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Prof.
Giuseppe Barbosa Guimarães
Notas de Aula
2014
Bibliografia
1. José Milton de Araújo, “CURSO DE CONCRETO ARMADO”, Vol. 1 a 4 - 3ª edição –
Novembro, 2010 - Editora Dunas, Rio Grande - RS
2. Péricles B. Fusco, "Estruturas de Concreto - Solicitações Normais", Editora Guanabara
Dois.
3. Roberto Chust Carvalho, Jasson Rodrigues de Figueiredo Filho. “CÁLCULO E
DETALHAMENTO DE ESTRUTURAS USUAIS DE CONCRETO ARMADO”, Vol. 1 -
3ª Edição – 2009 - Editora EduFSCar – São Carlos – SP.
4. NBR 6118 (2003) - Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento, ABNT - Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
5. N.A. Dumont, M.S.L. Velasco, I.R. Ortiz, S.D. Kruger, "Ábacos para o dimensiona-
mento de seções de concreto armado sob flexão composta reta e oblíqua", RI 02/87,
Departamento de Engenharia Civil, PUC/Rio.
6. Flávio Mendes Neto, “CONCRETO ESTRUTURAL AVANÇADO”, 1ª Edição – 2010 -
editora PINI
7. P. Kumar Mehta, Paulo J. M. Monteiro "Concreto – Estrutura, propriedades e materiais”,
Editora PINI.
8. F. Leonhardt, E. Monning, "Construções de Concreto", Vol. 1 a 4, Editora Interciência
Critério de aprovação
Categoria 9 do Art. 92, Seção IV, Capítulo II do Regimento da PUC-Rio, Resolução-01/2005
NF = (G1 + G2 + G3 + TP) / 4 ≥ 5
PUC-Rio / DEC – ENG 1218 Estruturas de concreto armado I – Notas de aula Prof. Giuseppe Guimarães
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
1.1 - Considerações gerais
O concreto armado tem sido usado em larga escala em estruturas tais como edifícios,
pontes, túneis, barragens, usinas nucleares, portos, tanques e paredes de contenção, entre
outras. O uso do material concreto armado se intensificou a partir do início do século XX
impulsionado pelo desenvolvimento de novas teorias sobre o seu comportamento e de novas
técnicas construtivas. O concreto armado é o material mais empregado na construção civil em
muitos países atualmente.
Por se tratar de um material composto, constituído de concreto e barras de aço nele
imersas, os princípios que governam o projeto de estruturas de concreto armado diferem em
muitos aspectos daqueles aplicáveis nos casos de um único material. Como o concreto é um
material que apresenta boa resistência à compressão porém pequena resistência à tração
(aproximadamente um décimo da resistência à compressão), as barras de aço são utilizadas nas
regiões tracionadas do elemento estrutural com o propósito de absorver as tensões de tração
causadas por esforços de flexão, tração ou torção.
A função das barras de aço pode ser melhor ilustrada através do exemplo de uma viga
simplesmente apoiada sujeita a flexão (Fig. 1.1). Para valores muito baixos da carga aplicada,
as tensões de tração ao longo do bordo inferior da viga normalmente não superam a resistência
à tração do concreto. Quando as tensões de tração atingem a resistência do concreto há o
surgimento de fissuras. Se não houvesse armadura, a ruptura da viga ocorreria neste instante.
Havendo armadura, as tensões antes resistidas pelo concreto são transferidas para a armadura,
que além de permitir maior resistência à viga mantém as fissuras com pequena abertura.
O aço também apresenta alta resistência à compressão, aproximadamente igual à
resistência à tração. O emprego de armadura em peças comprimidas aumenta a capacidade de
carga destas.
1.2 - Histórico
Zona tracionada
Seção A-A
Compressão
fundamentos da teoria do concreto armado e seus elementos essenciais são ainda válidos. Os
resultados dos seus trabalhos começaram a ser publicados em 1904.
A partir de 1900 as pesquisas se intensificaram resultando num aumento expressivo de
trabalhos publicados. Os primeiros regulamentos e normas sobre construções de concreto
armado foram publicados em 1904 baseados no trabalho de E. Morsch, na Alemanha. Entre
1907 e 1910 foram publicadas as primeiras normas técnicas na Inglaterra, Franca, Áustria,
Suécia e Estados Unidos.
