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CORREGEDORIA-GERAL DA UNIÃO
SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO
CORREGEDORIA-GERAL DA UNIÃO EM MINAS GERAIS
Belo Horizonte
- 2002 -
VII SIMPÓSIO NACIONAL DE AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS
TÉCNICAS DE AUDITORIA
ELABORAÇÃO
Folha 1
ÍNDICE
1. Principais elementos de uma rodovia .........................................04
1.1-Nomenclatura utilizada em rodovias federais ......................04
1.2-Elementos do Projeto de rodovias.........................................05
1.3-Tipos de construção rodoviária..............................................07
1.4-Serviços de terraplenagem.....................................................09
1.5-Serviços de pavimentação.....................................................15
1.6-Materiais betuminosos e suas aplicações..............................21
1.7-Tipos de misturas betuminosas e suas utilizações................22
1.8-Obras de arte correntes, especiais complementares..............25
2. Modalidades de acompanhamento de obras.................................27
3. Roteiro para realização de auditoria ............................................31
3.1-Levantamento de dados da contratação ................................31
3.2-Seleção dos principais itens a serem conferidos ..................32
3.3-Elaboração de diagrama linear .............................................34
3.4-Verificação execução dos serviços de corte e de aterro........34
3.5-Adequação dos materiais às especificações de projeto.........36
3.6-Volume de enrocamento e de substituição de solos moles...37
3.7-Volume do material de base e sub-base ...............................38
3.8-Distância e momento de transporte ......................................39
3.9-Cálculo da área imprimada e da pintura de ligação..............39
3.10-Cálculo do volume do revestimento asfáltico ....................40
4. Problemas em obras e sua relação com a lei 8666/93 .................42
4.1-Quanto à execução contratual ..............................................42
4.2-Quanto à aplicabilidade do projeto básico ...........................43
4.3-Quanto à atuação da fiscalização .........................................46
4.4-Quanto à qualidade dos serviços executados .......................47
5. Conclusão ........................................................................................49
Referência .......................................................................................50
Folha 2
INTRODUÇÃO
O setor de transportes rodoviários tem destacada importância no
desenvolvimento econômico nacional. Anualmente são disponibilizados recursos
de grande monta nos Orçamentos da União, dos Estados e dos Municípios para
execução de obras em estradas. A má aplicação desses recursos pode resultar em
atrasos no escoamento da produção, dificuldades no deslocamento de usuários e na
ocorrência de graves acidentes. Logo, a atuação dos sistemas de controle externo e
interno é fundamental para comprovar a correta atuação dos órgãos responsáveis
pelo setor rodoviário.
É farta a disponibilidade de material bibliográfico sobre o assunto, no
entanto, torna-se complexa a sua aplicação prática no controle de obras, pois quase
todos os livros visam o profissional de engenharia civil em fase de aprendizado ou
em atividade no ramo. Nesse sentido, elaboramos um método de auditoria visando
possibilitar ao profissional do sistema de controle realizar auditorias eficazes na
execução de obras rodoviárias.
Iniciaremos o trabalho com a definição sucinta dos principais componentes
de uma rodovia, com apoio de material fotográfico, a fim de apresentar as etapas
de construção e os métodos de acompanhamento utilizados. Todas as fotografias
utilizadas são originárias de trabalhos de auditoria realizados pelo autor no âmbito
da Secretaria Federal de Controle.
Apresentaremos um roteiro que o profissional do controle poderá utilizar
para direcionar suas ações em campo, no sentido de conferir a qualidade e a
correção dos dados das medições de serviços.
Finalizaremos o trabalho com a apresentação dos principais problemas que
podem surgir em obras rodoviárias e a sua correlação com a legislação, bem como
os pontos críticos merecedores de maior aprofundamento por parte do sistema de
controle.
Folha 3
1. PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UMA RODOVIA
1.1- NOMENCLATURA UTILIZADA EM RODOVIAS FEDERAIS :
a) RADIAL: Tem sua origem em Brasília e seu código inicia-se com o dígito 0.
