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NORMA DE CONCRETO NBR 12655:2006

Perguntas e Respostas

1. Por que o título da norma mudou de CONCRETO: Preparo, controle e


recebimento para CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND: Preparo, controle e
recebimento?
A Comissão de Estudo tomou essa decisão para esclarecer explicitamente que não se
trata de outros tipos de concreto, como o refratário, o aluminoso, o asfáltico etc.

2. Para quais tipos de concreto de cimento portland a norma é aplicável?


Para os concretos destinados a estruturas moldadas na obra, estruturas pré- moldadas,
componentes estruturais pré-fabricados para edificações e estruturas de engenharia,
envolvendo concretos normais , densos e leves.

3. Existe algum tipo de concreto que não é abrangido pela norma?


Sim, os concretos-massa , concretos aerados, concretos espumosos, concretos celulares
e concretos sem finos .

4. Essa norma se refere apenas ao concreto preparado por empresas de serviço de


concretagem?
Não, a norma abrange tanto o concreto dosado em central quanto o concreto preparado
pelo executante da obra.

5. Quem é o responsável pelo preparo do concreto?


Para o concreto preparado em obra o responsável é o proprietário da obra e o profissional
por ele designado. No caso de concreto dosado em central o responsável é a empresa
prestadora dos serviços de concretagem.

6. Quem é o responsável pelo recebimento do concreto?


É o proprietário da obra e o profissional responsável pela execução da obra, designado
por ele.

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7. No que consiste o recebimento do concreto?
Consiste em duas etapas:
 aceitação do concreto no estado fresco
 aceitação definitiva do concreto.
A aceitação no estado fresco consiste na verificação da conformidade das propriedades
especificadas para o concreto fresco por ocasião da descarga da betoneira, que via de
regra se resume ao ensaio de abatimento pela NBR NM 67 (“slump”). Durante a aceitação
do concreto fresco é verificada a documentação relativa ao preparo do concreto.
A aceitação definitiva do concreto consiste na verificação da conformidade de todas as
propriedades especificadas para o concreto, inclusive o atendimento à resistência à
compressão especificada e verificada em ensaio conforme a NBR 5739.

8. O que ocorre se depois de 28 dias de recebido o concreto, a resistência à


compressão dos corpos-de-prova moldados, por exemplo, não corresponderem às
especificações do concreto?
Devem ser extraídos corpos - de - prova da estrutura, determinadas suas resistências à
compressão e obedecidos os critérios estabelecidos para essas não conformidades, de
acordo com o preconizado na NBR 6118-Projeto de estruturas de concreto.
Geralmente a construtora aciona o fornecedor de concreto, que providencia a extração
dos corpos - de - prova e sua análise. O projetista compara o valor de resistência do
concreto extraído com o fck do concreto desonerado em 10%.Caso o valor não passe, o
projetista toma a decisão de rever o projeto, recomendar reforço estrutural ou a demolição
da estrutura.

9. Por que exigir o consumo mínimo de cimento?


Para atendimento aos requisitos de durabilidade da NBR 6118- Norma de Projeto de
Estruturas de Concreto (NB-1) no seu item 7.4.3.

10. O que preconiza o item 7.4.3 norma NBR 6118?


O item 7.4.3 estabelece que os requisitos de durabilidade são válidos para concretos
executados com cimento Portland que atenda, conforme seu tipo e classe, às
especificações das ABNT NBR 5732, ABNT NBR 5733, ABNT NBR 5735, ABNT NBR
5736, ABNT NBR 5737, ABNT NBR 11578, ABNT NBR 12989 ou ABNT NBR 13116, com

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consumos mínimos de cimento por metro cúbico de concreto de acordo com a
ABNT NBR 12655.
11. Quais são os parâmetros ou requisitos de durabilidade especificados na norma
NBR 6118 para o concreto?
Esses parâmetros referem-se aos valores de relação água/cimento máximo permissíveis
bem como classes mínimas de resistência do concreto, em função das classes de
agressividade a que a estrutura de concreto vai ser submetida. Eles aparecem nas
tabelas 6.1 e 7.1 da NBR 6118, a seguir transcritas:

Tabela 6.1 – Classes de agressividade ambiental


Classe de Classificação geral do tipo de Risco de
agressividade Agressividade ambiente para efeito de deterioração da
ambiental projeto estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana 1) 2) Pequeno
Marinha 1)
III Forte Grande
Industrial 1), 2)
Industrial 1), 3)
IV Muito forte Elevado
Respingos de maré
1)
Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível
acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de
serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto
revestido com argamassa e pintura).
2)
Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em: obras em
regiões de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura
protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos, ou regiões onde chove
raramente.
3)
Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,
branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes,
indústrias químicas.

Tabela 7.1 - Correspondência entre classe de agressividade e qualidade


do concreto
Classe de agressividade (Tabela 1)
Concreto Tipo
I II III IV
CA  0,65  0,60  0,55  0,45
Relação água/cimento
em massa
CP  0,60  0,55  0,50  0,45

CA  C20  C25  C30  C40


Classe de concreto
(NBR 8953)
CP  C25  C30  C35  C40

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NOTAS:
CA Componentes e elementos estruturais de concreto armado
CP Componentes e elementos estruturais de concreto protendido

12. Como aparecem essas tabelas na norma NBR 12655/2006?


A Tabela das classes de agressividade foi simplesmente transcrita da NBR 6118, ao
passo que tabela das especificações de requisitos de durabilidade está acrescida dos
valores mínimos de consumo de cimento, conforme se observa a seguir:
Tabela 2 - Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto

Classe de agressividade (Tabela 1)


Concreto Tipo
I II III IV
Relação água/cimento em CA  0,65  0,60  0,55  0,45
massa CP  0,60  0,55  0,50  0,45
Classe de concreto CA  C20  C25  C30  C40
(NBR 8953) CP  C25  C30  C35  C40
Consumo de cimento por
metro cúbico de concreto CA e CP  260  280  320  360
kg/m 3

NOTAS:
CA Componentes e elementos estruturais de concreto armado
CP Componentes e elementos estruturais de concreto protendido

13. Quem é o responsável pela especificação das classes de agressividade e os


parâmetros do concreto?
O responsável pela especificação das classes de agressividade ambiental e pela
resistência característica à compressão do concreto (fck) é o engenheiro ou profissional
responsável pelo projeto de comum acordo com o contratante da obra. Os demais
parâmetros do concreto são estabelecidos pelo responsável pela preparação do concreto
e devem seguir o que determinam as normas citadas, em função da classe de
agressividade ambiental e da classe de resistência correspondentes.

14. Quais são as classes de agressividade, por exemplo, de Brasília, Rio de Janeiro
e São Paulo?
Em Brasília a classe genérica de agressividade é I, devido a baixa umidade relativa do ar,
no Rio de Janeiro é III, por se tratar de região litorânea, ao passo que em São Paulo é II,
mas isso pode variar, devendo-se sempre levar em conta os microclimas.

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15. Limitar somente a relação água/cimento e a classe de resistência do concreto
não é suficiente para garantia da durabilidade?
Não. A limitação da relação a/c reduz a porosidade, ao passo que o teor mínimo de
cimento assegura quantidade mínima de pasta para cobrir os agregados e essa decisão
teve respaldo de normas internacionais.

16. Como se controlam no concreto endurecido esses parâmetros de garantia da


durabilidade, quais sejam: a relação água/cimento, a classe de resistência e o
consumo de cimento?
Não se conhece tecnologia disponível para a determinação precisa do consumo de
cimento e, principalmente, da relação água/cimento no concreto já endurecido. Então
esse controle é feito por documentação ou seja, o consumo de cimento deve ser maior ou
igual ao consumo mínimo e a relação a/c deve ser menor ou igual à relação a/c máxima.
É o mesmo procedimento adotado pelas normas internacionais.
Já a resistência à compressão é determinada por método de ensaio normalizado pela
ABNT.