O primeiro passo em direção à normalização do concreto armado no Brasil foi dado em
1929 com a publicação do Código de Obras Arthur Saboya, o qual estava incluído num código
mais amplo da prefeitura da cidade de São Paulo. Em 1940 foi fundada a ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas, que é o órgão responsável pela normalização técnica no país.
A primeira norma publicada pela ABNT foi a NB 1, que tratava do cálculo e execução de obras
concreto armado. Atualmente esta norma tem o título NBR6118 – Projeto de Estruturas de
Concreto - Procedimento. Após sua última revisão, publicada em março de 2003, passou a
tratar também das estruturas de concreto protendido.
Vantagens
• Adapta-se a qualquer tipo de forma o que representa grande liberdade na concepção
arquitetônica e estrutural.
• É econômico, dispensando geralmente manutenção ou conservação.
• Tem alta resistência às intempéries, ao fogo e ao desgaste mecânico.
• É adequado para estruturas monolíticas que, devido ao alto grau de hiperestaticidade,
apresentam maior segurança.
Desvantagens
• Peso próprio elevado.
• Dificuldades em reformas.
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Capítulo 2
PROPRIEDADES DO CONCRETO
Concreto pesado
γ = 28 kN/m3 a 50 kN/m3 . O agregado empregado pode ser barita, minério de ferro ou sucata.
Concreto normal
γ = 24 kN/m3 para o concreto simples e γ = 25 kN/m3 para o concreto armado. O agregado
normalmente empregado é o granito e o gnaiss.
Concreto leve
γ = 12 kN/m3 a 20 kN/m3 para o concreto leve estrutural; γ = 7 kN/m3 a 16 kN/m3 para o
concreto usado em isolamento térmico. O agregado pode ser constituído, em geral, de argila
expandida ou pedra pome.
____________________________________________________________________________
* De acordo com o MB-3, a velocidade de aplicação da carga no corpo de prova deve ser de 0,3 a 0,8
MPa/segundo. A duração de ensaio de um corpo de prova de concreto com resistência de 25 MPa, por
exemplo, seria de 30 a 80 segundos.
Capítulo 2 – Propriedades do concreto 6
P Prato da prensa
Corpo de
prova Deformação
lateral
Placa de aço
colada ao concreto
P P
15 cm 30 cm 15 cm
Figura 2.2 – Corpo de prova para determinação da resistência à tração direta (axial)
Tração Compressão
P
σ1 σ2
d σ2
h
2P
ft = P σ1
πdh
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Capítulo 2 – Propriedades do concreto 7
P/2 P/2
Medidas em
h = 15 centímetros
b = 15
5 20 20 20 5
f ct = k 3
f c2 (fc e ft em MPa) Eq. 2.1
-0.2
-0.4 σ2
σ 2 σ1
= -0.6
σ 1
-0.8
-1.0
-1.2 σ2 f p
Compressão
-1.4
fp = resistência prismática à compressão axial
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Capítulo 2 – Propriedades do concreto 8
1.0 t = 20 min
σ Limite de ruptura
t = 100 min
fc 0.8
0.6
t = 7 dias
0.4 t = infinito
0.2
Figura 2.6 – Efeito da velocidade de aplicação da tensão sobre a resistência do concreto (H.
Rüsch, “Research Toward a General Flexural Theory for Structural Concrete”, ACI Journal,
Proceedings, Vol. 57, No. 1, July, 1960, pp.1-28)
com
28
βcc (t ) = exp s 1 − Eq. 2.3
t / t 1
onde
fcm(t) é a resistência média à compressão na idade t
fcm é a resistência média à compressão depois de 28 dias
t é a idade do concreto (dias) ajustada de acordo com a Eq. 2.4
t1 = 1 dia
s = 0,38 para concreto de cimento CP III e IV (Cimento Portland de alto-forno e pozolânico)
s = 0,25 para concreto de cimento CP I e II (Cimento Portland comum e composto)
s = 0,20 para concreto de cimento CP V -ARI(Cimento Portland de alta resistência inicial)
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Capítulo 2 – Propriedades do concreto 9
n 4000
t T = ∑ ∆t i exp 13,65 − Eq. 2.4
i =1 T ( ∆t i )
273 +
To
tT é a idade (dias) ajustada para a temperatura T, que substitui t nas equações acima
∆ti é o número de dias com temperatura T
T(∆ti) é a temperatura (oC) durante o período de tempo ∆ti
To = 1 dia
A Tabela 2.2 e a Figura 2.7 fornecem valores da relação fcj/ fc28 para concretos feitos
com diferentes tipos de cimento.