Ex: Br 040.
b) LONGITUDINAL: Tem a maior parte de sua direção na posição do eixo norte-
sul e inicia –se com o dígito 1. Ex: BR 116.
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c) TRANSVERSAL: Tem a maior parte de sua direção na posição do eixo leste-
oeste e inicia-se com o dígito 2. Ex: BR 262 .
d) DIAGONAL: Tem sua posição inclinada em relação aos eixos cartesianos,
inicia-se com o dígito 3, seguido de número impar do 2º para o 4º quadrante e
seguido de número par do 1º para o 3º quadrante. Ex: Br 354 e Br 365.
e) LIGAÇÃO: Liga duas rodovias federais e inicia-se com o dígito 4. Ex: Br 497.
Folha 5
verificação desses resultados gerados pela implantação, são usados dados
estatísticos das atividades existentes, considerando-se a possível demanda de
transporte incrementada.
1.2.2 CAPACIDADE DE CARGA
O dimensionamento físico de uma rodovia é feito de acordo com o peso, o
tipo e a frequência de tráfego. Apresentamos os limites máximos legais de peso
bruto estabelecidos pela legislação, que são utilizados para efeito de
dimensionamento do leito da estrada:
a) 40 t por veículo
b) 10 t por eixo simples com 4 pneus
c) 5 t por eixo simples com 2 pneus
d) Combinações do tipo de eixo e tração do veículo
e) Características qualitativas e quantitativas do fluxo diário
Há uma tendência entre os transportadores rodoviários, por razões de
economia, a aumentar cada vez mais o tamanho e o peso dos veículos que utilizam,
causando danos às rodovias. A limitação do acesso de veículos com peso acima do
permitido depende não só da presença de balanças nas estradas, mas, também, da
conscientização dos motoristas e das transportadoras.
1.2.3 LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS
a) Curvas de nível: Indicam planos da região com a mesma altitude.
b) Referência de nível (RN): Para efeito de locação do eixo estradal são utilizados
os marcos da rede geodésica do IBGE como referência inicial. As referências de
nível são implantadas a intervalos aproximados de 500 metros ao longo do eixo.
c) Eixo longitudinal: Linha central divisória do eixo estradal. A locação do eixo da
rodovia é feita pelo topógrafo, sendo registrado em planilhas de levantamento
topográfico o nível primitivo, bem como o terreno natural nas áreas de
empréstimo. O estaqueamento, marcado de 20 em 20 metros, é feito com auxílio
de instrumentos topográficos.
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d) Greide: é o conjunto de alturas a que deve obedecer o perfil longitudinal da
estrada; é determinado conforme as condicionantes de projeto, porém, com o
objetivo de compensar cortes e aterros. Caso o material de corte não tenha as
características necessárias para a estrada, são utilizados empréstimos na faixa de
domínio e de jazidas.
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1.4- SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM
1.4.1 CORTE
Corte é o segmento da rodovia cuja implantação requer escavação de
material constituinte do terreno natural, para atingir o nível do greide projetado. O
material escavado é classificado em 1ª, 2ª e 3ª categoria, dependendo de sua
composição e da resistência à penetração mecânica, causando variações no custo
do serviço.
O talude do corte deverá ter a inclinação na proporção 3:2, ou seja, para cada
metro avançado na horizontal a altura aumentará 1,5 m. No topo dos cortes mais
altos é feito o escalonamento, para diminuir riscos de instabilidade. É feita
proteção dos taludes com enleivamento e hidrossemeadura para evitar
descarrilamento.
1.4.2 ATERRO
Aterro é o segmento da rodovia cuja implantação requer o lançamento e
compactação de material sobre o terreno natural, para atingir o nível do greide
projetado. A saia do aterro é a parede lateral formada pela compactação e deverá
ter a inclinação na proporção 2:3. O nivelamento é feito por camadas compactadas,
segundo a cota de projeto.
