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Sinalização Temporária de

Obras e Obstáculos
na Via Pública
Índice:

Princípios básicos de sinalização …………………………………………………………………………………. 4

Obrigações do empregador ………………………………………………………………………………………….4

Eficiência da Sinalização ……………………………………………………………………………………………….5

Informação, formação e consulta dos trabalhadores ……………………………………………………5

Regulamentação aplicável ……………………………………………………………………………………………6

Formas de Sinalização ………………………………………………………………………………………………….6

Sinalização de trabalhos na via pública ou na sua proximidade ………………………………….18

Hierarquização da Sinalização …………………………………………………………………………………….20

Analisando em pormenor a sinalização temporária …………………………………………………….20

Resumo rápido da hierarquia ………………………………………………………………………………………21

Sinalização Vertical ……………………………………………………………………………………………………..22

Bibliografia ………………………………………………………………………………………………………………….28

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Objetivo geral:

Dotar os formandos de conhecimentos específicos para a utilização adequada de equipamentos


de trabalho, nomeadamente no que diz respeito a sinalização temporária de obras e obstáculos
na via pública.

Conteúdos programáticos:

- Princípios básicos de sinalização;

- Hierarquização da sinalização;

- Sinalização vertical.

Metodologia da formação:

Todo o curso decorrerá em regime de ensino à distância online (E-Learning), assíncrono, na


plataforma informática Moodle, através de uma tutoria ativa e permanente, o que permite ao
formando ler, refletir e analisar a informação antes de intervir, ao seu próprio ritmo e nos
momentos que lhe sejam mais convenientes.

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1. Princípios básicos de sinalização

Atualmente, os trabalhadores são confrontados, no seu dia-a-dia, com situações que trazem
perigo à sua saúde e à sua integridade física, correndo todo um conjunto de riscos específicos
nos locais de trabalho.

O surto de industrialização que Portugal tem vindo a conhecer realçou a necessidade de utilizar
processos técnicos e meios de ação adequados para combater a sinistralidade laboral.

Um dos possíveis meios de ação é a utilização de sinalização de segurança nos locais de trabalho,
a qual deve ser normalizada segundo critérios lógicos e uniformes que evitem equívocos, quer
para quem a utiliza, quer para as entidades fiscalizadoras.

Assim, pela necessidade de proceder à harmonização da sinalização de segurança e saúde a


utilizar no trabalho, foi transposta para o direito interno a Diretiva n.º 92/58/CEE, através do
Decreto-lei n.º 141/95, de 14 de Junho.

O Decreto-Lei nº 141/95, de 14 de Junho, que estabelece as prescrições mínimas para a


sinalização de segurança e de saúde no trabalho, define a sinalização de segurança e saúde do
seguinte modo:

Sinalização de Segurança e Saúde - A sinalização relacionada com um objeto, uma atividade


ou uma situação determinada, que fornece uma indicação ou uma prescrição relativa a
segurança ou a saúde no trabalho, ou a ambas, por intermédio de uma placa, uma cor, um
sinal luminoso ou acústico, uma comunicação verbal ou sinal gestual.

A utilização de uma sinalização adequada ajuda-nos a prevenir os riscos, mas apenas como um
complemento das medidas de segurança adotadas, dado que a sinalização, por si só, não elimina
o risco existente.

1.1 Obrigações do empregador

O empregador deve garantir a existência de sinalização adequada de segurança e saúde no


trabalho, sempre que os riscos não puderem ser evitados ou suficientemente diminuídos com

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meios técnicos de proteção coletiva ou com medidas, métodos ou processos de organização do
trabalho.

Na colocação e utilização da sinalização de segurança no trabalho deverá ter-se em conta a


avaliação de riscos anteriormente efetuada.

Tendo o empregador ao seu serviço trabalhadores com capacidades auditivas ou visuais


diminuídas, ou quando o uso de equipamentos de proteção individual implique a diminuição
dessas capacidades, devem ser tomadas medidas suplementares ou de substituição que tenham
em conta essas especificidades.

