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23/setembro/2015

Patologias nas estruturas de concreto armado


e técnicas de recuperação e proteção
Parte 1

Adriana de Araujo

Laboratório de Corrosão e Proteção


CONTEÚDO

Parte 1
introdução (visão geral e normalizações);
corrosão do aço-carbono e manifestações
patológicas;
Parte 2
técnicas de avaliação da corrosão;

Parte 3
técnicas de recuperação e proteção.
Alguns tempo atrás se enfatizava muito a
importância da resistência mecânica do
concreto para a durabilidade das estruturas.
Depois, passou-se a considerar a interação da
estrutura com as condições de exposição e o
seu comportamento em uso ao longo dos anos
(desempenho)...

....isso levou ao desenvolvimento de muitos


modelos de vida útil e de estudos de
desempenho e de ciclos de vida útil e seus
custos, com ênfase aos custos relativos às
intervenções de manutenção em diferentes
períodos...
Em consequência, foi crescente o interesse em
melhor descrever os processos de deterioração
das estruturas e as medidas que podem
aumentar a sua vida útil, como uso adições,
técnicas de monitoramento de proteção contra
corrosão etc...
E, mais recentemente, das medidas que podem
minimizar o impacto ambiental e visam à
sustentabilidade, como uso de resíduos.

...as normalizações têm refletido as mudanças,


apresentando critérios e parâmetros relativos à
obtenção de um concreto durável....
ABNT NBR 15575 (2013): Edificações
habitacionais - Desempenho
ABNT NBR 6118 (2014): Projeto de
estruturas de concreto
ABNT NBR 12655 (2015): Preparo, controle,
recebimento e aceitação

ABNT NBR 16230 (2013): Inspetor de


estruturas de concreto

ABNT NBR 9452 (consulta pública): Vistorias


de pontes e viadutos de concreto
ABNT NBR 16280 (2014): Reforma de
edificações

ABNT NBR 5674 (2012): Manutenção de


edifícios

ABNT NBR 14037 (2011): Diretrizes para


elaboração de manuais de uso, operação e
manutenção das edificações
ABNT NBR 15575 (2013): Edificações habitacionais

Vida Útil de Projeto – VUP

VUP: período estimado de atendimento aos critérios de


desempenho, considerando requisitos das normas
aplicáveis, o estágio do conhecimento e supondo o
atendimento da periodicidade e correta execução de
manutenção
ABNT NBR 15575 (2013): Edificações habitacionais -
Desempenho

Vida Útil de Projeto – VUP

Parte 1 – Anexo C (informativo)


ABNT NBR 6118 (2014): Item 6
ABNT NBR 12655 (2015): Tabela 1
ABNT NBR 12655 (2015): Tabela 5

Classes de Condições em serviço da Teor máximo de íons


agressividade estrutura
cloreto (Cl-), % massa
de cimento
Todas Concreto protendido
0,05
Concreto armado exposto a
III e IV cloretos 0,15
Concreto armado não
II exposto a cloretos 0,30

Concreto armado exposto a


I brandas condições de
0,40
exposição
ABNT NBR 6118 (2014): Tabela 7.1
ABNT NBR 12655 (2015): Tabela 2

CP: Componentes e elementos estruturais de concreto protendido


CA: Componentes e elementos estruturais de concreto armado
EN 206-1 (2014): Concreto – Parte 1: Especificação,
desempenho, produção e conformidade

XC

XS
EN 206-1 (2014): Concreto – Parte 1: Especificação,
desempenho, produção e conformidade

http://www.apeb.pt/
EN 206-1 (2014): Concreto – Parte 1: Especificação,
desempenho, produção e conformidade

http://www.apeb.pt/
XC 4

XC 1 XC 4

XC 4

XC 4

XC 4
XC 3
XC 3

http://www.ua.pt/decivil/
http://www.ua.pt/decivil/
ABNT NBR 6118 (2014): Item 7

Em condições de exposição adversas devem ser


tomadas medidas especiais de proteção do tipo:
aplicação de revestimento hidrofugantes e
pinturas impermeabilizantes sobre as superfícies
do concreto;
revestimentos de argamassas, de cerâmicas ou
outros sobre a superfície do concreto;
galvanização da armadura;
proteção catódica da armadura e outros.

Restrição de normas nacionais....


Falando da corrosão...

De modo geral, admite-se que a proteção contra


corrosão nas estruturas pode ser garantida somente
com uma correta especificação (espessura de
cobrimento, fator água/cimento, consumo de
cimento e resistência do concreto), conforme
descrevem as normas para diferentes classes de
agressividade.
Mas será que na prática essas
medidas têm sido de fato
aplicadas/executadas
corretamente e são suficientes
para garantir a durabilidade?
O Brasil é um país tropical com uma vasta faixa
litorânea: muitas edificações estão sujeitas a
variações constantes de umidade e temperatura e
expostas aos íons cloretos...

Independente do ambiente de
exposição, a ausência de
manutenção preventiva implica
no aparecimento prematura de
patologias...
Uma manutenção corretiva inadequada
(especificação, execução e fiscalização) e alterações dos
requisitos estruturais previstos na fase de projeto
(aumento do espectro de cargas e maior agressividade
ambiental) e a ocorrência de acidentes, resultam
no agravamento do quadro patológico...

A presença de patologias eleva o ingresso de


agentes agressivos no concreto, acelerando a
deterioração da estrutura...o que implica em perda
da capacidade resistente dos elementos
estruturais, além de risco de segurança e
impedimento da utilização da edificação em
DHIR et al. (1991): a especificação do
concreto não é um guia da provável
durabilidade da estrutura. Somente as suas
características (fck, % C, a/c) não garantem
uma adequada durabilidade em ambiente
contaminado com cloreto.