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A compactação deve ser feita de acordo com a umidade ótima do material,
que possibilita o grau mais adequado para as cargas do pavimento. Compactação é
a operação da qual resulta o aumento da massa específica aparente de um solo (e
de outros materiais, como as misturas betuminosas), pela aplicação de pressão,
impacto ou vibração, o que faz com que as partículas constitutivas do material
entrem em contato mais íntimo, pela expulsão de ar. Com a redução da
percentagem de vazios de ar, consegue-se também reduzir a tendência de variação
dos teores de umidade dos materiais integrantes do pavimento, durante a vida de
serviço. Para garantir a sua estabilidade são feitos enleivamento e hidrossemeadura
nas saias dos aterros.
1.4.4 SUPERELEVAÇÃO
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É a inclinação transversal nas curvas, a fim de compensar a força centrífuga
desenvolvida nos veículos e dificultar a derrapagem. É determinada em função do
raio da curva e da velocidade do veículo.
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1.4.5 SUPERLARGURA.
É o aumento de largura da pista necessário nas curvas, que possibilita a
entrada de veículos compridos, evitando choques com aqueles que vêm em direção
contrária.
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1.4.6- LANÇAMENTO DO GREIDE
O Greide é o nivelamento onde será implantado o leito rodoviário. Na fase
de terraplenagem, o material retirado de cortes que não for aproveitável, é lançado
nos “bota fora”, que devem situar-se fora da faixa de domínio, sempre a jusante da
rodovia e em locais seguros. Deve ser feita a proteção vegetal dessas áreas. O
pagamento do serviço é feito por metro cúbico de material retirado.
Para confecção de aterros são utilizados, além do material de corte de boa
qualidade, o material proveniente de jazida de empréstimo. O pagamento é feito
por metro cúbico de material compactado.
Figura 09: Greide lançado em região montanhosa, com grande volume de escavação
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Figura 10: Jazida de exploração de calcário para processamento de brita
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1.5- SERVIÇOS DE PAVIMENTAÇÃO:
Pavimento é uma estrutura construída após o término da terraplanagem,
por meio de camadas de vários materiais de diferentes características de
resistência e deformabilidade, para transmitir os esforços ao subleito.
As principais funções do pavimento podem ser assim enumeradas:
a) Resistir e distribuir ao sub-leito os esforços residuais oriundos da ação do
tráfego.
b) Resistir aos esforços horizontais, tornando mais durável a superfície de
rolamento.
c) Melhorar as condições de rolamento, quanto ao conforto e a segurança dos
usuários.
Seção Transversal
Talude de Corte
Talude de Aterro
Base
Regularização Sub-base
Reforço de Subleito
1.5.1 SUBLEITO
É o terreno de fundação onde será apoiado todo o pavimento. Deve ser
considerado e estudado até as profundidades em que atuam significativamente
as cargas impostas pelo tráfego (de 0,60 a 1,50 m de profundidade). Os solos
podem ser classificados segundo suas propriedades e seu comportamento. Um
dos métodos mais utilizados é o Indice de Suporte Califórnia- CBR (Califórnia
Beating Ratio.
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Se o CBR do sub-leito for < 2% , ele deve ser substituído por um material
de melhor qualidade (2% ≤ CBR ≤ 20%) até pelo menos 1,00 metro. Se o CBR
do material do sub-leito for ≥ 20% , pode ser utilizado como sub-base.
a) Reforço do subleito: serve para melhorar as qualidades do sub-leito e
regularizar a espessura da sub-base. É a camada de espessura constante
transversalmente e variável longitudinalmente executada sobre o sub-leito
regularizado.
b) Aumento da resistência do solo: executado para aumentar a resistência do
próprio material de subleito, geralmente em áreas pantanosas ou com presença de
solos moles ou de altos índices pluviométricos; são utilizados brita irregular
(rachão), enrocamento ou colocação de outro tipo de solo mais adequado.