1.2 Eficiência da Sinalização

A colocação e utilização da sinalização de segurança implicam, nomeadamente:

➢ Evitar a afixação de um número excessivo de placas na proximidade umas das outras;


➢ Não utilizar simultaneamente dois sinais luminosos que possam ser confundidos;
➢ Não utilizar um sinal luminoso na proximidade de outra fonte luminosa pouco nítida;
➢ Não utilizar dois sinais sonoros ao mesmo tempo;
➢ Não utilizar um sinal sonoro, quando o ruído ambiente for demasiado forte.

1.3 Informação, formação e consulta dos trabalhadores

Os trabalhadores, assim como os seus representantes para a segurança, higiene e saúde no


trabalho, devem ser informados e consultados sobre as medidas relativas à sinalização de
segurança no trabalho utilizadas. Devem também receber formação sobre a sinalização de
segurança adequada às características dos locais de trabalho, em especial sobre o seu significado
e sobre os comportamentos gerais e específicos a adotar.

A formação dos trabalhadores tem um papel preponderante para a prevenção e consequente


diminuição dos acidentes de trabalho.

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1.4 Regulamentação aplicável

▪ Decreto-Lei nº 141/95, de 14 de Junho - Estabelece as prescrições mínimas para a


sinalização de segurança e de saúde no trabalho;
▪ Portaria n.º 1456-A/95, de 11 de Dezembro - Regulamenta as prescrições mínimas de
colocação e utilização da sinalização de segurança e de saúde no trabalho. Revoga a
Portaria n.º 434/83 de 15 de Abril;
▪ Decreto Regulamentar n.º 22-A/98, de 1 de Outubro - Aprova o Regulamento de
Sinalização do Trânsito;
▪ Decreto Regulamentar n.º 41/2002, de 20 de Agosto - Altera o Regulamento de
Sinalização do Trânsito aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 22-A/98, de 1 de
Outubro;
▪ Decreto Regulamentar n.º 13/2003, de 26 de Junho - Altera o Regulamento de
Sinalização do Trânsito, aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 22-A/98 de 1 de
Outubro
▪ Decreto-Lei nº 98/2010, de 11 de Agosto - Estabelece o regime a que obedecem a
classificação, embalagem e rotulagem das substâncias perigosas para a saúde humana
ou para o ambiente, com vista à sua colocação no mercado.

1.5 Formas de Sinalização

Para se adaptar às diversas situações que podem surgir, a sinalização de segurança pode ser
realizada de várias formas:

a | Sinais visuais (pictogramas ou luminosos) para assinalar riscos ou dar indicações;

b | Sinais acústicos habitualmente para assinalar situações de alarme e de evacuação;

c | Comunicação verbal;

d | Sinais gestuais para que, quando a comunicação de viva voz não seja possível, se possam
dar as indicações necessárias.

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O Decreto-Lei nº 141/95 define Símbolo ou Pictograma do seguinte modo:

Símbolo ou Pictograma – A imagem que descreve uma situação ou impõe um determinado


comportamento e que é utilizada numa placa ou superfície luminosa

Sinalização de segurança

A forma geométrica e o significado dos sinais de segurança, bem como a combinação das formas
e das cores e seu significado nos sinais estão indicados nos quadros seguintes.

FORMA GEOMÉTRICA SIGNIFICADO

Sinais de obrigação e de proibição

Sinais de aviso/perigo

Sinais de emergência, de indicação e


informações adicionais

A forma geométrica e o significado dos sinais de segurança

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FORMA

CORES

MATERIAL DE
VERMELHO PROIBIÇÃO COMBATE A
INCÊNDIOS

AMARELO AVISO/PERIGO

SALVAMENTO OU
VERDE DE EMERGÊNCIA

AZUL OBRIGAÇÃO INFORMAÇÃO

Formas e cores

SINAL SIGNIFICADO EXEMPLO

Proibição Proíbe um comportamento

Aviso/perigo Adverte de um perigo ou de um risco

Obrigação Imposição de certo comportamento

Fornece indicações sobre saídas de


Salvamento ou de
emergência ou meios de socorro ou
emergência
salvamento

Sinais relativos ao
material de combate a Fornece indicações sobre a localização
incêndios dos equipamentos e/ou material de
combate a incêndios

Sinais de obstáculos e Fornece indicações sobre a localização


locais perigosos de obstáculos e/ou locais perigosos

Fornece indicações não abrangidas


por sinais de proibição, aviso,
Sinais de informação
obrigação e de salvamento ou de
socorro;

Significado dos vários sinais

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De acordo com a legislação vigente, apresentam-se seguidamente os sinais relativos à
sinalização de segurança e saúde. De qualquer forma, existem disponíveis no mercado alguns
outros sinais que poderão complementar as prescrições mínimas previstas na lei.

