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Apostila da disciplina
ESTRADAS
(Via lapidibus strada)
Adaptado de “O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, editado em 2004 pela
Editora Sextante”
1. TRÁFEGO E VIAS
Volume de tráfego - é o número de veículos que passa em uma determinada secção de uma
via, na unidade de tempo. Conforme a finalidade para a qual se estuda o volume, pode-se
analisar separadamente uma faixa, uma pista. etc., bem como se considerar vários períodos
de tempo, como uma hora (estudo da capacidade da via, projeto geométrico e controle de
tráfego), um dia (avaliação da distribuição do tráfego em um sistema de ruas, demanda atual
em uma via e programação de melhorias básicas), ou um ano (determinação de índice de
acidentes, estimativa de receita de pedágio e estudo de tendências de volume)
Composição ou tipologia - é a análise de como é composta a corrente de tráfego, por tipo
de veículo, capacidade de carga, gabarito e velocidade de operação, tudo isso se resumindo a
uma distribuição percentual. Essa análise é necessária para se dimensionar o pavimento;
determinar o projeto geométrico; planejar o sistema de transporte de uma forma integrada e
prever obras ou procedimentos de melhoria.
Variações volumétricas - todo volume de tráfego apresenta variações ao longo de um
período de tempo, sendo que elas podem ser até instantâneas. Para que qualquer projeto de
execução ou melhoria apresente parâmetros confiáveis, consideramos os seguintes tipos de
variação:
Variação horária - essa variação, por não ser cíclica, só é estudada nas horas de
pico, para se verificar o seu comportamento, que pode ser uniforme, ou pode
apresentar grandes variações. Normalmente se procura determinar dentro dessa hora
os quinze minutos de máximo.
Variação diária - apresenta quase sempre flutuações padrão, correspondentes as
horas de deslocamento para as atividades de trabalho e estudo, e o retorno, com as
horas de descanso também facilmente identificáveis. Podem ocorrer variações locais,
devido a elementos de atratividade.
Variação semanal - no perímetro urbano, durante a semana essa variação é pouco
significativa, notando - se um decréscimo razoável aos sábados, e com a ocorrência
dos mínimos volumes aos domingos e feriados. Condições de atratividade local,
como áreas de recreação, podem causar a inversão dessa tendência.
Variação anual - é uma flutuação que se torna mais significativa nas vias rurais do
que nas urbanas, devido a períodos de safra, férias escolares, etc.. De acordo com as
características da cidade, esses e outros fatores também podem ter influência intra-
urbana.
Define-se como capacidade o máximo número possível de veículos que pode passar
por uma determinada secção da via em uma direção (ou nas duas, para vias de múltiplas faixas ou
pistas), em uma estimativa razoável e em um determinado período de tempo, considerando as
características da via e da composição do tráfego. A capacidade nunca será excedida, a não ser que
se mudem as características físicas ou operacionais da via. Ela depende de vários fatores que podem
a afastar do que seria a sua capacidade em condições ideais, que é apresentada no quadro 1.
Rodovia, estrada e rua são termos gerais que definem as vias públicas, que
permitem a passagem de veículos e pedestres, e abrangem a sua área de ação direta ou faixa de
domínio. Em áreas rurais, recebem a denominação de rodovias ou estradas, e em cidades, quando
apresentam poucos acessos, são chamadas de vias expressas, e quando apresentam muitos acessos,
são chamadas de ruas ou avenidas.
A definição do tipo de controle de acessos é muito importante pois diz respeito não
só das condições operacionais da via, como também do modo como ela se articula com o entorno e
se dá a ocupação das áreas lindeiras. Normalmente são consideradas 3 condições:
Controle total de acessos - quando o órgão gestor da via não permite a execução de acessos
a via, a não ser em pontos muitos espaçados, para atender áreas específicas, normalmente
definidas a partir de prioridades econômicas ou sociais, o que cria condicionantes para a
ocupação lindeira. O fluxo de veículos costuma ser desimpedido e rápido, devido a ausência
de interferências, e esse tipo de estrada atende muito bem as necessidades de se ligar um
ponto distante a outro, para um grande fluxo de veículos.
Controle parcial de acessos - quando o órgão gestor da via não apresenta restrições de
localização ao acesso a via, desde que respeitados critérios próprios de espaçamento,
geometria e visibilidade. Esse tipo de via já cria uma outra condição de ocupação do seu
entorno, e não atende tão bem a necessidade de se ligar um ponto distante a outro, mas
atende muito bem ao fluxo regional.
Sem controle de acesso - quando o órgão gestor permite o acesso total a via, só
estabelecendo condições mínimas para que isso se processe. Esse tipo de via atende muito
bem o fluxo local.
Todas as vias tem sua classificação, dada de acordo com determinadas características
técnicas e operacionais. As vias podem ser:
Áreas urbanas:
Avenidas - tem várias faixas de tráfego, mas com um controle menor dos acessos,
normalmente não tendo um sistema operacional hierarquizado. São previstos
cruzamentos em nível, com controle de passagem.
Ruas - vias de características locais, com normalmente duas faixas de tráfego,
podendo ter uma ou duas mão de direção, com cruzamentos em nível e normalmente
com definição de preferenciais.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
DNER. Normas para o projeto geométrico de estradas de rodagem. Rio de Janeiro. Ministério
dos Transportes, 1975.
HIGHWAY RESEARCH BOARD. Highway capacity manual 1965. Washington, D.C.. Highway
Research Board, 1966.
2.1. Objetivos
Elementos Geradores do Caracterização Técnico – Operacional da Rodovia Fontes Primárias de Caracterização Ambiental da Rodovia Espaço Territorial
Empreendimento Impactos Ambie mtais e
Condicionantes Físicos
Plano de desenvolvimento Estudos Preliminares: Traçado e composição Estudos de Impacto Ambiental Rural:
regional geométrica da rodovia
- Estudo de viabilidade técnico-econômica Diagnóstico Ambiental – EIA: - Áreas de domínio direto
- Estudo de alternativas de traçado - Meio Físico: clima, água, solo, sub-solo, - Áreas de domínio indireto
energias
- Áreas de influência
- Meio Biológico: fauna e flora indireta
- Meio sócio-econômico: uso do solo e das águas,
desenvolvimento social e econômico
Programa de ação regional Projeto da rodovia Operação, manutenção e Projeto de condicionamento ambiental e paisagismo
eventual reconstrução
Atendimento às aspirações Transporte rodoviário (operação e manutenção) Manutenção, circulação e Monitoramento e supervisão ambiental
da população regional processos construtivos dos
veículos
Quadro 3: Sincronização entre Caracterização Técnico – Operacional da Rodovia e Caracterização Ambiental da Rodovia.
