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1

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................. 3

POR QUE O MOTOR SE CHAMA V8?.......................4

A HISTÓRIA AO PÉ DA LETRA.................................13

OS QUATRO TEMPOS DO MOTOR V8................... 33

O MOTOR V8 É TUDO ISSO MESMO?...................38

O V8 EM TERRITÓRIO BRASILEIRO........................45

BIBLIOGRAFIA........................................................... 62

CONHEÇA O INSTITUTO RETORNAR....................64

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INTRODUÇÃO
O motor é a parte mais fundamental na criação de
um carro, pois é a partir dele que a energia térmi-
ca é convertida em energia mecânica. Ou seja, é a
alma de um automóvel.

Isso independe do modelo ou da potência presen-


tes na composição dessa peça tão importante, que
passou por diversas modificações, atualizações e
aprimoramentos.

Mas é claro que o motor V8, amado por muitas


pessoas, tem um espaço especial na construção
da história dos grandes carros que passaram pelo
mundo durante o século XX.

Pensando em dissecar essa história, abordaremos


toda a trajetória desse motor que fez parte, tam-
bém, da vida dos brasileiros ao longo das décadas
passadas, e segue fazendo, perpetuando seu es-
paço no tempo.

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POR QUE O
MOTOR SE
CHAMA V8?
O nome do motor V8 é autoexplicativo, mas ape-
nas para quem conhece bastante sobre a história
dos automóveis. Como nem todas as pessoas pos-
suem o privilégio desse conhecimento, simplifica-
remos a questão.

O motor V8 possui esse nome por ter oito cilindros


em uma configuração diagonal, distribuído em duas
colunas, com quatro cilindros em cada, formando
a letra V.

É exatamente essa construção específica do mo-


tor que o diferencia dos demais, os quais são mais
tradicionais e apresentam os seus cilindros dispo-
nibilizados em linha.

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O motor V8 pode ser utilizado em inúmeros mode-
los de carro: ele é muito versátil, podendo ser adap-
tado a todos os tipos de combustível e seu melhor
diferencial é ter alta potência. Agora, entendere-
mos qual o conceito de introduzir um motor V8 em
um carro.

Introduzindo um Motor V8 em um
carro
Conforme dito acima, diversos motores foram cria-
dos para as mais variadas funções e meios de trans-
porte. E para diferenciá-los, existem certas formas
de categorização que se pautam em algumas ca-
racterísticas.

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Duas delas envolvem a quantidade de tempo e nú-
mero de cilindros. No momento, aqui no Brasil, os
motores de quatro tempos são os favoritos dos
consumidores assíduos de carros.

Esses motores de quatro ciclos, que se fazem muito


presentes no cenário nacional, são o Ciclo de Otto
e o Ciclo Diesel, dois pontos que abordaremos de
forma mais profunda a seguir.

Falando agora sobre o formato dos motores, que


se pautam a partir da colocação dos cilindros em
seus determinados lugares. Além dos motores V,
dos modelos dispostos em linha e dos verticais,
existem também o boxer e o W.

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Sabendo um Pouco Mais Sobre os
Motores
Falando primeiramente sobre os motores em linha,
os cilindros dispostos, que são no máximo oito, fi-
cam lado a lado no motor, em uma posição verti-
cal. Esse modelo de motor é considerado o mais
limitado.

Por ser limitado, ele serve apenas para carros pe-


quenos e mais populares, os utilizados no dia a dia,
sabe?

Já o motor W, é um protótipo de motor mais caro:


ele é conhecido como um duplo V, e sua complexi-
dade é perfeita para automóveis superesportivos e
topo de linha das grandes marcas.

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Os motores V, carregam cilindros mais inclinados,
que formam um ângulo entre si, algo que leva à si-
milaridade com a letra V, conforme dito acima. Ele é
comumente utilizado em carros maiores, que pos-
suem uma frente ampla.

Isso porque o motor V necessita de um espaço maior


para ser comportado na área frontal do carro. Sen-
do assim, dentro dessa nomenclatura de motoriza-
ção, existem os modelos V6, V8, V10 e V12.

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Crédito editorial: Łukasz Nieścioruk' | Unsplash.

Lembrando que os números dos motores V se de-


vem à quantidade de cilindros dispostos em sua
composição.

O tipo de motor V mais comum no Brasil é o V6, que


equipa, normalmente, utilitários esportivos, vans e
picapes. Por serem veículos de fácil acesso no país,
não se faz tão necessário utilizar um motor V8, já
que o V6 supre as necessidades.

Isso porque a configuração do V8 faz com que seu


uso seja mais preciso em carros de porte grande,
além de utilitários de todos os tipos - desde os le-
víssimos até os super pesados – e, também, em
embarcações marítimas. Incrível sua versatilidade,
não é mesmo?

Agora que já sabemos bastante sobre a composi-


ção e os tipos de modelo V mais utilizados no Brasil
e no mundo, que tal conhecer um pouco mais sobre
a criação dos motores em V?

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Crédito editorial: S.Candide | Shutterstock.com

O Início de Tudo Para os Carros V


Começaremos pelo início, no ano de 1890 foi criado
o primeiro motor com cilindros em V, pelas mãos do
alemão Gottlieb Daimler, que também criou o pri-
meiro motor carburado para motocicletas poucos
anos antes.

Daimler criou um bicilíndrico com apenas 3,74 ca-


valos de potência, e o que parece pouco atualmen-
te, já que temos motores superpotentes chegando
a mais de 500 cavalos de potência, na época era
uma modernidade jamais vista antes.

Daí para frente muitas coisas aconteceram e foi a


vez de León Lavasseur, um engenheiro francês, criar
a categoria de motorização em V. Na época, León
apostou na criação do V8, do V12 e até do V32, to-
dos sendo arrefecidos à água ou ao ar.