 Sinais de proibição:

Água não potável Não tocar Passagem proibida a


peões
Passagem Proibida a
Veículos de
Movimento de Cargas

Proibição de Apagar Proibição de Fumar Proibida a Entrada a Proibição de fazer


com Água Pessoas Não lume e de fumar
Autorizadas

 Sinais de aviso:

Atmosfera explosiva Baixa temperatura Cargas suspensas Forte campo


magnético

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Veículos de Electrocussão Perigos vários Queda com desnível
Movimentação de
Cargas

Radiações não Raios laser Riscos biológicos Substâncias


ionizantes comburentes

Substâncias corrosivas Substâncias explosivas Substâncias Substâncias nocivas ou


inflamáveis ou alta irritantes
temperatura

Substâncias Substâncias tóxicas Tropeçamento


radioativas

 Sinais de obrigação:

Proteção Individual
Obrigações Várias Passagem Obrigatória Proteção Obrigatória
Obrigatória contra
para Peões Quedas da Cabeça

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Proteção Obrigatória
Proteção Obrigatória Proteção Obrigatória Proteção Obrigatória do Rosto
das Mãos das Vias Respiratórias do Corpo

Proteção Obrigatória Proteção Obrigatória Proteção Obrigatória


dos Olhos dos Ouvidos dos Pés

 Sinais de salvamento ou de emergência:

Via/ Saída de Via/ Saída de Via/ Saída de Via/ Saída de


Emergência Emergência Emergência Emergência

Via/ Saída de Direção a Seguir Direção a Seguir Direção a Seguir


Emergência

Lavagem dos Olhos


Direção a Seguir Duche de Segurança Maca

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Primeiros Socorros Telefone para
Salvamento e
Primeiros Socorros

 Sinais relativos ao material de combate a incêndio:

Direção a Seguir Direção a Seguir Direção a Seguir Direção a Seguir

Agulheta de Incêndio Escada Extintor Telefone para Luta


contra Incêndios

 Sinais de obstáculos e locais perigosos:

A sinalização de obstáculos e locais permanentemente perigosos, tais como degraus de


escadas, buracos no pavimento ou locais que apresentem um risco de choque, quedas ou passos
em falso, ou ainda risco de queda de materiais, deverá ser feita com a ajuda de faixas
preto/amarelo ou então vermelho/branco. A sinalização referida deverá ser feita tendo em
conta as dimensões do obstáculo ou do local perigoso.

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RISCOS DE: SITUAÇÕES:

Choque contra obstáculos Degraus, Pilares

Queda de objectos Mudanças de nível

Queda em altura Cais de carga

Queda de nível Dispositivos móveis

Obstáculos e locais perigosos

O Decreto-Lei nº 141/95 define Sinal luminoso do seguinte modo:

Sinal luminoso – O sinal emitido por um dispositivo composto por materiais transparentes
ou translúcidos, iluminados a partir do interior ou pela retaguarda, de modo a transformá-lo
numa superfície luminosa.

Lanternas com acumulador

O Decreto-Lei nº 141/95 define Sinal acústico do seguinte modo:

Sinal acústico – O sinal sonoro codificado, emitido e difundido por um dispositivo específico,
sem recurso à voz, humana ou sintética.

O Decreto-Lei nº 141/95 define Comunicação verbal do seguinte modo:

Comunicação verbal – A mensagem verbal predeterminada que utiliza voz, humana ou


sintética.

