• Como engenheiro civil responsável pelo desenvolvimento do
pré-projeto de uma rodovia, precisa de dados da demanda do local. • É necessário passar as informações básicas de como efetuar o levantamento para a equipe de campo. • Lembrando que você deve justificar, tecnicamente, suas exigências quanto ao levantamento, pois os custos envolvendo o projeto podem variar consideravelmente. • Nesse sentido, você orientou a equipe que foi executar o levantamento, dizendo que se espera que os dados sejam levantados com precisão e sejam confiáveis. O resultado da pesquisa foi compilado na Tabela 1.1. • A contagem volumétrica dos veículos é imprescindível para a elaboração do projeto da rodovia, além de ser necessário determinar alguns indicadores, como o volume diário médio (VDM) e o veículo de projeto, após ter posse dos dados. • Nesse contexto, você deve, ainda, tratar os dados que foram levantados em campo e produzir o VDM e identificar o veículo de projeto a ser utilizado. • Com essas informações, será possível dar prosseguimento no projeto, lembrando sempre que essa parte vai ditar as características da rodovia. • Não executar o levantamento da demanda em campo pode custar o bom desempenho da rodovia e a obra já pode começar com deficiências graves. • Os conceitos apresentados são essenciais para o desenvolvimento do trabalho de campo e para a leitura e a interpretação de projetos dessa natureza. • Contagens volumétricas: A contagem de veículos é uma atividade corriqueira na vida profissional de um engenheiro responsável por projetos de transportes, uma vez que não é possível projetar ou dimensionar uma estrada sem saber exatamente a demanda e suas características. • Perceba, portanto, que temos duas informações que necessitam ser levantadas: quantidade e característica de veículos. • Estes dados devem ser coletados conforme a necessidade do projeto. • Imagine que precisamos apenas do número de veículos que vão utilizar a futura rodovia; então, não há necessidade de levantar as características dos veículos, apenas de classificá-los quanto ao tipo. • Por outro lado, se vamos fazer o dimensionamento do pavimento, precisamos saber quais esforços a estrutura deve suportar, ou seja, o levantamento deve não só levantar a quantidade de veículos, mas também o tipo e a quantidade de eixos. • O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) (2006) divide a contagem de veículos em três categorias: global, direcional e classificatória. A execução dessas contagens pode ocorrer de diversas maneiras, conforme segue: • Contagem manual: a equipe de campo, com auxílio de uma caderneta ou de um contador analógico (dispositivo que gera contagem pressionando um botão), realiza a contagem. A Figura 1.5 apresenta a utilização do contador analógico. • Contagem automatizada: a contagem automática ocorre por meio de equipamentos eletrônicos que detectam os veículos que passaram pelos pontos onde o equipamento foi instalado. Há diferentes tipos de equipamentos empregados, conforme apresentados nas Figuras 1.5 e 1.6. • Na Figura 1.6 o equipamento pode ser instalado em qualquer ponto e utiliza-se uma mangueira de ar no pavimento, ou seja, cada vez que um veículo passar pela mangueira, a pressão gerada identificará o veículo no equipamento, que fará a contagem e armazenará o dado. • Essa mesma técnica pode ser usada para pontos em que já existe uma instalação no pavimento, contudo, utiliza a corrente elétrica, conforme a Figura 1.7. Há, ainda, contadores infravermelhos que não necessitam de dispositivos físicos na via, assim como softwares de contagem por vídeo. • A pesquisa de tráfego fornece dados tanto para dimensionamento estrutural e projeto geométrico das vias, como para análise de capacidade e avaliação de acidentes. • Na elaboração do projeto de uma nova avenida em um setor da cidade em crescimento com inúmeros complexos urbanísticos, devemos levantar os parâmetros de dimensionamento. • Podemos usar, por exemplo, as contagens classificatórias que, segundo o DNIT (2006), registram os volumes para os vários tipos ou classes de veículos. • Quanto ao método de contagem, perceba que não há o melhor método; nesse ponto deverá existir bom senso do planejador. • Levantamentos manuais podem levar mais tempo, pois exigem tabulação e tratamento de dados, porém, dependendo do custo da mão de obra, podem apresentar economia ao serviço. • Tenha em mente que cada projeto terá uma situação diferente do outro e esse tipo de decisão deve ser alinhada com o custo e o tempo disponíveis para cada um desses projetos. • Volume diário médio (VDM) anual: O VDM é a quantidade média (anual) de veículos que passam por determinado ponto; em outras palavras, é uma média diária de veículos, considerando o período de um ano. • O VDM poderá ser calculado após a contagem volumétrica de veículos realizada em campo. • A equação acima apresenta o cálculo do VDM, em que a somatória dos veículos é o valor da contagem realizada em campo. • O divisor da equação diz respeito ao número de dias no ano, que pode variar conforme a quantidade de dias levantados. • Há, contudo, a possibilidade de classificar os VDMs de acordo com o tipo