1,4
1,2
1,0
f cj / f c28
0,8
CP III e IV
0,6
CP I e II
0,4 CP V - ARI
0,2
0,0
0 60 120 180 240 300 360
Idade (dias)
Figura 2.7 – Aumento da resistência do concreto com a idade
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Capítulo 2 – Propriedades do concreto 10
1 n
onde fcj = ∑ fc
n 1
fc = resultado de cada exemplar
n = número de exemplares
s=
∑( f c − f cj ) 2
(desvio padrão)
n −1
Quando o valor de s não for conhecido, deve-se adotar um dos valores indicados na Tabela 1 da
NBR 12655 / 1996 – Concreto – Preparo, controle e recebimento. Dependendo do controle de
qualidade do concreto a ser adotado na obra, o valor de s pode variar de 4 a 7 MPa.
30
Distribuição Normal
Frequência relativa (%)
20
30
25
10
18
10 10
5
0 2
20 22 24 26
fc (MPa)
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Capítulo 2 – Propriedades do concreto 11
Distribuição Norm al
Frequência relativa
5%
f ck f cj
1,65 s
De acordo com a NBR 6118, sessão 8.2.5, o valor médio da resistência à tração direta
(fct,m) pode ser obtida em função da resistência característica à compressão (fck) pelas
expressões
f ct ,m = 0 ,3 f ck2 / 3
fctk,inf = 0,7 fct,m
fctk,sup = 1,3 fct,m
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Capítulo 2 – Propriedades do concreto 12
Diagrama real
80
Tensão (MPa)
60
40
20
0 0 ,002 0 ,0 04 0 ,006 0 ,0 08
Deformação
0,85 f c d
σ = 0,85 f c d ( ε - 0,25 ε 2)
ε (% o )
ϕs
ϕo
ε
Figura 2.11 – Definição dos módulos de deformação tangente e secante para o concreto
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Capítulo 2 – Propriedades do concreto 13
E
G=
2(1 + ν )
4 8 12 16 20 (meses)
0.2
Na água
0
ε (%o) -0.2
Retração
-0.4
-0.6
No ar Na água No ar
(umidade relativa 70%, 18 o C)
-0.8
Figura 2.12 - Retração e expansão de um concreto com teor de cimento de 300 kg/m3
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Capítulo 2 – Propriedades do concreto 14
2.16 - Fluência
ε cc ε ci 2
ε cr
ε ci1
εcf
t1 t2
Tempo
σ1
t1 t2
Tempo
O cálculo da fluência e retração do concreto pode ser feito de acordo com o método da NBR
6118:2007, Anexo A.
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Capítulo 3
PROPRIEDADES DO AÇO
3.1 - Classificação
As barras e fios de aço empregadas como armadura para o concreto armado apresentam,
normalmente, um teor de carbono entre 0,08% e 0,50%. As barras são produtos obtidos por
laminação a quente de tarugos de lingotamento contínuo, com diâmetro nominal maior ou igual
a 5 mm, são redondas e têm sua superfície lisa ou nervurada. Os fios são produtos de diâmetro
inferior a 10 mm, obtidos por trefilação ou laminação a frio. As barras e fios de aço são
produzidos em conformidade com a norma NBR 7480 - Barras e fios de aço destinados a
armaduras de concreto armado.
De acordo com o valor da Resistência Característica ao Escoamento fyk, expresso em
0,1 MPa, os aços para concreto armado classificam-se nas seguintes categorias:
Os vergalhões CA-25 são barras de aço com superfície lisa e os vergalhões CA-50 são
barras de aço com superfície nervurada. São comercializados em barras retas e barras dobradas
com comprimento de 12m. Podem, também, ser fornecidos em rolos nas bitolas até 12,5mm.
Os Vergalhões CA-60 são fios de aço caracterizados pela alta resistência e pelos entalhes que
aumentam a aderência do aço no concreto. São normalmente empregados para fabricação de
lajes, tubos de concreto, lajes treliçadas, estruturas pré-moldadas de pequena espessura, etc.
3.2 - Propriedades
Massa específica
A massa específica do aço de armadura passiva pode ser considerada igual a 7 850
kg/m3.
Módulo de elasticidade
Na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante, o módulo de elasticidade do
aço pode ser admitido igual a 210 GPa.
diagrama é válido para intervalos de temperatura entre -20ºC e 150ºC e pode ser aplicado para
tração e compressão.