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Regras especiais de utilização:

➢ As pessoas envolvidas devem conhecer bem a linguagem utilizada, a fim poderem


pronunciar e compreender corretamente a mensagem verbal e adotar, em função
desta, o comportamento apropriado no âmbito da segurança e da saúde;
➢ Se a comunicação verbal for utilizada em substituição ou como complemento de sinais
gestuais, é necessário utilizar palavras como:
▪ Começar: para indicar que o comando foi assumido.
▪ Stop: para interromper ou terminar um movimento.
▪ Fim: para terminar as operações.
▪ Subir: para fazer subir uma carga.
▪ Descer: para fazer descer uma carga.
▪ Avançar, recuar, à direita, à esquerda: para indicar o sentido de um
movimento (o sentido destes movimentos deve ser coordenado com os
correspondentes códigos gestuais, se for caso disso).
▪ Perigo: para exigir uma paragem de emergência.
▪ Rápido: para acelerar um movimento por razões de segurança.

O Decreto-Lei nº 141/95 define Sinal gestual do seguinte modo:

Sinal gestual – O movimento, ou uma posição dos braços ou das mãos, ou qualquer
combinação entre eles, que, através de uma forma codificada, oriente a realização de
manobras que representem risco ou perigo para os trabalhadores.

Características:

▪ Um sinal gestual deve ser preciso, simples, largo, fácil de executar e de compreender e
muito diferente de qualquer outro sinal gestual;
▪ A utilização simultânea dos dois braços deve ser feita simetricamente e para um único
sinal gestual.

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Regras especiais de utilização:

➢ O responsável pela emissão dos sinais, chamado "sinaleiro", dá instruções de manobras


através de sinais gestuais ao recetor dos sinais, chamado "operador";
➢ O responsável pela emissão dos sinais deve poder seguir visualmente o
desenvolvimento das manobras, sem ser por elas ameaçado. Caso contrário, deve-se
recorrer a um ou vários sinaleiros suplementares;
➢ O responsável pela emissão dos sinais deve dedicar-se exclusivamente a dirigir as
manobras e zelar pela segurança dos trabalhadores que se encontram nas imediações;
➢ O operador deve suspender a manobra em curso e pedir novas instruções quando não
puder executar as ordens recebidas com as garantias de segurança necessárias.
➢ Acessórios de sinalização gestual:
▪ O operador deve poder reconhecer facilmente o responsável pela emissão dos
sinais;
▪ O sinaleiro deve usar um ou vários elementos de identificação apropriados, tais
como, casaco, mangas, braçadeiras ou capacete e, quando necessário,
raquetes;
▪ Os elementos de identificação indicados devem ser de cores vivas, de
preferência única para todos os elementos, e devem ser utilizados
exclusivamente pelo responsável da emissão dos sinais.

O conjunto de códigos gestuais indicado a seguir está regulamentado na Portaria n.º 1456-A/95.

Significado Descrição Ilustração

A) GESTOS DE CARACTER GERAL

Os dois braços estendidos de forma


Início: Atenção, Comando
horizontal, com as palmas das mãos
Assumido
viradas para frente

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Significado Descrição Ilustração

O braço direito estendido para cima,


Stop: Interrupção, Fim do
com a palma da mão direita virada para
movimento
frente

Fim das operações As duas mãos juntas ao nível do peito

B) MOVIMENTOS VERTICAIS

Braço direito estendido para cima, com


a palma da mão direita virada para
Subir
frente, descrevendo um círculo
lentamente

Braço direito estendido para baixo, com


a palma da mão direita virada para
Descer
dentro descrevendo um círculo
lentamente

Mãos colocadas de modo a indicar a


Distância vertical
distância

C) MOVIMENTOS HORIZONTAIS

Ambos os braços dobrados, as palmas


das mãos voltadas para dentro, os
Avançar
antebraços fazem movimentos lentos
em direção ao corpo

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Significado Descrição Ilustração

Ambos os braços dobrados, as palmas


das mãos voltadas para fora, os
Recuar
antebraços fazem movimentos lentos
afastando-se do corpo

Braço direito estendido mais ou menos


Para a direita: horizontalmente, com a palma da mão
Relativamente ao direita voltada para baixo, fazendo
sinaleiro pequenos movimentos lentos na
direção pretendida

Braço esquerdo estendido mais ou


Para a esquerda: menos horizontalmente, com a palma
Relativamente ao da mão esquerda voltada para baixo,
sinaleiro fazendo pequenos movimentos lentos
na direção pretendida

