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Lajes em concreto protendido: uma visão com foco na tecnologia do

sistema de protensão

Luciano Pereira Fernandes

Vicente Tiago Ferreira Goldbach

Faculdade de Tecnologia de Curitiba – FATEC-PR

Curso de Bacharelado em Engenharia Civil
Disciplina: Concreto Protendido (2020-2N)– Prof. Isaac Oliveira, M.Sc.

Resumo. Esse artigo mostra algumas das diferentes tecnologias e materiais empregados
em lajes protendidas mais utilizadas no Brasil. Primeiro, são apresentados breves
conceitos dos protendidos, divididos em pré-tensionados e pós-tensionados. A seguir, são
feitas algumas considerações em relação aos materiais e por fim são apresentados os
diferentes tipos de estruturas protendidas e suas particularidades.

Palavras chave: concreto protendido, laje protendida, tecnologias de protensão.

tensionamento os fios são tensionados antes da

1. Introdução
Neste artigo iremos apresentar as diferentes
tecnologias e materiais empregados em lajes
protendidas mas, primeiro, para entender as
diferenças entre os tipos de protensão
passearemos pelos conceitos consolidados pela
engenharia de estruturas analisando suas
principais características, propriedades
estruturais e procedimentos de construção, no
intuito de fornecer possíveis ferramentas úteis ao
escolher um sistema de construção para um
projeto em particular.
2. Protensão
A protensão, que pode ser executada pelo
método de pré-tensão ou pós-tensão, é definida
como um estado especial de tensões e
deformações que são induzidas para melhorar o
comportamento estrutural de um elemento de
concreto. Através da protensão a capacidade de
carga é aumentada e a seção do elemento é
diminuída.
Forças opostas às produzidas pelas cargas de
trabalho são introduzidas por meio de fios ou
cabos de aço de alta resistência quando são
tensionado contra suas âncoras. No pré-
concretagem, de um molde ou moldado por
máquina extrusora, e a ancoragem é feita pela
aderência do concreto ao aço; no pós-
tensionamento a aplicação dessas forças é
realizada após uma determinada cura do
concreto, utilizando cabos de aço inseridos em
dutos (bainhas metálicas ou
engraxadas/plastificadas) para evitar sua
aderência ao concreto.
2.1. Pré-tensionados
O termo pré-tensão é usado para descrever
qualquer método de protensão no qual os fios de
aço são tensionados antes da colocação do
concreto. Neste tipo de laje o aço tem trajetória
reta e as peças geralmente são simplesmente
apoiadas (elemento estático). O alongamento do
cabo de aço é medido, bem como a força de
tensão aplicada pelos macacos hidráulicos.
Com a fôrma no lugar, o concreto é
despejado, ou então é extrusado por máquina
com concreto slump zero, ao redor dos fios de
aço tensionados e por isso os pré-tensionados
também são classificados como protendidos com
aderência inicial. O concreto de alta resistência
inicial é frequentemente utilizado, curado sob
vapor de água para acelerar o endurecimento do

