidade do indivíduo aos
diferentes equipamentos específicos para a atividade, e
• A escolha do meio de transporte para realizar o deslocamento.

O processo é complexo, uma vez que o indivíduo tem na sua mente um modelo mais ou menos exato
da cidade com a localização dos equipamentos para realização das diversas atividades e os meios de
transporte que lhe dão acesso a cada equipamento. De acordo com o custo (em termos gerais: custo
monetário, gasto de tempo, esforço físico e psicológico, etc.) de realizar o deslocamento com cada meio
de transporte alternativo, o indivíduo pode optar por fazer, ou não, a viagem e se o fizer, já escolherá de
uma vez o destino com o meio de transporte que o leva ao destino, podendo inclusive, com isso fixar a
própria rota do deslocamento.

Existem diversas tentativas de modelar o processo de viagem, desde o tradicional agregado, em 4


etapas, a modelos desagregados ou agregados simultâneos, que tentam em uma só etapa modelar todo
processo de viagem.

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Modelo das 4 Etapas
Esquema geral do modelo Global de Transportes (4 etapas):
Etapa Geração
Informação necessária para
calibrar o modelo (Ano de Sistema atualizado com base
base): nos estímulos estudados:

• Usos do Solo • Novas distribuições de


Etapa Distribuição viagens
• Variáveis Sócio Econômicas
• Novas repartições modais
• Sistema de Transportes
existente (serviços e rede • Novos padrões de fluxos na
viária) Etapa Repartição Modal região

• Tráfego observado •Novas cargas de passageiros


nos TC
• Carga de passageiros de TC

Etapa Distribuição

Estudar o impacto na procura de transportes resultante de:

• Alteração dos usos do solo


• Alterações sócio demográficas (projeção de crescimento)
• Novos eixos viários
• Novos modos de transporte ou alteração dos existentes

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O modelo das 4 etapas pode ser aplicado de forma:
1. Local (polo gerador/atrator): quando se estuda uma
nova implantação funcional/urbanização, para a qual se
estima a procura (adicional) que vai gerar, em ligação
com que origens e destinos, com que modos de
transporte, e usando que caminhos, verificando os níveis
de saturação daí resultantes (estudos de impacte nos
transportes e no tráfego).
Hospital da Bahia

2. Global (cidade): quando se pretende ser


capaz de explicar as cargas de tráfego no
sistema a partir das determinantes básicas da
mobilidade de cada pessoa, e como o
desempenho do sistema pode evoluir a partir
da evolução das variáveis macro (população,
emprego, rendimento) e das determinantes da
mobilidade.

Bahia

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Modelo das 4 Etapas
3. Alteração da Rede existente: quando se altera a configuração da
rede de transportes (novo eixo rodoviário, alteração de sentidos, nova
linha de ônibus, fecho à circulação automóvel).

Alteração Viária na Marginal Tietê,


São Paulo Nova ligação à Região de Guaratiba,
Recreio dos Bandeirantes

4. Introdução de um novo modo


de transporte: o aparecimento de
um novo modo de transporte
pode gerar novos fluxos e alterar
a distribuição de fluxos pelos
modos já existentes.

VLT – Rio de Janeiro Elevador - Bahia

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Modelo das 4 Etapas
Quais os passos a seguir para aplicar o Modelo das 4 Etapas?
1. Delimitação da região de análise. 2. Divisão da região em zonas de 3. Caracterização Socioeconômica das
tráfego. zonas, Usos do solo, Sistema de
Transporte.

4. Representação do Modelo. 5. Estimar o Padrão de Fluxos.

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Modelo das 4 Etapas

A divisão do território em zonas permite analisar de uma forma agregada as viagens numa
dada região. Essa informação é representada através de uma matriz Origem/Destino (OD).
Este é o tipo de resultado obtido das duas primeiras etapas, Geração e Atribuição.

Exemplo: Zona de
Destino k
Tjk
1 2 3 4 5 Oj
1 23 56 24 77 45 225
2 34 56 32 78 43 243
Zona de 3 56 34 12 45 23 170
Origem j 4 33 12 45 35 78 203 Borda
5 94 47 67 12 45 265 Vertical
(Etapa
Dk 240 205 180 247 234 1106 Geração)

“Miolo” da matriz Total de


Borda Horizontal viagens
(Etapa Atribuição)
(Etapa Geração)

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Modelo das 4 Etapas
Bibliografia
• Banister D. (2002) Transport Planning. 2nd Edition. Taylor & Francis. New York, USA.
• Everett J., Ruegg S. and Tardiff R. (2010) Travel Survey Manual Wiki Site. Chapter 15 – Vehicle Intercept
and external station surveys. Committee on Travel Survey Methods of the Transportation Research Board.
http://www.travelsurveymanual.org/Chapter-15-2.html
• Estudo de impacte de tráfego da nova estação de Coimbra e plano de urbanização adjacente (2010) ACIV
- Associação para o Desenvolvimento da Engenharia Civil.
•Martinez L. (2009) Smart Combination of passenger transport modes and services in Urban areas for
maximum System Sustainability and Efficiency. MIT-Portugal Program
• Mohammadian K. and Timmermans H. (2010) Travel Survey Manual Wiki Site. Chapter 6 – Household
Survey Methods Design and Sampling Decisions. Committee on Travel Survey Methods of the
Transportation Research Board. http://www.travelsurveymanual.org/Chapter-6-1.html
• Montgomery, D., Runger, G. (1994) Applied Statistics and Probability for engineers, Wiley. Part 7-9
Conficence interval on a Proportion
• Ortúzar J. and Willumsen L. (2001) Modelling Transport. 3rd Edition. John Wiley and Sons. West Sussex,
England.
• Trip Generation (1997) Institute of Transportation Engineers. 6th Edition. Washington, USA.
• Viegas J. (2008) Apontamentos da Disciplina de Transportes do Mestrado Integrado em Engenharia Civil.
Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura. Instituto Superior Técnico. Universidade Técnica de
Lisboa.

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