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Mas naquele tempo, ainda não existia um elemen-
to imprescindível para caracterizar os motores da
forma que estão hoje.

A lista de motores em V do francês foi pautada em


esquemas de multiblocos, que eram unificados em
dois blocos de quatro cilindros até se chegar à for-
mação do motor V8.

Mas foi apenas com o passar do tempo, com a tec-


nologia avançando, que foi possível oficializar o nome
V8 para a elaboração de um motor com bloco único.

Já entre os anos de 1906 e 1914, foi a vez da indús-


tria dos Estados Unidos começar a difundir a utili-
zação do motor, mas foi apenas em 1932, quando a
Ford lançou o Modelo 18, conhecido como um dos
mais lendários da marca, que o motor V8 se popu-
larizou para todo o sempre.

Crédito editorial: Gestalt Imagery | shutterstock.com

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O Modelo 18 alcançava a velocidade incrível de
120 km/h, o que, é importante ressaltar novamen-
te, hoje parece algo comum, mas nos anos 30 era
uma mudança e tanto.

O início da criação de um dos motores mais impor-


tantes da história é imprescindível para compreen-
dermos sua construção ao longo das décadas, que
tal saber um pouco mais a respeito?

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A HISTÓRIA
AO PÉ DA
LETRA
Já deu para perceber que o V8 foi criado para ser
um exemplo de potência. Quando Daimler criou seu
primeiro V, foi preciso esperar até o ano de 1904
para que a empresa francesa, de nome Darracq,
montasse um automóvel com esse motor para que-
brar o recorde mundial de velocidade.

Crédito editorial: James Hime | Shutterstock.com

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Passando por esse ponto e pulando a influência in-
crível de Levasseur, voltamos ao famoso carro da
Ford, que custava na época o valor de U$ 10, uma
quantia muito alta para grande parte da popula-
ção estadunidense naquele tempo.

Esse pioneirismo americano foi de suma importân-


cia para a história automobilística, pois foi a pri-
meira vez que um bloco de oito cilindros foi fundi-
do em uma única peça de um motor.

Crédito editorial: Gaschwald | Shutterstock.com

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O motor V8 da Ford possuía apenas três suportes
de virabrequim, o eixo de manivela principal do mo-
tor, e sua montagem alcançou o sucesso em pou-
cos anos, já que a montadora conseguiu apresentar
grande qualidade em uma configuração simples e
econômica simultaneamente.

Crédito editorial: Colin Peachey | Shutterstock.com

Sendo assim, o motor V8 logo se tornou o mais ven-


dido do mundo todo, ainda que tivesse uma potên-
cia média - para hoje - de 65 cavalos e 3.400 rpm,
a velocidade máxima de 120 km/h realmente fazia
a cabeça dos consumidores.

Após isso, notando o sucesso que sua aposta fez,


a Ford lançou duas novas versões, o Model 60 com
2.220 cm³ e o Model 85, os dois com oito cilindros
em um motor em V.

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Crédito editorial: Victor Hughes | Unsplash.com

O V8 Pelo Mundo
É claro que uma motorização tão impressionante
não ficaria restrita a seu local de origem, sendo as-
sim, o motor V8 da Ford foi construído na Alema-
nha, na França e na Inglaterra.

Na França, a marca norte-americana teve a cola-


boração de Émile Mathis, o empresário fundador
da empresa Mathis.

De toda forma, a contribuição não durou muito


tempo, já que após a Segunda Guerra Mundial, a
Ford dominou a produção dos motores na França,
criando seu primeiro modelo fora dos Estados Uni-
dos: o Vedette.

O Vedette foi equipado com o Model 60, já bas-


tante conhecido, possuía 2.220 cm³ e foi utilizado
na década de 30 nos Matford, um joint venture da
Mathis.

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Dando um salto no tempo, em 1952 o Vedette se
equiparou ao Cometh, um cupê aerodinâmico que
utilizava o mesmo motor V8, com a diferença de ter
a cilindrada aumentada para 2.300 cm³ e 86 cava-
los de potência.

Crédito editorial: FernandoV | Shutterstock.com

Dois anos após esse feito, uma nova opção de mo-


torização V8, com 3.900 cm³ foi lançada, no entan-
to, a concepção se mantinha, com válvulas de ad-
missão e descarga em bloco.

Na metade da década de 50, a Ford estava sendo


comprada pela empresa SIMCA na França, inclusi-
ve, muitos anos mais tarde o Vedette - tão conhe-
cido pelos brasileiros - foi comercializado em nosso
território pela SIMCA.

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Na França, o mesmo carro era equipado com um
motor V8 com válvulas em seu cabeçote e já gran-
diosos 112 cavalos, o que mostrava que a moder-
nidade estava chegando para as grandes marcas
automotivas.

Mas o Vedette não resistiu muito tempo, pois a fa-


bricação de sua linha foi definitivamente cancela-
da em 1961, ano em que os esportivos de luxo es-
tavam começando a fazer sucesso.

Isso não significa que o motor sumiu do mapa, pois


sua fabricação virou exclusiva no Brasil, equipan-
do modelos bem conhecidos por nossa população,
como, por exemplo, o Tufão, o Esplanada e o Cham-
bord, todos da SIMCA.

Crédito editorial: Gilles Paire | Shutterstock.com

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Saiba mais sobre os detalhes téc-
nicos da motorização mais amada
do Brasil
A motorização em V, na realidade, se difundiu quan-
do seus construtores perceberam existir grandes
vantagens na montagem desse tipo de motor em
relação aos outros pré-existentes, e também, aos
que surgiam ao mesmo tempo.

