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CAPITULO 1
CONCRETO
1. INTRODUÇÃO
O concreto é o material estrutural mais utilizado na construção civil. Perde apenas para a
água. Composto de cimento Portland, areia, brita e água, é usado em estruturas, pavimentação,
obras de arte, pré-fabricados etc.
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Não é tão resistente quanto o aço, mas é usado nas obras de engenharia por várias razões:
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c) Facilidade de moldagem
Quando fresco, serve para moldar peças estruturais de formas e tamanhos variados, fluindo
com relativa facilidade pelas armaduras e formas.
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d) Menor custo
Os componentes básicos do concreto são de fácil obtenção e relativamente baratos, com
valores entre U$ 25 e 40 / tonelada, conforme a região. O consumo de energia para sua
produção é baixo, se comparado a outros materiais.
Mas apresenta algumas restrições, que devem ser analisadas para atenuar suas consequências:
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O concreto estrutural pode ser usado isoladamente, sem reforços de armaduras (concreto simples).
Frequentemente é empregado com reforço de armaduras de aço, ao longo das peças estruturais.
Quando essa armadura é alojada sem prévio alongamento, temos o concreto armado e o desempenho
da estrutura depende da aderência concreto x armadura. Quando se introduzem tensões de
compressão na estrutura, para impedir ou limitar a fissuração e o deslocamento da estrutura
tem-se o concreto protendido.
Concreto Protendido
Para que a estrutura de concreto atenda às expectativas da fase de projeto deve-se adotar um
sistema de garantia da qualidade para os procedimentos, especificações e responsabilidades
dos envolvidos na produção e utilização do edifício.
1. Planejamento
2. Projeto
3. Qualificação dos Materiais
4. Recebimento e armazenagem dos materiais
5. Execução da Estrutura
6. Operação e Manutenção
7. Segurança das Estruturas de Concreto
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2.1. Planejamento
A estrutura de concreto deve permitir o alojamento das instalações (hidráulicas, elétricas,
comunicações, ar condicionado, incêndio etc.) segundo diretrizes pré-estabelecidas no projeto
de arquitetura que determinará o tipo de estrutura com vigas, lajes, rigidez do conjunto etc.
2.2. Projeto
São necessárias recomendações que estabeleçam o detalhamento exigido (projeto, memoriais
descritivos), as normas que devem ser seguidas e exigências da estrutura. Essas
recomendações, mais as do planejamento, orientam o projeto da estrutura e seu recebimento
pelo contratante.
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O valor fcm é a média aritmética dos valores de f c (resistência à compressão) para o conjunto
de corpos-de-prova ensaiados e é utilizado na determinação da resistência característica, fck,
por meio da fórmula:
Portanto, o fck é o valor da resistência que tem 5% de probabilidade de não ser alcançado, em
ensaios de corpos-de-prova de um determinado lote de concreto.
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3. CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO
Propriedades:
3.1. Classe
O concreto tem boa resistência à compressão e nas estruturas é responsável por resistir aos
esforços que produzem compressão. Por isso, os projetos de estruturas especificam a resistência
à compressão, que é obtida em laboratório por ensaios de ruptura à compressão de corpos de
prova cilíndricos (NBR5739 - Concreto - Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos),
moldados com o concreto coletado na obra, conforme a NBR5738 - Concreto - Ensaio de compressão
de corpos-de-prova cilíndricos. Quando se fala da resistência de um concreto sem especificar
a sua idade, deduz-se que o ensaio foi realizado aos 28 dias.
Para concretos no estado sólido, varia de 2000Kg/m3 a 2800Kg/m3. Usualmente, adota-se o valor
de 2400Kg/m3, para efeito de cálculo, quando não se sabe a massa específica do concreto simples
e, 2500Kg/m3 para o concreto armado. Os concretos leves têm massa específica entre 1600Kg/m3
e 2000Kg/m3 e podem ser aplicados em peças estruturais, enchimento de pisos, lajes e painéis
pré-fabricados.
Os concretos pesados, que usam agregados graúdos tipo hematita, barita, magnetita, limalhas
de ferro, bolas de aço, ou chumbo e como agregado miúdo as areias artificias, têm massa
específica entre 3200Kg/m3 e 3750Kg/m3 e são utilizados em câmaras de raios X ou gama, paredes
de reatores atômicos, contra-peso, lajes de sub-pressão.
