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Motores de

Combustão Interna

Prof. Luiz Carlos Gertz


2020
CLASSIFICAÇÃO DE MOTORES ALTERNATIVOS

A forma de configuração mais simples de motores que utilizam êmbolos é


a monocilíndrico (Figura 1), é também a forma fundamental de motor com
êmbolos. Todas as demais configurações derivam desta.
As razões de existirem configurações diferentes de motores com relação à
disposição dos cilindros se devem a uma série de fatores que vão desde
espaço físico ocupado, curva de torque, potência, perdas mecânicas e
vibrações.

Figura 1. Monocilindro.

MOTOR EM LINHA

O motor em linha é formado por mais de um cilindro em um único


conjunto. Este motor é o mais comum e largamente utilizado pelas montadoras.
O nome “em linha” vem de cilindros alinhados, posicionados um ao lado
do outro, como uma fila (Figura2). Sua estrutura simples o torna mais barato,
permitindo uma vasta utilização em todos os tipos de automóveis. Podendo ser
de dois ou mais cilindros, alguns carros chegaram a utilizar até 12 cilindros.
Porém, a busca por mais potência e melhor desempenho tornaram o uso deste
tipo de motor em veículos, limitado devido ao comprimento, porém pode-se
encontrar facilmente estes motores movidos à diesel, utilizados na industria de
mineração e construção.

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Figura 2. Motor em linha; Motor 12 cilindro em linha.

Um motor com um só cilindro é a solução mais simples de um motor 4


e 2 tempos. Essa solução não é, contudo, adequada para um automóvel,
devido à irregularidade do torque resultante de um só tempo de combustão em
cada duas rotações da árvore de manivelas, o que provoca vibrações. A
irregularidade do torque pode ser compensada pela energia armazenada num
volante; tal solução, porém, é insuficiente para permitir que um motor de 4
tempos trabalhe suavemente a baixa rotação. Não existe nenhum processo
simples de contrabalançar o movimento alternativo de um motor de cilindro
único (monocilíndrico).
Para funcionar com maior suavidade, o motor deve possuir, no mínimo,
2 cilindros, ocorrendo assim uma combustão em cada rotação da árvore de
manivelas. Quase todos os automóveis têm, pelo menos 4 cilindros, para que
nos seus motores ocorra um tempo de combustão em cada meia rotação da
árvore de manivelas.
Torque (binário-motor) e equilíbrio num motor de 4 cilindros em linha os
tempos de combustão são igualmente espaçados entre si, o que origina um
binário razoavelmente suave. A vibração produzida é, em grande parte,
absorvida pelos calços do motor, que são elásticos. O torque de um motor de 4
cilindros em V pode ser tão regular como o de um motor de 4 cilindros em
linha. Aquela disposição, porém, não permite um equilíbrio tão eficaz, seja qual
for o ângulo formado pelos grupos de cilindros.

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MOTOR EM V

Os motores em V são compostos por duas linhas de cilindros alinhados,


dispostos em ângulo, geralmente de aproximadamente 60 ou 90 graus,
formando um "V".
Os motores em V apresentam como principal vantagem o fato de o
conjunto poder ser mais curto que o dos motores em linha, podendo, portanto,
a seu árvore de manivelas curta e, consequentemente, mais rígido, o que
permite ao motor trabalhar mais suavemente a elevado regime de rotação. O
motor V8 necessita apenas de quatro mancais de biela desde que estes se
encontrem dispostos de modo a formar entre si um ângulo de 90º e sejam
suficientemente compridos para que em cada um possam trabalhar, lado a
lado, duas bielas. A árvore de manivelas necessita de um mancal de apoio
entre cada par de mancais de bielas. Os motores V6 não são de funcionamento
tão suave como os V8, que são extremamente bem equilibrados e
proporcionam quatro combustões espaçadas igualmente entre si em cada
rotação da árvore de manivelas.

Figura 3 – Motor V6, V8 e V4.