Uma dessas vantagens são o peso e o tamanho,


que ao ser montado com seus cilindros em duas fi-
leiras, no lugar de apenas uma, o comprimento do
motor era reduzido pela metade.

E por que isso é tão importante? É importante por-


que, como uma boa consequência, o motor tinha
seu peso significativamente reduzido, além do vi-
rabrequim – lembra dele? - ser mais curto e mais
resistente nas mesmas rotações, permitindo que o
carro vibrasse menos e se tornasse mais confortá-
vel para o condutor.

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Sendo assim, podemos afirmar que o V8 é um mo-
tor suave, que possui um balanceamento dinâmi-
co melhorado, pois sua composição corresponde a
dois motores posicionados lado a lado.

Os esforços causados pelos movimentos alterna-


dos dos pistões eram compensados. Esse é o mo-
tivo pelo qual o funcionamento do motor era mais
silencioso e com vibrações quase inexistentes.

Muitos usuários dizem que o motor V8 possui um


ronco com uma sonoridade muito agradável de es-
cutar, isso se deve exatamente a suas baixas vibra-
ções. Com todas essas especificações e detalhes,
não é difícil saber o motivo pelo qual muitos mo-
toristas o consideram o motor mais perfeito que já
existiu.

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Voltando à linha do tempo do motor V8, no ano de
1963 foi lançada uma das mais famosas linhas de
V8, a Small Block da Ford.

O design era lindo, completamente moderno para


a época, e compacto, o que impactou bastante o
mercado em uma época conhecida por seus exces-
sos automobilísticos.

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Sendo assim, o Small Block, que literalmente signi-
fica menores blocos, em tradução direta, tinha um
peso ainda mais insignificante ao ser comparado
com os V8 já existentes na época.

Crédito editorial: Markus Spiske | Unsplash.com

Com isso, a fabricação em larga escala demons-


trava o grande sucesso que o motor teve entre os
amantes de automóveis. E esse feito contribuiu para
termos hoje, os queridos V8 que passam nas ruas e
nas pistas de corrida do mundo todo.

A Small Block foi mais que uma linha, foi uma ver-
dadeira família, e seu primeiro motor V8 foi chama-
do de 221, utilizado para equipar o Fairlane da Ford
e o responsável por auxiliar nas boas curvas que o
carro fazia.

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É claro que, como manda o curso da história, o 221
foi substituído pelo 260 depois pelo 289 e, por fim,
pelo bastante conhecido V8 302.

O 289, entre os anos de 1963 e 1968 possuía 271


hp e 6.000 rpm e o virabrequim foi feito com ferro
fundido nodular, um tipo mais resistente que o fer-
ro fundido que conhecemos como cinzento.

Uma boa dica para relembrar do 289, é pensar no


Mustang GT 350, e do 289 Hi-Performance, que
dentro do GT fazia 306hp, ultrapassando a potên-
cia de fábrica que alcançava apenas 289 hp com
6.000 rpm.

Consideramos uma boa dica, pois, para quem gos-


ta de carros - o que imagino que seja seu caso -
esse foi considerado um dos motores mais queridos
da Ford, aquele que a representou, durante muitos
anos, nas pistas de corridas mais badaladas.

Crédito editorial: Matthias Münning | Unsplash.

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Tanto que, no ano de 1968, o 289 teve o curso de
seu virabrequim aumentado em ⅛, criando assim, o
302 citado acima. E o 302 teve sucesso quase que
instantaneamente, ao equipar o Tunnel Port 302.

Crédito editorial: Bruce Alan Bennett | Shutterstock.com

Os cabeçotes eram um detalhe à parte, que muitos


apaixonados por carros clássicos adoravam exaltar
em suas conversas cotidianas com seus amigos. A
taxa de compressão era de 12,5:1, funcionando à
gasolina, é importante dizer.

Para sua carburação, nada menos que dois Qua-


drijets, além dos seus diversos componentes for-
jados. Deu para perceber que o carro era mesmo
invocado, não é mesmo?

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Mas como no mundo dos automóveis as inovações
sempre estão o mais rápido possível, os engenhei-
ros ainda não estavam plenamente satisfeitos com
a criação dessa super máquina. Sendo assim, cria-
ram o Boss 302.

O Boss 302 foi uma evolução direta do 289 Hi-Per-


formance. Um de seus detalhes mais importantes
são seus quatro parafusos com fixação do mancal
do virabrequim, feito em aço forjado, parafusos 7/16
nas bielas dos cabeçotes de 4V, cabeçotes esses
que também fizeram parte dos motores da linha
Cleveland, mais precisamente no Cleveland 351.

Crédito editorial: Martina Birnbaum | Shutterstock.com

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Crédito editorial: Tyler Clemmensen | Unsplash.com

Mesmo tendo sido fabricado apenas durante um


ano, mais precisamente entre 1969 e 1970, o Boss
302 impressionou porque gerava 290 hp com 5.800
rpm. Hoje, o 302 é o novo 5.0 HO, o High Output,
nome atribuído em 1979 e continua sendo aperfei-
çoado a cada ano, a fim de se manter em dia com
as normas antipoluição.

Isso porque motores carburados emitem gases no-


civos para o meio ambiente, e o desafio de hoje é
criar automóveis que demonstrem alto desempe-
nho, enquanto garantem a sustentabilidade.

A fim de entender a finalização dessa linha, preci-


samos falar sobre o Windsor 351, produzido desde
69 até o ano de 1996, mais um membro da famí-
lia Small Block que possuía, como diferencial, meia
polegada a mais sobre o curso do virabrequim.

Vamos conhecer um pouco mais sobre os compo-


nentes que fizeram o motor V8 ser o que ele é hoje?

