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FADIGA – Aula 01

Prof. Dr. Paulo Junges


DENC – FAET - UFMT
Introdução

• O que é Fadiga?
• Cansaço resultante de trabalho intenso (físico ou intelectual);
• Perda da elasticidade de um material ou diminuição de
sensibilidade de aparelhos, máquinas etc. decorrentes do uso
continuado.

(Dicionário Michaelis)

• Fadiga é um processo de mudança estrutural interna,


permanente e progressiva, de um material submetido a
tensões repetitivas.
(Comitê 215 do ACI)
Introdução

• Ciclos de tensão
Conceitos Gerais

• O que é mais prejudicial para a ponte?

• Número de ciclos para falha é inversamente proporcional à amplitude da


variação das tensões envolvidas;
• Resistência à fadiga é definida como o número de ciclos necessários para
levar a ruptura para uma determinada amplitude de tensão;
Conceitos Gerais

• Formação e propagação de fissuras


• Fissuras por fadiga são nucleadas, a
nível macroscópico, próximas a
descontinuidades na superfície do
material (Stephens et al., 2001);

• O número de ciclos necessários para a


nucleação, propagação da fissura e
ruptura final varia conforme o regime
de fadiga.
Conceitos Gerais

• Curvas S-N
• As curvas S-N relacionam o número de
ciclos necessários para causar falha e a
variação (amplitude) de tensões
impostas por um carregamento;
• Conceito introduzido por Wöhler
durante as décadas de 1850 e 1860:
• Quanto maior a amplitude da tensão,
menor será a vida útil;
• Abaixo de determinada amplitude não
ocorre a ruptura.
Conceitos Gerais

• Curvas S-N
• Essas curvas são obtidas a partir de
ensaios experimentais de espécimes
do material submetido à amplitude
constante de tensões;

• O carregamento harmônico a ser


utilizado para a obtenção de uma
curva S-N pode ser definido a partir da
resposta esperada em termos de
tensão, por meio dos parâmetros Sa e
Sm.
Conceitos Gerais

• Curvas S-N
• Portanto, ao se utilizar uma curva S-N da literatura, deve-se ter cuidado
com os parâmetros utilizados para sua construção e a sua compatibilidade
com as características da distribuição de tensões da estrutura que está
sendo avaliada;

• Alguns autores propuseram critérios que relacionam os efeitos


combinados da tensão média e tensão alternante atuantes na estrutura
com aquelas utilizadas na construção da curva S-N;
Sa S m
• Modelo de Goodman é o mais empregado: + =1
S f Su

Sm
Sf = Sa 1−
Su
Conceitos Gerais

• Curvas S-N
• Existem diversos modelos para descrever as curvas S-N;
• Geralmente representam uma vida útil media (Sm = 0);
• A Equação de Basquin é o modelo mais utilizado:

m =
A
Conceitos Gerais

• Teoria de Palmgren-Miner de acúmulo de dano


• Dano à fadiga é uma fração da vida útil consumida por determinado
evento.
• Proporcional à quantidade de ciclos ocorridos para uma determinada
amplitude de tensão;

Resistência à Fadiga Dano = 0,50


Ocorreram
Nf = 100 ciclos ou
50 ciclos
Vida útil = 1 50% da vida útil
Conceitos Gerais

• Teoria de Palmgren-Miner de acúmulo de dano

Dano total causado à estrutura é a soma


ℎ = = 1,0
das diversas frações:

Palmgren em 1924 apresentou o conceito 1


=
de acúmulo de dano linear ,

=
Miner em 1945 representou esse conceito ,
matematicamente

= =
,
Conceitos Gerais

• Teoria de Palmgren-Miner de acúmulo de dano


= =
,
Conceitos Gerais

• Teoria de Palmgren-Miner de acúmulo de dano


= =
,

VAFL
?

Fisicamente inaceitável para Zhou (2006), Kwon e Frangopol (2010) e Guo,


carregamentos com amplitude Frangopol e Chen (2012) apresentam os valores
variável (Schijve, 2003). 25%, 33% e 50% de CAFL.
Fadiga em Concreto Armado

• Fadiga no concreto simples

A fissuração acaba por modificar as


propriedades mecânicas ao longo
da vida útil do elemento estrutural

A resistência a fadiga do concreto


pode ser entendida como uma fração
da resistência estática
Fadiga em Concreto Armado

• Fadiga no aço

• Barras de aço com nervuras surgiram


da necessidade de se aumentar a
aderência entre o aço e o concreto;
• Efeito negativo na resistência à
fadiga;
• Nervuras, soldas, fricção entre
barras, dobras e corrosão.