Figura 13A : Reforço do subleito com enrocamento Figura 13B: Solos moles no pé do aterro
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Figura 14: Regularização de sub-leito em duplicação de rodovia
1.5.2 SUB-BASE
Camada complementar à base. Deve ser usada quando não for
aconselhável executar a base diretamente sobre o leito regularizado ou sobre o
reforço, por circunstâncias técnico-econômicas. Pode ser usado para regularizar
a espessura da base.
1.5.3 BASE
Camada destinada a resistir e distribuir ao sub-leito os esforços oriundos do
tráfego e sobre a qual se construirá o revestimento. Pode ser confeccionada de
solo-cimento, BGS, BGTC e macadame, conforme as características geológicas da
região.
a) Solo-cimento:
É uma mistura de solo, cimento portland e água, devidamente
compactada, resultando um material de elevada rigidez à flexão. A porcentagem
de cimento varia de 5 a 13% e depende do tipo de solo utilizado. Solos argilosos
exigem porcentagens maiores de cimento. O resultado da dosagem é a definição
da quantidade de solo, cimento e água de modo que a mistura apresente
características adequadas de resistência e durabilidade.
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b) Solo estabilizado por correção granulométrica:
São obtidos pela compactação de misturas apropriadas de materiais que
apresentam granulometria diferente e que são associados de modo a atender
uma especificação de projeto. Quando o solo natural não apresenta alguma
característica essencial, é usual melhorá-lo através da mistura com outros que
possibilitem a obtenção de um produto com resistência adequada.
c) Brita graduada simples - BGS:
Também chamada de brita corrida. É uma mistura de brita, pó de pedra e
água. São utilizados exclusivamente produtos de britagem que vêm preparado
da usina.
d) Brita graduada tratada com cimento- BGTC
Brita graduada com adição de cimento para aumentar a resistência da
base, geralmente utilizada em rodovias de grande tráfego.
d) Solo Brita:
É uma mistura de material natural e pedra britada. Usado quando o solo
disponível, geralmente areno-argiloso, apresenta deficiência de agregado graúdo
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(retido na peneira # 10). A pedra britada entra na mistura para suprir esta
deficiência, aumentando as características de resistência do material natural.
1.5.4 IMPRIMAÇÃO
Também chamada de Prime-Coat. Consiste na aplicação de uma camada de
material asfáltico sobre a superfície de uma base concluída, antes da execução de
um revestimento asfáltico qualquer. As sua funções são:
a) Promover condições de ligação e aderência entre a base e o revestimento.
b) Impermeabilização da base.
c) Aumentar a coesão da superfície da base pela penetração do material asfáltico
(de 0,5 a 1,0cm).
Em sua composição são utilizados asfaltos diluídos de baixa viscosidade, a
fim de permitir a penetração do ligante nos vazios da base. São indicados os
asfaltos diluídos do tipo CM - 30 e CM - 70.
O serviço é feito por meio do caminhão tanque espargidor de asfalto,
equipado com barra espargidora e caneta distribuidora e bomba reguladora de
pressão. A quantidade de material aplicado é da ordem de 0,7 a 1,0 l/m2.
Deve-se atentar para a formação de poças de ligantes na superfície da base,
pois o excesso de ligante retardará a cura do asfalto prejudicando o revestimento.
Nos locais onde houver falha de imprimação o revestimento tenderá a se deslocar.
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1.5.5 REVESTIMENTO
Camada destinada a receber e resistir diretamente aos esforços do tráfego
(vertical e horizontal), a impermeabilizar o pavimento e a melhorar as condições
de rolamento, no que se refere ao conforto e à segurança. Deve ser resistente ao
desgaste. Também chamada de capa ou camada de desgaste.
1.5.6 PINTURA DE LIGAÇÃO.
Também chamada de Tack-Coat. Consiste na aplicação de uma camada de
material asfáltico sobre a base ou revestimento antigo, com a finalidade de
promover sua ligação com a camada sobrejacente a ser executada. Para a sua
confecção são utilizadas emulsões asfálticas dos tipos: Ruptura rápida (RR-1C e
RR-2C) e Ruptura média (RM-1C e Rm-2C).