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Crédito editorial: Jarlat Maletych | Shutterstock.com

Dissecando o Motor V8
Conforme dito acima, o funcionamento do motor
V8 carece de alguns detalhes especiais para ga-
rantir sua excelência, e cada um deles compõem
a grandiosidade que esse equipamento demonstra
ter.

Com isso, abordaremos, de forma mais profunda,


os detalhes citados acima, para que se entenda de
uma vez por todas o que estamos falando.

Veja bem, a parte principal do motor V8 mora em


seus cilindros e em suas válvulas, por isso, come-
cemos por elas:

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Válvulas do V8
As válvulas servem para regular a passagem dos
gases e dos fluidos pelo motor, e isso acontece a
partir do momento em que elas abrem e fecham. É
importante ressaltar que um motor V8 pode conter
até 32 válvulas.

Entenda que para cada cilindro existente no mo-


tor, existem pelo menos dois tipos de válvulas, uma
para entrada e outra para saída, ambas são cha-
madas de válvulas de admissão e de escape, res-
pectivamente.

As válvulas de entrada servem para controlar a


passagem de ar e de combustível para dentro do
motor, ela também serve para controlar a passa-
gem de ar puro em veículos que possuem injeção
direta.

Já as válvulas de saída, são necessárias para ex-


pelir os gases gerados a partir da queima do com-
bustível - independente de qual seja.

Crédito editorial: Markus Spiske | Shutterstock.com

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Cilindros do V8
Deu para notar que os cilindros são as peças prin-
cipais que definem o que é um motor V8, certo? Por
isso todas as composições são colocadas ao redor
dos cilindros: ele é a fonte principal de todo o de-
sempenho do motor.

Afinal, dentro deles é onde acontecem as movi-


mentações dos pistões.

Pistões do V8
Os pistões são os responsáveis pelo veículo se lo-
comover, isso acontece a partir da compressão da
mistura de ar e combustível, as cabeças se movi-
mentam para cima e descem em seguida, ao soltar
os gases que se criam com a combustão.

Crédito editorial: Markus Spiske | Unsplash.com

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Virabrequim
O Virabrequim serve para ajudar o motor a trans-
mitir energia para as rodas, fazendo assim, o carro
funcionar. Ele é uma peça que gira e está presa na
parte de baixo do bloco.

Ele também pode ser chamado de virabrequim e


árvore de manivelas. Com isso, enquanto os pistões
se movem deslocando-se de seu lugar de origem,
o virabrequim sobe e desce em um movimento de
rotação parecido ao de um pedal de bicicleta.

Crédito editorial: Chris Carzoli | Shutterstock.com

Bielas do V8
As bielas possuem duas extremidades com um ori-
fício em cada, sendo um superior e um inferior.

O superior tem um pino que se liga ao pistão e o


inferior se conecta a peça do virabrequim.

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Mancal do V8
O Mancal é um suporte que serve para receber car-
ga do movimento em vertical que a biela e o vira-
brequim fazem. Seu objetivo é diminuir o atrito do
eixo do virabrequim, por isso os mancais se encon-
tram entre as suas extremidades.

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O cárter do V8
O cárter é o depósito onde fica o óleo que lubrifica
o motor, nele também se encontra o bujão, um pa-
rafuso que permite que o óleo escorra se retirado
corretamente.

Especialmente nos motores V8 que possuem qua-


tro tempos, o cárter se encontra localizado na par-
te inferior, encaixado à base.

Agora que você já sabe sobre os componentes pre-


sentes na motorização V8, vamos conhecer mais a
fundo o que são os quatro tempos.

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OS QUATRO
TEMPOS DO
MOTOR V8
Mais acima falamos que os motores V8 possuem
quatro tempos, seguindo o Ciclo de Otto ou o Ciclo
Diesel. Os quatro tempos são a admissão, a com-
pressão, a combustão e a exaustão, também cha-
mada de escape.

Crédito editorial: konradrza | Shutterstock.com

33
A Admissão
Na admissão, existem válvulas de entrada que se
abrem para que os pistões deixem o ponto morto
superior, permitindo assim, a entrada de ar e com-
bustível nos cilindros, que precisam se fechar no-
vamente.

Após isso, os pistões voltam ao ponto morto e o


ciclo se reinicia indefinidamente.

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A Compressão
Na compressão, os pistões sobem novamente, e
durante essa questão, a dupla de ar e combustível
tem um volume bem menor, aumentando a pres-
são.

A Combustão
O início da combustão é feito a partir da faísca que
sai das velas de ignição, que causa uma mistura
comprimida e queima o combustível, fazendo com
que os pistões retornem ao ponto morto. É aqui
que o motor aumenta sua força.

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A Exaustão
Uma vez que o ar e o combustível estejam devi-
damente queimados, é o momento do processo de
exaustão acontecer.

No entanto, não é uma etapa tão simples, pois exis-


tem resíduos e eles precisam ser retirados a fim de
evitar problemas no motor. Sendo assim, os pis-
tões sobem e a válvula de escape abre para man-
dar para fora todo resíduo.

Todo esse processo acontece em apenas alguns se-


gundos e repetem-se indefinidamente, quase como
um pulmão trabalhando para garantir a respiração
correta.

Com isso, podemos ver diretamente a transfor-


mação de energia química em energia mecânica, a
partir das reações que acontecem com a combus-
tão e que são no momento em que as rodas do au-
tomóvel giram.

Bem legal, não?

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Saber o funcionamento, aprofundadamente, sobre
um componente tão importante de carros que uti-
lizamos em nosso dia a dia, nos ajuda a compre-
ender a complexidade que a criação dessas peças
traz para a criação do ser humano.