É a fase onde se define a Diretriz Geral, através dos pontos extremos a serem ligados, dos
pontos obrigados de passagem (definidos pela topografia local), e dos pontos obrigados de condição
(definidos por necessidades sociais, econômicas ou culturais). As ligações entre esses pontos
definem as diretrizes secundárias.(figura 1)
De região plana - aparentemente o traçado mais simples, na verdade exige que cuidados
especiais sejam tomados quanto a drenagem superficial e sub-superficial, devido a baixa
declividade longitudinal ou transversal do terreno. Em regiões sujeitas a alagamentos, pode
ser necessário o emprego da técnica denominada bota-dentro, onde se fazem escavações
laterais à pista, para que a terra produzida seja utilizada para compor aterros onde a estrada
será assentada (figura 2).
De vale - é o tipo mais comum de traçado, onde se desenvolve a maior parte das nossa
estradas. Normalmente o próprio rio contido no vale indica o melhor caminhamento para as
diretrizes secundárias, e quando é necessária a transposição de uma serra, o vale, por
corresponder sempre a uma garganta, já nos indica o melhor ponto de transposição.
Cuidados devem ser tomados na transposição dos talvegues secundários e com depósitos de
talus, que existem no sopé das serras.
De divisor - desenvolvido no divisor de águas, era um tipo de estrada adotado no passado,
principalmente pelos engenheiros militares, para salvaguardar o leito da estrada das
intempéries e de eventuais bombardeamentos por forças militares antagônicas. Por resultar
normalmente em um traçado fortemente ondulado, ou exigir grande obras de transposição,
deixou de ser adotado, a não ser em depressões alagáveis, onde se procura aproveitar o topo
das linhas de colinas que porventura existam, para desenvolver a estrada em terreno
permanentemente seco (figura 3).
De montanha - é aquele que exige o maior cuidado técnico, por não se tratar apenas de
superar um obstáculo, mas porque também a faixa de terreno ocupada pela via apresenta
problemas de estabilidade, e inclinação acentuada, sendo comum ainda a ocorrência de
falhas geológicas nas encostas. Considerando essas condicionantes ambientais, podemos
considerar que o traçado pode ter as seguintes características de desenvolvimento:
Traçado direto com rampa média: é utilizado quando a relação percentual entre
desnível a ser vencido e desenvolvimento e desenvolvimento horizontal direto da
estrada é inferior a porcentagem admissível para a classe da estrada a ser implantada
Traçado direto com rampa máxima: é utilizado quando a relação percentual entre
desnível a ser vencido e desenvolvimento e desenvolvimento horizontal direto da
estrada é igual a porcentagem admissível para a classe da estrada a ser implantada.
Como esse desenvolvimento está no limite, se não for empregada a chamada rampa
batida (declividade igual em todo o percurso), pode ser necessário o
desenvolvimento artificial do percurso
Desenvolvimento artificial: é utilizado quando a relação percentual entre desnível a
ser vencido e desenvolvimento e desenvolvimento horizontal direto da estrada é
superior a porcentagem admissível para a classe da estrada a ser implantada. Neste
caso, é necessário se aumentar o percurso com a introdução de circunvoluções no
traçado (figura 4).
Figura 2: estrada que atravessa o Balhado do Taim, Rio Grande do Sul, onde é possível se notar o traçado retilíneo da
rodovia e o grande problema de drenagem gerado por um terreno excessivamente plano. Neste caso é
nítida a adoção do sistema de bota-dentro, onde é feita uma escavação lateral para compor um
aterro central, onde se assenta o corpo da estrada.
Figura 5: Rodovia Oswaldo Cruz, que liga Taubaté a Ubatuba, no seu segmento de descida da Serra do Mar em direção
à planície litorânea. Notam-se os traçados de montanha, fortemente sinuoso, o traçado de terreno ondulado, assentado
em um vale, e o traçado de planície, retilíneo. (fonte: IBGE)
Para se definir para uma futura estrada esses traçados, exploramos o terreno em uma largura
de 2 a 3 Km, o reproduzindo em uma escala 1:10.000 ou 1:20.000, na horizontal, e escalas verticais
1:1000 ou 1:2.000, correspondentemente, com curvas de nível eqüidistantes 10 m, utilizando as
referências do IBGE sempre que possível.
O traçado estudado resultante possui estaqueamento de 50 em 50 m, e permite a execução de
orçamentos preliminares, pois já é possível se estimar volume de movimentação de terra, obras de
drenagem e OAEs.
Deve-se considerar que atualmente é possível se elaborar um anteprojeto a partir de
elementos de sensoriamento remoto, pois a sua resolução é mais do que suficiente para a precisão
necessária. Pelo mesmo motivo, se torna possível o uso do GPS de mão.
-0,50 -0,70 1,50 1,30 0,80 33 0,30 -0,10 1,50 1,50 0,40
1,50 2,50 3,00 3,00 3,00 514,85 2,30 1,50 3,00 2,90 3,00
-0,40 -0,60 1,30 1,10 0,60 34 0,40 1,30 1,40 1,20 0,30
2,00 1,30 3,00 3,00 2,50 514,62 2,50 3,00 3,00 2,60 2,80
-0,60 -0,80 120 1,40 0,70 35 0,40 1,20 1,40 1,00 0.30
2,20 1,00 3,00 3,00 3,00 514,44 2,70 3,00 2,10 3,00 3,00
Vista em planta, uma estrada genericamente se assemelha ao esboço da figura 6, onde temos
uma sucessão de segmentos de reta definindo inicialmente a diretriz secundária da via:
2º - Cálculo de T (m)
T = R . tg (I/2)
3º - Cálculo de D (m)
D = 20 . I / G
4º - Cálculo da estaca do PC
PC = PI - T
5º - cálculo da estaca do PT
PT = PC + D
Para a locação, temos que considerar que o centro da circunferência não pode ser
utilizado, por estar normalmente muito afastado do eixo da estrada, muitas vezes em lugar
inacessível. Dessa forma, usamos o princípio geométrico explicitado na figura 8, o que nos permite
executar a locação a partir de um ponto da tangente da curva.
Através dele, vemos que para locarmos uma curva a partir do seu perímetro, temos
de usar para o mesmo desenvolvimento a metade da abertura angular que temos na marcação a
partir do centro da curva.
Deve-se ainda considerar que a dimensão dos segmentos locados varia conforme a
dimensão do raio (tabela 3), para evitar locação de curvas que pareçam poligonais.
Assim, se executarmos a sua sucessão sem uma transição entre as dimensões desses
raios, teremos uma aceleração centrípeta surgindo ou desaparecendo instantaneamente. Quando a
velocidade do veículo não é alta, como no caso de determinados circuitos urbanos, ou em estradas
de caráter secundário, isso até é admissível. No entanto, em rodovias de classe mais alta, ou em vias
urbanas rápidas, a sucessão desses eventos aumenta muito a possibilidade de acidentes, pelos
seguintes motivos:
Figura 7: Elementos principais de uma concordância com raio variável. (Fonte: Campos, 1979)
Para a determinação das fórmulas usadas no cálculo desses elementos, temos que
considerar o seguinte:
"A deflexão dos vários pontos da espiral em relação à tangente é igual à deflexão da curva
circular, mais a deflexão "i", quando a curvatura aumenta, e menos a deflexão "i", quando a
curvatura diminui ( αs = αc ± i ).
