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3/10/2020

Universidade do Estado do Rio de Janeiro


Curso: Engenharia Civil

ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I

Capítulo 3: Materiais Constitutivos

Profa. Shirley Souza


(shirley.souza@uerj.br)

3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Classes
As recomendações da NBR 6118:2014 se aplicam a concretos de dois Grupos:
Grupo I: concretos com resistência à compressão variando de 20 a 50
MPa (C20, C25... C50).
Grupo II: concreto com resistência à compressão variando de 55 a 90
MPa (C55, C60... C90).

Pode-se observar que a norma estabelece que, para garantir a durabilidade, o


concreto não deve ter resistência inferior a 20 MPa.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Massa específica
Concreto Simples 2400 kg/m³
Quando não
há ensaios Concreto Armado: 2500 kg/m³ = 25 kN/m³

✓ Coeficiente de dilatação térmica

Variação do comprimento por grau de temperatura: α = /ºC

O valor do alongamento sofrido pela peça pode ser calculado por: L = α . L . t


Onde t é variação de temperatura sofrida pela peça.

Se L = 10m e t = 20ºC L = 10-5.10.20 = 0,002 m = 2 mm

3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Resistência à compressão (fck)


A resistência característica do concreto à compressão (fck ) é a propriedade
mecânica mais importante do concreto e é determinada por meio de ensaios
de corpos de prova, realizados segundo a NBR 5739.

• Mecanismos de ruptura de corpos de prova

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto
✓ Resistência à compressão (fck)

Em outras palavras, pode-se dizer que, dos corpos


de prova ensaiados, 95 % terão sua resistência
superior ao valor fck, enquanto 5 % poderão ter
valor inferior.

3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Resistência à tração (fctk)

Resistência à tração direta Corpos de prova


(ensaio de flexão) prismáticos
Ensaios para
determinação
da resistência Resistência à tração indireta Compressão
à tração (ensaio de compressão diametral de corpos
diametral) de prova cilíndricos

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto
❑ Resistência à tração direta do concreto (fct,f)
• Ensaio de tração na flexão (NBR 12142)

Para a realização deste ensaio, um corpo de prova de seção prismática é submetido à


flexão, com carregamentos em duas seções simétricas (nos terços do vão), até à ruptura.

A resistência à flexão é expressa em função do módulo


de ruptura, definido como máxima tensão na ruptura,
dada pela expressão:
f ct , f = Pl bd 2

3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto
❑ Resistência à tração indireta do concreto (fct,sp)
• Ensaio de tração por compressão diametral (NBR 7222)

É o ensaio mais utilizado para a obtenção da resistência à tração. Nesse ensaio, um corpo
de prova cilíndrico é colocado com eixo horizontal entre os pratos da prensa, sendo
aplicada uma força até sua ruptura do corpo de prova.

carga y
tração compressão

x x

x
cilindro de concreto
y
plano de ruptura à tração tração compressão
guia de madeira
(3mm x 25mm)
y
placa de apoio da máquina
de ensaio

y
x

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto
❑ Resistência à tração indireta do concreto (fct,sp)

• Ensaio de tração por compressão diametral (NBR 7222)

A tensão de compressão gera uma tensão transversal ao longo


do diâmetro vertical.

A resistência à tração é determinada pela equação:

f ct , sp = 2 P  l d

Onde P é a carga de ruptura obtida no ensaio, l e d são o comprimento e o diâmetro do


cilindro, respectivamente.

3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Resistência à tração (fctk)

Na falta de ensaios, a resistência característica do concreto à tração direta


(𝒇𝒄𝒕𝒌 )podeserobtida a partir da resistência à compressão, fck:

𝒇𝒄𝒕𝒌,𝒊𝒏𝒇 = 𝟎, 𝟕𝒇𝒄𝒕,𝒎 (MPa)


𝒇𝒄𝒕𝒌,𝒔𝒖𝒑 = 𝟏, 𝟑𝒇𝒄𝒕𝒎 (MPa)

A resistência média à tração (𝒇𝒄𝒕,𝒎 ) é obtida em função da classe do concreto (item 8.2.5
da norma):