Nós somos, de fato, seres altamente inteligentes e


capazes de modificar o mundo a partir da criação
de diversos componentes que, quando colocados
juntos, garantem melhorias e atualizações tecno-
lógicas que regem as nossas vidas.

Se apenas nos últimos 100 anos tivemos tantas


modificações revolucionárias, especialmente no
que diz respeito ao mundo dos carros, imagine da-
qui a 100 anos? Será que chegaremos, de fato, aos
tão cobiçados e imaginados carros voadores?

Deixemos de imaginar e voltemos para a realida-


de atual. E nela consta muitos prós, mas também
contras. Descubra abaixo quais são os benefícios e
os deméritos de se ter um motor V8.

37
O MOTOR V8
É TUDO ISSO
MESMO?
É claro que nada é perfeito e mesmo as coisas mui-
to boas apresentam problemas, o mais importante,
dentro dessa perspectiva, é saber meios de resol-
vê-los, a fim de garantir que o funcionamento seja
o esperado.

Ao se tratar de um motor super potente que passou


por diversas gerações, melhorias e adaptações às
épocas em que precisou se transformar e se rein-
ventar para continuar relevante dentro de seu seg-
mento, não seria diferente.

Com isso, abordaremos alguns prós e contras de se


ter um motor V8 em seu carro. Para início de con-
versa, precisamos dizer que a maior vantagem des-
se tipo de motorização é o fato dele ser compac-
to, muito mais leve que os motores em linha, por
exemplo.

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Com isso, as montadoras podem se preocupar em
criar designs mais interessantes e inovadores, além
de garantir que a aerodinâmica – uma parte extre-
mamente importante ao se construir um veículo –
seja favorecida.

Isso acontece devido à inclinação dos cilindros, co-


locados com dois planos concorrentes, formando
um V de um ângulo variável entre si, contribuindo
muito para que o centro de gravidade do automó-
vel tenha mais estabilidade, e consequentemente,
mais segurança para o condutor e os passageiros.

Como se já não bastasse isso, quando vista de fren-


te, a configuração do motor demonstra um aprimo-
ramento para o campo de visão do trabalhador de
mecânica quando ele precisa mexer na peça para
trocar algum componente, facilitando o trabalho.

Crédito editorial: mike noga | Pexels.com

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Crédito editorial: pasphotography | Shutterstock.com

Ainda no âmbito dos consertos, por ser mais com-


pacto, os motores em V possuem menos peças e
acessórios em sua montagem, o que facilita a vida
do mecânico e o bolso do proprietário, ao precisar
de uma manutenção corriqueira.

Dito isso, abordaremos o grande diferencial do V8


dos outros motores da família V, como o V4 e o V6:
ele possui uma combinação ideal entre potência
máxima e segurança ao dirigir.

Crédito editorial: Just Jus | Shutterstock.com

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Crédito editorial: Martina Birnbaum | Shutterstock.com

O formato diferenciado causa a sensação de ter a


junção de dois motores em uma única peça, devido
aos seus cilindros dispostos em dois lados opostos.
Esse detalhe é o que causa o ronco tão comentado
do V8, pois sua forma realça essa característica.

O V8, mesmo em altas rotações e acelerações, ga-


rante grande segurança para o condutor mesmo
em alterações aleatórias de movimento ou em ul-
trapassagens, algo muito importante em um mo-
tor que se vende como veloz.

Ele ainda é altamente flexível quando se trata de


combustível, pois utiliza gasolina, etanol ou diesel.
O motorista escolhe qual tipo de alimento faz mais
sentido para o motor de seu carro e para seu bolso
– ponto importante que deve ser ressaltado quan-
do se tem um carro, especialmente no Brasil.

Exaltamos todos os benefícios que um motor desse


pode oferecer para a condução de qualquer apai-
xonado por carro que precise da combinação velo-
cidade + desempenho + segurança + conforto, é a
hora de pontuar os pontos mais fracos. Vamos lá!

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O principal ponto negativo do motorV8 é o valor: ele
é muito potente e gasta muito combustível, como
consequência de seu desempenho ímpar. É o ônus
do bônus em sua forma mais crua, infelizmente.

Abastecer um carro com motor V8 sem sentir os


efeitos financeiros é uma coisa para poucos. Sem
dúvidas, esse é um ponto que deve ser considerado
antes de adquirir um carro com esse tipo de moto-
rização.

Especialmente se o carro será utilizado no dia a


dia, ou seja, com muita rodagem diária para reali-
zar tarefas cotidianas como ir ao trabalho, levar as
crianças para a escola, entre outros.

Outro ponto, também muito importante, é justa-


mente o que apontamos acima sobre as atualiza-
ções e as modernizações que acontecem, ao longo
da história, em relação aos carros.

42
Há quem diga que carros elétricos são insusten-
táveis a longo prazo, mas nós já estamos vendo
efeitos negativos da queima de combustível para
o nosso planeta. Não é muito difícil de pensar na
possibilidade de um motor tão potente como o V8
se tornar obsoleto daqui para a frente.

Crédito editorial: mekcar | Shutterstock.com

O futuro está logo aí, e os carros alimentados por


baterias elétricas já estão entre nós. Não faz muito
sentido depositar grandes quantias em um tipo de
motorização que pode deixar de fazer sentido em
pouco tempo, exceto se seu objetivo seja louvar os
clássicos até o fim.

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Deu para perceber que, no quesito desempenho, o
V8 não tem nada para se criticar, pois ele realmen-
te cumpre o que promete e tende a agradar muito
os usuários com o prazer de dirigir um carro que
leva esse monstro em sua composição.

Que tal, agora que estamos quase chegando ao fim


das informações sobre esse motor tão importan-
te para a trajetória dos automóveis, conhecermos
juntos os modelos V8 que mais marcaram o Brasil?