Mãos colocadas de modo a indicar a


Distância horizontal
distância

D) PERIGO

Perigo: Ambos os braços estendidos para cima,


Stop ou paragem de com as palmas das mãos voltadas para
emergência frente

Os gestos codificados que comandam


Movimento rápido os movimentos são efetuados com --
rapidez

Os gestos codificados que comandam


Movimento lento os movimentos são efetuados muito --
lentamente

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Os tipos de sinalização, dimensões e cores, estão regulamentados na Portaria n.º 1456-A/95, de
11 de Dezembro, sobre as prescrições mínimas de colocação e utilização da sinalização de
segurança e de saúde no trabalho.

Não se trata de sinalizar "porque sim", mas porque esta sinalização é útil para as pessoas a quem
é dirigida.

É frequente encontrar na entrada das obras de construção, especialmente quando estas são de
certa envergadura, um grande painel onde são colocados, uns ao lado dos outros, um elevado
número de sinais que nos obrigam a usar muitas coisas: capacete, cinto de segurança, óculos,
luvas, máscara, protetores auditivos, palmilhas anti-perfuração, calçado de segurança, etc.; e
depois no interior das instalações é difícil ver novamente os sinais que indicam a obrigação de
usar algum destes equipamentos. Uma sinalização deste tipo dificilmente pode resultar eficaz,
já que, ao vermos tantos sinais juntos não prestamos a devida atenção a cada um deles.

Algumas vezes, o painel que contém estes sinais pode ficar parcialmente oculto, por causa de
uma coluna, pilhas de materiais, cercas ou malhas metálicas, que dificultam a visibilidade e,
portanto, diminuem a sua eficiência.

A sinalização escolhida deve ser revista regularmente, reparando ou substituindo os


componentes deteriorados para evitar que a sua eficiência diminua com a passagem do tempo.

De acordo com as características do projeto e da duração prevista, é conveniente mudar a cada


certo tempo a localização dos painéis de sinalização, a fim de quebrar a monotonia e conseguir
que voltem a chamar a atenção.

1.6 Sinalização de trabalhos na via pública ou na sua proximidade

As obras e obstáculos ocasionais na via pública devem ser assinalados por sinalização
temporária, tendo em vista prevenir os trabalhadores e os utentes relativamente ao perigo que
representam.

1.6.1 O conhecimento do projeto

O conhecimento e estudo do projeto de execução no âmbito da segurança merece uma análise


criteriosa de todas as variáveis em jogo, de modo a que sejam previamente detetadas todas as
interferências dos trabalhos com as vias públicas e respetivas infraestruturas para salvaguardar

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situações gravosas para os utentes e habitantes na proximidade das zonas de trabalhos, bem
como para os próprios trabalhadores da frente de trabalho.

1.6.2 Contacto com as entidades de tutela

Todas as entidades que superintendem as infraestruturas que interessam à zona de trabalhos


deverão ser previamente contactadas, com vista a um completo esclarecimento dos trabalhos a
realizar. Assim, deverão ser contactadas as Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Serviços
de Águas e Saneamento, Telecomunicações, Serviços de Eletricidade, Serviços de Gás,
Capitanias, Empresas de Transporte, etc.

Reciprocamente, estas entidades, ou algumas delas, deverão dar conhecimento


atempadamente das infraestruturas existentes, das que serão repostas obrigatoriamente ou se
pretendem alguma modificação, de diâmetros de condutas por exemplo, de modo a que todos
os trabalhos sejam coordenados no intuito de salvaguardar do incómodo, tanto quanto possível,
os trabalhadores, os utentes das vias com interferências e os moradores da zona de trabalhos.

1.6.3 Sinalização temporária de obras e obstáculos ocasionais na via pública

A sinalização durante a execução de trabalhos deve ser permanente, de modo a alertar para os
perigos inerentes às situações criadas e realizadas de acordo com as normas de sinalização
temporária das Estradas de Portugal (EP), entidade supervisora e responsável pelo setor da
sinalização.