Τ
• Para concretos de classes até C50: 𝒇𝒄𝒕,𝒎 = 0,3𝒇2𝒄𝒌3

• Para concretos de classes C55 até C90: 𝒇𝒄𝒕,𝒎 = 𝟐, 𝟏𝟐 𝒍𝒏(𝟏 + 𝟎, 𝟏𝟏𝒇𝒄𝒌 )

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✓ Coeficientes de Minoração das resistências características do


concreto – Valores de Cálculo
A minoração nas resistências características (fk) deve ser introduzida para prever a
ocorrência de resistências ainda inferiores aos valores para fk, em rezão de problemas
executivos e/ou deficiências dos materiais constitutivos, inerentes à própria natureza das
construções de concreto e de imperfeições inerentes ao controle tecnológico.Pela NBR
6118:2014, as resistências de cálculo dos materiais são expressas da seguinte forma:

▪ à compressão: fcd = fckൗγc

▪ à tração: fctd = fctkൗγc

onde 𝛄𝐜 = 1,4 é o coeficiente de minoração das resistências do concreto.

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✓ Módulo de Elasticidade
O Módulo de Elasticidade (ou módulo de deformação longitudianal) é uma parâmetro
relativo à deformabilidade do concreto sob tensões de compressão.

Ensaio segundo
NBR 8522

Porém, o concreto apresenta


comportamento não linear, não
havendo proporcionalidade no
diagrama tensão-deformação.
Nesse caso, é possível traçar uma
reta tangente à curva, partindo da
origem.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Módulo de Elasticidade
Na ausência de ensaios, pode-se estimar o valor do módulo de deformação longitudinal
tangente usando a expressão:
• Para concretos de classes até C50: 𝐸𝑐𝑖 = 𝛼𝐸 5600 𝑓𝑐𝑘
1/3
𝑓𝑐𝑘
• Para concretos de classes C55 até C90: 𝐸𝑐𝑖 = 21,5.10³𝛼𝐸 + 1,25
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𝛼𝐸 = 1,2 para basalto e diabásio 𝛼𝐸 = 0,9 para para calcário
𝛼𝐸 = 1,0 para granito e gnaisse 𝛼𝐸 = 0,7para arenito

Para análises elásticas, adota-se o módulo de elasticidade secante estimado pela


expressão da NBR 6118:
fck
Ecs = αi . Eci → sendo αi = 0,8 + 0,2. ≤ 1,0
80
A Tabela 8.1 da norma apresenta valores de Eci , Ecs e αi para concretos C20 a C90 e
agregado graúdo de granito.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Diagrama Tensão-Deformação do concreto à compressão

O Diagrama tensão-deformação do
concreto, obtido em um ensaio de
compressão simples, é não-linear desde o
início do carregamento.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Diagrama Tensão-Deformação do concreto à compressão


Para análises no ELU, a NBR 6118:2014 indica um diagrama tensão-deformação
idealizado, composto por uma parábola e por uma reta, como mostrado na figura abaixo:

Diagrama parábola-retângulo, a tensão


de compressão de cálculo do concreto
no trecho parabólico (deformações
entre 0 e c2 ) é expressa por:

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Diagrama Tensão-Deformação do concreto à compressão


No trecho descrito por uma reta, entre
c2 e cu , a tensão de compressão é
dada por:
𝝈𝒄 = 𝟎, 𝟖𝟓𝒇𝒄𝒅

𝒇𝒄𝒅 = 𝒇𝒄𝒌/ 𝒄
O coeficiente de redução 0,85 aplicado sobre a
tensão de cálculo 𝒇𝒄𝒅visa considerar a influência
das ações de longa duração atuantes na estrutura
sobre a resistência à compressão do concreto
(Efeito Rüsch).