VAYBURD e EMMONS (2000): em ambiente


agressivo, um processo de degradação pode
ocorrer em um curto intervalo de tempo. Na
presença de cloretos, a estratégia é adotar
concreto de qualidade e adicionar proteção.
Além disso.... na prática, não há garantia
da qualidade do concreto, pois uma série
de falhas podem ocorrer nas etapas de
projeto, execução, cura, transporte e
manutenção...implicando no não
atendimento à vida útil projetada...
Com isso, o custo global da construção é
elevado, bem como espera-se um
impacta ao meio ambiente e a segurança
do homem.
Deterioração da estrutura

A corrosão da armadura é um dos principais


processos de deterioração da estrutura
O período de iniciação da corrosão e a sua
taxa ao longo dos anos são essencialmente
dependentes das qualidade e propriedades
do concreto executado e da condições de
exposição e uso.
O avanço da corrosão afeta a segurança estrutural:
capacidade de carga, resistência à fadiga e
módulo de elasticidade
Concreto
Material naturalmente heterogêneo que apresenta
certa porosidade que dá acesso a água, ao oxigênio
e a outros agentes potencialmente agressivos ao
mesmo e a armadura, resultando na deterioração
da estrutura.
Os mecanismos de transporte de
O tamanho e a continuidade massa no concreto são:
dos poros controlam o permeabilidade sob pressão
acesso de agentes. (movimento sob gradiente de
pressão),
pressão difusão (deslocamento por
gradiente de concentração do íons),
íons
METHA, IBRACON 2009

absorção capilar (movimento por


sucção em poros abertos ao meio
ambiente)
ambiente e migração (deslocamento
dos íons por campo elétrico).
elétrico
Deterioração da estrutura de concreto

Manifestações patológicas: apresentação física


do processo de deterioração

• alterações na coloração do concreto: manchas


(eflorescência, corrosão da armadura) e presença
de fuligem e fungos;
• disgregação do concreto: fenômenos físicos
como impacto e forças interna de trações
localizadas;
• armadura corroída exposta associada à
disgregação do concreto de cobrimento: ingresso
• desagregação do concreto: ataque químico
(lixiviação);
• fissuração: retração por secagem, ações mecânicas,
variações térmicas, degradação química
(carbonatação, corrosão, álcali-agregado) etc;
• rupturas localizadas, flechas, torções e recalques:
ações mecânicas associado ou não a deficiência de
armadura ou acidentes que geram danos,
deslocamentos ou deformações excessivas dos
elementos;
• segregação e porosidade superficial: massa não
uniforme (vazios), devido à espaço reduzido entre
barras, concreto de alta/baixa trabalhabilidade,
deficiência na vibração etc
CEB, BI 193, 1992
CEB, BI 183, 1992
PATOLOGIA DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

MANIFESTAÇÕES
PATOLÓGICAS:
ORIGENS: AGENTES:
- Falhas de projeto; - Sobrecarga e vibrações; SINTOMAS/ANOMALIAS:
- Falhas de execução; - Variações térmicas; - Manchas;
- Materiais inadequados; - Bactérias e fungos; - Fissuras;
- Uso impróprio; - Chuva e vento; - Disgregação,
- Má conservação; - Gases e névuas; - Segregação;
- Ocorrências acidentais - Partículas agressivas; - Desagregação;
(impactos, incendios, etc); - Etc. - etc.
- Etc.
Concreto
deterioração por processo físico - mecânico

Desagregação/Desgaste Fissuração

mudanças de volume
abrasão erosão cavitação (retração e mov. higrotérmica),
cargas estruturais
(flexão, torção e cisalhamento)

AGENTES:
AGENTES:
gases, líquidos e
partículas... variações térmicas e de umidade
Sobrecarga e vibrações
Físico -
Desagregação/desgaste

Desgaste é fenômeno de desagregação progressiva do


concreto, usualmente, provocada por ação de partículas em
suspensão em água em movimento (chuva ácida, lençol
freático, lixiviação), comum em drenos, canaletas etc.
Abrasão: refere-se a atrito seco;
Erosão: ações de colisão, escorregamento ou rolagem das partículas em fluido
em movimento, ar ou água.
Cavitação: erosão por impacto de bolhas de ar que implodem em fluido em
movimento (velocidade > 12 m/s).
Físico -
Fissuração

As fissuras podem ser estruturais e não estruturais. As


estruturais são devido à recalque, cisalhamento, flexão,
torção, tração etc. As não estruturais são devido a diversos
fatores, como variação da temperatura, má execução da
junta de concretagem, retração térmica e por secagem,
corrosão da armadura, impacto, revestimento etc
Físico -
Fissuração
Físico -
Fissuração

ACI 222.3R (2003): se a fissura ocorre sobre a armação ou em


paralelo, a corrosão será não somente acelerada mas
também significativa.
Fissuração anteriormente ao endurecimento

 assentamento plástico ou movimentação/


deformação de fôrmas/solo: vibração e
exsudação do concreto;
 concretagem em plano inclinado;
 retração por secagem/hidráulica (contração
volumétrica pela saída de água);
 contração térmica inicial (calor de hidratação e
mudança das condições atmosféricas);
 falhas no acabamento superficial do concreto
etc.
Fissuração após endurecimento

 ação mecânica (impactos, cargas cíclicas,


desforma precoce, sobrecargas, recalque);
 origem térmica (gradientes de temperatura e
congelamento, fogo);
 pressão de cristalização de sais nos poros
(sulfato, carbonatação, lixiviação);
 retração por secagem (perda lenta da água de
amassamento);
 corrosão da armadura;
 reação álcali-agregado etc
Incêndios resultam na evaporação da água dos
poros, criando tensões internas elevadas que
resultam em fissuração e lascamento.