Os parâmetros que aparecem na Figura 3.1 são definidos como:
fyd = fyk /γs
fycd = fyck /γs
fyk = resistência característica à tração
fyck = resistência característica à compressão
fyd = resistência de cálculo à tração
fycd = resistência de cálculo à compressão
γs = coeficiente de minoração = 1,15
Es = módulo de elasticidade = 210 000 MPa
f yk
f yd
Tração
Tração
εs 3,5‰ εs
εyk 10 a 15‰ εyd 10‰
Compressão
Compressão
f ycd
f yck
(a) (b)
Figura 3.1 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras passivas
Características de ductilidade
Os aços CA-25 e CA-50, que atendam aos valores mínimos de fyk/fstk e εuk indicados na
NBR 7480, podem ser considerados como de alta ductilidade. Os aços CA-60 que obedeçam
também às especificações dessa Norma podem ser considerados como de ductilidade normal.
Em ensaios de dobramento a 180°, realizados de acordo com a NBR 6153 e utilizando os
diâmetros de pinos indicados na NBR 7480, não deve ocorrer ruptura ou fissuração.
Soldabilidade
Para que um aço seja considerado soldável, sua composição deve obedecer aos limites
estabelecidos na NBR 8965.
A emenda de aço soldada deve ser ensaiada à tração segundo a NBR 8548. A carga de
ruptura e o alongamento na ruptura devem satisfazer as condições estabelecidas na NBR 7480.
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Capítulo 3 – Propriedades do Aço 17
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Capítulo 4
PRINCÍPIOS DA VERIFIÇÃO DA SEGURANÇA
As estruturas, no seu conjunto ou em parte, devem resistir com uma conveniente
margem de segurança a todas as solicitações oriundas de carregamentos aplicados, além de não
apresentarem deformações excessivas ou fissuração indesejável que possam comprometer sua
utilização e durabilidade.
Ações (F): qualquer causa capaz de produzir um estado de tensões na estrutura ou modificar
os existentes.
Ações diretas (constituídas por forças)
Fg : carga permanente (peso próprio e sobrecargas fixas)
Fq : carga acidental (sobrecargas acidentais)
Ações indiretas
Fε : oriundas de deformações impostas por variação de temperatura, retração,
recalques de apoio, etc.
Capítulo 4 – Princípios da Verificação da Segurança 19
Solicitações (S) (momentos fletores, forças cortantes, forças normais, momentos torsores).
Sg : provocada por Fg
Sq : provocada por Fq
Sε : provocada por Fε
a) Valores característicos das resistências dos materiais (Rk), das ações (Fk) e das solicitações
(Sk) são valores que apresentam uma probabilidade prefixada de não serem ultrapassados no
sentido desfavorável.
Rk é um valor que tem uma probabilidade de 95% de ser ultrapassado no sentido
favorável (i.e., existe uma probabilidade de 95% dos resultados individuais obtidos nos ensaios
de corpos de prova serem superiores a Rk ).
Fk é um valor que apresenta uma probabilidade de 5% de ser ultrapassado durante a
vida útil da estrutura. Os valores nominais fixados para as ações a serem considerados no
cálculo estão indicados nas normas:
NBR 6120:1980 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações - Procedimento
NBR 8681:2003 – Ações e segurança nas estruturas - Procedimento
NBR 6123:1988 – Forças devidas ao vento em edificações - Procedimento
Sk = efeito de Fk
b) Valores de cálculo das ações, solicitações e da resistência dos materiais são os valores a
serem adotados no cálculo nos Estados Limites.
Cálculo no estado limite último: é feito então com a mais desfavorável das solicitações,
OBS: No caso de ações acidentais de diferentes origens com pouca probabilidade de ocorrência
simultânea que causam as solicitações Sqk1 > Sqk2 > Sqk3 ....., pode-se considerar:
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Capítulo 4 – Princípios da Verificação da Segurança 20
Onde Sqk também neste caso é calculada pela Eq. (4.3) e χ (khi minúsculo) é um coeficiente
que leva em conta a probabilidade de ocorrência dos valores máximos de Sqk.
χ = 0,7 para estruturas de edifícios
χ = 0,5 para as demais.