A execução é feita pelo caminhão espargidor. A quantidade de material
aplicado é da ordem de 0,5 l/m2. A temperatura de aplicação é função da
viscosidade desejada e deve permitir a formação de uma película extremamente
delgada acima da camada a ser recoberta.
O excesso de ligante pode atuar como lubrificante, ocasionando ondulações
do revestimento a ser colocado.
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ajuda de um agente emulsificante. São obtidas combinando água e asfalto
aquecido, em um meio intensamente agitado e na presença dos emulsificantes, que
têm o objetivo de dar estabilidade ao conjunto, de favorecer a dispersão e de
revestir os glóbulos de betume de uma película protetora, mantendo-os em
suspensão.
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1.7.2 PRÉ MISTURADO A QUENTE (PMQ)
Consiste na mistura devidamente dosada em usina de material betuminoso e
agregado mineral a quente. Nos revestimentos betuminosos por mistura o agregado
é pré-envolvido com o material betuminoso antes da compressão. Quando o pré-
envolvimento é feito em usinas fixas, resultam os "Pré-misturados Propriamente
Ditos" e, quando feito na própria pista, têm-se os "Pré-misturados na Pista" (road
mixes).
Quando os tipos de agregados e de ligantes utilizados permitem que o
espalhamento seja feito à temperatura ambiente (embora a mistura tenha sido feita
a quente) temos o Pré misturado a frio -PMF. Quando o ligante e o agregado são
misturados e espalhados na pista ainda quentes, temos o PMQ.
1.7.3 - AREIA ASFALTO A QUENTE
Consiste na mistura de areia com um produto betuminoso obtido em
usinas fixas. A areia utilizada, normalmente, é a passante na peneira # 10
(2mm), embora 2 ou 3 areias possam ser misturadas para se obter a
granulometria desejada. Pode ser executada em duas camadas. Apresenta o
inconveniente de produzir uma superfície lisa e macia, ocasionando problemas
de escorregamento. Pode-se usar pedrisco para tornar a superfície mais áspera.
1.7.4- CONCRETO BETUMINOSO USINADO A QUENTE (CBUQ)
É um revestimento flexível, resultante da mistura a quente, em usina
apropriada, de agregado mineral graduado, material de enchimento (filler) e
material betuminoso espalhado e comprimido a quente. Durante o processo de
construção e dimensionamento, são feitas rigorosas exigências no que diz respeito
aos equipamentos, granulometria, teor de betume, estabilidade e índice de vazios.
É considerado um revestimento nobre. São classificados em faixas A, B, C e D,
conforme sua granulometria e percentual de CAP, que varia entre 3,5 a 6%. O CAP
representa em torno de 50% do custo do CBUQ usinado.
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Figura 19: Execução de CBUQ
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1.8 OUTROS SERVIÇOS EM OBRAS RODOVIÁRIAS
1.8.1 OBRAS DE ARTE CORRENTES
Engloba os serviços de bueiros tubulares, bueiros celulares, sarjetas, drenos,
banquetas de descida dágua e valetas, meio-fio de concreto, etc.
Figura 20A: Bueiro celular de concreto Figura 20B: Descida dágua em degraus
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Figura 21: Pista com defensa metálica, barreira New Jersey e muro de gabião
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2. MODALIDADES DE ACOMPANHAMENTO DE OBRAS UTILIZADAS
PELOS ÓRGÃOS PÚBLICOS
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2.3 MEDIÇÃO DE SERVIÇOS
A metodologia para medição dos serviços é normatizada, segundo os
critérios do Órgão Público. Os métodos adotados para medir os serviços são:
a) Volume de corte e aterro: o método utilizado é o de planimetrar as áreas das
seções e multiplicar pela distância entre dois pontos levantados. Em algumas obras
já está se utilizando programas informatizados que apresentam o nivelamento e
calculam a diferença de cotas e as áreas das seções de aterro e corte. O pagamento
do corte é feito pelo volume escavado e de acordo com a categoria do material. O
volume aterro é pago pela compactação, considerando a seção transversal do
projeto.