3.3. Composição
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A figura abaixo ilustra a proporção dos materiais em um concreto de uso corrente (rico) e um
concreto magro, de acordo com ABCP (1997).
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O concreto é fresco enquanto está no estado fluido ou plástico e permite um rearranjo das
partículas constituintes por ação dinâmica. O conjunto pasta e espaços cheios de ar é chamado
de MATRIZ.
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No concreto fresco, muito mais importante que a relação água/cimento é o teor de água/mistura
seca, ou seja, a porcentagem da massa de água em relação à massa da mistura seca (cimento +
agregado), parâmetro de grande importância na sua dosagem.
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O endurecimento resulta da coesão (força de aderência) entre os cristais que se formam na pasta
de cimento. A existência da vazios na pasta diminui a superfície de contato dos cristais e
reduz sua resistência.
O excesso de água, necessária até certo limite para dar consistência ao concreto, em relação
à necessária para as reações químicas com o cimento, dá origem a poros entre os cristais,
diminuindo-lhes a superfície de contato. Quanto mais água em relação ao cimento da pasta, mais
poros (mais permeabilidade) e menos resistência, que vai depender da relação água/cimento.
Isso não quer dizer, que os traços pobres substituem sem limites as dosagens ricas. A prática
exige que se use água suficiente para a obtenção de um concreto PLÁSTICO ou TRABALHÁVEL. Este
critério de “trabalhabilidade” dita, em todos os casos, a mínima quantidade de água que deve
ser usada. Daí a seguinte regra: “Empregue a menor quantidade de água que lhe assegur e um
concreto plástico”.
Não se pode produzir concreto endurecido de alta qualidade se o concreto no estado plástico
não tiver propriedades satisfatórias.
4.1. Trabalhabilidade
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A trabalhabilidade apresenta um valor relativo, e sua fixação depende, além das qualidades dos
materiais que compõem o concreto, das condições de mistura, transporte, lançamento e adensamento
do material, bem como das dimensões, forma e armaduras das peças a moldar.
Definições de trabalhabilidade:
BLANKS, VIDAL, PRICE e RUSSEL – “Facilidade com que um conjunto de materiais pode ser misturado
para formar o concreto e, posteriormente, ser transportado e colocado com um mínimo de perda
de homogeneidade”.
LEA e DESH – “Facilidade com que o material concreto flui, enquanto, ao mesmo tempo, fica
coerente e resistente à segregação”.
Em resumo:
Trabalhabilidade é a propriedade do concreto fresco que mostra sua maior ou menor aptidão para
ser empregado com determinada finalidade, sem perda de sua homogeneidade.
O esforço para manipular uma quantidade de concreto fresco com perda mínima de sua homogeneidade
determina sua trabalhabilidade.
Fatores Intrínsecos
- Consistência, pela relação água/cimento ou teor de água/materiais secos;
- Proporção entre agregado miúdo e graúdo (granulometria) do concreto;
- Proporção entre cimento e agregado (traço);
- Relação água/cimento;
- Forma do grão dos agregados, em geral pelo modo de obtenção (estado natural ou por
britagem);
- Aditivos que influem na trabalhabilidade, normalmente denominados plastificantes.
Fatores Extrínsecos
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Esses fatores em conjunto determinam a trabalhabilidade. Ex.: a adição de mais água nem sempre
melhora a trabalhabilidade. A partir de certo teor, e tendo em vista o adensamento por
vibração, o concreto segregará, não sendo trabalhável.
A noção de trabalhabilidade é mais subjetiva que física. O componente físico mais importante
é a consistência, que traduz propriedades da mistura fresca relacionadas com a mobilidade da
massa e a coesão entre os componentes, visando uniformidade e compacidade do concreto e o bom
rendimento da execução.
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A consistência é um dos principais fatores da trabalhabilidade, podendo ser medida pelo ensaio
de abatimento do tronco de cone (slump test) ou pelo aparelho Vebê. É usada como um simples
índice da mobilidade ou da fluidez do concreto fresco. A dificuldade para adensar o concreto
é dada pelas suas características de fluxo (mobilidade) e pela facilidade com que a eliminação
dos vazios pode ser atingida, sem prejudicar a estabilidade.