O motor V6 tem um mancal de biela para cada biela. Com um tempo de


combustão em cada terço de rotação e com os mancais de biela dispostos a
intervalos de 60 graus, o motor é de funcionamento suave e de equilíbrio
razoável. Os motores em V também podem ter variações de 2, 4, 10 ou 12
cilindros. Em alguns motores V4 é necessário um eixo equilibrador adicional,
que roda a metade do número de rotações da árvore de manivelas. Este
arranjo foi desenvolvido para diminuir o comprimento dos motores. Um motor

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de seis ou mais cilindros em linha é extremamente longo e exige que seu
alojamento ocupe considerável espaço no veículo que irá equipar.

MOTOR HORIZONTAL (BOXER)

Motor horizontal é formado por um ou mais conjunto(s) de cilindros


alinhados, contendo em cada um dois êmbolos, cada qual ligado a uma árvore
de manivelas diferente.
Neste tipo de motor, os cilindros estão dispostos em duas filas, uma de
cada lado da árvore de manivelas Esta disposição permite montar uma árvore
de manivelas mais curta que a de um motor de 4 cilindros em linha, bastando 3
pontos de apoio para a mesma. (Figura 4)
Um motor de 4 cilindros horizontais opostos é mais aconselhável, devido
às suas formas e dimensões, para a traseira do automóvel. Em qualquer motor
de 4 cilindros com esta disposição, a uniformidade do torque é aceitável, quer
nos motores de 4 cilindros, quer nos de 6.

Figura 4 - Motor 4 cilindros opostos.

Esta disposição permite um equilíbrio mecânico excelente; o movimento


de um componente num sentido é equilibrado pelo movimento do componente
homólogo em sentido contrário.
A diferença é que para estes motores as bancadas estão dispostas à 180º
sendo devido a este fato conhecidos também como motores de cilindros
opostos ou boxer. Este tipo de arranjo possibilita um motor que se aloja em
pequenos espaços.

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Esse é motor utilizado no Fusca e na Kombi, porém, este grau de
parentesco com esses carros, não significa que é um motor simples – ele
também utilizado em Porsches e Subarus, famosos por seus altos
desempenhos. Trata-se de um propulsor de cilindros horizontais opostos, que
permite outro tipo de configuração e disposição. O Boxer é um motor mais
baixo e largo que o motor em linha, podendo ser utilizados em cofres
(habitáculo do motor) mais baixos que o comum.

MOTOR VR

O motor VR uma configuração intermediária entre o motor em "V" e o


motor em linha. Apresentam o ângulo de "V" muito estreito, com os cilindros
quase em linha, e um único cabeçote para as duas linhas de cilindros.
O termo VR vem da combinação de motor em V e Reihenmotor, que em
(alemão significa, motor em linha). A combinação dos dois pode ser traduzida
como "o motor V6 em line". O VR6 foi projetado especificamente para ser
usado transversalmente em veículos de tração dianteira. Usando o motor VR6,
foi possível instalar um motor de seis cilindros em modelos existentes na linha
Volkswagen. Um motor V6 de projeto convencional exigiria o alongando da
parte dianteira do veículo. Além disso, o VR6 pode usar o intervalo do
acendimento igual ao de um motor de 6 cilindros em linha. O ângulo estreito
entre bancos do cilindro permite também a utilização de apenas um cabeçote e
dois eixos de comando de válvulas para comandar todas as válvulas. Isto
simplifica a construção do motor e reduz custos. Há diversas versões diferentes
do motor VR6. O VR6 original tem 2,8 litros de volume deslocada e 12 válvulas.
Estes motores produziram 174 hp (128 kW) de potência e torque de 240 Nm.

Figura 5 – Motor VR6.