Crédito editorial: reginaldj | Shutterstock.com

44
O V8 EM
TERRITÓRIO
BRASILEIRO
Que os motoresV8 marcaram a época por onde pas-
saram nós já sabemos, mas quais foram os efeitos
desse componente importantíssimo para o funcio-
namento de um carro aqui, em solo tupiniquim?

Brasileiros são apaixonados por carros desde sem-


pre, o país importa grandes carros clássicos desde
que começaram a surgir no mercado, no início de
1900 e assim seguiu até a Segunda Guerra Mun-
dial, quando todos os países precisaram unir seus
esforços para um bem comum.

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Após esse período, os veículos voltaram a ser im-
portados e comercializados no Brasil até meados
de 64, quando a Ditadura Militar definiu que exis-
tiriam, a partir daquele momento, apenas carros
com fabricação nacional no mercado, sob o pre-
texto de impulsionar o mercado interno.

Nesse meio tempo muita coisa aconteceu, inclusi-


ve a influência dos V8 para o consumidor brasilei-
ro, e é exatamente sobre os mais importantes que
abordamos a seguir.

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O Primeiro V8 no Brasil
O Ford Galaxie 500 foi o primeiro carro brasileiro
a ter um motor V8. Lançado em 1967, na época em
que a indústria brasileira estava voltada para inflar
o mercado interno, conforme dito acima.

O Galaxie 500 possuía um V8 de 4,5 litros que, pre-


cisamos confessar, não tinha como ponto mais re-
levante sua potência máxima, pois chegava a 164
hp, que significa 120 cavalos de potência líquida,
nomenclatura utilizada atualmente.

Essa configuração gerava 4.400 rpm apenas, en-


tão o diferencial competitivo era o torque, que se
apresentava a partir dos baixos giros.

O motor do Galaxie 500 foi um derivado do V8 uti-


lizado pelos caminhões F-600, da Ford, produzi-
dos em nosso país desde o final da década de 1950.
Esse V8 tinha 4,5 litros e características de uso co-
mercial muito comuns na época, como baixo núme-
ro de rotações e baixa potência, com torque mais
elevado.

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Crédito editorial: Philip Pilosian | Shutterstock.com

Esse tipo de motorização se tornou ideal para car-


regar cargas, mas não deu muito certo com o Ga-
laxie, que era pesado e silencioso, ou seja, não pos-
suía nem um ronco para impressionar o consumidor,
infelizmente.

Já no início dos anos 70, o V8 produzido no Bra-


sil teve sua cilindrada um pouco aumentada, dessa
vez, foi apresentado com 4,8 litros ou 292 polega-
das cúbicas.

Com isso, sua potência máxima bateu 190 hp, em


média 130 cavalos de potência líquida na medição
atual. Aqui, nesse modelo, o torque teve um au-
mento que se adequou ainda mais ao câmbio.

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Crédito editorial: Alberto Zamorano | Shutterstock.com
É importante ressaltar que foi o primeiro câmbio
automático produzido em um carro brasileiro que
chegou ao LTD, um modelo mais estiloso e sofisti-
cado que o anterior Galaxie.

O LTD acelerava de 0 a 100 km/h em apenas 15


segundos, atingindo até 150 km/h em sua veloci-
dade máxima, esses números são muito impres-
sionantes para o início dos anos 70, especialmente
em veículos para as ruas.

Esse V8 foi um sucesso tão grande, que equipou os


modelos citados acima até quase o final dos anos
70, quando chegou ao mercado uma nova versão
do mesmo, chamado de 302 V8.

O 302 V8, conhecido como bloco-pequeno, possuía


4.942 cm³ e seu motor moderníssimo veio direta-
mente do Canadá, com 199 hp de desenvoltura, o
que, em potência líquida, pode ser traduzido como
135 cavalos.

Agora estamos falando como gente grande, pois o


302 V8 foi o motor que equipou nada menos que o
incrível Ford Maverick GT, lançado no ano de 1973,
considerado até hoje como um dos carros mais ve-
lozes que passaram pelo mercado brasileiro.

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O Ford Maverick GT tem uma história de triunfos,
tanto nas ruas, quanto nas pistas. Ele impressio-
nou os consumidores já apaixonados pela motori-
zação nervosa que a Ford costumava impulsionar
em seus veículos, criando assim, um mito no mun-
do automobilístico.

O carro foi tão importante que fez parte de gran-


des apresentações em filmes de sucesso, e aqui no
Brasil, rivalizou fortemente com diversos modelos
do também apaixonante Opala da Chevrolet. Um
feito para poucos, hein?

O 302 também era uma opção para o Ford Mave-


rick de quatro portas, considerando que a versão
citada acima era o famoso cupê, e essa versão era
de luxo, seguindo as normas da época, que os con-
sumidores se preocupavam bastante em ter carros
com desempenho esportivo, mas com o design so-
fisticado.

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Um detalhe importante dessa versão foi seu câm-
bio de quatro marchas, que saia de uma alavanca
adicionada no assoalho do Ford Maverick GT.

No início do ano de 74, a Ford homologou uma ver-


são ainda mais potente do V8, para arrasar nas
competições mesmo, e ele foi vendido nas conces-
sionárias da marca como um kit.

Esse kit poderia vir de fábrica, nos novos modelos,


ou ser adquiridos por proprietários de outros veí-
culos da montadora, caso o proprietário do veículo
desejasse ter mais potência e um melhor desem-
penho em seu querido carro.

Nele continha um carburador quádruplo, com seu


coletor de admissão, além de um comando de vál-
vulas mais potentes com molas mais fortes e um
jogo de junta dos cabeçotes finos a fim de aumen-
tar consideravelmente a taxa de compressão do
motor.