2.5. – Superelevação
Figura 9: Esquema adotado para distribuição da superelevação em segmentos de transição e segmento circular central.
(Fonte: Campos, 1979)
O pavimento pode ter o seu giro em torno de três eixos hipotéticos, que são
apresentados na figura 10, onde podemos ver o deslocamento das cotas de bordas e eixo conforme a
curva tem o seu desenvolvimento.
É normal a utilização do giro ao redor do eixo da pista em estradas de pista simples,
enquanto os outros casos são mais aplicáveis em estradas com pistas duplas. A escolha do tipo
também está relacionada com as interferências pré-existentes, como acessos e sistemas de
drenagem, que obrigam a concordâncias com esses sistemas
Consideramos que “a” é a inclinação transversal da pista na tangente, e varia entre 2
e 3 %, enquanto “e” é a inclinação transversal máxima da pista, ou superelevação, que ocorre no
segmento circular da curva, e que pode chegar a um valor máximo de até 12 %, dependendo da
classe da rodovia.
"A velocidade de giro do pavimento, nos segmentos retos, deve ser no máximo a
metade daquela adotada na curva de transição."
2 . lc - e%
Lt - a%
Lt = L . a
2 . g’
g’ = g / 2
Lt = L . a
G
Sendo:
L - largura do pavimento
a – inclinação transversal da pista em tangente
g – velocidade de giro
Através de qualquer um dos métodos, determinamos a posição dos pontos "A" e "B":
A = TS - Lt
B = ST + Lt
Por último, devemos lembrar que haverá cotas para terraplenagem acabada e para
pavimento acabado, e a espessura da camada de pavimento e a sua própria composição de conjunto
pode ser diferente entre pista e acostamento.
2.6 - Superlargura
Onde:
f = t’²
h t²
Onde:
BE = L
2h L/2
Ainda consideramos:
i = i1 - i2 (diferença algébrica dos greides)
4h = i . L/2
h = i . L/8
Logo:
f = ( h . t'² ) / t²
Por outro lado, para valores elevados de K, podem surgir trechos longos, próximos
aos pontos de inflexão, em que a declividade da pista fica muito reduzida. Considerando como
referência uma declividade abaixo de 0,35 %, para um comprimento máximo de 30 m, temos
apresentadas nos gráficos as retas de K em que se deve tomar mais cuidado com o sistema de
drenagem de pista. Devemos lembrar sempre que esse problema se agrava se tivermos uma estrada
encaixada em um corte.
No anexo 3 temos os gráficos para a determinação de "L"
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BELLIA, Vitor; BIDONE, Edison D.. Rodovias, recursos naturais e meio ambiente. Niterói.
EDUFF, DNER, 1992.
BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Especificações Gerais para Obras
Rodoviárias. Rio de Janeiro, Serviço de Documentação, 1971.
BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Manual de Conservação Rodoviária.
Rio de Janeiro. Serviço de Documentação, 1974.
BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Normas para o projeto geométrico
de estradas de rodagem. Rio de Janeiro. Serviço de Documentação, 1975.
3. TERRAPLENAGEM
3.1 Definições
A terraplenagem, em uma obra viária, tem como objetivo criar uma plataforma
estável para a implantação da superestrutura da via, seja esta o pavimento, no caso de uma rodovia,
seja o lastro, dormentes e trilhos, no caso de uma ferrovia (figura 12).
Figura 12: secções tipo de estradas, onde vemos as inclinações adotadas nas saias de corte e aterro, para garantir a
estabilidade do solo cortado ou compactado.
Para executar um terrapleno, podemos ter serviços de corte ou aterro de solos. Para
definir os equipamentos que devem ser mobilizados para a sua execução, o engenheiro deve
classificar os solos a serem cortados, transportados e compactados de acordo com o grau de
dificuldade encontrado na operação de corte. Basicamente os materiais a serem escavados são
classificados como:
Solos – materiais constituintes da crosta terrestre originados da decomposição “in situ” das
rochas, pela ação dos diversos agentes ambientais, ou então pela sedimentação não
consolidada de grãos elementares de rocha, que podem ser acrescidos de outras partículas de
origem orgânica, cuja taxa de concentração altera o seu comportamento. Devido a essas
características, a classificação dos solos considera não só o diâmetro dos grãos, mas também
suas características coesivas, contaminação por material orgânico e umidade. Assim, a
terminologia empregada é a seguinte:
Pedregulho: solo em que a parcela dominante dos grãos apresenta diâmetro médio
entre 4,8 mm e 76 mm, sendo não coesivo.
Areia: solo em que a parcela dominante dos grãos apresenta diâmetro médio entre
0,05 mm e 4,8 mm, sendo não coesivo.
Silte: solo em que a parcela dominante dos grãos apresenta diâmetro médio entre
0,005 mm e 0.05 mm, apresentando fraca coesão quando seco.
Argila: solo com características coesivas e plásticas, com a umidade adequada, e
quando aparentemente seco apresenta resistência significativa à desagregação. O
diâmetro dos grãos é igual ou inferior a 0,005 mm.
Solos com matéria orgânica: qualquer um dos tipos de solos acima citados, que
apresentem teor de matéria orgânica suficiente para modificar algum dos seus
comportamentos.
Turfas: solos com grande porcentual de material carbonoso e matéria orgânica no
estrado coloidal
Alteração de rocha: é o solo proveniente da decomposição “in situ” de uma rocha,
devido aos diversos fatores ambientais. Sua classificação será feita de acordo com as
parcelas predominantes.
Solos superficiais: horizonte superficial, onde podem ser encontradas argilas, siltes e
areias, associadas a matérias orgânicas, alterado diretamente pelos fatores climáticos,
vegetação de cobertura e topografia. Apresenta características de grande
variabilidade na sua composição.
Como, para efeito de custos, a composição do solo não é tão importante como sua
resistência ao corte ou desmonte, a classificação adotada leva em consideração exatamente esse
parâmetro, e assim os materiais passam a ser classificados como:
unidades escavo-empurradoras
unidades escavotransportadoras
unidades aplainadoras
unidades compactadoras
unidades de transporte
unidades para correção de umidade
Unidades escavo-empurradoras
Figura 14: Trator de esteira equipado com lâmina de corte frontal e escarificador em montagem traseira. Classe de
potência 300 hp e peso de 37.000 Kg
Figura 16: tipos de lâminas que podem ser utilizadas em tratores. Á esquerda, temos a lâmina angulável, de baixa
capacidade frontal mas com grande produção em leiras, em material pouco compacto. Pode ser angulado a até 25°. Ao
centro temos o trator com lâmina reta, com maior capacidade de desagregação, principalmente com a utilização do
pistão de controle de ângulo de corte da lâmina. À direita temos a lâmina em U, que apresenta maior capacidade
produtiva que a lâmina reta, empurrando mais material a maior distância. Todas as lâminas são produzidas em aço
resistente à abrasão e com bordas cortantes substituíveis.
