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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Civil

TRABALHO I
CABOS DE PROTENSÃO

Giovana Facchini

Jéssica San Martin

Júlia Hartmann Mozetic

Turma A

Mecânica Vetorial

Prof. Inácio Benvegnú Morsch

Porto Alegre, RS

2016/2
1. Introdução

Cabos são amplamente utilizados em diversos campos da engenharia. Esses


elementos devem ser inextensíveis e perfeitamente flexíveis e são capazes de resistir
apenas à tração. Ao fazermos análises estruturais, existem diferentes situações que
podemos nos deparar: o cabo é um dos principais elementos de transmissão de carga
(ou seja, o peso suportado é muito maior do que o seu próprio peso, o qual pode ser
desconsiderado) ou quando ele é utilizado como linha de transmissão ou estai de
antenas de rádio e TV e guindastes (nessas situações, o peso do cabo deve ser
considerado).
Uma das várias utilizações possíveis na engenharia é aplicar protensão aos
cabos, o que significa aplicar tensão com o objetivo de oferecer novas características
a esses materiais. Os primeiros usos de protensão em alvenaria foram feitos em 1886
nos Estados Unidos. Entretanto, só no fim da década de 1950 ela foi utilizada em
paredes. Além disso, apenas em 1999 foram incluídos na norma americana critérios a
respeito do dimensionamento e execução da protensão em alvenaria. No Brasil, em
julho de 2011 foi aprovada a NBR 15961-1, norma correspondente à americana.

2. Conceito – Cabos de Protensão

No dicionário Aurélio, encontramos a seguinte definição para a palavra


protensão: “Processo pelo qual se aplicam tensões prévias ao concreto”, em outras
palavras, é esticar um cabo de aço que passa no interior de um elemento de
concreto. Os cabos de protensão são caracterizados principalmente por serem feitos
de barras de aço com roscas ao longo de seu comprimento.
O principal objetivo de aplicar protensão em concreto é que a sua resistência à
tração será aumentada, visto que o concreto é muito mais resistente à compressão
do que tração (a resistência chega a ser 10 vezes maior). Para a protensão ser efetiva,
o aço utilizado deve ser ainda mais resistente que o aço que normalmente é aplicado
em estruturas de concreto armado.

2.1. Cordoalhas

As cordoalhas são cabos de alta resistência mecânica à tração, utilizadas


basicamente no concreto protendido. Elas têm por característica ser um conjunto de
fios de aço retorcidos e ter uma formação helicoidal, o que garante uma maior
rigidez. Normalmente, esses fios recebem um tratamento de galvanização, de forma
a prevenir a corrosão tanto da cordoalha quanto do concreto. As cordoalhas
utilizadas na protensão são compostas, geralmente, por 3 ou 7 fios.
A confecção das cordoalhas deve seguir a norma técnica NBR
7482, que leva em consideração basicamente: composição química,
diâmetro nominal, massa nominal, limite de resistência à tração
mínima, alongamento após ruptura e relaxação máxima.
Figura 1

Esquema de uma cordoalha


2.2. Tipos de cabos

Atualmente, existem duas maneiras de aplicar protensão a uma estrutura de


concreto. Podemos utilizar:

 Cabos Pré-Tracionados: basicamente o processo de tracionamento do cabo pelo


macaco hidráulico ocorre anteriormente ao lançamento do concreto na forma de
moldagem da estrutura, ou seja, o concreto é lançado na forma por cima do cabo
que está previamente tensionado. Esse sistema é amplamente utilizado em pré-
moldados.
 Cabos Pós-Tracionados: Os fios de aço são introduzidos no concreto sem estarem
tracionados. Somente após a estrutura estar em seu destino final, ancoragens são
posicionadas nas extremidades do aço e o fio sofre o tensionamento aplicado pelos
macacos hidráulicos. Esse procedimento é muito comum de ser empregado em
pontes e viadutos.

Figura 2

Tipos de cabos de protensão utilizados em vigas


simplesmente apoiadas:
1. Cabo retilíneo ancorado nas faces extremas da
viga;
2. Cabo curvo ancorado nas fazes extremas da Figura 3

viga;
Posicionamento de bainhas em uma laje de
3. Nicho de ancoragem ativa; concreto protendida
4. Cabo curvo ancorado na face superior da viga;
3. Aplicações

3.1 Vigas Pré-Moldadas

Para construção de grandes estruturas é comum a utilização de peças pré-


moldadas (figura 4), que devem possuir aberturas que possibilitem a passagem de
cabos, assim como a sua ancoragem nas extremidades da viga. Esses orifícios devem
ser alinhados e por eles passarão os cabos de aço que serão tracionados com a ajuda
de um torquímetro ou um macaco hidráulico. Após isso, é injetado cimento a fim de
gerar aderência entre a barra de ferro e concreto, e só após a cura do concreto os
cabos serão tracionados.

Figura 4 Figura 5

Viga de elementos pré-moldados de concreto Muro de contenção atirantado


3.1.1. Aplicação da Tensão e Ancoragem

Os macacos hidráulicos são os aparelhos


utilizados para aplicar protensão em cabos
presentes em estruturas de concreto protendido. A
força de protensão deve ser muito grande quando
aplicada para atingir uma tensão muito elevada na
armadura. Na hora da aplicação da força, o
Figura 6
alongamento do cabo deve ser medido em escala
Ancoragem com cordoalhas (destaque para
milimétrica e a carga aplicada deve ser controlada, macaco de protensão).
para evitar o rompimento da cordoalha.
Logo após o processo de tracionamento dos
cabos de protensão pelo macaco hidráulico, é
realizada a ancoragem das extremidades dos fios de
aço. O objetivo da ancoragem é manter os cabos
tracionados e presos ao concreto. A ancoragem
pode ser realizada, por exemplo, por porcas Figura 7

rosqueadas, blocos especiais de concreto ou cunhas Exemplo de ancoragem


com cunhas de aço.
de aço.