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Figura 23: Marcação das dimensões de corte com off set (Fonte: Ricardo H. S. 1990)
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O material de base e sub-base é retirado, geralmente a trado, e encaminhado
ao laboratório para análise. Quando a base é feita de BGTC, é moldado um corpo
de prova para realização de ensaios. Os principais ensaios realizados são:
a) Revestimento: extração de corpo de prova com utilização de sonda rotativa
para se verificar as dimensões físicas, o teor de betume, módulo de resiliência,
resistência a tração e granulometria. No caso do CBUQ é possível detectar
visualmente as faixas componentes.
b) base e sub-base : o material é retirado a trado, para verificar a granulometria e a
faixa especificada; no caso de BGTC, é moldado corpo de prova para verificar a
resistência a compressão simples.
c) subleito e aterro: o material é colhido na jazida ou na área de empréstimo para
verificar a resistência e textura.
Figura 24A: Peneiramento de solo Figura 24B: Prensa para compressão simples
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3. ROTEIRO PARA AUDITORIA NOS SERVIÇOS
EXECUTADOS
Esse roteiro é constituído de papéis de trabalho formatados, a fim de
orientar o auditor na realização dos procedimentos de auditoria, e contém as
indicações dos principais itens a serem verificados na fase de planejamento e
no exame em campo. Os papéis de trabalho apresentados foram desenvolvidos
pelo autor deste Trabalho no decorrer de realização de auditorias no âmbito do
sistema de controle interno. A sua utilização depende do escopo da auditoria
realizada, podendo ser adotados no todo ou em parte.
3.1- LEVANTAMENTO DE DADOS BÁSICOS DA CONTRATAÇÃO
Levantamento preliminar do processo contratual, obtido junto ao órgão
contratante, para coletar informações sobre o processo licitatório, execução
contratual, aditamentos, alterações de projeto e recebimento da obra.
17-Alterações de projeto:
18- Contato:
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3.2- SELEÇÃO DOS PRINCIPAIS ITENS A SEREM CONFERIDOS
De posse das medições de serviços atestadas, o auditor deverá selecionar os
principais itens de serviço constante das planilhas para serem conferidos no local.
Como os serviços são de natureza muito variada e de grandes proporções, devem
ser selecionados os mais relevantes que serão submetidos a verificação, conforme
as orientações seguintes:
a) Verificar os serviços com maior quantitativo faturado acumulado, comparando
com o quantitativo previsto na planilha contratual, dando prioridade, a
princípio, aos itens com maior percentual faturado. Ex: serviço de
“desmatamento e limpeza de área” com execução de 90% do total previsto;
serviços de “escavação de material 1ª categoria DMT de 600m” com apenas 1%
executado.
b) Verificar os custos dos serviços ( preço unitário x quantitativo) e sua influência
no valor global do contrato, selecionando aqueles mais relevantes. Ex: serviço
de “fornecimento e aplicação de 100.000t de CBUQ” (R$36,00 por tonelada),
totalizando R$3.600.000,00; custo do serviço de “revestimento de 2.000t de
pré-misturado a frio” (R$23,00 por tonelada), totalizando R$72.000,00.
c) Verificar a relação da somatória do volume de escavação de material de 1ª
categoria, comparando com o volume de material compactado. A somatória
deve englobar os volumes de escavação para cada distância de transporte
percorrida. Se a relação escavação/compactação for maior que 1,4 é
conveniente verificar se houve bota-fora ou alteração do greide.
d) Verificar a relação da área da plataforma da pista com a área de desmatamento
e limpeza, bem como, com a área de imprimação e de revestimento.
e) Verificar se a área da pintura de ligação é maior ou igual à área de imprimação.