As zonas de intervenção devem ser vedadas e convenientemente sinalizadas, quer de dia, quer
de noite. O movimento de equipamento de transporte deverá ser sinalizado na zona de obras e
nos respetivos acessos. Por vezes é impossível criar situações alternativas e o movimento de
equipamento tem de ser realizado com todos os cuidados.

O Decreto Regulamentar n.º 22-A/98, de 1 de Outubro regulamenta a sinalização do trânsito na


via pública. Neste está incluída a sinalização temporária de obras e obstáculos ocasionais na via
pública. Este tipo de sinalização deve ser efetuada com o recurso a:

➢ Sinais verticais;
➢ Marcas rodoviárias;
➢ Sinais luminosos;
➢ Dispositivos complementares.

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2 Hierarquização da Sinalização

De certeza que já lhe aconteceu estar a circular numa estrada em obras, onde por norma se
depara com uma diversidade de sinalização, por vezes, contraditória, especialmente
no que toca às velocidades máximas autorizadas e à altura máxima permitida.
• Que fazer perante esta situação?
• Qual o sinal que prevalece?
• Como interpretar a abundância de informações?
Para que a interpretação não se torne um caos, existe uma hierarquia entre as prescrições
do trânsito, ou seja, há determinados sinais, regras, marcas e ordens que prevalecem sobre
os outros.
Vamos por etapas, se estiverem presentes agentes da autoridade a gerir o fluxo de trânsito,
as suas ordens são as que tem que ser acatadas e executadas, independentemente das
restantes.
Na sequência hierárquica são seguidas da sinalização temporária, as de fundo amarelo
também usadas nas zonas de obras.
Depois vêm as sinalizações que possuem mensagens variáveis, estas apresentam
informação atualizada frequentemente, seguidos dos sinais luminosos e sinais verticais em
penúltimo lugar ainda as marcas rodoviárias que têm ascendente sobre as regras de
trânsito.

2.1. Analisando em pormenor a sinalização temporária

A sinalização temporária prevalece sobre quaisquer outros sinais de trânsito, seja do tipo
luminoso, vertical ou horizontal, porque aquele tipo de sinalização destina-se a prevenir os
utentes da estrada da existência de obstáculos ocasionais na via pública, sejam obras ou outros,
conforme previsto no artigo 7º, n.º 2, 1º do Código da Estrada.
A sinalização temporária encontra-se tipificada no Decreto-Regulamentar n.º 22-A/98, nos
artigos 77º a 102º, e tem por objetivo sinalizar quaisquer circunstâncias anómalas existente na
via pública, para assim prevenir os condutores, bem como os peões, atempadamente dos
obstáculos que aquelas constituem na normal circulação destes.

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Por exemplo, é colocada sinalização temporária quando a via pública se encontra em obras
ou quando esta é fechada para algum evento desportivo ou cultural, ou quando existe algum
obstáculo, como um abatimento, derrocada ou anomalia da via
Convém saber que os trabalhadores que estão em zonas reguladas pela sinalização
temporária são obrigados a usar vestuário de alta visibilidade, como coletes refletores, para
assim estarem de acordo com a legislação em vigor.
A necessidade de ser bem visível estende-se aos veículos usados na laboração que devem
ser sinalizados com placas retrorrefletoras e com um ou dois faróis de cor amarela, de acordo
com as características previstas nos números 20 a 22º da Portaria.º 851/94, de 22/09.
Os sinais verticais e marcas usados nos sinais temporários têm o mesmo significado e valor
que os sinais e marcas rodoviárias normalmente utilizados no ordenamento do trânsito,
diferindo na cor e por vezes no tamanho.
Reconhece-se facilmente os sinais verticais da sinalização temporária por possuírem fundo
de cor amarela, bem como as marcas rodoviárias que detém esta mesma cor, sendo que as baias
têm listas alternadas vermelhas e brancas.
Os sinais verticais usados na sinalização temporária, descritos no artº 90º do Regulamento
de Sinais de Trânsito (RST), são sinais de perigo, de regulamentação, de indicação, painéis
adicionais e sinais de mensagem variável.
A sinalização luminosa usada na sinalização temporária, prevista no art.º 92º do RST, é igual
à usada em circunstâncias normais com exceção da fonte de iluminação que tem de
ser independente da rede de iluminação pública.