Área rugosa:
Ruptura por tração
Área lisa:
Início e propagação da fissura
Fadiga em Concreto Armado

• Elementos em concreto armado submetidos à fadiga


• Falha por fadiga em concreto armado ocorre na armadura de aço,
(Zanuy, Albajar e Fuente, 2009)
mesmo em elementos super armados;

Fonte: Zanuy et al. (2011)

Fonte: Zanuy, Albajar e Fuente (2009)


Fadiga em Concreto Armado

• Elementos em concreto armado submetidos à fadiga


• A fadiga causa perda de rigidez do elemento fletido, traduzida em um
aumento das deformações. Essa perda se dá por dois motivos:
• Degradação do concreto na zona de compressão;
• Diminuição progressiva do tension stiffening na região tracionada.
Fadiga em Concreto Armado

• Elementos em concreto armado submetidos à fadiga


• Diminuição progressiva do tension stiffening na região tracionada;

• Essa diminuição se dá pela perda


progressiva de aderência entre a
armadura e o concreto entre
fissuras;
• Conforme os ciclos avançam, a
deformação específica do aço se
aproxima do valor da deformação no
Estádio II puro.

Fonte: Zanuy et al. (2011)


Fadiga em peças de concreto armado
conforme as normas brasileiras

• NBR 6118 (ABNT, 2014)


• Estado Limite Último de Fadiga;
• Aborda apenas HCF;
• Para espectro de cargas é válida a regra de Palmgren-Miner;
• Para espectro de ações podem ser excluídas aquelas de veículos com
carga total de até 30 kN;
• Item 23.5.2 (Combinações de ações a considerar):
“Embora o fenômeno da fadiga seja controlado pela acumulação do efeito
deletério de solicitações repetidas, a verificação da fadiga pode ser feita
considerando apenas uma única intensidade de solicitação, expresso pela
combinação frequente de ações...”:

, = + +
Fadiga em peças de concreto armado
conforme as normas brasileiras

• NBR 6118 (ABNT, 2014)


• Combinação Frequente de Ações (NBR 8681, 2004)
• Estado Limite de Serviço
• Danos ligeiros ou localizados;
• Deformações excessivas;
• Vibração excessiva.
• Opinião pessoal (não utilizar na vida acadêmica ou profissional!)
• Estado Limite de Fadiga:
• Utilização de histogramas reais (i.e. comboios);
• Combinações raras de serviço

, = + , +

(não utilizar na vida acadêmica ou profissional!)


Fadiga em peças de concreto armado
conforme as normas brasileiras

• NBR 6118 (ABNT, 2014)

, = + +

• Para a verificação de fadiga deve ser adotado o valor do fator de


redução conforme o tipo de obra e de peça estrutural:

Tipo de obra Vigas Transversinas Lajes do tabuleiro


Pontes rodoviárias 0,5 0,7 0,8
Pontes ferroviárias 1,0
Pontes rolantes 1,0
Fadiga em peças de concreto armado
conforme as normas brasileiras

• NBR 6118 (ABNT, 2014)


• Modelo de cálculo
• Esforços calculados no regime elástico;
• Tensões por flexão composta: Estádio II;
• Tensões por força cortante: aplicação dos modelos I ou II, com redução da
contribuição do concreto (Vc).

Modelo I × 0,5

× 0,5
Modelo II
tan = tan ≤ 1,0
Fadiga em peças de concreto armado
conforme as normas brasileiras

• NBR 6118 (ABNT, 2014)


• Concreto em compressão:
• Verificação satisfeita se:

, á ≤ , , = 0,45 Por quê?

1
=
1,5 − 0,5 ⁄
(Fator que considera o gradiente de tensões
de compressão no concreto)

• Concreto a tração:
• Verificação satisfeita se:

, á ≤ , , = 0,3 ,
Fadiga em peças de concreto armado
conforme as normas brasileiras

• NBR 6118 (ABNT, 2014)


• Fadiga da armadura:
• Verificação satisfeita se: ≤ ,

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014)


Fadiga em peças de concreto armado
conforme as normas brasileiras

• NBR 6118 (ABNT, 2014)


• Fadiga da armadura:
• Verificação satisfeita se: ≤ ,
• Curva S-N com duas inclinações

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014)


Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014)
Fadiga em peças de concreto armado
conforme as normas brasileiras

• NBR 7478 (ABNT, 1982) x NBR 7478 (ABNT, 2021)


Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014)

• NBR 7478 (1982) • NBR 7478 (2021)


• Mínimo 5 níveis de tensão; • Maior nível de tensão constante
• Maior nível de tensão = 80% fy; = 80% fy;
• Menor nível de tensão constante • Menor nível de tensão variável
= 30 MPa; (positivo);
• Gráfico × • Gráfico − ×
• Limite de fadiga = 2 × 10 • Limite de fadiga = 2 × 10

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