17. A norma especifica outros parâmetros de durabilidade a serem controlados?


Sim, para algumas condições especiais. Quando o concreto estiver exposto a ambientes
como solos ou águas sulfatadas, exigências mais rigorosas de resistência mínima e
relação a/c máxima são impostas, dependendo do grau de agressividade dos sulfatos.
Há também limitação de teor cloretos, limitação essa dependente do tipo de concreto, se
simples, armado ou protendido.
As tabelas a seguir - com a mesma numeração da norma - resumem essas condições
adicionais para garantia da durabilidade:
Tabela 3 - Requisitos para o concreto, em condições especiais de exposição
Máxima relação Mínimo valor de fck
Condições de exposição água/cimento, em (para concreto com
massa, para concreto agregado normal
com agregado normal ou leve)
MPa
Condições em que é necessário um
concreto de baixa permeabilidade à 0,50 35
água
Exposição a processos de
congelamento e descongelamento em
0,45 40
condições de umidade ou a agentes
químicos de degelo
Exposição a cloretos provenientes de: 0,40 45

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agentes químicos de degelo, sais, água
salgada, água do mar, ou respingos ou
borrifação desses agentes.
Tabela 4 - Requisitos para concreto exposto a soluções contendo sulfatos

Máxima
Sulfato solúvel relação Mínimo fck
Condições de Sulfato solúvel
(SO4) presente água/cimento, (para concreto
exposição em em água (SO4)
na água em massa, com agregado
função da presente no
para concreto normal ou leve)
agressividade solo
ppm com agregado MPa
% em massa
normal*
Fraca 0,00 a 0,10 0 a 150 -- --
Moderada** 0,10 a 0,20 150 a 1 500 0,50 35
Severa*** Acima de 0,20 Acima de 1 500 0,45 40

*Baixa relação água/cimento ou elevada resistência podem ser necessárias para a obtenção de
baixa permeabilidade do concreto ou proteção contra a corrosão da armadura ou proteção a
processos de congelamento e degelo.
**Água do mar.
***Para condições severas de agressividade, devem ser obrigatoriamente usados cimentos
resistentes a sulfatos.

Tabela 5 - Teor máximo de íons cloreto para proteção das armaduras do concreto

Teor máximo de íons cloreto (Cl-)


Tipo de estrutura no concreto
% sobre a massa de cimento
Concreto protendido 0,05
Concreto armado exposto a cloretos nas
0,15
condições de serviço da estrutura
Concreto armado em condições de exposição
não severas (seco ou protegido da umidade nas 0,40
condições de serviço da estrutura)
Outros tipos de construção com concreto armado 0,30

18. Por que não contemplar outras adições, além de sílica ativa e metacaulim?
 Porque essas adições são geralmente em baixo teores e utilizadas em concretos
de alto desempenho (CAD), onde há um controle tecnológico de qualidade mais
rigoroso.
 Porque a norma deve ser sempre cautelosa e conservadora e não generalizar
exemplos pontuais de sucesso.
 Porque em concretos convencionais não há garantia de que haja homogeneidade
de escórias e pozolanas (centrais brasileiras são em sua maioria dosadoras).
 Porque a norma atual NBR 12654 não estabelece requisitos claros para escória.

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 Porque não há garantia de finura adequada da escória para garantir por sua vez a
hidratação desse componente.
 Porque não é pratica corrente pelas concreteiras em geral a realização de estudos
específicos de viabilidade técnica para estabelecimento da quantidade de adições
a ser utilizada, sem prejuízo às propriedades do concreto. Atualmente, parte do
cimento tem sido substituída por adições, sem comprovação de seu desempenho.
 Porque o padrão brasileiro é de cimentos que já contemplam adições de escória ou
pozolana, onde há garantia de bom desempenho desses componentes.

19. Houve alguma mudança no controle estatístico da resistência do concreto


em relação à versão anterior da norma?
Não .