Assim, um concreto pode ser trabalhável num caso e não o ser em outro. Há ainda misturas que
não são trabalháveis em caso algum.
Pode-se dizer que um pequeno excesso de água na mistura é, geralmente, menos prejudicial do
que a sua falta.
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Para que se possa obter boa densidade, o esforço usado para adensar deve sobrepujar o atrito
interno da mistura e o atrito do concreto com as superfícies das formas e armaduras. O concreto
precisa ter capacidade de se adensar facilmente.
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Na prática, o concreto fresco deve encher completamente as formas e ter condições para se
depositar sem perder a continuidade (uniformidade). A essa propriedade confere-se o nome de
plasticidade.
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É necessário que a mistura seja estável, isto é, que não segregue facilmente, embora a tendência
a segregar não seja incompatível com uma mistura trabalhável. O mesmo não se pode dizer quando
a segregação é notada. Ausência de segregação é essencial para uma conveniente compactação da
mistura. A compactação total, essencial para atingir a máxima resistência, não será possível
após o concreto ter segregado.
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Há duas formas de segregação: na primeira (misturas secas), os grãos maiores do agregado tendem
a se separar dos demais, quando se depositam no fundo das formas ou quando se deslocam mais
rapidamente (concretos transportados em calhas). Uma das causas é a diferença de tamanhos de
grãos e da massa específica dos constituintes. Pode ser prevenida pela escolha conveniente da
granulometria dos agregados e pelos cuidados nas operações de mistura, transporte, lançamento
e adensamento do concreto fresco. Esse tipo de segregação também pode ocorrer em misturas muito
plásticas, observando-se a separação dos agregados da argamassa do concreto, podendo ser
resultado de vibração muito intensa durante o adensamento, resultando um concreto mais fraco
e sem uniformidade.
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Na segunda forma de segregação (misturas muito fluidas), a água da mistura tende a se elevar
até a superfície do concreto recém lançado, fenômeno conhecido como exsudação.
A exsudação é o aparecimento de água na superfície após o concreto ter sido lançado e adensado,
antes de ocorrer a sua pega. Dos constituintes da mistura, a água é o mais leve e, por
gravidade, os sólidos dispersos na mistura tendem a se sedimentar, enquanto a água migra para
a superfície. A exsudação decorre da incapacidade dos agregados em reter a água na mistura. A
água exsudada se acumula embaixo dos agregados maiores e embaixo das barras horizontais da
armadura.
Este fenômeno, que ocorre particularmente na parte superior dos elementos estruturais, torna
o concreto dessa região mais poroso e enfraquecido, e a aderência da pasta ao agregado ou
armadura fica prejudicada.
A exsudação pode não ser necessariamente prejudicial, desde que não cause perturbações na
estrutura do concreto. Nesse caso, a água, ao evaporar, reduz a relação água/cimento e,
consequentemente, haverá aumento de resistência.
Não existem ensaios para medir segregação; a observação visual e a inspeção por testemunhos
extraídos do concreto endurecido são geralmente adequados para determinar se a segregação pode
ser considerada um problema. Mas há um ensaio normalizado da ASTM para medir a taxa de exsudação
e a capacidade total de exsudação de uma mistura de concreto. Segundo a ASTM C 232 Standard
Test Methods for Bleeding of Concrete, uma amostra de concreto é colocada e consolidada num
recipiente de 250 mm de diâmetro e 289 mm de altura. A água de exsudação acumulada na superfície
é retirada em intervalos de 10 minutos durante os primeiros 40 minutos e, daí em diante, em
intervalos de 30 minutos. A exsudação é expressa em termos da quantidade de água acumulada na
superfície, em relação à quantidade de água existente na amostra.
Além de ser uma propriedade do concreto fresco, a trabalhabilidade é também uma propriedade
especial no que se refere ao produto acabado. É fundamental para se conseguir compactação que
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assegure uma massa específica máxima possível, com aplicação de uma quantidade de energia
compatível com o processo de adensamento a ser empregado. A necessidade da compactação pode
ser evidenciada através de um estudo da relação entre o grau de compactação e a resistência
resultante, ilustrada na figura abaixo.