concreto. Depois de alcançar resistência
suficiente, a pressão sobre os macacos é aliviada,
os fios tendem a encurtar, mas não o fazem
porque estão colados por aderência ao concreto e
também pela pressão interna exercida pelo
concreto já que ao tentar encurtar o fio, este
também tenderia a aumentar sua seção
transversal.
O método de pré-tensionamento objetiva
conseguir que as trações que as cargas de serviço
irão produzir sejam reduzidas a uma diminuição
da compressão já existente no material
2.2. Pós-tensionados
Ao contrário da pré-tensão, a pós-tensão é um
método de protensão em que o cabo de aço
inserido em dutos é tensionado após a pega do
concreto. Assim, o pós-tensionamento é quase
sempre realizado externamente contra o concreto
endurecido, e os cabos de aço são ancorados
contra o concreto imediatamente após a
protensão. Este método pode ser aplicado a
elementos pré-moldados e executados no local.
A ancoragem requer dispositivos mecânicos e
o caminho do cabo pode ser reto ou curvo. A
peça permite continuidade nos suportes
(elemento hiperestático).
Na protensão por pós-tensionamento os dutos
(bainhas) contendo os tendões (cabos de aço) não
tensionados, e seguindo o perfil desejado, são
geralmente colocados nas fôrmas de laje antes do
concreto ser despejado. Os tendões podem ser
fios paralelos amarrados em feixes, cabos
torcidos em fios ou barras de aço. A tubulação é
amarrada com arames ao reforço da viga auxiliar
(estribos não reforçados) para evitar
deslocamento acidental, e o concreto é então
despejado. Quando adquire resistência suficiente,
o próprio elemento de concreto é usado para
fornecer a reação para o macaco hidráulico.
A tensão é avaliada medindo a pressão do
macaco hidráulico e o alongamento do aço. Os
cabos são normalmente tensionados todos ao
mesmo tempo ou usando o macaco monofilar um
a um.
Dentro dos pós-tensionados ainda podemos
dividir em duas tecnologias diferentes, a
protensão pós-aderente e protensão não aderente.
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Protensão com aderência posterior
Protensão com aderência posterior é aquela
na qual os cabos são passados no interior de
bainhas metálicas, a peça estrutural é concretada
e só então os cabos são protendidos, ainda sem
aderência, com a peça estrutural. A aderência
nesse caso, se dá apenas quando é injetada calda
de cimento no interior das bainhas.[1]
FIGURA 1 – Sistema de protensão com aderência
posterior – bainha metálica achatada
As bainhas são preenchidas com argamassa
depois que os cabos são tensionados. A
argamassa é forçada para dentro do duto em uma
extremidade, em alta pressão, e o bombeamento
continua até que a pasta apareça na outra
extremidade do tubo. Quando endurecida, a pasta
une o cabo à parede interna da bainha.
Protensão não aderente
A protensão não aderente é aquela na qual a
peça estrutural é concretada e, só depois disso, a
armadura ativa é tensionada, não havendo
aderência entre a armadura ativa e o concreto
devido a existência de graxa e da bainha de
PEAD que envolvem a cordoalha. Nesse caso, a
inexistência da aderência é apenas em relação a
armadura ativa, a armadura passiva deve ser
aderente ao concreto. [1]
FIGURA 2 – Sistema de protensão não aderente
O sistema não aderente é mais rápido e ágil
que o sistema com aderência posterior, isso se dá
devido a possibilidade de se dispensar a
utilização de bainhas metálicas, assim como a
injeção de nata de cimento [1].

3. Materiais
3.1. Fios e Cordoalhas para Concreto Protendido
Os aços para concreto protendido são
fabricados no Brasil desde 1952 pela Belgo
Bekaert Arames [2] e cordoalhas engraxadas e
plastificadas desde 1997 [1].
O catálogo de tradicional fabricante no Brasil
oferece as seguintes opções de fios e cordoalhas
para concreto protendido:
Fios para Protensão Estabilizados (RB)1
Estes fios podem ser fabricados lisos ou
entalhados e a profundidade do entalhe pode ser
especificada pelo cliente. São aplicados em
elementos de concreto pré-tensionados, como
lajes aveolares, placas de fechamento, lajes duplo
T, vigotas, etc. [2]
Cordoalhas de 3 e 7 Fios Estabilizadas (RB)
Os cabos de aço nus são aplicados na
protensão com aderência posterior.
Cordoalhas de 7 Fios Engraxadas e
Plastificadas
Possuem camada de graxa e são revestidas
com PEAD (polietileno de alta densidade)
extrudado diretamente sobre a cordoalha já
engraxada em toda a sua extensão. [2]
Aplicadas na protensão não aderente estes
cabos podem ser divididos em duas categorias,
CP190 (azul) e CP210 (laranja).
3.2. Componentes para ancoragem
Os principais componentes de uma
ancoragem são as cunhas e o Pocket Form (estes
usados apenas nas ancoragens ativas e
intermediárias)
FIGURA 3 – Itens presentes na protensão não aderente
1 2
Relaxação baixa (RB) = 3,0%
3
3.3. Bainhas
As principais funções das bainhas são
possibilitar a movimentação das cordoalhas
durante a operação de protensão e receber a nata
de cimento, na operação de injeção. As
ondulações helicoidais das bainhas metálicas
lhes permitem flexibilidade longitudinal e rigidez
transversal. Bainhas usadas em vigas têm seção
transversal circular, enquanto em lajes, usa-se
bainhas chatas. As emendas de bainha são
asseguradas por meio de luvas externas, feitas
com o mesmo material das bainhas e diâmetro
ligeiramente maior. [3]
4. Lajes protendidas
A laje protendida oferece inúmeras vantagens
e muitas possibilidades estruturais, tanto no
método pré-tensionado quanto no pós-
tensionado.
4.1. Lajes pré-tensionadas
Em pré-tensão são muito aplicadas as lajes
com vigotas e as alveolares que podem vencer
vãos significativos.
Laje com vigotas protendidas
São chamadas de pré-moldadas porque sua
montagem é feita através de viguetas de concreto
pré-moldadas, espaçadas por lajotas cerâmicas
ou E.P.S. (isopor) e capeadas com uma camada
de concreto. As viguetas são fabricadas por
extrusão com 3, 5 ou 7 fios de aço tipo CP175
RN2 e com 4 mm de diâmetro e possuem altura
de 9 cm ou 12 cm. O Fck do concreto utilizado é
de no mínimo 45 MPa, para manter um nível
superior de qualidade e resistência.[4]
FIGURA 4 – Detalhes de uma laje com vigotas
protendidas
Relaxação Normal (RN)

