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1. CONCEITOS

1.2 Definições de acordo com a norma

Figura 2 – Viga de concreto armado

Fonte: Arquivo pessoal

O aço também possui boa resistência à compressão, sendo assim o mesmo pode
colaborar com o concreto em regiões comprimidas.

Em estruturas de concreto armado adotam-se armaduras em forma de barras com


seção circular, chamadas armaduras passivas, ou seja, amaduras que sofrem tensões e
deformações provenientes exclusivamente de ações externas

De modo geral, na execução de uma peça de concreto armado, a armadura é


previamente posicionada na fôrma, em seguida o concreto fresco é lançado. Após o
preenchimento da fôrma pelo concreto fresco é realizado o adensamento para que este
possa envolver a armadura e gerar aderência. Após a cura do concreto a fôrma pode ser
retirada, originando assim a peça de concreto armado.

O projeto de estruturas em concreto armado tem como base a norma regulamentadora


ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto - Procedimento.

A ABNT NBR 6118:2014 (itens 3.1.2, 3.1.3 e 3.1.5) fornece algumas definições
importantes:

Elementos de concreto simples estrutural: elementos estruturais elaborados com


concreto que não possui qualquer tipo de armadura ou que a possui em quantidade inferior
ao mínimo exigido para o concreto armado.
Elementos de concreto armado: aqueles cujo comportamento estrutural depende da
aderência entre concreto e armadura, e nos quais não se aplicam alongamentos iniciais das
armaduras antes da materialização dessa aderência.
Armadura passiva: qualquer armadura que não seja usada para produzir forças de
protensão, isto é, que não seja previamente alongada.

O bom desempenho das estruturas de concreto armado deve-se a três fatores:

● Aderência entre o concreto e o aço;


● Valores próximos dos coeficientes de dilatação térmica;
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● Proteção do aço contra corrosão feita pelo concreto envolvente.

A aderência entre o concreto e o aço é o principal fator da utilização destes materiais.


Devido à aderência, às deformações das barras de aço são praticamente iguais às
deformações do concreto que as envolve. Em virtude da baixa resistência à tração o
concreto fissura na região tracionada. Desse momento em diante os esforços de tração
passam a ser absorvidos pela armadura.

Os coeficientes de dilatação térmica do concreto e do aço possuem valores próximos.


Desse modo, quando a estrutura de concreto armado for submetida a moderadas variações
de temperatura, as tensões internas entre o aço e o concreto serão pequenas.

O concreto protege o aço contra corrosão. Apesar da fissuração quase sempre


inevitável em uma estrutura de concreto armado, a durabilidade das estruturas não fica
prejudicada desde que as aberturas de fissuras sejam limitadas e os cobrimentos das
armaduras respeitados. A fissura é uma abertura de pequena espessura no concreto. O
aparecimento de fissuras deve-se à baixa resistência do concreto à tração, sendo um
fenômeno natural, embora indesejável. A abertura das fissuras deve ser controlada,
geralmente até 0,3 mm, a fim de atender condições de funcionalidade, estética, durabilidade
e impermeabilização. Deve-se garantir que as fissuras apresentem aberturas menores que
as aberturas limites estabelecidas pela ABNT NBR 6118:2014. Dispondo-se barras de aço
de pequeno diâmetro e de maneira distribuída, as fissuras terão apenas características
capilares, não levando ao perigo de corrosão do aço. As fissuras surgem também devido ao
fenômeno da retração no concreto, que pode ser significativamente diminuída com uma cura
cuidadosa nos primeiros dias de idade do concreto, e com o uso de barras de aço dispostas
próximas às superfícies externas da peça, a chamada “armadura de pele”.

1.3 Vantagens do concreto armado

● Apresenta boa resistência à maioria das solicitações, desde que seja feito um cálculo
correto e um adequado detalhamento das armaduras;
● Tem boa trabalhabilidade, e por isso se adapta a várias formas, podendo, assim, ser
escolhida a mais conveniente do ponto de vista estrutural, dando maior liberdade ao
projetista;
● Permite obter estruturas monolíticas, onde existe aderência entre o concreto já
endurecido e o concreto lançado posteriormente, facilitando a transmissão de
esforços, onde todo o conjunto trabalha quando a peça é solicitada;
● As técnicas de execução são razoavelmente dominadas em todo o país, o que
ocasiona o baixo custo de mão-de-obra;
● É um material durável, desde que bem executado;
● Baixo custo dos materiais – água e agregados graúdos e miúdos;
● Apresenta bom comportamento em situações de incêndio, desde que
adequadamente projetado para essas situações;
● Possui resistência significativa a choques e vibrações, efeitos térmicos, atmosféricos
e a desgastes mecânicos.

1.2 Desvantagens do concreto armado

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● Retração e fluência;
● Resulta em elementos com grandes dimensões, o que acarreta um peso próprio
elevado, limitando seu uso em determinadas situações ou aumentado seu custo;
● As reformas e adaptações são de difícil execução;
● É necessário um sistema de fôrmas e escoramentos que precisam permanecer no
local até que o concreto alcance resistência adequada;
● Corrosão das armaduras.
● Baixa resistência à tração;
● Pequena ductilidade;
● Fissuração;

Tanto a retração quanto a fluência dependem da estrutura interna do concreto. A


retração do concreto é a diminuição do seu volume, geralmente motivada pela eliminação da
água contida em seu interior ou por penetração do gás carbônico no interior do concreto,
causando a oxidação da ferragem com a consequente retração do material. Portanto, para
minimizar seus efeitos, adequada atenção deve ser dada a todas as fases de preparação,
desde a escolha dos materiais e da dosagem até o adensamento e a cura do concreto
colocado nas fôrmas. A fluência depende das forças que atuam na estrutura. É um
fenômeno onde há um aumento gradual de deformação com o tempo, sob tensão constante.
Portanto, um programa adequado das fases de carregamento, tanto na fase de projeto
quanto durante a construção, pode atenuar os efeitos da fluência. As fases de carregamento
incluem um programa de retirada de escoramento também conhecido como projeto de
cimbramento.