Se for maior, verificar se houve duas camadas de revestimento ou remendo do
pavimento.
f) Selecionar os itens passíveis de serem conferidos em campo tempestivamente,
pois alguns deles apresentam sérias dificuldades para conferência posterior à
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execução, tais como “origem e destinação” de cada porção de material aplicado,
quantitativo de árvores derrubadas, volume de solos moles retirados em locais
que já foi concluída a compactação.
g) Seleção das principais seções de corte e de aterro a serem verificados, com base
nos taludes da seção.
h) Obter cópia de planilha de cubagem de material para elaboração de diagrama
linear e acompanhamento no local, principalmente nas medições de base, sub-
base, imprimação, revestimento, pintura de ligação, drenagem e sinalização.
i) Selecionar as medições mais relevantes em termos de momento de transporte de
material de base, sub-base e fornecimento de misturas betuminosas.
Os itens selecionados serão descritos, resumidamente, no papel de trabalho-
02, informando a sua localização. Na coluna correspondente à estaca deve-se
colocar o segmento onde foi executado o serviço, inicial e final, e na coluna de
quilômetro deve-se colocar apenas o inicial.
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3.3- ELABORAÇÃO DE DIAGRAMA LINEAR
Os itens selecionados para serem verificados em campo serão plotados em
um diagrama linear, a fim de possibilitar a sua rápida localização durante o
percurso da rodovia. Pode ser também adaptado o diagrama linear elaborado pela
empresa construtora que é utilizado como orientação do andamento dos serviços. O
diagrama elaborado serve apenas para orientação em campo e referência de
segmentos da rodovia, devendo ser aberto um papel de trabalho específico para
cada serviço verificado. Quando o início de um serviço coincidir com outro, deve-
se colocar uma virgula entre as duas letras referenciais.
Estaca 300 325 350 375 400 425 450 475 500 525 550 575 600
|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|
Serviço fe d c a b
|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|
km 18 19 20 21 22 23 24
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PAPÉIS DE TRABALHO DE AUDITORIA- 04 A
Estaca Área Parcial Soma Semi- Volume Volume
(m²) (m²) distância (m) parcial (m³) total (m³)
5574 20
5575 110 130 10,0 1.300,0 1.300,0
5576 50 160 10,0 1.600,0 2.900,0
5577 30 80 10,0 800,0 3.700,0
Folha 35
3.5- ADEQUAÇÃO DOS MATERIAIS ÀS ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO
Solicitar os ensaios realizados pela supervisora, ou pela construtora, nos
materiais empregados na terraplenagem e na pavimentação. Verificar o
enquadramento da faixa granulométrica, resistência a compressão, teor de betume
e outras características. O auditor deverá apenas conferir os valores dos ensaios
com as especificações de projeto, caso haja disponibilidade de tempo, é
conveniente acompanhar a execução para checar os dados informados.
Folha 36
3.6- CÁLCULO DO VOLUME DE ENROCAMENTO E DO MATERIAL
APLICADO PARA SUBSTITUIÇÃO DE SOLOS MOLES.
O enrocamento, por situar-se geralmente abaixo do sub-leito, torna-se de
difícil verificação quando já encerrado o serviço, sendo necessário a escavação nos
bordos dos locais de aplicação para conferir o volume efetivamente aplicado. No
caso de solos moles, o raciocínio é idêntico, pois não se pode afirmar se o material
que está abaixo do sub-leito faz parte do terreno natural ou se foi lançado em
função de substituição de solos moles. Mesmo assim, é importante verificar as
características do solo situado às margens do local onde foi substituído o material.
Folha 39
3.10- CÁLCULO DO VOLUME DO REVESTIMENTO ASFÁLTICO
Serão realizados furos de sondagem utilizando-se sonda rotativa. A
quantidade de furos depende das normas do órgão contratante, segundo regras
estatísticas. Para efeitos de controle poderá ser utilizado um menor grau de
amostragem.