A deformação específica cu é o valor convencional para o qual se admite a ruptura do concreto
comprimido. De acordo com a NBR 6118:2014, para o encurtamento de ruptura do concreto nas seções
não inteiramente comprimidas considera-se:
cu = 3,5‰ para concretos de classes até C50
𝟗𝟎−𝒇𝒄𝒌 𝟒
cu =𝟐, 𝟔‰ + 𝟑𝟓‰ para classes de C55 a C90
𝟏𝟎𝟎

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3.1 Concreto

✓ Deformações do concreto

O concreto, sob ação dos carregamentos e das forças da natureza,


apresenta deformações que aumentam ou diminuem o seu volume,
poden-do dar origem a fissuras, que, dependendo da sua abertura e do
ambiente a que a peça está exposta, podem ser prejudiciais para a estética
e para a durabilidade da estrutura.

As principais deformações que ocorrem no concreto são as devidas à


retração, à fluência e à variação de temperatura.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Deformações do concreto

É a diminuição de volume que ocorre na peça de concreto, mesmo que não estejam
atuando solicitações.
• Retração química ou primária: ocorre durante o processo de hidratação do cimento.
• Retação por evaporação: água de amassamento, àquela necessária para hidratação do
cimento, em excesso, ao evaporar por capilaridade provoca redução de volume das peças.
• Retração por carbonatação ou secundária: ocorre quando os componentes secundários do
cimento, como o hidróxido de cálcio, ao reagirem com o gás carbônico presente na atmosfera,
levam também a uma diminuição de volume do concreto.
▪ Provoca fissuras e esforços adicionais;
▪ É mais acentuada nas primeiras idades do concreto, tendendo a se estabilizar
após algum tempo.
▪ As fissuras caracterizam-se por sua distribuição e espaçamento
aproximadamente uniforme, pouca profundidade e rápida estabilidade.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto
✓ Deformações do concreto
❑ Retração
Os fatores que mais influem na retração são:
✓ Umidade ambiente: o aumento da umidade dificulta a evaporação, diminuindo a retração;
✓ Espessura dos elementos: a retração aumenta com a diminuição da espessura do
elemento;
✓ Água de amassamento: quanto maior a relação água/cimento, maior a retração;
✓ Quantidade de cimento: quanto maior a quantidade de cimento, maior a retração;
✓ Composição química do cimento: os cimentos mais resistentes e os de endurecimento mais
rápido causam maior retração;
✓ Temperatura ambiente: o aumento da temperatura, aumenta a retração.

Os efeitos da retração podem ser diminuídos executando uma cuidadosa cura, durante
pelo menos os primeiros dez dias após a concretagem, além da chamada "armadura de
pele“, colocada próxima às superfícies da peça.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Deformações do concreto
❑ Deformações térmicas
As variações de temperatura ambiente provocam deslocamentos nas estruturas que
podem ser: encurtamentos com diminuição de temperatura e alongamentos com aumento
de temperatura.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Deformações do concreto
❑ Fluência
Ao se retirar o escoramento de uma estrutura, ela entra em carga e ocorrem os
deslocamentos iniciais das peças, que devem ser de natureza elástica, e o
concreto sofre deformações imediatas (c0).

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.1 Concreto

✓ Deformações do concreto
❑ Fluência

Deformação total de uma peça de concreto no tempo t:

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.2 Aço de Armadura Passiva para Concreto Armado

✓ Categoria
CA-25, CA-50 e CA-60

Quanto ao processo de fabricação e resistências características de escoamento 𝒇𝒚𝒌 , a NBR


7480 apresenta as seguintes denominações:
• Barras: Produtos de diâmetro (bitola) 𝝓 ≥ 5 mm, obtidos por processo de laminação
a quente. São também denominados aços doce ou de dureza natural e têm alta
ductilidade. São os aços CA 25 (𝒇𝒚𝒌 = 250 MPa) e CA 50 (𝒇𝒚𝒌 = 500 MPa).