A corrosão da armadura pode ser prevenida com controle da fissuração e com o uso de
adequado cobrimento da armadura, cujo valor depende do grau de agressividade do
ambiente (Classe de Agressividade Ambiental – CAA) em que a estrutura for executada.

A baixa resistência à tração pode ser contornada com o uso de adequada armadura, em
geral constituída de barras de aço, obtendo-se o concreto armado. Além de resistência à
tração, o aço garante ductilidade e aumenta a resistência à compressão, em relação ao
concreto simples. Em peças comprimidas, como nos pilares, os estribos, além de evitarem a
flambagem localizada das barras, podem confinar o concreto, o que também aumenta sua
ductilidade.

A fissuração pode ser contornada ainda na fase de projeto, com armação adequada e
limitação do diâmetro das barras e da tensão na armadura.

1.3 Principais Normas

No projeto de estruturas de concreto armado as normas mais importantes são:

● ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto — Procedimento;


● ABNT NBR 6120:1980 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações –
Procedimento;
● ABNT NBR 6123:1988 - Forças devidas ao vento em edificações - Procedimento;
● ABNT NBR 7480:2007 - Aço destinado a armaduras para estruturas de concreto
armado – Especificação;
● ABNT NBR 8681:2003 - Ações e segurança nas estruturas – Procedimento;
● ABNT NBR 14931:2004 - Execução de Estruturas de Concreto – Procedimento;
● ABNT NBR 15575:2013 - Desempenho de edificações habitacionais.

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● ABNT NBR 7191:1982 - Execução de desenhos para obras de concreto simples ou


armado.

Outras normas também importantes e de interesse no estudo das estruturas de


concreto são as normas estrangeiras: MC-90[14], do COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU
BÉTON, o Eurocode 2[15], do EUROPEAN COMMITTEE STANDARDIZATION, e o ACI
318[16] , do AMERICAN CONCRETE INSTITUTE.

1.4 Sistemas e elementos estruturais

Uma estrutura é a parte da construção que resiste às diversas ações e as transmite ao


solo garantindo o equilíbrio das edificações. Os elementos desta estrutura, também
chamados de elementos estruturais são as peças que compõem a estrutura. O modo como
estes elementos estruturais são arranjados é conhecido como sistema estrutural. Os
principais elementos estruturais em edificações convencionais de concreto armado são as
lajes, vigas e pilares.

a) Lajes: elementos planos que recebem ações perpendiculares ao seu plano tendo
o comportamento estrutural de uma placa.
b) Vigas: elementos em geral horizontais que delimitam as lajes, suportam
paredes e recebem ações das lajes ou de outras vigas e as transmitem para os
seus apoios.
c) Pilares: elementos em geral verticais que recebem as ações das vigas ou
das lajes e dos andares superiores e as transmitem para os elementos
inferiores ou para a fundação;
d) Fundação: São elementos como blocos, sapatas, estacas e tubulões que
transferem os esforços para o solo.

Pilares alinhados e conectados por vigas formam os pórticos, estes tem a função de
resistir às ações do vento e às outras ações que atuam na estrutura, sendo o mais utilizado
sistema de contraventamento. Em edifícios esbeltos podemos ter outros tipos de sistemas
de contraventamento como pórticos treliçados, paredes estruturais e núcleos.

Em andares com lajes e vigas, o conjunto destes elementos é denominado pavimento.


Nos edifícios, há elementos estruturais denominados complementares, tais como: escadas,
caixas d’água, muros de arrimo, consolos, marquises, vigas parede, etc.

As estruturas em concreto armado possuem um comportamento real complexo e sua


interpretação requer modelos físicos e matemáticos reproduzidos a partir de uma técnica
chamada de discretização, que consiste em desmembrar os elementos estruturais e estudar
seu comportamento isoladamente.

Figura 3 – Discretização de uma estrutura

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Fonte: CARVALHO (2013)

É importante ressaltar que para determinar a carga que a fundação irá transmitir ao solo
deve-se realizar o cálculo na seguinte sequência: lajes, vigas, pilares e fundações. Podemos
observar que o cálculo é efetuado na sequência inversa ao da construção.

BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: NBR 6118:2014 - Projeto de


estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, ABNT, 2014.

BASTOS, P. S. S. Fundamentos do concreto armado. Bauru: UNESP, 2019. Disponível


em: <https://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Fundamentos%20CA.pdf>. Acesso em:
03 jan. 2023.

CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. Cálculo e Detalhamento de


Estruturas Usuais de Concreto Armado: Segundo a NBR 6118:2014. 4. ed. São Carlos:
EdUFSCar, 2013.

PINHEIRO, L. M. Estruturas de concreto armado - Capítulo 1 - Introdução. São Carlos:


USP, 2017. Disponível em: <https://1drv.ms/b/s!AvB2ApydY_1qmi86YEnQ6sZLiEXj?
e=X1Foxw>. Acesso em: 25 jan. 2023.

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