3.2 Muros de Contenção

Também são utilizados tirantes protendidos em estruturas de contenção de


maciços terrosos ou rochosos (figura 5). Depois de perfurar o terreno, instalar os
tirantes e injetar cimento deve-se tencioná-los e ancorá-los na estrutura. A protensão
do elemento juntamente com o comprimento ancorado gera uma reação de
resistência, que é transmitida à estrutura de contenção. Essa carga de tração
aumenta significativamente a segurança da estrutura. A execução de tirantes
ancorados no terreno segue a norma NBR 5629.

3.3 Concreto Protendido

O cimento Portland foi criado em 1824 na Inglaterra, e foi a partir daí que
começaram a desenvolver diferentes tipos de concreto, como o armado e
protendido1. Naquela época, não se sabia ao certo os efeitos de reforçar uma
estrutura com armaduras e cabos de aço, então elas eram construídas sem nenhuma
base teórica. Foi só em 1877 que o americano Hyatt demonstrou as melhoras em
protender uma viga, por exemplo, indicando que só é efetivo aplicar a armadura na
parte tracionada do elemento.

1
Mais características do concreto protendido na seção 4.2.
4. Curiosidades

4.1 Tabuleiro de Ponte para Pedestres

Acredita-se que as primeiras pontes construídas com o sistema de protensão


tenham sido no Reino Unido. Elas tinham 7 metros de comprimento e venciam um
vão de aproximadamente 6 metros.
As cordoalhas eram instaladas nas partes vazias da alvenaria e a protensão era
aplicada aos cabos 14 dias após a colocação do concreto. Esse sistema passou a ser
utilizado, pois era de fácil execução e a alvenaria era construída na posição vertical e
depois transportada para seu destino final.
Figura 8
Seção transversal
da ponte para
pedestres.

Figura 9
4.2 Concreto Protendido x Concreto Armado

O concreto protendido apresenta uma série de vantagens em relação ao


concreto armado. Algumas delas são:

 Diminui a ocorrência de fissurações no concreto;


 Reduz a quantidade de concreto e aço, visto que utilizamos materiais de
maior resistência;
 Podemos fazer vãos maiores, como também diminuir a altura das vigas para
uma mesma estrutura em concreto armado;
 Os pré-moldados podem ser utilizados mais amplamente, pois não há
perigo de fissuração das peças durante o transporte devido à resistência
aumentada a tração;
 Quando fazemos a protensão das cordoalhas submetemos elas à tensões
superiores do que vão ocorrer verdadeiramente no concreto, assim fazemos
uma prova de carga no material.

Essas são algumas vantagens do concreto protendido, porém a mais


significativa é a de que hoje já existem pontes com vigas protendidas que atingiram
um vão livre de 250m, enquanto as pontes de concreto armado não superam mais
do que 40 m de vão livre.
5. Referências

HIBBELER, R. C. Estática: Mecânica para Engenharia. São Paulo: Pearson Prentice


Hall. 10ª Edição. 2005. ISBN: 8587918974.
BEER, Ferdinand P.; JOHNSTON, E. Russel; EISENBERG, Elliot R. Mecânica Vetorial
para Engenheiros – Estática. Rio de Janeiro: McGraw Hill. 7ª Edição. 2016. ISBN:
8586804452.
CARDOSO, R. Alvenaria Estrutural Protendida: Princípios e Aplicação. 2013.79f. Tese
de Diplomação - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
VERRÍSIMO, G. S.; LENZ, K. Concreto Protendido: Fundamentos Básicos. 1998.
Disponível em: http://wwwp.feb.unesp.br/lutt/Concreto%20Protendido/CP-vol1.pdf.
Acesso em 24/09/2016.
SCAVASSIN, R. Programa para Cálculo e Detalhamento de Armadura de Vigas Pré-
Tracionadas. 2012.198f. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal de São
Carlos, São Paulo.
HANAI, J. Fundamentos do Concreto Protendido. E-book de Apoio para o Curso de
Engenharia Civil. Universidade de São Paulo. 2005. Disponível em:
http://www.set.eesc.usp.br/mdidatico/protendido/arquivos/cp_ebook_2005.pdf.
Acesso em 29/09/16.
BASTOS, P. Concreto Protendido – Notas de Aula. Universidade Estadual Paulista.
2005. Disponível em: wwwp.feb.unesp.br/pbastos/Protendido/Ap.%20Protendido.pdf
NBR 7482 – Fios de Aço Para Concreto Protendido - ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas. 1991.
NBR 7483 – Cordoalhas de Aço Para Concreto Protendido - ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas. 2004.
NBR 5629 – Execução de Tirantes Ancorados no Terreno - ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas. 2006.
http://www.cabosdeacocablemax.com.br/cordoalhas.html . Acesso em 24/09/2016.
http://187.17.2.135/orse/esp/ES00064.pdf Acesso em 26/09/2016.
http://www.ecivilnet.com/artigos/concreto_protendido.htm
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/138310 Acesso em 24/09/2016.
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Acesso em 24/09/2016.
http://www.clubedoconcreto.com.br/2015/03/pre-tensao-ou-pos-tensao.html?m=1
Acesso em 29/09/2016.

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