(COSTA C.N., 2002)

Aço: Coeficiente de dilatação é semelhante mas não


igual ao do concreto, condutibilidade térmica do aço
é superior. Aço CA-50 e cabos de proteção perdem
significativa resistência acima de 700 ◦C.
Concreto
deterioração por processo físico - químico
Carbonatação/ Lixiviação
Eflorescências Disgregação
reações com ação extrativa de reações envolvendo
componentes da pasta componentes da pasta formação de
de cimento de cimento e dos agregados produtos expansivos

redução Machas aumento da diminuição


do pH esbranquiçadas porosidade da resistência

diminuição perda da
AGENTES: da resistência integridade
dióxido de carbono (CO2)
Líquidos (águas moles e ácidas)
AGENTES:
sulfatos (SO42-)
Reação álcali-agregados
Redução do pH
Carbonatação

A carbonatação se refere ao fenômeno de diminuição da


alcalinidade do concreto. O dióxido de carbono (CO 2)
atmosférico reage com compostos da pasta que
conferem pH elevado à água de poros (hidróxido de
cálcio/portlandita - Ca(OH)2, íons alcalinos - Na+, K+ e OH-
e álcalis - K O e Na O.).
Redução do pH
Lixiviação/Eflorescência

A lixiviação é o processo de dissolução e transporte para a


superfície do concreto de componentes da pasta de cimento
e, eventualmente de agregados finos, por ação de água de
infiltração. A lixiviação resulta na redução na resistência
mecânica do concreto e facilita a penetração de agentes
agressivos.
Eflorescência Estalactites de
CaCO3
Manchas esbranquiçadas e de
corrosão – umedecimento do
concreto

Depósitos de carbonato de
cálcio (CaCO3) Resultado de reações químicas,
devido à exposição a água de lenço
freático, solo, infiltrações ou
intempéries
O contato dos compostos lixiviados com o CO2 atmosférico
gera eflorescência (mancha esbranquiçada) e umidade na
superfície do concreto:
Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O
CaCO + H O + CO → Ca(H.CO )
Química – Expansão por reação álcali agregado

Pecchio;Kihara; Battagin; Andrade,


“IBRACON, 2006

Reação lenta, envolvendo constituintes mineralógicos


reativos do agregado e compostos alcalinos do cimento,
produzindo um gel que, na presença de água, exerce
pressões hidráulicas interna. Há casos em que o gel exsuda e
há geração de fissuras e trincas irregulares na superfície do
concreto. A reação pode resultar na redução na resistência
mecânica do concreto e facilitar a penetração de agentes
agressivos.
Reação álcali-sílica - envolve a presença de sílica amorfa ou certos tipos
de vidros naturais (vulcânicos) e artificiais.
Reação álcali-silicato - é da mesma natureza, porém o processo
ocorre mais lentamente, envolvendo, fundamentalmente, a presença
do quartzo e minerais expansivos.
Reação álcali-carbonato - envolve a presença de certos calcários
dolomiticos e causa intensa fissuração do concreto. Não há formação
de gel.
SulfatosQuímica – Expansão por sulfatos

Expansão

Sulfatos (SO42-)
+
Ca(OH)2 /
Aluminatos
de cálcio
O aumento do volume da massa, resulta na
perda de coesão na pasta e perda de
aderência pasta/agregado e, possível,
fissuração irregular do concreto.

As fissuras facilitam a penetração de mais


substâncias agressivas, acentuando a deterioração.

perda de
aderência
Química – Expansão por sulfatos
Água do mar

Prof. Dr. Valdecir Angelo Quarcioni


Química – Expansão por sulfatos
Água do mar

Prof. Dr. Valdecir Angelo Quarcioni


Química – Expansão por sulfatos
Água do mar

Prof. Dr. Valdecir Angelo Quarcioni


Química – Expansão por sulfatos
Água do mar

Prof. Dr. Valdecir Angelo Quarcioni


Química – sulfatos (ácido sulfúrico)
Tubulação com compostos orgânicos

gipsita

etringita

ácido
sulfúrico

Gás Sulfídrico
www.steelconstruction.info
Disgregação do concreto - sulfato

ácido sulfúrico

2SO2 + O2 + 2H2O
→ 2H2SO4

dióxido de enxofre
2H2S + 3O2 → 2H2O + 2SO2
2CH2O + SO42–→ H2S ↑ + 2 HCO3–
Matéria BRS
orgânic gás sulfídrico
a
Decomposição
H2S anaeróbica de sulfato
(SO42-) e outros
compostos
orgânicos de enxofre
(S)
DIPAYAN JANA AND RICHARD A.
LEWIS, 27TH INTERNATIONAL
CONFERENCE ON CEMENT
MICROSCOPY
Prof. Dr. Valdecir Angelo Quarcioni
Alterações das características do concreto de
cobrimento e/ou sua contaminação

Armadura
corrosão

Mancha de oxidação: Disgregação: Exposição da


lixiviação dos fissuração e armadura (perda
produtos de corrosão desplacamento da seção e
da aderência)

AGENTES DESPASSIVANTES
DA ARMADURA:
dissolução do filme
CO2 protetor
(frente de carbonatação)

Quebra localizada do
íons cloreto (Cl ) -
filme protetor
Condução elétrica: caminho que permite a passagem de elétrons
entre o anodo e o catodo; Condução iônica: caminho que permite a
passagem de íons, mantendo o balanço iônico da célula de corrosão.
...sempre existe uma diferença de potencial....