20. Com que freqüência devem ser realizados os ensaios de abatimento para
aceitação do concreto na obra?

Para concreto preparado na obra devem ser realizados ensaios de consistência


sempre que ocorrerem alterações na umidade dos agregados e nas seguintes
situações:
a) na primeira amassada do dia;
b) ao reiniciar o preparo após uma interrupção da jornada de concretagem de pelo
menos 2 h;
c) na troca dos operadores;
d) cada vez que forem moldados corpos-de-prova para o ensaio de resistência à
compressão.
Para o concreto preparado por empresa de serviços de concretagem devem ser
realizados ensaios de consistência a cada betonada.

21. Com que freqüência devem ser realizados os ensaios de resistência à


compressão para aceitação do concreto na obra?
A resistência à compressão deve ser verificada dividindo-se a estrutura em lotes, de
acordo com a tabela 7 e ensaiando uma amostra de concreto de cada lote em função
do tipo de controle escolhido. As amostras devem ser coletadas aleatoriamente.

Tabela 7 - Valores para a formação de lotes de concreto


Solicitação principal dos elementos da estrutura
Limites superiores
Compressão ou compressão e flexão Flexão simples
Volume de concreto 50 m3 100 m3
Número de andares 1 1

7
Tempo de concretagem 3 dias de concretagem1)
1)
Este período deve estar compreendido no prazo total máximo de 7 dias, que inclui eventuais interrupções para tratamento de juntas.

22. Quais os tipos de controle estatístico da resistência à compressão previstos


em norma e quais os critérios de amostragem?
São três os tipos de controle previstos na norma:
 Amostragem parcial:
Para concretos do Grupo I de resistência, ou seja, até classe C50, devem ser
obtidos seis exemplares por lote e para os concretos do Grupo II, a partir de C55,
devem ser previstos doze exemplares para representar o lote de concreto.
 Amostragem total:
Quando o controle é realizado por amostragem total, deve ser retirada uma
amostra de cada amassada (cada betonada) de concreto, ou seja por caminhão e,
portanto, não se aplica ao concreto preparado em obra. O número de exemplares
que representa o lote deve ser estabelecido entre as partes.
 Casos excepcionais.

Pode-se dividir a estrutura em lotes correspondentes a no máximo 10 m 3 e


amostrá-los com número de exemplares entre 2 e 5.

23. Qual o conceito de exemplar na norma?


O exemplar representa a unidade de resultado de resistência à compressão para fins
de controle estatístico. Cada exemplar deve ser constituído de dois corpos-de-prova
da mesma amassada, para cada idade de rompimento, moldados no mesmo ato
conforme procedimento normalizado. Toma-se como resistência do exemplar o maior
dos dois valores obtidos no ensaio do exemplar.

24. O que a norma estabelece com relação ao conhecimento do módulo de


elasticidade do concreto?
A Norma prevê que os valores do módulo de elasticidade devem ser conhecidos para
etapas especiais de construção, como o descimbramento, a aplicação de protenção e
a movimentação de pré-moldados.
De forma coerente, outras normas como a NBR 6118 (projeto estrutural) e a NBR
14931 (execução) estabelecem a necessidade de realização do ensaio conforme a
NBR 8522 para conhecimento dessa propriedade do concreto.

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25. Em que se baseia o critério de aceitação do concreto pelo ensaio de
resistência à compressão?
Pelas formulações estatísticas estabelecidas na norma em função do tipo de controle
calcula-se a resistência característica à compressão estimada (fck est). Esse valor deve
sempre ser maior ou igual à resistência característica estabelecida pelo projetista
estrutural, ou seja, para aceitação definitiva do concreto, em todos os casos: fck est > fck.

26. Afinal quais foram os grandes avanços da norma de 2006?


Em linhas gerais:
 a preocupação com a durabilidade que não era tratada na versão anterior;
 a limitação de uso de alguns tipos de adições não controladas;
 o aprimoramento na atribuição de responsabilidades aos envolvidos no
processo; e,
 o incremento das definições de termos técnicos para maior clareza ao
entendimento da norma.

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