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MOTOR EM H:

É um motor em que os cilindros estão dispostos de tal maneira que


quando visto de frente, tem a aparência de uma letra H deitada.
Um motor em H pode ser entendido como sendo uma unidade formada
por dois motores boxer, sobrepostos. Os "dois motores" têm cada um sua
própria árvore de manivelas, que são ligadas por engrenagens, de modo a
trabalhar sincronizadas.
O fato de ter duas árvores de manivelas contribui para que este tipo de
motor tenha uma relação peso/potência pior do que outras configurações mais
simples de motores. A única vantagem da configuração em H é permitir a
construção de motores curtos com mais de doze cilindros.
Isso é especialmente importante na construção de aviões, onde o seu
tamanho compacto permite uma melhor aerodinâmica.
Motores com esta configuração foram usados na Fórmula 1 pela equipe
BRM em 1966 e 1967. A motocicleta Brough Superior 1000cc Golden Dream
de 1939, usava motor H-4, mas poucas unidades foram de fato produzidas.
Para uso aeronáutico foram produzidos motores em H de 16 e de 24
cilindros.

Figura 6 – Motor H16 da BRM P115 conduzida por Jackie Stewart em 1967.

MOTOR EM W

O motor em W é formado por três ou quatro linhas de cilindros. O


surgimento deste tipo de motor é recente. Sua concepção só foi possível com o
desenvolvimento dos motores em V de pouca inclinação e cabeçote único. O

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motor em W nada mais é que a junção de dois motores em V com essas
características. Ele é voltado para alta performance e seu custo é elevado, por
isso é encontrado em veículos de luxo ou superesportivos, todos muito
potentes. E apesar de apresentar elevado volume deslocado, os motores em
W, são relativamente compactos.

Figura 7 – Êmbolos e Árvore de manivelas de um motor W12.

MOTOR RADIAL

Os motores radiais consistem de uma série, ou séries de cilindros


dispostos em torno de um cárter central. Esse tipo de motor demonstrou ser
muito rígido e confiável. Geralmente este tipo de motor é composto por séries
de três, cinco, sete e nove cilindros. Alguns motores radiais têm duas séries de
sete ou nove cilindros dispostos ao redor do cárter. Alguns modelos chegam a
utilizar quatro séries com sete cilindros em cada.
A potência produzida pelos diferentes tamanhos de motores radiais
variam de 100 à 3800 hp.
Os êmbolos, válvulas e velas de ignição são iguais aos encontrados em
qualquer motor 4 tempos. Neste caso a principal diferença está na árvore de
manivelas. No lugar do eixo longo usado em um motor de carro com vários
cilindros há apenas um eixo central ao qual todas as bielas de cada êmbolo
são conectadas. A “biela principal” possui uma forma diferente da demais que
permite que as “bielas de articulação” sejam fixadas em sua base.

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Figura 8 – Motor radial e Bicicleta motorizada (Verdel, 1912) com motor radial.

VANTAGENS E DESVANTAGENS
Cilindros em linha
Vantagens Menor número de peças, o que diminui as possibilidades de quebra,
facilitando a manutenção e diminuindo o custo.
Facilidade de regulagem.
Baixos custos de produção.
Desvantagens Baixo rendimento mecânico
Inadequado para mais de 6 cilindros, devido ao comprimento do bloco.
Cilindros em "V"
Vantagens Torque elevado com curva mais homogênea, mais relacionado com o número
de cilindros, mas também ao ângulo do "V".
Menor nível de vibrações e de ruído, proporcionalmente ao motor em linha
com mesmo número de cilindros, devido a um maior equilíbrio rotacional.
Elevado rendimento mecânico
Blocos mais compactos, propiciando cofres de motor menores e frentes mais
baixas, favorecendo a aerodinâmica.
Desvantagens Elevada dificuldade de regulagem.
Elevado número de componentes móveis.
Cilindros opostos
Vantagens Baixo nível de vibrações, devido ao melhor balanço rotacional entre todas as
configurações
Permite centro de gravidade mais baixa e cofres de motor também mais
baixos oferecendo vantagem com relação a espaço e aerodinâmicas
Elevado rendimento mecânico
Desvantagens Elevado número de componentes móveis
Pequena dificuldade de manutenção relacionada com regulagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Auto Mechanics – Martin W. Stockel Industrial Education consultant


Souht Holland , Illiniois - 1981
Automotive Handbook – Bosch – 1994

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