Na abscissa da figura acima (eixo horizontal) estão as relações entre as massas unitárias das
diversas compactações e a massa unitária mais bem compactada, e na ordenada (eixo vertical) as
relações entre as resistências e a máxima obtida. A redução de compacidade do concreto
corresponde à redução de sua resistência. A diferença entre a relação da máxima compactação e
qualquer outra relação de compacidade menor mostra o teor de vazios acrescentados aos existentes
no concreto mais compactado. Por exemplo, 5% de vazios podem reduzi-la de cerca de 30% e apenas
2% representam queda de mais de 10%.
Para cada tipo de compactação deve haver uma quantidade ótima de água para a mistura, para que
a soma do volume de vazios da água removida e das bolhas de ar seja mínima. Com essa quantidade
ótima de água, a máxima densidade do concreto será obtida, o que contribui para maior
resistência mecânica, melhor aderência e ancoragem das armaduras, maior impermeabilidade e
resistência aos agentes agressivos.
O principal fator que influi na consistência é o teor de água/mistura seca, dado em porcentagem
da massa de água em relação à massa da mistura cimento e agregados.
É pelo teor de água/mistura seca que se verifica a influência indireta da relação água/cimento
na consistência.
Às vezes, uma pequena porção adicional de água é suficiente para tornar uma mistura trabalhável,
mas um pouco mais de água pode levar a um estado exageradamente plástico.
As misturas fluidas encarecem a mistura e tendem a segregar e exsudar. Por outro lado, as
misturas secas dificultam o lançamento e adensamento, podendo segregar o agregado graúdo. Além
disso, aumentam o consumo de energia para o adensamento, e comprometem o acabamento das
superfícies. É necessário um meio-termo.
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Em cimentos de diferentes tipos pode haver consumos de água distintos, para uma mesma
consistência. Ex.: os cimentos pozolânicos (à base de pozolanas naturais) exigem muito mais
água que cimentos comuns, para conseguir a mesma consistência;
Mas há casos em que o aumento da superfície específica do cimento, até um certo limite, com um
mesmo volume de água, apresenta abatimentos no concreto fresco cada vez maiores, contrastando
com os resultados de ensaios de cimento com consistência normal, onde o aumento da superfície
específica exige sempre mais água. A explicação para o aparente paradoxo encontra-se no fato
de que nestes últimos ensaios mede-se, principalmente, a viscosidade da pasta, enquanto que os
resultados dos ensaios de abatimento são influenciados pela capacidade de lubrificação da
mesma.
Quanto maior o teor de cimento, maior a quantidade de água necessária para uma dada
consistência. Como consequência, deduz-se a influência do agregado.
Um concreto com altos teores de cimento ou cimentos muito finos apresenta excelente coesão,
mas uma tendência a ser viscoso. Por outro lado, num concreto com baixos teores de cimento, as
misturas são ásperas e o acabamento fica prejudicado (falta argamassa para o acabamento).
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a) b) c)
Aumentando a proporção de brita, diminui a superfície total dos grãos, dando um melhor
envolvimento dos grãos pela pasta, e redução do atrito interno da mistura. Assim, o concreto
fica mais plástico (figura b). Mas se a quantidade de brita aumentar excessivamente (até 70%
por exemplo), chega um momento em que as pedras ficam diretamente em contato uma com a outra
e a argamassa disponível poderá, no máximo, preencher parte dos vazios.
Haverá perda de plasticidade e o concreto deixa de ser trabalhável, não podendo ser
convenientemente adensado porque falta lubrificação e cresce muito o atrito interno (figura
c).
Para um bom concreto, a primeira exigência é que o fator água/mistura seca seja o mais baixo
possível, quando a mistura contém grãos mais grossos. Portanto, a solução consiste em escolher
uma proporção de pedra que seja a maior possível, para uma boa plasticidade da mistura.
A forma do grão também influi, e sabe-se que as esféricas e cúbicas exigem menos água para uma
mesma consistência e, portanto, devem ser preferidas.