Processo de dimensionamento
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Capítulo 5
DIMENSIONAMENTO NO ESTADO LIMITE ÚLTIMO
Solicitações Normais
5.1 - Introdução
Solicitações normais são solicitações que causam tensões normais nas seções
transversais dos elementos estruturais. Essas solicitações são momento fletor e força normal e
ocorrem em peças sujeitas a flexão simples (vigas e lajes em geral) ou composta (pilares).
As relações tensão-deformação do concreto e do aço, apresentadas nos capítulos 2 e 3,
são aqui consideradas para o desenvolvimento da teoria geral sobre a qual se baseiam os
métodos de análise e dimensionamento no estado limite último de peças sujeitas a solicitações
normais. Essa teoria será aplicada a vigas e pilares nos próximos capítulos.
As hipóteses para o cálculo no estado limite último nos casos de flexão simples e
composta, normal ou oblíqua, e de tração e compressão uniforme são:
d' ε cu
3h / 7
2
a
1 3 4
b
5
10 ooo 0 2 ooo
Figura 5.1 – Domínios de deformação correspondentes ao estado limite último
0,85 f cd
3, 5‰ 0,85 f cd ou 0,80 fcd
2‰ x 0,8 x
σs σs
Figura 5.2 – Distribuição das tensões numa seção
O cálculo de uma seção de concreto armado sujeita a solicitações normais é feito por
meio de equações de equilíbrio e de equações de compatibilidade, com base nas hipóteses de
cálculo apresentadas anteriormente. O caso mais geral está mostrado na Figura 5.3, que
representa uma seção sujeita a uma força de compressão aplicada fora dos eixos principais da
seção (flexão composta oblíqua). A partir das informações dadas na figura, as equações de
equilíbrio podem ser escritas na forma
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Capítulo 5 – Dimensionamento no Estado Limite Último – Solicitações Normais 23
a variação das deformações ao longo da altura da seção é linear. Nos exemplos que se seguem,
essas equações serão desenvolvidas para alguns casos específicos.
y
ex Nd
ey
A cc
x
y dA cc
εc
x
σc
A si
εsi
σsi
Figura 5.3 - Tensões e deformações numa seção sujeita a flexão composta oblíqua
Exemplo 5.1
Seja o pilar representado abaixo, sujeito a uma força de compressão Nk centrada.
Calcular a armadura As (Desprezar qualquer efeito de flambagem).
Nk = 1000 kN (Compressão) Nd
fck = 25 MPa
Aço CA-50
30 cm
20 cm
A A
σc
σs Seção A-A
Elevação
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Capítulo 5 – Dimensionamento no Estado Limite Último – Solicitações Normais 24
Exemplo 5.2 12
Dada a seção indicada na figura, sujeita a um
Momento fletor de cálculo Md, calcular a armadura As
Adotar o diagrama retangular de tensão no concreto.
Md
Md = 74,5 kN.m 40
fck = 30 MPa
Aço CA-50
As
4
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Capítulo 5 – Dimensionamento no Estado Limite Último – Solicitações Normais 25
Exemplo 5.3 20 cm
Calcular o momento Md correspondente ao estado
limite último da seção indicada na figura. Adotar o
diagrama retangular de tensão no concreto.
Md
46
fck = 35 MPa
As = 4 × 3,14 = 12,56 cm2
Aço CA-50
4
4 φ 16
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Capítulo 5 – Dimensionamento no Estado Limite Último – Solicitações Normais 26
Exemplo 5.4
Calcular o momento Md da seção do exemplo anterior adotando As = 25,12 cm2.
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Capítulo 5 – Dimensionamento no Estado Limite Último – Solicitações Normais 27
Exemplo 5.5
Determinar a altura h (d = h – 4 cm) e a armadura As da seção representada na figura
abaixo de modo que, na ruptura, εc = 3,5‰ e εs = εyd (limite entre os domínios 3 e 4).
15 cm
fck = 30 MPa Parede
Aço CA-50 12
Md = 70 kN.m
3m
h
Laje
As
Viga 4
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Capítulo 5 – Dimensionamento no Estado Limite Último – Solicitações Normais 28
Exemplo 5.6
Determinar as armaduras As e A′s da seção indicada, de modo que o estado limite último
seja atingido nos domínios de deformação:
a) limite entre os domínios 3 e 4
b) limite entre os domínios 2 e 3 20 cm
5
fck = 25 MPa A's
Aço CA-50
Md = 462 kN.m
Nd = 770 kN 50 Mk
Nk
As
5
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