Fe2++ 2OH- Fe(OH)2  Fe3O4 H2O Superfície do


concreto
Fe(OH)2 + ½O + H2O Fe(OH)3 Condutividade CO2
elétrica do
Fe(OH)3  Fe2O3 .n(H2O)
concreto O2

OH- CO2 CO2


H2O
2OH -

Fe
2+ O2

H2O O2
OH- H2O + ½ O2 + 2e  2OH-

Ânodo Elétrons: 2e- Cátodo

onde o metal se oxida: onde os elétrons liberados no anodo


formação de íons metálico reagem com o oxigênio e a água
Em temperaturas ambiente, o aço apenas corrói na
presença de água, sendo responsáveis por esta
corrosão as seguintes reações:

Fe  Fe++ + 2e (reação de oxidação, anódica ou reação


de corrosão propriamente dita)

2 H+ + 2e  H2 (reação de redução ou catódica. O H+


é proveniente da dissociação da água)

O2 + 2 H2O + 4e  4OH- (reação de redução ou catódica.


O 2 é o oxigênio do ar
dissolvido na água)
Em meios neutros ou alcalinos, predomina a reação de
redução do gás oxigênio dissolvido na água. Para
valores de pH muito elevados (concreto íntegro) ocorre
apenas a reação de redução do gás oxigênio.
Fe  Fe2+ + 2e Fe2++ 2OH- Fe(OH)2  Fe3O4
Fe(OH)2 + ½O + H2O Fe(OH)3
Fe(OH)3  Fe2O3 .n(H2O)
Hidróxido férrico
Diferença de potencial e corrente

(eletrosfera dos íons)


Corrente iônica
Fe2+
eletrônica

H2O
2H2O  2H+ + 2OH-

e+
H+ O2
e+ H+

2H+ + 2e  H2 O2 + 4H+ + 4e 2H2O O2 + 2H2O + 4e  4OH-


Célula de corrosão
Anodo: onde o metal se oxida: formação de
íons metálico;
Catodo: onde os elétrons liberados no anodo
reagem com o oxigênio e a água;
Condução elétrica:
o tamanho e a continuidade caminho
dos poros controlam o que permite
coeficiente a
de permeabilidade

passagem de elétrons entre o anodo e o


catodo;
Condução iônica: caminho que permite a
passagem de íons, mantendo o balanço iônico
da célula de corrosão.
...sempre existe uma diferença de potencial....
• na ausência de água, não ocorrerão a
reação catódica (O2 + 2 H2O + 4e  4OH-)
e, portanto, não ocorrerá a corrosão;
• o aumento da resistividade elétrica do
concreto dificultará a circulação da
corrente elétrica (iônica) e, portanto,
diminuirá a taxa de corrosão.
• se os produtos de corrosão formarem uma
camada barreira para a transferência de cargas na
interface aço/meio, as reações de corrosão
ocorrerão com taxa mais baixas ou não ocorrerão,
pois a circulação da corrente elétrica é dificultada
ou interrompida. Quando a taxa de corrosão for
muito baixa, diz-se que o metal está passivado;
• se ocorrer a quebra da camada passiva, o aço
corroerá como se estivesse exposto à atmosfera
sem nenhuma proteção, tendo como agravante o
fato do tempo de molhamento em concreto ser
maior, pois a umidade é retida no mesmo por mais
tempo. Como o aço é hidrofílico, naturalmente
deve-se ter a formação de um filme de água em
superfície;
• uma vez iniciada a corrosão do aço, a sua taxa
dependerá de muitos
resistividade dofatores...
concreto; teor de umidade e
acesso de oxigênio; temperatura; existência de
pares galvânicos; relação a/c; presença de
anomalias...
2a8
vezes
Os produtos de maiores!
corrosão do aço-
carbono são porosos
e expansivos.
Inicialmente, preenche poros e microfissuras, com
o aumento do acúmulo, ocorre tensão que fissura
o concreto, podendo provocar a delaminação e o
lascamento do concreto de cobrimento.
A corrosão generalizada tendo a gerar uma fissura
ao longo da camada de cobrimento, posicionada
no alinhamento da armadura.
A fissuração ao longo do posicionamento da
armadura facilita o acesso de agentes, o que
acelera a corrosão, tendo-se um aumento da
presença de produtos de corrosão expansivos.
Os esforços de tração gerados pelos mesmos,
desplaca o concreto de cobrimento.
Taxa de corrosão
 depende da presença de água e de oxigênio
simultaneamente: o que significa em dizer que
concretos molhados porém sem O2 e em
concretos secos com muito O2, a taxa é
desprezível;
 pH: quanto menor, maior é a taxa de corrosão;
 solubilidade e higroscopicidade dos produtos de
corrosão formados: produtos insolúveis formam
barreira protetora e produtos hidroscópicos retêm
umidade. Os ciclos de molhamento lixiviam os
produtos de corrosão, acelerando a corrosão.
Taxa de corrosão
 condição de molhamento e secagem: quanto o
concreto seca entra oxigênio e quando este volta a
molhar, o oxigênio contido na rede de poros se
dissolve, acelerando a corrosão;
 temperatura: o aumento acarreta a mobilidade
dos íons (um aumento de 10 oC pode dobrar a taxa
de corrosão) e, as suas variações, resultam em
ciclos de maior e menor umidade do concreto,
acelerando também a corrosão.
Curvas eletroquímicas de polarização

Curva mostrando Curva mostrando metal


comportamento de metal ativo
passivável
Evans diagrama – passivação do aço-carbono
Potencial

A
Anodo:
oxidação do
Anodo: evolução do
oxigênio
Normalmente, a
metal amadura se
Ecorr Potencial de mantém estável
corrosão
(Icorr insignificante)
Fe → Fe 2+ + 2e
2H
O+
2
Anodo passivado
O
2 +4
e→
porque a
4O
H-
C intersecção das
Catodo:
redução do curvas A e C
metal Anodo ativo ocorre na região
de passivação