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Ao adicionar o kit em seu carro, sua potência em
cavalos aumentava para 180, um número bastan-
te relevante para a década.

É claro que os donos do Maverick GT ficaram alvo-


roçados e quiseram adquirir esse kit tão comenta-
do, que já era adicionado aos veículos na própria
concessionária.

Há relatos de donos de Maverick impressionados


com os roncos dos seus motores ainda mais al-
tos ao saírem das lojas, como se tivessem, de fato,
comprado um veículo novo.

A Ford impressionou o mercado, pois criou uma


relação de custo x benefício altamente relevante
para seus clientes fiéis, o que culminou na adição
de ainda mais consumidores no público-alvo.

Esse feito era muito importante aqui no Brasil, pois


a linha Opala da Chevrolet ganhava cada vez mais
o coração dos brasileiros a cada atualização, pois
foi sempre uma marca a se preocupar bastante com
a opinião do público que consumia seus produtos.

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Crédito editorial: Ivan Kurmyshov | Shutterstock.com

Com esse feito, a Ford abalou o mercado interno e


enxergou, ainda mais, o Brasil como um mercado
com um potencial gigantesco para investimentos,
tanto que injetaram bilhões ao longo das décadas
seguintes, abrindo fábricas e apostando na cria-
ção de componentes importantes para os carros
que vendiam.

Voltando ao motor equipado com o kit, ele tam-


bém foi o responsável por equipar os Galaxie, o que
aumentou muito o desempenho dos mais pesados
da época, melhorando até mesmo o consumo de
combustível.

O 302 foi um marco histórico no mundo do auto-


mobilismo, pois abriu portas para que diversas mo-
dificações e melhorias fossem feitas, visando sem-
pre melhorar o desempenho de carros que já eram
impressionantes.

O Landau, por exemplo, levou o 302 consigo até o


final de sua linha de produção, no ano de 1983. Já
nos Maverick, que tiveram a produção encerrada
no final dos anos 70, o motor seguiu com fideli-
dade até o fim, apresentando até uma versão que
funcionava à base de álcool.

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Outro V8 excelente foi o 5,2 litros da marca Chrys-
ler, que chegou aqui no Dodge Dart, um sedan de
quatro portas, lançado no ano de 1969. Ele alcan-
çava 197 hp brutos com o pé levinho no acelerador,
apresentando 135 cavalos de potência líquida.

Os Dodge Dart também possuíam uma versão cupê,


como mandava à época, com o nome de Charger,
e era equipado com esse mesmo V8 altamente po-
tente. O diferencial do Charger era seu escapamen-
to duplo, que aumentava a potência máxima para
140 cavalos, ou 205 hp.

É claro que, seguindo o padrão dos carros fortes,


ainda não era suficiente para seus montadores. Os
Dodges tiveram uma atualização do V8 5,2:1 com
uma taxa de compressão aumentada para 8:1, se-
guindo com o escapamento duplo, é claro.

Aqui o carro fazia 215 hp, ou 145 cavalos de potên-


cia líquida, demonstrando como o Dodge Charger
R/T era imponente para a época.

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Crédito editorial: chorche de prigo | Shutterstock.com
Tanto os motores V8 da Dodge quanto os da Ford
tinham como característica primária a robustez e
a alta durabilidade. Ao adquirir um carro das duas
montadoras, seu dinheiro era valorizado, pois sem
dúvidas o veículo entregue supriria suas necessi-
dades.

Todos eles apresentavam alta potência e um tor-


que especialmente preparado por engenheiros es-
pecialistas na função. Estamos falando de pessoas
apaixonadas por construir inovações que mudaram
o mundo.

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Um Ford Maverick, por exemplo, da extinta Equi-
pe Hollywood, teve algumas partes preparadas na
Argentina, por Oreste Berta, e possuía quatro car-
buradores Weber 48 IDA, cabeçotes feitos em alu-
mínio Gurney-Weslake, além de comandos de vál-
vulas para competições.

O sistema de escapamento era dimensionado es-


pecialmente para esse V8, o que criava uma po-
tência incrível de 450 cavalos. Você consegue ter
noção do monstro que era esse carro? Pois é!

A Equipe Mercantil Finasa-Motorcraft não ficava


para trás, pois também possuía um Maverick para
chamar de seu, com uma carroceria mais singela,
porém com motorização muito similar.

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O dono da equipe era Luiz Antônio Greco, mas quem
comandava os 450 cavalos de potência do V8 im-
ponente que preenchia a frente do carro era o Bob
Sharp, piloto que esteve à frente do carro no Cam-
peonato Brasileiro de Turismo Especial, no ano de
1976.

Como a equipe de Hollywood não existia mais, de-


vido a questões internas da temporada anterior,
a Mercantil não possuía nenhum adversário capaz
de competir de igual para igual, quiçá de apresen-
tar ameaça.

Sendo assim, Bob conta: “Corri praticamente sozi-


nho em meio a alguns Mavericks e Opalas e a uma
multidão de Fuscas D-3, mas mesmo assim me di-
verti um bocado, mas foi um título oco” finaliza o
piloto.

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Crédito editorial: Marcelo.mg.photos | Shutterstock.com

Essa foi a melhor época para os carros super po-


tentes, já que pouco se preocupava com a ques-
tão de o combustível fóssil não ser renovável, por
isso, grandes e desafiadores motores eram cada
vez mais impulsionados.

Com isso, podemos considerar essa como a melhor


época para a combinação de potência, segurança
e prazer ao pilotar um super V8. Uma pena que a
crise do petróleo aconteceu logo em 73, afetando
consideravelmente a adesão do motor por parte
dos brasileiros.