Folha 41
4- PRINCIPAIS PROBLEMAS DETECTADOS EM OBRAS
RODOVIÁRIAS E SUA CORRELAÇÃO COM A LEI 8666/93
Folha 42
faculdade de prorrogação não se destina a ser utilizada permanentemente. É
exceção e não justifica a eternização do contrato ( Justen Filho, Marçal, 2000).
d) Contratos já encerrados que são reavivados. Há casos de contratos que,
quando se obtém mais créditos orçamentários para execução da obra, são
reavivados, mesmo depois de já terem sido encerrados. A execução de serviços é
retomada com o mesmo contratado e com base em preços unitários reajustados
por índices financeiros que redundam em defasagem em relação ao mercado,
devido ao longo período ocorrido da licitação. Não há instrumentos legais
explícitos para coibir essa prática.
4.2- QUANTO À APLICABILIDADE DO PROJETO BÁSICO
As licitações feitas apenas com o projeto básico, embora legalmente
permitidas, acarretam necessidade de revisão da planilha orçamentária quando
concluído o projeto executivo. No caso de obras rodoviárias, a extensão a ser
submetida a sondagem é substancialmente maior que em obras de edificações,
podendo trazer grandes imprevistos. Uma vez que não é feito uma planejamento
adequado e não são feitas sondagens suficientes, o quantitativo de serviços e o
dimensionamento do pavimento podem estar aquém do necessário exigido para a
estrada. A utilização de projeto inadequado, sem observância às normas técnicas
adequadas, contraria o disposto no art. 12, inciso VI. Os problemas gerados na
obra são citados a seguir:
a) Presença de trilha de roda, trincas longitudinais no revestimento e trincas
generalisadas (borrachudos), causadas por dimensionamento inadequado das
camadas da pavimentação, insuficientes para resistir à carga submetida e ao
aumento de tráfego previsto. Os danos causados ao pavimento estão relacionados
diretamente com a ausência de balanças nos postos de pesagem, para limitar o peso
dos veículos que trafegam pela estrada.
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Figura 25: Trilha de roda e talude sem enleivamento
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contratado, às cláusulas avençadas. Os tipos de serviços de má qualidade
encontrados são:
a) Serviços de pintura de ligação com excesso de ligante, levando à perda de
revestimento já executado.
b) Espessura das camadas de sub-base, base e revestimento menor que a
projetada. Por meio de sondagem com sonda rotativa, pode-se constatar a
espessura da capa, bem como as faixas de mistura betuminosa aplicadas,
conforme no exemplo seguinte.
Figura 28 A: Corpos de prova de CBUQ mostrando faixas B, C e D Figura 28B: sonda rotativa
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5- CONCLUSÃO
Esse trabalho apresenta um método de avaliação qualitativa e quantitativa de
obras rodoviárias, cujo emprego possibilita maior precisão nas ações de controle,
detectando a ocorrência de falhas e prevenindo a sua reincidência.
O roteiro de auditoria apresentado pode ser utilizado no todo ou em parte,
dependendo do escopo da auditoria a ser realizada e da profundidade necessária em
cada caso, permitindo a flexibilização dos procedimentos adotados. Embora tenha
se buscado apresentar os conceitos técnicos da engenharia rodoviária de uma forma
mais simplificada, é conveniente que a utilização do roteiro seja feita,
preferencialmente, por profissionais ligados à área de ciências exatas, para facilitar
o seu entendimento e a aplicação em campo.
Em função dos indícios de irregularidades que têm sido detectados nos
serviços executados em obras do setor rodoviário, tanto pelo Tribunal de Contas da
União, quanto pela Secretaria Federal de Controle Interno, é fundamental que haja
um aprofundamento nas auditorias realizadas nessas obras.
Tem sido constatado em obras rodoviárias a ocorrência de falhas por falta de
uma legislação mais rigorosa para coibir abusos na execução contratual. Os
aditamentos contratuais causados pelas alterações do projeto ocorrem devido a
falhas graves na concepção do projeto básico e ausência de instrumentos legais que
impeçam essa prática. É necessário, portanto, que os profissionais ligados ao
Controle e à Engenharia busquem aprimoramentos na legislação para restringir as
irregularidades no setor rodoviário.
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REFERÊNCIA
Folha 50