Figura 17: Trator de rodas equipado com lâmina de corte e empurradora, e carcaça metálica nas rodas, equipadas com
ressaltos compactadores e de corte, características de equipamentos para aterros sanitários e similares. O trator de rodas
apresenta maior velocidade de deslocamento que o de esteira, sendo portanto utilizado quando uma maior mobilidade é
desejável. Em compensação apresenta menor capacidade de tração
Unidades escavotransportadoras
Figura 18: moto-scraper com caçamba de 15 m³,em operação de raspagem (corte), podendo se ver a borda cortante
cravada no solo e o avental aberto.
Figura 19: O mesmo equipamento transportando o material escavado, com a borda cortante levantada e o avental
fechado.
Figura 20: Desenho em que vemos a condição operacional mais favorável para um moto-scraper, cortando de cima para
baixo, aproveitando o peso próprio do equipamento.
1. Engate
2. Pescoço
3. Braços laterais de suspensão
4. Pistão hidráulico de controle da
caçamba
5. Articulação
6. Articulação dos braços de suspensão
7. Avental – movimentos de abertura e
fechamento
8. Ejetor – movimentos de ejeção e
retorno
9. Lâmina de corte
10. Pistão hidráulico de acionamento do
ejetor
Unidades escavocarregadoras
Figura 22: Pá carregadeira leve (1,7 m³ de capacidade coroada) amontoando material desagregado para carregamento
posterior. À direita temos o esquema de carregamento de caminhões por uma pá-carregadeira. Para garantir a
produtividade do conjunto, o caminhão deve se posicionar o mais próximo da posição de descarga da pá-carregadeira,
evitando manobras desnecessárias
Figura 22: gráfico de compatibilização entre carregadeiras de rodas (modelos Caterpillar) e caminhões ou outros meios
de transporte, em relação ou número de passes, altura de borda e alcance de carregamento.
Figura 22: retroescavadeira de acionamento hidráulico, que substitue com vantagens as escavadeiras com lança e cabo,
a não ser no caso da drag-line. Tanto pode se utilizada na escavação de materiais rijos como, no caso mais comum, na
remoção de materiais moles, saturados. O alcance do seu braço garante que a máquina e os caminhões de transporte do
material escavado consigam operar à margem do solo mole, e a largura das esteiras garante a estabilidade na operação
de corte, giro e descarga. Nas figuras 23, 24, 25 e 26 vemos exemplos de posicionamento da retroescavadeira e dos
caminhões, conforme as condições de suporte do solo e acesso ao local, notando-se sempre que, a exemplo da pá-
carregadeira, neste caso também é sempre o caminhão que se posiciona ao alcance da lança da máquina, para evitar que
a cada ciclo ela tenha que se deslocar do seu local de trabalho, o que só acontece que o solo a ser escavado não está
mais ao alcance da concha da máquina
Figura 23: neste caso, o solo que está sendo escavado não Figura 24: aqui, o solo que está sendo escavado suporta o
suporta o peso da retro e do caminhão. peso da retro e da máquina, permitindo o trabalho no
mesmo plano.
Figura 25: trabalho das máquinas em planos diferentes, Figura 26: trabalho com caminhões sendo carregados em
por questões de acesso ao maciço a ser escavado. dois níveis diferentes, para acelerar a operação de
escavação.
Unidades aplainadoras
Figura 31:
Posicionamento de
lâminas e “truck” de uma
motoniveladora. A
mobilidade lateral da
lâmina pode ser
incrementada com um
dispositivo hidráulico
que permite o
deslocamento lateral em
relação ao seu pivô,
sendo muito útil na
conformação de saias de
corte de aterro, como
pode ser visto na figura
32.
Unidades de transporte
Figura 33: Caminhão basculante fora de estrada, com estrutura pesada e direção por articulação do chassi. Apesar de
consumir muito combustível no seu deslocamento, apresenta grande resistência estrutural e portanto durabilidade, em
condições fortemente adversas.
Unidades compactadoras
Perfuratrizes e rompedores
Para fins de pagamento, os serviços de corte e aterro são medidos com base em
levantamentos topográficos precisos, sendo feito o levantamento do perfil do terreno original, do
seu perfil após a remoção do solo orgânico ou equivalente, e do seu perfil final. Quando existem
modificações de características dos materiais nas camadas, tanto no corte como no aterro, devem ser
feitos levantamentos parciais que as identifiquem. Para fins de pagamentos intermediários, podem
ser feitos levantamentos parciais, por não se admitir mais as estimativas de serviços executados. Os
métodos de medição por contagem de veículos não são aceitos por órgãos públicos e pela maior
parte das obras particulares de porte significativo.
Esse cálculo é feito na fase de anteprojeto, para se ter um custo estimado da obra, na
fase de projeto, para a composição das planilhas de custo da obra, e na fase de execução, para fins
de medição.
Em todas essas fases, o princípio de cálculo é o mesmo: após estabelecermos o perfil
da estrada, em relação ao terreno, definindo os segmentos de corte e aterro, calculamos a área das
secções transversais ao eixo da via, sejam de corte, aterro ou secções mistas, e depois calculamos os
volumes dos maciços de corte ou aterro e os seus centros de gravidade, de acordo com o
afastamento entre as secções adotadas. Neste ponto temos uma diferença entre o cálculo efetuado
no anteprojeto, onde adotamos um afastamento entre secções de 50 m (1 estaca) e no projeto e na
execução, onde adotamos um afastamento de 20 m (1 estaca). No caso de curvas ou concordâncias,
devemos adotar um afastamento menor de acordo com a necessidade matemática de precisão.
Para calcularmos a área das secções, podemos adotar os seguintes métodos:
Devemos lembrar que, não importando o método utilizado, todos eles devem gerar
uma memória de cálculo, que permita a sua posterior conferência.
A não ser no método computacional, todos os outros implicam no desenho das
secções transversais, que será executado nas escalas 1:100 ou 1:200, devendo-se, sempre que
possível, optar pela maior escala, para aumentar a precisão desses métodos gráficos.
Executada essa etapa, a seguinte é a confecção de uma planilha para o cálculo dos
volumes de corte e aterro, podendo ser adotado o exemplo apresentado na planilha 1.
Na sua execução, para o cálculo dos volumes de corte, de transporte e de
compactação, deve-se considerar a variação de volume gerada por empolamento e compactação,
cuja referência é sempre o material escavado. Como referência, pode ser utilizada a tabela 4 para a
determinação da relação entre material no seu estado natural e solto. Em solos, pode ser adotada o
valor de 0,8 como relação entre material no estado natural e após a compactação. Uma maior
precisão pode ser obtida com ensaios laboratoriais.