Icorr Densidade de corrente

Taxa de corrosão de passivação =


iPassiv do aço 0,1 A/cm2  1,1 m/ano

GU et al, Electrochemical
incompatibility
Evans diagrama - corrosão cloreto e carbonatação
Potencial
Aumento do teor de íons Cl-, maior é a redução
A1
da região passiva, sendo esta perdida no A 4
A2
Ecorr
A3

Fe → Fe 2+ + 2e
Ecorr 2
Potencial de 2H
2 O+
Ecorr 3 corrosão
O
2 +4
e→ A4
mais 4O
H-
negativo
Ecorr 4 A4 Corrosão cloreto ou
carbonatação
C

Icorr Icorr Densidade de corrente


1 2
Taxa de corrosão muito alta =
iLimite do O2 > 10 A/cm2  110 m/ano
GU et al, Electrochemical
incompatibility
Grau de corrosão da A/cm2 m/ano
armadura de aço
Desprezível 0,1 a 0,2 1,1 a 2,2
Início da corrosão ativa > 0,2 > 2,2
Ataque importante mais
não severa
~ 1,0 ~11,0
Ataque muito severo  10,0 110,0

Potencial de corrosão
Risco de ocorrência da
mVECS VECSC corrosão na armadura
mVEPH
Falta de umidificação ou a resistência é
Ecorr>300 Ecorr>59 Valores positivos
muito alta. Desprezar tais valores
90% de probabilidade de não estar
300>Ecorr>100 59>Ecorr>-141 0>Ecorr>-200
ocorrendo corrosão
100>Ecorr>50 -141>Ecorr>-291 -200>Ecorr>-350 A ocorrência de corrosão é incerta
90% de probabilidade de estar ocorrendo
50>Ecorr -291>Ecorr -350>Ecorr
MANCHAS DE OXIDAÇÃO/CORROSÃO

Os produtos de corrosão podem ser lixiviados,


manchando a superfície do concreto, que assume a
cor marrom-avermelhado. Ocorre preferencialmente
em concreto exposto a umidificação, poroso ou
fissurado ou com baixa espessura de cobrimento e,
especialmente, na face inferior dos elementos.
CONCRETO DISGREGADO

A disgregação se caracteriza pelo lascamento do concreto em


razão de esforços internos ou externos superiores a
resistência do material. Usualmente, é resultante da corrosão
da armadura ou choque ou impacto ou, ainda, esmagamento
por aparelho de apoio e junta de dilatação.
CONCRETO DISGREGADO e
CORROSÃO EM
CONCRETO PROTENDIDO
CONCRETO DISGREGADO

A disgregação do concreto por esmagamento na região de


aparelho de apoio e em junta de dilatação, com armadura
exposta e corroída.
CONCRETO SEGREGADO

A segregação se caracteriza pela concentração heterogênea


dos componentes da mistura do concreto, resultando em
área não coesa e com vazios. Esses vazios podem afetar a
proteção por barreira física e eletroquímica conferida pelo
concreto à armadura.
Proteção física: barreira que limita
o acesso de agentes (difusão)

Espessura Qualidade
Técnica de
de do
execução
cobrimento concreto

Relação A/C Cura

20 cm a 55 cm Adidtivos Vibração
Tipo de cimento Vazios
Resistência
Dimesões do agregado
Reserva alcalina

Patologias: variação da espessura de cobrimento, fissuração,


segregação, porosidade superfícial etc
Proteção química: indução da
passivação da armadura

Face líquida altamente alcalina com pH em torno de


12,5 a 13,5

Fase líquida do concreto, de boa qualidade, tem pH


elevado em razão da dissolução de hidróxido de cálcio -
Ca(OH)2, de sódio - NaOH e de potássio - KOH. Nessa
condição, é formado um filme de óxidos de ferro à
superfície do aço. A estabilidade desse filme é garantida
até pH em torno de 11,5, sem presença de cloretos no
concreto. (BENTER; DIAMOND; BERKE, 1997).
A passivação é resultante da interação aço-
carbono com compostos hidratados do
cimento com formação de um filme de óxidos
de ferro estável. Adicionalmente, há proteção
(efeito tampão) pelo acúmulo dos mesmos
compostos na superfície do aço.

11,5 13,5
0 7 FILME ESTÁVEL
Fe2O3

CORROSÃO PASSIVAÇÃO
á c i d o a l c a l i n o
(hidróxido de cálcio)
Natureza do filme passivante do aço-carbono

• A teoria mais aceita é a da formação de um


filme transparente, fino, aderente e estável,
composto por Fe3O4 (magnetita) e/ou Fe2O3
(hematita) ou ainda -FeOOH (lepidocrocita).
• Alguns autores declaram que as reações de
passivação envolvem compostos da pasta de
cimento, os quais também se acumulam na
interface aço/concreto (efeito tampão).
Enquanto o pH do concreto estiver
suficientemente alcalino e não ocorrer a
contaminação do meio com algum tipo de
substância capaz de quebrar a camada passiva,
o aço permanecerá passivo.
Se por uma razão qualquer, ocorrer a quebra da
camada passiva, o aço corroerá como se
estivesse exposto à atmosfera, tendo como
agravante o fato do tempo de molhamento, pois
a umidade é retida por mais tempo pelo
concreto (absorve rapidamente a umidade,
porém demora para eliminá-la) do que em aço
exposta à atmosfera.
Mecanismos de despassivação do aço-carbono

 Despassivação por carbonatação;


 Despassivação
o tamanho por íons
e a continuidade dos poros controlam cloreto.
o coeficiente de permeabilidade