O fato serviu para que o V6 fosse mais comum no


Brasil, ainda que o V8 tenha marcado época e dei-
xado grandes saudades em suas ultrapassagens e
do barulho lindo que seu ronco fazia.

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Chegando ao Brasil no final da década de 50, fa-
zendo parte dos modelos mais icônicos das marcas
mais importantes e emblemáticas dos últimos cem
anos, é fato que o V8 veio para morar no imaginá-
rio do brasileiro.

Existem muitas peças utilizadas como objetos de-


corativos, demonstrando como as pessoas têm
apreço por esse componente incrível que marcou a
história dos carros clássicos no país.

Existem também, os modelos utilizados duran-


te restaurações de carros clássicos, vendidos para
grandes colecionadores que sabem bem que o valor
de um V8 supera qualquer preço que se faça pagar
para ter o prazer de utilizá-lo.

Se a SIMCA não tivesse deixado a França e depo-


sitado as suas fichas no Brasil, talvez a história do
V8 aqui seria diferente, pois foi a partir de seu ím-
peto que o motor se popularizou entre os consu-
midores do país.

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Crédito editorial: Gaschwald | Shutterstock.com
Talvez não tivéssemos conhecido o tão famoso Ve-
dette, o Chambord, o Tufão, e, até mesmo, a famosa
perua de nome Jangada. É sempre importante ter
pioneiros com coragem de apresentar inovações,
pois é assim que se muda o mundo.

Depois de tudo o que aprendemos juntos sobre o


motor V8, você consegue imaginar a não existên-
cia do Dodge Dart, o maior motor de oito válvulas
produzido no nosso país?

Quem será que tomaria o posto de carro mais veloz


da época se não fosse esse o lugar de direito do Dart?

Se o Mustang, também da Ford, não tivesse como


missão deixar o Dodge para trás ao alcançar nú-
meros impressionantes de velocidade? Chegando
a atingir 100 km/h em apenas 4,5 segundos, fa-
zendo o gigante da Dodge parecer lento.

Crédito editorial: TP71 | Shutterstock.com

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Ou, até mesmo, o Camaro da Chevrolet, tão conhe-
cido por ser um carro lindo e altamente veloz, cuja
versão mais recente possui um V8 6.2 que atinge
461 cavalos de potência, alcançando de 0 a 100
km/h em apenas 2 segundos, é quase como estar
em um foguete!

O que quero dizer com esses questionamentos é


que a história poderia ser bem diferente e bem mais
atrasada se não existissem inventores com criativi-
dade e, o mais importante, sede de arriscar ao criar
peças importantes para a população em geral.

Os carros fazem parte da sociedade quase que in-


trinsecamente e é por isso que esses detalhes a
respeito de sua composição nos fascinam tanto e
nos deixam imaginando o que virá a seguir.

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BIBLIOGRAFIA
As informações e dados utilizados neste e-book se
basearam nos conteúdos abaixo listados:

Introdução
https://www.tecfil.com.br/motor-v8-o-que-e-como-funciona-e-quais-as-suas-caracteristicas/#:~:text=O%20primei-
ro%20motor%20com%20cilindros,o%20pai%20do%20motor%20V8 Acesso em 20/10/2022.

Por que o motor se chama V8?


https://www.tecfil.com.br/motor-v8-o-que-e-como-funciona-e-quais-as-suas-caracteristicas/#:~:text=O%20primei-
ro%20motor%20com%20cilindros,o%20pai%20do%20motor%20V8 Acesso em 20/10/2022.

Introduzindo um motor V8 em um carro


https://www.tecfil.com.br/motor-v8-o-que-e-como-funciona-e-quais-as-suas-caracteristicas/#:~:text=O%20primei-
ro%20motor%20com%20cilindros,o%20pai%20do%20motor%20V8 Acesso em 20/10/2022.

Sabendo um pouco mais sobre os motores


https://www.tecfil.com.br/motor-v8-o-que-e-como-funciona-e-quais-as-suas-caracteristicas/#:~:text=O%20primei-
ro%20motor%20com%20cilindros,o%20pai%20do%20motor%20V8 Acesso em 20/10/2022.

O início de tudo para os carros V


https://www.tecfil.com.br/motor-v8-o-que-e-como-funciona-e-quais-as-suas-caracteristicas/#:~:text=O%20primei-
ro%20motor%20com%20cilindros,o%20pai%20do%20motor%20V8 Acesso em 20/10/2022.

A história ao pé da letra
https://www.maverick73.com.br/historias/a-historia-do-motor-v8/ Acesso em 20/10/2022.

O V8 pelo mundo
https://www.maverick73.com.br/historias/a-historia-do-motor-v8/ Acesso em 20/10/2022.

Saiba mais sobre os detalhes técnicos da


motorização mais amada do Brasil
https://www.maverick73.com.br/historias/a-historia-do-motor-v8/ Acesso em 20/10/2022.

Dissecando o motor V8
https://www.maverick73.com.br/historias/a-historia-do-motor-v8/ Acesso em 20/10/2022.

Os quatro tempos do motor V8


https://www.maverick73.com.br/historias/a-historia-do-motor-v8/ Acesso em 20/10/2022.

62
O motor V8 é tudo isso mesmo ou o seu marketing
é muito bom?
https://www.maverick73.com.br/historias/a-historia-do-motor-v8/ Acesso em 20/10/2022.

O V8 em território brasileiro
https://autoentusiastas.com.br/2019/11/os-v-8-que-marcaram-epoca-no-brasil/#:~:text=O%20primeiro%20carro%20
a%20receber,alavanca%20no%20assoalho%20do%20GT. Acesso em 20/10/2022.

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