Estacas Área das Soma das Semi-dist. Volumes Volumes Dist. dos Vol. Parciais Cálculo do
secções (m²) áreas (m²) (m) parciais (m³) totais (m³) centros à X CG
origem (m) Distâncias
Corte 1
LP = 258+13,46 16,47
259 28,31
260 57,94
261 96,29
262 105,65
263 84,47
264 53,32
265 33,25
265+6,43 = LP 17,52
Aterro 1
LP = 265+6,43 17,54
266 26,93
267 45,03
268 74,70
269 93,28
270 99,77
271 74,49
272 57,29
273 28,76
273+14,38 = LP 18,36
Obs.: deve ser considerada a proporção entre volume de material no corte, no aterro e no transporte. Pode-se adotar a proporção, para solos de 1ª categoria, de
1,25 m³ de material escavado para executar 1,0 m³ de aterro. Para o transporte, adota-se o índice de empolamento, em relação ao material escavado.
. Pagamento por administração: nesta forma de pagamento, são pagas as todas as horas
trabalhadas de equipamentos, pessoal e também é pago o material utilizado em cada serviço.
No caso dos equipamentos, para efeito de pagamento, consideram-se as horas produtivas e
improdutivas. Esse tipo de remuneração tem a vantagem da flexibilidade, sendo adequado
para serviços não adequadamente definidos ou quantificados. Tem como desvantagem a
dissociação com a produtividade, exigindo um controle direto do trabalho e do apontamento
de horas trabalhadas. Não é adotado com freqüência em serviços de terraplenagem.
. Pagamento por serviços: nesta forma de pagamento, a remuneração é feita por volume de
serviços, não existindo um controle direto sobre quantidade de equipamentos e horas
trabalhadas. Tem como vantagem atrelar o pagamento à produtividade da equipe, sendo
apenas necessário medir os serviços executados. Tem como desvantagem a impossibilidade
de se executar serviços não previstos contratualmente, exigindo, nesse caso, que se execute
um termo aditivo onde constem os novos serviços, com as planilhas de composição de
custos correspondentes.
Nos dois casos acima descritos, é necessário que se determine o custo horário dos
equipamentos, seja para a sua remuneração direta, seja para executar a composição de custo dos
serviços nos quais eles são utilizados.
São despesas relacionadas com o ato de possuir um equipamento porque se considera que
todos eles representam uma inversão de capital, mas que sofre uma desvalorização pelo seu
desgaste, ação das intempéries e obsolescência tecnológica. Esse conjunto de fatores provoca a
depreciação do capital investido no equipamento, o que nos leva a prever a sua recuperação através
da remuneração dos serviços por ele prestado.
Sob o aspecto contábil, a lei define a depreciação como a "diminuição do valor contábil dos
bens do ativo, resultante do desgaste pelo uso, ação da natureza e obsolescência normal". No Brasil
o fisco permite, para as máquinas em geral, uma depreciação linear até o final da sua vida útil.
Considerando-se como exemplo uma vida útil prevista de 5 anos, a lei permite uma perda de valor
contábil do equipamento de até 20 % ao ano.
Sob o aspecto econômico, ao contrário, o custo de propriedade deve ser considerado como
absorvível pela remuneração dos serviços prestados pela máquina, sendo gerada receita para pagar
um novo equipamento ao final da vida útil deste, e remunerar o capital investido de forma
compatível.
Seja qual for o ponto de vista adotado, um elemento essencial é a determinação da vida útil
do equipamento.
A vida útil técnica provável de um equipamento é o tempo durante o qual ele operará
de forma econômica, não gerando despesas incompatíveis de manutenção ou apresentando baixa
produtividade. Deve-se ainda considerar que a vida útil econômica é aquele período ao final do qual
teremos a remuneração do capital investido, o que faz com que o horizonte no qual pretendemos o
retorno de capital seja relativamento restrito, reduzindo a chamada vida útil técnica acima descrita.
Ao final da vida útil, temos o chamado valor residual, extremamente variável por ser
dependente do estado geral da máquina, e portanto pode variar de um valor para uma máquina em
boas condições de uso até o valor de sucata.
Para efeito prático, podemos considerar a tabela 6 como indicativa:
Neste método, admite-se uma depreciação linear ao longo da viad útil do equipamento. Tem
como vantagem a sua simplicidade de cálculo e o fato de ser aceito pela Receita Federal. Tem como
desvantagem a sua irrealidade, por sabermos que qualquer equipamento perde valor rapidamente,
tendendo a se estabilizar com o passar do tempo. A fórmula adotada é a seguinte:
Dh = Vo - Vr
H
Onde:
Dh = depreciação horária
Vo = Valor inicial
Vr = Valor residual
H = Vida útil, em horas de utilização
Neste método, considera-se os juros sobre o capital investido, corrigindo os valores atuais
com uma taxa de juros “ i ”. Esse fundo de amortização corresponde a separação de um
determinado valor para reposição do bem adquirido, ao final da sua vida útil, descontando-se o
valor residual. A formula utilizada é:
n
Dh = ( Vo – Vr ) . ( 1 + i )
H
Onde: Dh = Depreciação horária
Vo = Valor inicial
Vr = Valor residual
H = Vida útil, em horas de utilização
i = Taxa de juros anuais
n = Duração, em número de anos, do investimento
Combustível
C = 0,267 . HP
Lubrificantes
Mão de obra
O custo da mão de obra corresponde ao seu custo total, somando-se salário, encargos
sociais e benefícios recebidos pelo operador do equipamento e pelo seu ajudante, se o houver.
Podem ser estabelecidas, pelas empresas, tabelas de vencimentos para as diversas categorias de
operadores, tomando-se como base o salário mínimo. Atualmente o custo dos encargos e benefícios
está estimado em 135 % dos vencimentos.
- Manutenção mecânica
- Graxa lubrificante
- Filtros
- Pneus
Manutenção mecânica
É um fator com custo real progressivo, pois equipamentos novos não apresentam
necessidade imediata de substituição de peças ou reparos. No entanto, por ser um custo
extremamente variável, apresentando inclusive sazonalidade, é comum a adoção de um fator
incidente sobre o valor da depreciação horária, gerando uma compensação entre valores recebidos
ao longo do tempo de forma contínua e despesas concentradas. A fórmula utilizada é a seguinte:
Mh = Dh . k'
Graxa lubrificante
Estimamos, neste caso, um consumo médio por hora trabalhada, podendo ser
adotados os valores da tabela 10. Neste caso, para os novos equipamentos, que utilizam lubrificação
vedada, não é significativa a condição de trabalho.