Concreto:
Carbonatação: despassivação generalizada;
Sulfatos: reações expansivas com o cimento;
Alcalis agregado: reações expansivas com os inertes;
Armadura:
Íons cloreto: despassivação localizada.
Carbonatação
Processo físico-químico, resultante da difusão
do CO2 atmosférico pela rede de poros
insaturados do concreto, com interação com
Pollutants which are considered to have an important role in the degradation
compostos básicos (NaOH, KOH, Ca(OH) )
of building materials are C02 , S02 , NOx, hydrogen chloride (HC1), hydrogen 2
presentes na fase aquosa do concreto,
fluoride (HF) and (03 ) along with Air Pollution Effects on Brick, Concrete and
Mortar 109 "secondary pollutants" formed from the above in the atmosphere,
resultando
such as H2S04 and naHNO3 diminuição
for example do seu pH. Com a
redução do pH o aço está suscetível à corrosão.
A diminuição do pH também ocorrer por reações com
o dióxido de enxofre (SO2) e do gás sulfídrico (H2S).
O CO2 e o SO2 são os principais poluentes atmosférico, ambos
são captadas pela umidade, formando ácido carbônico
(H2CO3) e sulfuroso (H2S04), respectivamente.
Dissolução do CO2: Umedecimento do
CO2 + 2OH-  CO32- + H2O concreto! (aumento da
Dissolução do Ca(OH)2: hidratação do cimento)

Ca(OH)2  Ca2+ + 2OH- CO2


Formação do carbonato de cálcio:
Ca2+ + CO32-  CaCO3
Ca2+ + 2OH- + CO2  CaCO3 + H2 pH < 10,5
corrosão da
armadura
CaCO3 é um produto de baixa
solubilidade e possui volume maior
(~ 11 %) do que Ca(OH)2:
 refinamento dos poros e, possível, colmatação de
outros, dificultando a entrada de CO2 do ar e outros;
 fissuração do concreto.
José Roberto Perim, 2013
CO2 + H2O → H2CO → H+ + HCO3- → 2H+ + CO32-
CO32- + Ca2+ → CaCO3
H2CO 3 + Ca(OH)2 → CaCO 3 + 2 H2O
H2CO 3 + CaO.SiO 2 .nH2O → CaCO 3 + SiO 2 .nH2 0 + H2O

H+ H2 O

O2
OH-
A armadura está suscetível à corrosão!
O processo de corrosão é controlado pela
umidade na superfície do aço e
disponibilidade de oxigênio na mesma
O filme passivante começa a ficar Tempo N
instável!
Tempo 2
Tempo 0 Tempo 1

pH em torno de 13 (zona parcialmente pH ≤ 9


carbonatada pH ≤ 11,5)
Avanço da frente é dependente das
características do concreto:
• tipo e teor de cimento e de adições minerais;
• relação a/c (maior ou menor permeabilidade);
• cura (em cura adequada o gel hidratado preenche
espaços ocupados originalmente pela água,
reduzindo comunicação intercapilar);
• fissura e rede de poros comunicantes (caminho
facilitado de penetração de agente agressivos).

No tempo N, o avanço da frente é menor que nos Tempos 1


e 2, em razão da maior dificuldade de acesso do CO2 em
camadas mais internas, considerando que as mais externas,
já carbonatadas, reduzem a comunicação da rede de poros
Avanço da frente é dependente do meio de exposição:
exposição

• atmosfera: urbana, o teor de CO2 no ar pode


chegar a 10x ao teor natural e, em industrial, pode
chegar a 100 x;
• exposição: região imersas e sujeita à zona de
respingos e marolas estão pouco sujeitas à
carbonatação: estruturas marinhas geralmente
apresentam frente de carbonatação muito menor
do que a de penetração de íons cloreto;
• deterioração : fissuração, segregação etc;
• temperatura e umidade relativa do ar:
Tempo N
Em concreto muito úmido (> 75 %) ou
saturado, a frente de carbonatação é
muito pouco significativa, avançando
muito lentamente ao longo dos anos.
Isso ocorre devido à baixa penetração do gás ao
longo da camada de cobrimento da armadura e,
consequentemente, sua baixa difusibilidade na
solução aquosa que preenche a rede de poros
(incluindo capilares e microfissuras).

A difusão do CO2 na água é cerca de 104 vezes menor


que no ar
Em concreto pouco úmido (< 50 %) ou seco
(< 25 %), a frente de carbonatação também é
muito pouco significativa, avançando muito
lentamente ao longo dos anos.
Isso porque, mesmo com o fácil acesso do gás na
rede de poros da camada de cobrimento da
armadura, a sua reação com Ca(OH)2 ocorre
lentamente, em razão da restrição de solução
aquosa que preenche e interliga os poros, sendo a
mesma necessária as reações.
Nessa condição, há também restrição de umedecimento
da superfície da armadura, restringindo a ocorrência das
reações de corrosão da armadura.
A frente de carbonatação avançará mais
rapidamente em concreto em que a
rede de poros está parcialmente
preenchida.
há disponibilidade do CO2 na parte não
preenchida dos poros e facilidade de sua
difusão solução aquosa contida nos mesmos.
Umidade relativa atmosférica – maior frente de carbonatação
entre 50 % e 70 %.
Temperatura ambiente – pouco efeito, mas em climas tropicais
as reações químicas são mais aceleradas do que os de menor
temperatura.
Ambientes interiores: a velocidade de carbonatação é
máxima
Ambientes exteriores com chuva: a velocidade de
carbonatação é baixa
Ambientes exteriores protegidos: a velocidade de
carbonatação é mais elevada
Condição enterrada ou submersa: a velocidade de
carbonatação é muito baixa Concentração atmosférica entre
0,03 % a 1 %
(NEVILLE, 1997)

Modelo analítico para carbonatação: Tempo N


ex = espessura da frente de carbonatação (mm)
ex = K . t 1/2
K = constante determinada em campo ou no laboratório
t = tempo (anos)
DIPAYAN J.; BERNARD E., Concrete internacional, 2007