As principais vantagens desta tecnologia está
na redução significativa de cimbramentos e bom
custo benefício.
Laje alveolar protendida
Lajes Alveolares são lajes unidirecionais, com
125 cm de largura pelo comprimento que o
projeto especifica. São produzidas em alturas
padrão de 15, 20, 26.5, 32, 40 e 50 cm em pistas
continuas de 180 m por máquinas extrusoras de
concreto, num processo contínuo. Após a cura do
concreto as lajes são cortadas nos comprimentos
corretos especificados em projeto.[5]
FIGURA 5 – Laje aveolar protendida
É o tipo de laje mais adequado para vencer
grandes vãos com o mínimo consumo de
concreto. Outra vantagem é a superfície lisa que
dispensa a necessidade de revestimento.
4.2. Lajes pós-tensionadas
Em pós-tensão as vantagens das lajes
protendidas é que atingem grandes vãos e podem
ser autoportantes.
FIGURA 6 – Formas e armaduras de uma laje
protendida não aderente e nervurada
Os traçados dos cabos podem ser retos ou
parabólicos no sentido vertical para manter o
equilíbrio dos esforços da laje.
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5. Conclusão
Independente do método ou tecnologia a ser
aplicada, quando nos deparamos em situações de
projetos de vãos maiores que o comum, devemos
sempre avaliar a aplicação de lajes protendidas.
As diversas tecnologias destas lajes apresentam
vantagens e desvantagens e a escolha deve ser
feita avaliando todo o contexto de projeto.
6. Referencias
[1] MOREIRA, A.C.L. “Manual do
concreto protendido”. Manual desenvolvido
pela empresa Protensão Impacto S.A. como
material didático do Curso de Formação de
Técnicos em protensão – 2017. Disponível em:
<http://impactoprotensao.com.br/wp-
content/uploads/2018/02/Manual-Protens%C3%A3o-
Impacto-compressed.pdf>, acesso em: 13/09/2020.
[2] AcelorMittal. “Fios e Cordoalhas para
Concreto Protendido”. Catalogo Fios e
Cordoalhas Protendidas – 05/2020. Disponível
em: <https://www.belgobekaert.com.br/wp-
content/uploads/2019/02/Fios-e-cordoalhas-
2019.pdf>, acesso em: 13/09/2020.
[3] Rudloff. “Concreto Protendido:
Preparação, Protensão e Injeção”. Catalogo –
11/2015. Disponível em:
<http://www.rudloff.com.br/downloads/catalogo_con
creto_protendido_rev-06.pdf> , acesso em:
13/09/2020.
[4] Protenpar. “Laje protendida”.
Disponível em:
http://www.protenpar.com.br/fabricacao/, acesso em:
13/09/2020.
[5] Cassol. “Lajes aveolares”. Disponível
em: http://www.cassol.ind.br/pre-fabricado/lajes/,
acesso em: 13/09/2020.