Filtros
Pneus
Apesar de serem fornecidos com a máquina, os pneus sofrem um desgaste que obriga
a sua substituição antes do final da vida útil do equipamento, portanto o seu valor é subtraído do
custo de aquisição da máquina e incorporado à parcela de manutenção. A sua durabilidade pode
variar mesmo sob mesmas condições de trabalho, pois ela é afetada até pelo modo de copndução
adotado. A tabela 12 deve ser compreendida apenas como indicativa.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
4. DRENAGEM
Para garantir o escoamento das águas livres de forma a não causar Impactos
Ambientais Significativos (IAS) negativos e garantir a integridade física da obra rodoviária e dos
seus usuários, a estrutura projetada para o sistema de drenagem superficial, cujo esquema
simplificado é apresentado na figura 40, deve atender aos seguintes parâmetros:
1. talude natural
2. valeta de proteção
3. banqueta
4. talude de corte
5. sarjeta
6. caixa de captação
7. bueiro de greide
8. pista da rodovia
1. talude natural
2. valeta de proteção
3. talude de aterro
4. banqueta
5. meio-fio
6. pista da rodovia
7. saída d’água
8. descida d’água
de pelo menos 2,0 m acima da crista de corte, e quando assentadas sobre terreno com pouca
capacidade de suporte físico, devem ser armadas, para evitar sua ruptura. Com o material
escavado é executada uma banqueta a jusante da valeta, para aumentar a sua secção útil
(figura 43).
em terrenos acidentados, é normal que sejam mantidas sem revestimento, devido a sua
pequena declividade (figura 45).
sua ruptura, que pode ser causada por um simples entupimento, pode levar a interrupção da
estrada, como pode ser visto na figura 48.
Figura 47: Vista frontal e lateral da cabeça de um bueiro, na qual vemos a configuração envolvente, o que evita a
obstrução do condutor por processos erosivos, ou sua ruptura por solapamento.
. Descidas d'água - dutos abertos, destinados a encaminhar as águas coletadas na pista ou nas
valetas de proteção de corte, para pontos de escoamento natural, caixas de coleta ou de
dissipação ou valetas de proteção de aterro (figura 50). Devem ser sempre revestidas, e
podem ter a forma de uma canaleta trapezoidal em rampa, como pode ser executada sob a
forma de escada, sendo essa forma adotada quando a declividade é muito intensa. Não
devem ser utilizados elementos segmentados, devido à alta probabilidade de se romper o
duto.
.Caixas de dissipação - destinam-se a receber água de um condutor e a lançar, com baixa
velocidade, no ambiente natural, evitando assim o surgimento de processos erosivos (figura
50). A dissipação da energia cinética do líquido pode ser feita de vários modos, sendo o
mais comum à interposição de elementos, dentro da estrutura da caixa, que provoquem
turbilhonamento no líquido. Podem ser utilizados paramentos de concreto, pedras de grande
diâmetro, etc. Não é recomendada a utilização de elementos retentores de água, pois o
líquido acumulado pode levar à proliferação de insetos hematófagos alados (mosquitos) ao
longo da via, possibilitando a transmissão de doenças.
Obs: Para terrenos planos, adotar o menor valor, e para terrenos inclinados, adotar o maior valor.
Tabela 15: velocidades mínimas da água necessárias para evitar a sedimentação dos materiais
Material Vel. máximas (m/s)
Argila 0,08
Obs: É de praxe manter a inclinação mínima dos ductos igual ou superior a 0,8 %, para evitar a sua
obstrução por sedimentação de materiais finos.
Q= C.i.A
360
Onde: Q – descarga, em m³ / s.
i – intensidade horária da chuva, em mm / h.
A – área a drenar, em ha.
C – coeficiente de “run-off”.
Q=a.V
V = 1 . R²/3 . S½
n
Figura 53: posicionamento de um dreno de trincheira destinado a rebaixar um lençol d’água de meia encosta e sua
cabeça de descarga.
. Vala: com uma largura igual à do tubo, acrescida de 15 cm, sendo adotada uma largura
mínima de 40 cm. A sua profundidade deve ser suficiente para interceptar ou rebaixar o
lençol d’água até a profundidade necessária, e o seu desenvolvimento deve ser o apresentado
na figura 54.
Figura 54: desenvolvimento genérico da vala de um dreno de trincheira, com o objetivo de garantir a sua descarga no
terreno natural.
Filtro: material de enchimento da vala (figura 55), ele deve atender as relações de “piping” e
de permeabilidade, dadas pelas seguintes fórmulas:
O filtro pode ser substituído por um revestimento da vala executado com manta geotextil,
preenchido com agregado graúdo (figura 55), o que é hoje a solução mais adotada dada a
facilidade de execução e garantia do serviço. Cuidados especiais devem ser tomados durante
a execução desse tipo de dreno para garantir a integridade da manta sintética.
Tubo: pode ser de aço, concreto, concreto poroso, cerâmica, PVC, sendo que todos eles,
com exceção dos executados em concreto poroso, devem ser perfurados (figura 55). O
diâmetro do tubo é determinado de acordo com o fluxo a ser drenado.
Selo: constituído por solo compactado impermeável, com espessura habitual de 20 cm, se
destina a impedir que a água superficial se infiltre no dreno, sobrecarregando o sistema
(figura 55), o que geraria imediatamente a saturação da zona crítica que se pretende
preservar.
Figura 55: detalhes do material filtrante, colocação com geotextil e tubos condutores.
Figura 57. Detalhe da saída do dreno sub-horizontal. À direita podemos ver uma foto com esse detalhe.
Ocorre quando o terreno apresenta baixa declividade. Podem ser dadas três soluções:
O cuidado a ser tomado neste caso é em áreas em que o nível da água sobe tanto que
pode exercer uma pressão lateral no aterro, em um grande comprimento, podendo levar ao seu
deslocamento ou ruptura. Isso ocorre em terrenos planos por não existir, muitas vezes, talvegues
definidos, ou estes serem de pequena profundidade. Essa ocorrência é muito comum na região do
pantanal mato-grossense, mas pode ocorrer em vias marginais a rios, em região de várzea.
4. Sucção lateral
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Especificações Gerais para Obras
Rodoviárias. Rio de Janeiro, Serviço de Documentação, 1971.
BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Manual de Conservação Rodoviária.
Rio de Janeiro. Serviço de Documentação, 1974.
CEDERGREN, Harry R..Drenagem dos pavimentos de rodovias e aeródromos. Rio de Janeiro,
Livros Técnicos e Científicos: DNER - Instituto de Pesquisas Rodoviárias, 1980.
SOUSA, Murilo Lopes de. Pavimentação Rodoviária. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e
Científicos: DNER - Instituto de Pesquisas Rodoviárias, 1980.