2.2 Resumo rápido da hierarquia

De acordo com tudo o que foi dito atrás e quais as prescrições resultantes que fazem com que
os sinais predominem sobre as regras de trânsito, sendo esta a hierarquia integral da
sinalização:

– Ordens dos agentes reguladores de trânsito


– Sinalização temporária que modifique o regime normal de utilização da via
– Sinalização de mensagem variável
– Sinais luminosos
– Sinais verticais

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– Marcas rodoviárias
– Regras gerais de trânsito

3 Sinalização Vertical

Os sinais verticais devem ser colocados de forma a garantir boas condições de legibilidade das
mensagens neles contidas e a acautelar a normal circulação e segurança dos utentes das vias.
Deverão ser colocados do lado direito ou por cima da via, no sentido do trânsito a que respeitam,
e orientados pela forma mais conveniente ao seu pronto reconhecimento pelos utentes.

Os suportes dos sinais devem ser resistentes, com secção circular, permitindo a fixação do sinal
em perfeitas condições de estabilidade.

Os materiais utilizados na construção dos sinais devem ser retrorrefletores e não devem causar
encandeamento nem diminuir a visibilidade dos símbolos ou das inscrições.

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Exemplos de painéis temporários:

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A sinalização deverá ser colocada junto a cada frente de trabalho conforme se indica nos
esquemas subsequentes, devendo ser respeitadas as seguintes indicações:

• Os meios e os dispositivos de sinalização devem ser regularmente verificados e limpos;

• O número e a localização dos meios ou dispositivos de sinalização devem ser adequados


aos riscos e à dimensão da zona a cobrir;

• As placas de sinalização devem ser de materiais que ofereçam a maior resistência


possível a choques, intempéries e agressões do meio ambiente;

• Os sinais devem ser instalados em local visível, a altura e em posição apropriadas, tendo
em conta os impedimentos à sua visibilidade desde a distância julgada conveniente;

• Os sinais devem ser retirados sempre que a situação que os justificava deixar de se
verificar.

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A velocidade na zona de trabalhos será de 30 km/h com reduções anteriores sucessivas de 20
km/h desde a velocidade máxima de circulação permitida em situação normal (ex.: 90 km/h
(situação normal): 1ª redução para 70 km/h; 2ª redução para 50 km/h; 3ª redução para 30
km/h).

A colocação de sinais deverá respeitar as distâncias definidas no quadro seguinte. Dentro das
localidades a distância entre sinais é de 50 metros.

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DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE SEGURANÇA DOS TRABALHOS NA VIA PÚBLICA

• Não obstruir bocas-de-incêndio, fontanários, tampas de caixas de visita, válvulas e


outros pontos de controlo ou acesso a redes de água, eletricidade, telefones e esgotos;

• Não obstruir sumidouros e valetas, ou em caso de impossibilidade, tomar providências


no sentido de manter desobstruídas linhas de drenagem natural, e redes de drenagem
de estradas, ruas, caminhos e outros, o que pode passar pela colocação de tubos;

• Evitar a obstrução de passeios, entradas de edifícios, garagens, locais de atendimento


público, estradas ou caminhos;

• Evitar o risco de projeção de materiais das demolições de abertura de valas para


caminhos, passeios ou outros;

• Não obstruir possíveis saídas, para evacuação de trabalhadores em caso de emergência.

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Bibliografia:

✓ Junta Autónoma de Estradas (JAE), Manual de Sinalização Temporária, Tomo I – Estradas


com Dupla Faixa de Rodagem. Janeiro – 1997;
✓ Junta Autónoma de Estradas (JAE), Manual de Sinalização Temporária, Tomo II –
Estradas com Uma Faixa de Rodagem. Janeiro – 1997;
✓ Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do
Norte, Manual do Formando – Segurança, Higiene e Segurança do Trabalho da
Construção Civil. 2005;
✓ Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do Sul
(CENFIC), Análise de Riscos na Construção Civil – Guia de Aprendizagem do Formando.
Prior Velho – Março de 2008;
✓ Abel Pinto, Manual de Segurança, Construção, Conservação e Restauro de Edifícios.
Edições Sílabo. Lisboa – 2005.

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