de veículo, por exemplo, VDM de veículo de passeio. • O Plano Nacional de Contagem de Tráfego (2018), realizado pelo DNIT, tem informações de VDM das principais rodovias nacionais e apresenta informações em vários formatos, como em gráficos. • Na Figura 1.8 é apresentada a variação do volume de veículos que passam pelo ponto instalado no km 145 da BR 040, situado no estado de Minas Gerais, munícipio de João Pinheiro. • Os dados estão organizados por faixa horária, permitindo identificar o horário de maior movimento na rodovia. • Além disso, há a divisão da rodovia por sentido, crescente e decrescente, que toma como referência o km 0 da rodovia (localizado no Distrito Federal - DF), portanto, o sentido crescente identifica que o veículo está se distanciando do DF e que o km está aumentando. • Na Figura 1.9 temos a variação do volume de veículos por mês, para o mesmo ponto já apresentado (BR 040), sendo possível notar que em março e em abril não foram coletados dados, assim como o mês de janeiro não está completo. • Temos, portanto, o Quadro 1.4 apresentando o quadro final do VDM da rodovia BR 040, considerando apenas 295 dias. • Tipologia de veículos: Nas rodovias brasileiras é estabelecido um valor máximo de carga por eixo e tipo de eixo. • Há algumas normativas que tratam disso. • Em documento único, o DNIT sintetiza as restrições quanto à carga e apresenta um resumo dos tipos de veículos existentes no contexto brasileiro. • Para a situação de contagem de veículos, essa classificação é muito importante, uma vez que vai definir como a infraestrutura do pavimento deve suportar as solicitações de tráfego. • É necessário, portanto, coletar dados considerando os diferentes tipos de veículos rodoviários, ou seja, devemos obedecer a classificação desses veículos. • O Quadro 1.5 apresenta a parte inicial da tabela de classificação de veículos, disponível no Quadro de Fabricantes de Veículos, documento disponibilizado pelo DNIT (2008). • É fortemente aconselhável que o aluno acesse o documento do DNIT (2008) citado para entender os pormenores no processo de classificação de veículos. • Nas próximas seções vamos nos aprofundar em alguns assuntos, como tipos de eixos dos veículos rodoviários. • Nesta seção, contudo, nos reservamos à identificação dos tipos de veículos e à importância dessa relação com a contagem volumétrica. • Veículo de projeto (padrão): Para o projeto de uma rodovia, é necessário tomar um veículo como referência para a construção de alguns dispositivos, por exemplo, vias de acesso, superlargura (acréscimo de largura da pista de rolagem, geralmente aplicadas em curvas), entre outros que serão abordados mais detalhadamente em outra unidade. • A questão central, neste momento, é que precisamos determinar o veículo de projeto após a contagem e classificação do tráfego, que será aquele com maiores dimensões de comprimento, considerando toda a estrutura do veículo (incluindo a quantidade de carrocerias existentes). • As características dos veículos têm uma relação direta com a região em que a rodovia será implantada, uma vez que uma região que produz grãos (soja, milho, etc.) terá determinados veículos para transportar o material; já uma região industrial terá outra característica de veículo. • Deverá também ser avaliado o volume de veículos ou de viagens para justificar o investimento na infraestrutura da rodovia. • Após a apresentação do pré-projeto solicitado anteriormente, é necessário realizar os levantamentos de campo. • Você informou o setor responsável pela contagem que os dados importantes para o levantamento são: contagem de veículos, caracterização dos veículos, disponibilização de informações sobre os eixos, etc. • Por se tratar de um projeto de uma nova rodovia, os dados são coletados pela equipe de campo por meio de uma contagem volumétrica e classificatória. • Deve-se proceder, portanto, com um levantamento dos tipos de veículos que utilizarão a infraestrutura para que, posteriormente, seja planejado o dimensionamento do pavimento. • Considerando os resultados apresentados na Tabela 1.1, as informações devem ser trabalhadas para obter um panorama geral do tráfego. • Por isso, é possível separar os dados por dia da semana e por tipo de veículos, conforme as Tabelas 1.2 e 1.3 e o Gráfico 1.1. • Percebemos, portanto, um VDM de 3.054 veículos para o período estudado e uma contribuição significativa dos veículos do tipo semirreboque (22%), identificando o veículo de projeto para nossa rodovia. • Nesse ponto, o projeto poderia ter continuidade, uma vez que a demanda foi definida e o veículo de projeto foi identificado (para futuramente dimensionar os dispositivos da rodovia). • Posteriormente, será realizada a adequação do número de faixas necessárias para a rodovia, a fim de que haja qualidade de transporte, mostrando, mais uma vez, a importância dessa etapa do projeto. • Este foi um importante passo no levantamento de dados para a elaboração adequada do projeto rodoviário. • Depois de estudar este conteúdo, você já consegue compreender a importância do levantamento de dados e, nas próximas fases, aprenderá a aplicar esses dados nos projetos de rodovias.