Em fissura de abertura 0,2 mm, a frente de


carbonatação avança em torno de 3 x mais rápido
que em concreto de boa qualidade íntegro (não
fissurado). (VAYSBURD; EMMONS, 2004)
aproveitando...............Corrosão generalizada

Qualquer metal pode sofrer corrosão generalizada,


depende do meio.
Não é totalmente uniforme: haverá alvéolos de
dimensões variadas e rugosidade variável, conforme
acúmulo de produtos de corrosão e deposições etc
Produto preto
magnetita
(restrição de oxigênio)
Produto esverdeado
óxido ou hidróxido de Fe2+ Produto alaranjado a
(oxidação incipiente por restrição
de oxigênio na solução)
vermelho
óxido ou hidróxido de Fe3+
(presença de oxigênio na solução)

Inicio da corrosão do aço-carbono, áreas anódicas e catódicas bem definidas


POPOVICS, S. Durability of reinforced concrete in sea water. In: Alan P. Crane, ed. Corrosión of
reinforcement in concrete construction. London, Society of Chemical Industry, Ellis Horwood,
1983.p.19-38.
Mecanismos de despassivação do aço-carbono

 Despassivação por carbonatação;


 Despassivação
o tamanho por íons
e a continuidade dos poros controlam cloreto.
o coeficiente de permeabilidade

Concreto:
Carbonatação: despassivação generalizada;
Sulfatos: reações expansivas com o cimento;
Alcalis agregado: reações expansivas com os inertes;
Armadura:
Íons cloreto: despassivação localizada.
Os íons Cl- são incorporados no filme espesso, formando
defeitos iônicos favorecendo o seu transporte através da
camada de óxidos. Em filme fino, o íons Cl- competem com
os íons hidroxila e não permitem a passivação nestes
locais. Os íons Cl- penetram no óxido,
Mecanismos de ocupando vacâncias de O2-,
quebra do filme alcançando a superfície
passivo óxido/metal, isso possibilita a
formação de complexos com os íons
Adsorção de íons Cl- de Fe2+, os quais são solúveis.
com deslocamento
simultâneo de O2- o
que determina o
Os íons Cl- determinam a formação
início da quebra do de trincas e defeitos no filme quando
filme passivo (Uhlig as forças que repulsam os adsorvidos
Kolotorkyn). são elevadas (Hoar e Sato).
Teor de cloreto limite

No concreto, os íons Cl- podem reagir com


compostos do cimento, formando cloroaluminatos,
não os deixando livres para reagirem na camada
passiva da armadura. Desse modo, somente os
cloretos livres são usualmente considerados na
avalição do risco de corrosão da armadura
Na literatura os teores críticos variam
muito, usualmente 0,05 % (CP) a 0,4 %
(massa de cimento) ou
em relação [Cl-]/[OH-] ≤ 0,6
HAUSSMANN, 1967
Íons cloreto - Origem

• contaminação da massa de cimento durante a


construção: uso de água do mar, de areia
contaminada com cloreto, ou ainda, no passado,
presença de aditivos aceleradores à base de cloreto
de cálcio
Pollutants (CaCl
which are 2); to have an important role in the degradation of
considered
building
• ingresso de cloreto: exposição da estrutura ao
ambiente marinhos ou industrial contaminados com
cloretos, limpeza de fachada ou de piso com ácido
muriático (clorídrico).
Todos os fatores que favorecem o ingresso de água,
favorecem também o ingresso do cloreto.
Fatores influenciadores
 condições de exposição e característica
do concreto: tipo de cimento e o pH:
 quanto menor o pH, menor é o valor limite de
Cl-;
 a queda do pH pode determinar a dissolução
de Cl- “aprisionados” (cloroaluminatos).
 concentração que a armadura pode
tolerar;
 resistividade elétrica do concreto;
 presença de fissuras e outras anomalias
na superfície do concreto.
Condições de exposição
Zona atmosférica: deposição de cloretos na superfície
do concreto (distância do mar, direção dos ventos e
exposição a lavagem pela chuva), seguida absorção
superficial e difusão pela estrutura de poros
comunicantes.
Zona de rebentação e respingos e variação de maré:
absorção, seguida de difusão
Zona submersa: permeabilidade, seguida de difusão

Os mecanismos de transporte de massa no concreto são:


permeabilidade sob pressão (movimento sob gradiente de pressão),
difusão (deslocamento por gradiente de concentração do íons),
absorção capilar (movimento por sucção em poros abertos ao meio
ambiente) e migração (deslocamento dos íons por campos elétricos).
Também
Íons cloreto aumentam a
Interagem com o filme passivante, mobilidade de
íons na água
danificando-o e expondo-o ao meio. de poros!
Em consequência, há formação de
pequenas crateras (pites). Com o avanço do
ataque, os pites aumentam em número e tamanho
e acabam generalizando a corrosão.