5. Pavimentos rodoviários
Flexíveis
Articulados
Rígidos
São pavimentos cuja estrutura não trabalha resistindo a flexão, sendo constituído de
camadas com comportamento elástico, que recebem a carga incidente e a transmitem, de forma
atenuada, à camada subjacente, de forma que, essa carga, ao ser aplicada finalmente ao sub-leito,
esteja distribuída de tal forma que não seja ultrapassada a sua tensão de ruptura. Neste tipo de
pavimento, não nos referimos a resistência mecânica, mas sim à estabilidade e resiliência, pois ele
deve ter a capacidade de se deformar elasticamente, sem apresentar migração de nenhum dos seus
componentes. Assume-se então que nessa estrutura a transmissão de cargas sob a forma de troncos
de pirâmide, com o seu ângulo de inclinação definido pela coesão ou estabilidade das camadas.
Esse tipo de pavimento normalmente é constituído de várias camadas (figura 62),
onde se procura, na montagem da estrutura final, tirar o melhor proveito dos seus componentes. As
camadas têm as seguintes funções:
Placas de concreto: atuam como revestimento e base, atenuando, como já foi dito, a carga
rodoviária de tal forma que mesmo solos com baixa capacidade de suporte mecânico podem
as suportar. Essas placas, com uma dimensão praticamente padronizada de 6,00 m por 3,50
m, são dimensionadas na sua espessura para resistir a fadiga, pois a amplitude da solicitação
é insuficiente para as romper por flexo-tração simples, mesmo não sendo elas dotadas de
armadura. A resistência normalmente adotada, indiferentemente a espessura, é de 30 MPa a
compressão simples, considerada correspondente a 4,5 MPa à flexo-tração, que é o valor
mínimo adotado no dimensionamento. Atualmente, mesmo se adotando sempre juntas
serradas, é considerada necessária a adoção de barras de transferência em aço liso, com
diâmetro de 25 mm. Esse procedimento inclusive evita o esborcinamento das bordas. Outro
cuidado considerado fundamental é quanto a geometria das placas, procurando-se evitar
ângulos agudos que podem levar a ruptura de parte da placa.
Sub-base: a função primordial dessa camada é garantir um apoio de comportamento
estrutural homogêneo para as placas, e evitar a migração de partículas devido ao fenômeno
de bombeamento que se manifesta nesse tipo de pavimento. Cada vez se adota mais o
concreto magro rolado para compor essa camada, devido a suas características coesivas.
Regularização do sub-leito: é uma camada de espessura variável, destinada a regularizar o
sub-leito, criando uma plataforma adequada a implantação do pavimento.
Granulares: Quando devem a sua resistência e estabilidade a fatores físicos, como formato
dos grãos e preenchimento dos vazios. Podem ser obtidas a partir de um só material ou pela
combinação de vários, podendo essa mistura ser executada no local de aplicação ou em
usinas. Podem ser dos seguintes tipos:
Materiais naturais.
Solo-brita.
Brita corrida.
Brita graduada.
Macadame hidráulico
Macadame seco
Nestes dois casos, é feita a execução prévia da camada com material proveniente de
britagem, que apresente granulometria homogênea correspondente ao agregado graúdo, já com a
espessura final pretendida, e após a compressão inicial dessa camada se procede ao seu
preenchimento com pó de pedra seco, através de vibração, varrição e rolagem. O que diferencia os
dois é que no macadame hidráulico, quando não mais ocorre a penetração a seco, procede-se à
molhagem de toda a sua superfície, com aplicação de mais vibração, para provocar o total
preenchimento dos vazios por sedimentação do pó de pedra.
5.5 Revestimentos
Flexíveis
Rígidos
Articulados
Utilizam como ligante o cimento asfáltico de petróleo (CAP), podendo ser puro
como na forma de emulsão ou asfalto diluído. Esse ligante tem como característica ser elasto-
plástico à temperatura ambiente, o que confere à mistura um comportamento flexível. O
dimensionamento de pavimentos flexíveis considera essa camada sempre trabalhando dentro da sua
faixa de comportamento elástico. Os tipos utilizados são:
Por penetração:
Tratamentos superficiais betuminosos
Macadames betuminosos
Por mistura:
Na usina:
o Pré misturado de graduação tipo macadame
o Pré misturado de graduação tipo aberta
o Pré misturado de graduação tipo densa
o Areia-betume
o Concreto betuminoso
o “Sheet-asphalt”
Na estrada:
o “Road-mix” de graduação tipo macadame
o “Road-mix” de graduação tipo aberta
o “Road-mix” de graduação tipo densa
o Areia-betume
agregado, seguido de rolagem. Para a sua execução, é utilizado um ligante asfáltico de maior
penetração, como o CAP-7, ou, como tem sido mais comum, uma emulsão betuminosa. A
classificação de direta ou invertida se deve ao fato de que, quando efetuamos primeiro o
espalhamento da pedra e a sua rolagem, antes do banho asfáltico, esse revestimento é considerado
de penetração direta, enquanto no de penetração invertida primeiro espalhamos o asfalto, para
depois espalharmos a pedra e efetuar a rolagem, sendo este sempre utilizado como revestimento. A
granulometria dos agregados é determinada por faixas pré-estabelecidas, de acordo com o número
de camadas a serem executadas. A capa selante, uma camada de agregado de pequena
granulometria executada por penetração invertida, é executada para garantir uma superfície de
rodagem com rugosidade adequada. Não é utilizada quando a camada é utilizada como base.
No macadame betuminoso, executamos uma camada de granulometria aberta e
homogênea, que após a sua compressão, recebe um banho asfáltico que promove a estabilidade da
camada.
Nos revestimentos executados por mistura, o agregado é sempre pré-envolvido pelo
ligante asfáltico. Quando esse pré-envolvimento é executado em usinas, o material resultante é
denominado pré-misturado, recebendo a denominação complementar de “á quente” quando o
ligante asfáltico é o CAP (cimento asfáltico de petróleo), que exige que as operações de mistura,
espalhamento e compactação sejam executadas à temperaturas superiores a 100 ºC, e recebe a
denominação de “á frio” quando o ligante asfáltico é utilizado sob a forma de emulsão, que permite
que essas operações sejam executadas à temperatura ambiente. O pré-envolvimento também pode
ser executado no local de aplicação, utilizando-se máquinas ou força humana. Nesse caso, onde
usamos sempre a emulsão asfáltica para permitir uma mistura a frio, denominamos o material
resultante de “road-mix”.
Nos pré-misturados, a classificação da mistura é feita de acordo com a sua
granulometria, Assim, a graduação tipo macadame compreende misturas com britas de grande
diâmetro máximo (até 3½”) e ausência de agregado miúdo, o que gera uma camada final com poros
de diâmetro elevado. Também é denominada mistura com agregados de graduação uniforme, e a
sua composição atende a seguinte equação da forma:
Onde:
As misturas de graduação aberta utiliza britas com diâmetro de até 2”, e não têm os
seus poros totalmente preenchidos pelo agregado miúdo. A sua composição atende a seguinte
equação da forma:
Onde:
As misturas de graduação densa utiliza igualmente britas com diâmetro de até 2”, e
têm os seus poros totalmente preenchidos pelo agregado miúdo e por filler, sendo portanto uma
mistura sem deficiência de finos, apresentando maior estabilidade e rigidez, e menor
permeabilidade que as outras misturas. A sua composição atende a seguinte equação da forma:
Onde:
Quando a mistura é executada com agregados miúdos, com diâmetro máximo igual
ou inferior a 2,0 mm, denominamos a mistura de areia-betume.