• Fios: Produtos de diâmetro (bitola) 𝝓 < 10 mm, obtidos por trefilação (tratamento
mecânico a baixas temperaturas). São denominados aços encruados e de ductilidade
normal. São os aços CA 60 (𝒇𝒚𝒌 =600 MPa).
Os aços encruados por processo à frio não devem sofrer emendas por solda, pois o
aquecimento das barras pode provocar a perda das propriedades mecânicas obtidas
com o tratamento a baixas temperaturas.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.2 Aço de Armadura Passiva para Concreto Armado

✓ Tipo de superfície
Pode ser lisa (geralmente o CA-25), conter nervuras (saliências ou mossas – CA-50) ou
entalhes (geralmente o CA-60), com a rugosidade medida pelo coeficiente de aderência
(η1).

coeficiente de conformação
superficial ou de aderência
Tipo de superfície η1
Lisa 1,0
Entalhada 1,4
Nervurada 2,25

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.2 Aço de Armadura Passiva para Concreto Armado
As barras comerciais são fornecidas em
✓ Características feixes ou rolos, de comprimentos de até 11 m,
A NBR 7480 exige identificação obrigatória com tolerância de ± 9%.
de barras com 𝝓 ≥10 mm em relevo ao
longo da superfície, indicando o fabricante e
a classe do aço.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.2 Aço de Armadura Passiva para Concreto Armado

✓ Coeficiente de Dilatação Térmica

O valor 10-5/°C pode ser considerado para o coeficiente de dilatação térmica do aço, para
intervalos de temperatura entre - 20°C e 150°C.

✓ Massa Específica
Pode-se assumir para a massa específica do aço o valor de 7850 kg/m3.

✓ Coeficiente de Minoração da Resistência – Valores de Cálculo


Pela NBR 6118:2014, a resistência ao escoamento de cálculo do aço é expressa da
seguinte forma:

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.2 Aço de Armadura Passiva para Concreto Armado

✓ Diagrama Tensão-Deformação
No diagrama tensão-deformação do aço, os valores
característicos da resistência ao escoamento fyk, e da
deformação na ruptura yu devem ser obtidos de ensaios de
tração realizados segundo a NBR ISO 6892-1.
s s
s s

fy fy
fy fy
0,7f y 0,7f y

y y s 2s‰ 2‰ s s

Os aços CA-25 e CA-50 apresentam no diagrama Para os aços CA-60 (propriedades físícas alteradas), o
tensão-deformação, obtido de ensaios de suas diagrama tensão-deformação obtido dos ensaios de
barras à tração, um patamar de escoamento barras submetidas à tração não apresenta patamar
bem definido, indicado pelo trecho paralelo ao de escoamento definido.
eixo horizontal das deformações.

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3. MATERIAIS CONSTITUTIVOS
3.2 Aço de Armadura Passiva para Concreto Armado

✓ Diagrama Tensão-Deformação Simplificado para cálculo


Para cálculo nos estados limite de serviço e último pode-se utilizar o diagrama
simplificado mostrado na figura abaixo, para os aços com ou sem patamar de
escoamento. Este diagrama é válido para intervalos de temperatura entre –20ºC e 150ºC
e pode ser aplicado para tração e compressão.
s
diagrama característico
fyk A relação entre tensão e deformação para o
fyd diagrama de cálculo é dado pelas expressões:
(tração)

diagrama de cálculo  s = Es  s para  yd   s  0

σ s = f yd para ( yu = 10 0 00 )   s   yd
 ycu = 10 0 00  ycd Es s
 yd  yu = 10 0 00
(compressão)

A deformação específica do aço é limitada, ao final do escoamento, pelo valor máximo


convencional 10‰, para evitar a ocorrência de deformações plásticas excessivas das
armaduras
f
tracionadas.
ycd

28 fyck

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3.2 Aço de Armadura Passiva para Concreto Armado

✓ Módulo de Elasticidade

A inclinação da reta na origem do diagrama é aproximadamente constante para todos


os tipos de aço especificados pela NBR 7480. A tangente do ângulo de reta com o eixo
das deformações é denominada Módulo de elasticidade ou Módulo de Young e
representa o ínicio do patamar de escoamento:

Na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante, o módulo de elasticidade do aço


pode ser admitido igual a 210 GPa.

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3.2 Aço de Armadura Passiva para Concreto Armado

✓ Bitolas Padronizada

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