Uma vez iniciado a corrosão, os compostos


solúveis formados com cloreto, difundem-se
atingindo regiões com maior pH, reagindo com os
íons hidroxila, formando hidróxidos que se
precipitam e liberam o cloreto (auto catalítico).
Área anódica: Área catódica:
Fe  Fe2+ + 2e (oxidação) 2H2O + O2 + 4e  4OH- (redução)
Fe2+ + 2Cl-  FeCl2
Fe3+ + 3Cl-  FeCl3 Acidificação Produto de corrosão:
Fe2+ + H2O  Fe(OH)2 + 2H+ Fe2+ + 2OH-  Fe(OH)2
FeCl2 + 2OH-  Fe(OH)2 + 2Cl-
FeCl3 + 3OH-  Fe(OH)3 + 3 Cl-
aproveitando............Corrosão por pite

É um tipo de corrosão que se caracteriza pelo ataque em


pequenas áreas de uma superfície que se mantém passivo
•geralmente tem diâmetro igual ou menor do que a sua
profundidade. Podem ter formas diversas, preenchidas
ou não;
•é perigosa, pois nem sempre é perceptível: a
degradação ao longo da superfície aparente do metal é
pouca se comparada à profundidade que o pite pode
atingir!
aproveitando............Corrosão por pite em concreto
Ocorre independente do pH da água de poros do
concreto. Com isso, a redução do pH é visto mais
como uma possível consequência, do que como a
causa da corrosão.
O início da corrosão ocorre pelo crescimento do pite
ou por sua nucleação, sendo esta última frequente,
pois o filme passivo do aço-carbono não é perfeito
(GLASS et al, 2008).
Fratura de uma fissura de abertura
0,2 µm, que apresentou concreto
umedecido e armadura com locais sem
corrosão (região acinzentada), locais
com armação despassivada (região
escurecida) e locais
com corrosão (região
verde)
Com o avanço do ataque, a
corrosão tende a se
generalizar, podendo ser
preservada o pH do concreto
da interface com o aço:
Macrocélula de corrosão

Desequilíbrio do potencial eletroquímico entre áreas


da armadura, sendo uma delas exposta a uma
concentração crítica de íons cloreto (Anodo) ou a
carbonatação (frente não uniforme).
A heterogeneidade e a relação distinta entre a área
anódica e a catódica (bem maior), acelera a corrosão
da barra de aço, que pode ter uma perda localizada
significativa de seção.
Macrocélula de corrosão
-500 mV Ecorr = -100 mV

Macrocélula de
corrosão

Ecorr = -100 mV
Evans diagrama – passivação do aço-carbono

Anodo: Anodo: evolução do


A oxidação do oxigênio Normalmente, a
metal
amadura se
Ecorr Potencial mantém estável
de corrosão 2H (Icorr insignificante)

Fe → Fe 2+ + 2e
O
Anodo passivado
2
+O
2 +4 porque a
e→
4O intersecção das
H- C
Catodo:
curvas A e C
GU et al, Electrochemical

redução do ocorre na região


metal Anodo ativo
de passivação
incompatibility

Icorr
Densidade de corrente
Evans diagrama – reparo localizado em
estrutura contaminada com cloretos
A1: aço embutido no material
de reparo (sem íons Cl-)
A1
Ecorr
Erp
2H
O
A2 – Aço embutido no concreto
2
+O
Incompatibilidade 2 +4
e→
eletroquímica
4O contaminado com íons Cl-
H-
Ecorr A2
Erb
C

Icorr - Irp Icorr - Irb

GU et al, Electrochemical
incompatibility
VAYSBURD; EMMONS, as principais causas da
2004:
corrosão prematura em região de reparo localizado
são a incompatibilidade eletroquímica e a sua
própria fissuração (cura deficiente, retração plástica,
ação mecânica, gradiente térmico).
VAYBURD e EMMONS (2004): durante
o reparo é esperada um teor de
cloreto residual no concreto da
região, o que é sempre um risco para
a continuação da corrosão e sua
aceleração.

HANSSON; POURSAEE; JAFFER (2012):


as fissuras aceleram a penetração
dos íons Cl- no aço, incluindo em sua
adjacência, sendo uma região de
possível formação de macrocélula de
corrosão
MARCOTTE; HANSSON, (2003):
em concreto de qualidade, as
fissuras transversais tem pouco
impacto na corrosão da
armadura, no entanto, o
desempenho não é igual a
concreto íntegro.
OKULAJA; HANSSON (2003): Quanto maior é a
qualidade do concreto, mais localizada pode ser a
corrosão, podendo a mesma ser severa, se desencadear
uma perda significativa da seção do aço.
Isso é dependente da resistividade elétrica, do acesso do
oxigênio e da reção de área catodo/anodo.
Em concreto com múltiplas fissuras, a corrosão do aço
sob uma delas pode eventualmente proteger as
demais adjacentes, sendo as mesmas o catodo
(SUZUKi et al, 1990).

A taxa de corrosão do aço é


controlada pela condutividade
do concreto, pelo diferença
de potencial entre área
anódica e catódica e a taxa
que o oxigênio atinge esta
última área (VAYBURD e EMMONS,
2004).
A abertura da fissura e o sua posicionamento não são
fatores críticos para a corrosão, mas sim a quantidade
de fissura por unidade de área (VAYBURD e EMMONS, 2004) .
Como posso driblar a corrosão ?
• projeto adequado que evite a circulação de água
desnecessária através do concreto;
• espessura adequada e uniforme de cobrimento;
• qualidade adequada do concreto em termos de
homogeneidade e relação a/c;
• tipo de cimento e proporção adequada para
assegurar uma adequada compacidade e
impermeabilidade ao concreto;
• cura adequada uma cura insuficiente afeta a
porosidade do concreto;
• estado superficial das armaduras de aço:
sobre superfície limpa e isenta de
produtos de corrosão, forma-se uma
camada passiva mais resistente do que
sobre uma superfície contaminada com
carepas, óleos e graxas, produtos de
corrosão ou material particulado
qualquer. Uma camada de passivação
eficiente requer níveis mais elevados de
contaminação e/ou acidificação.
“A mente que se abre a uma nova ideia
jamais voltará ao seu tamanho
original.”
Obrigada!
Albert Einstein

aaraujo@ipt.br
Aaraujobonini@gmail.com
lcp@ipt.br
Laboratório de Corrosão e
Proteção
Fone: +55 (11) 3767-4044
http://www.ipt.br/centros_tecnologicos/CTMM
http://lattes.cnpq.br/7121918010413028

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