A denominação Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ) é reservada para
pré-misturados de graduação densa que seguem normas rigorosas de projeto, composição
granulométrica, teor de ligante asfáltico, temperaturas e procedimentos de aplicação, sendo o
mesmo conceito aplicável para o “sheet-asphast”.
Os pré misturados podem ser usados não só como revestimento, mas principalmente
os de graduação aberta e graduação tipo macadame podem também ser utilizados como base.
Quando eles são utilizados como revestimento, devido a sua excessiva porosidade e rugosidade,
devem ter aplicada sobre eles uma capa selante.
Na realidade, não existe por definição, um revestimento rígido, pois nos pavimentos
rígidos, a placa de concreto de cimento portland atua com revestimento e base, pois atenua de tal
forma a carga rodoviária atuante sobre a sua superfície que dispensa qualquer outra camada de
atenuação antes de se apoiar no sub-leito. No entanto, para simplificar a nomenclatura, as placas de
concreto podem ser denominadas como revestimento. Atualmente existem 4 tipos básicos de
pavimentos rígidos:
ela apresente comportamento estrutural homogêneo, não sendo necessária grande resistência
estrutural.
Nos pavimentos dotados de armadura de retração, o princípio de comportamento
estrutural é o mesmo, mas é incorporada uma armadura próxima á superfície superior, que se
destina a limitar a fissuração por retração, o que permite que as juntas de controle de retração sejam
mais espaçadas, diminuindo os custos com execução e manutenção do pavimento.
Nos pavimentos estruturalmente armados, o dimensionamento se baseia em um
modelo de laje armada apoiada sobre superfície elástica. Isso permite a diminuição da espessura da
placa e um maior espaçamento das juntas, e o concreto utilizado deve apresentar fck = 25 Mpa.
O “whitetopping” vem a ser uma camada de concreto aplicada sobre um
revestimento flexível mais antigo, o qual é, em teoria, uma excelente sub-base. A sua aplicação
pode ser sem adesão, como é a forma tradicional de se executar um pavimento rígido, ou com
adesão à camada inferior, que é previamente escarificada. Esse último modelo, ao menos em teoria,
permite a execução de uma placa com espessura reduzida, e é denominado “whitetopping”
ultradelgado, estando atualmente em estudo, para se ter a confirmação dos modelos estruturais
teóricos.
Em todos os pavimentos rígidos, cuidados específicos devem ser tomados quanto ao
projeto de juntas de retração, barras de transferência e de ligação e materiais selantes (figura 67 e
68).
Figura 67:
Figura 68:
1ª. Tráfego atual: que utilizará o pavimento imediatamente após a construção, ou que
já vinha utilizando a estrada.
2ª. Tráfego desviado: que será atraído de outras estradas existentes.
3ª. Tráfego gerado: que surge como estímulo devido ao empreendimento, sendo uma
espécie de "tráfego latente".
Identificadas essa parcelas de tráfego, devemos considerar que o seu volume crescerá
ao longo da sua vida útil. Como nos interessa para efeito de dimensionamento a solicitação total
durante essa vida útil, devemos estimar esse incremento, de modo a termos o Volume Total de
Tráfego (Vt). Essa estimativa pode ser feita de vários modos, sendo que em um deles utilizamos a
progressão aritmética, ou crescimento linear, que se traduz na fórmula:
Vt = 365.P.Vm
Vm = Vo+Vp
2
Vp = Vo.(1+Pt)
Onde: Vt = Volume Total de Tráfego, ou número total de veículos que passarão pelo trecho de
estrada considerado, em um período "P" de anos.
P = Período considerado no projeto, em anos, também definido como horizonte de projeto.
Vm = Volume médio de tráfego diário, no período "P".
Vo = Volume médio de tráfego diário imediatamente anterior ao período "P".
Vp = Volume médio de tráfego diário, no final do período "P".
t = Taxa de crescimento anual, expressa em decimal.
N = Vt.(F.E.).(F.C.).(F.R.)
1º. IS = Vem a ser o ISC corrigido, de acordo com o IG, adotando-se a tabela 17 para determinação
do ISCig. Será usado o menor valor. A fórmula a ser usada será a seguinte:
IS = ISC + ISCig
2
18 a 20 2
IG = (F - 35) . [0,2 + 0,005 . (LL-40)] + 0,01 . (F-15) . (IP - 10)
Sendo:
F = Porcentagem em peso passando na peneira 200, tomando como base a peneira de 3" (expressa
em número inteiro)
LL = Limite de Liquidez
IP = Índice de Plasticidade
2º. Coeficiente de Equivalência Estrutural = toma como base a resistência de uma estrutura pétrea
não agregada. Para efeito prático é usada a tabela 18:
3º. Espessura do revestimento betuminoso = A tabela 19 adotada toma como base inúmeras
observações feitas, considerando a necessidade de se evitar a ruptura do revestimento sob o número
"N" de repetições de carga. Nessa tabela se considera uma base granular.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Especificações Gerais para Obras
Rodoviárias. Rio de Janeiro, Serviço de Documentação, 1971.
BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Manual de Conservação Rodoviária.
Rio de Janeiro. Serviço de Documentação, 1974.
CEDERGREN, Harry R..Drenagem dos pavimentos de rodovias e aeródromos. Rio de Janeiro,
Livros Técnicos e Científicos: DNER - Instituto de Pesquisas Rodoviárias, 1980.
SOUSA, Murilo Lopes de. Pavimentação Rodoviária. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e
Científicos: DNER - Instituto de Pesquisas Rodoviárias, 1980.
ANEXO 1
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO PROJETO GEOMÉTRICO DE
RODOVIAS
Rampa máxima 3% 4% 5%
Rodovias Classe I
Características Relevo do terreno
Rodovias Classe II
Características Relevo do terreno
Rampa máxima 3% 5% 6%
Rampa máxima
Desejável 3% 5% 6%
Absoluta 3% 6% 7%
Rampa máxima
Desejável 3% 5% 6%
Absoluta 3% 7% 9%
Ramos de Interconexões
Características Desejável Absoluto
Rampa máxima 4% 8%
0 I II III/IV
Baseado na Portaria DNER 3602/69. Os valores da Classe III foram também adotados para a
classe IV
ANEXO 2
GRÁFICOS DE SUPERELEVAÇÃO
ANEXO 3
ÁBACOS PARA DETERMINAÇÃO DE CURVAS VERTICAIS