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Aplicações em vigas, pórticos, arcos e

treliças

Apresentação
A análise matricial de estruturas é um tópico da análise estrutural, em que as equações que regem
o problema a resolver são formuladas matricialmente, sejam equações de equilíbrio de forças ou
de compatibilidade de deformações, dependendo do método utilizado (método das forças ou
método dos deslocamentos), sendo o método dos deslocamentos o mais adequado para a
implementação computacional.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o comportamento de estruturas e aplicar os


métodos matriciais para resolver e encontrar os esforços nas estruturas hiperestáticas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Determinar as reações de apoio e esforços solicitante de uma estrutura utilizando métodos


matriciais.

• Analisar o comportamento de diversas estruturas.

• Identificar os métodos matriciais para solução de estruturas hiperestáticas.


Desafio
Você é um engenheiro projetista, encarregado de analisar um pórtico de concreto armado que
servira como pórtico de entrada em um Parque Ecológico. Para analisar o pórtico, você terá de
calcular os esforços internos e deslocamentos por um método matricial.

Considere que no canto esquerdo superior existe uma força externa resultante do vento horizontal
de 100 kN com direção à direita, e no canto superior direito tem um momento de 20 kN aplicado
em sentido horário. Para maior entendimento e informação da geometria do pórtico observe a
imagem a seguir:

Alguns dados extras do pórtico:

E: Módulo de elasticidade
A: Área
I: Inércia
L: Comprimentos de viga e coluna
E*A = Produto do módulo de elasticidade e área da seção do elemento estrutural
E*I = Produto do módulo de elasticidade e inércia do elemento estrutural

E1 A1 = E2 A2 = E3 A3 = 300000 KN

E1 I1 = E2 I2 = E3 I3 = 32.400 kN m²
L1= L3 = 4 m

L2 =3 m
Infográfico
Observar as reações externas, os tipos de vínculos nos apoios, os comprimentos e as dimensões na
estrutura a ser analisada, posteriormente realizar o desmembramento da estrutura, observando os
esforços internos em cada barra separada, momento, normal e cortante, e, finalmente, montar a
matriz de flexibilidade para estruturas isostáticas ou hiperestáticas.

Veja no Infográfico uma sequência de processos de cálculo e análise.


Conteúdo do livro
A análise matricial de estruturas é um tópico da análise estrutural em que as equações que regem o
problema a resolver são formuladas matricialmente, sejam equações de equilíbrio de forças ou de
compatibilidade de deformações, dependendo do método utilizado (método das forças ou método
dos deslocamentos), sendo o método dos deslocamentos o mais adequado para a implementação
computacional.

Na obra Teoria das estruturas, leia o capítulo Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças, base
teórica desta Unidade de Aprendizagem. O capítulo aborda de forma geral os diferentes métodos
existentes para encontrar os esforços internos nas estruturas isostáticas e hiperestáticas. As
convenções de sinais e formulários, também podem ser encontradas.

Boa leitura.
TEORIAS DAS
ESTRUTURAS

Fernando Cuenca Rojas


Revisão técnica:

André Luís Abitante


Mestre em Engenharia e Ciência dos Materiais,
ênfase em Controle de Processos
Engenheiro Civil
Rossana Piccoli
Mestre em Engenharia Civil
Engenheira Civil

T314 Teoria das estruturas / Douglas Andrini Edmundo


... [et al.] ; [revisão técnica: André Luís Abitante, Rossana
Piccoli]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018.
392 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-354-3

1. Engenharia civil. I. Edmundo, Douglas Andrini.

CDU 624.01

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147


Aplicações em vigas,
pórticos, arcos e treliças
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Determinar as reações de apoio e os esforços solicitantes de uma


estrutura utilizando métodos matriciais.
„„ Analisar o comportamento de diversas estruturas.
„„ Identificar os métodos matriciais para solução de estruturas
hiperestáticas.

Introdução
A análise matricial de estruturas é um tópico da análise estrutural em que
as equações que regem o problema a resolver são formuladas matricial-
mente, sejam equações de equilíbrio de forças ou de compatibilidade de
deformações. Os métodos utilizados para tal fim podem ser de força ou
de deslocamento, sendo este o mais adequado para a implementação
computacional.
Neste capítulo, você vai estudar o comportamento de estruturas e
aplicar os métodos matriciais para resolver e encontrar os esforços nas
estruturas hiperestáticas.

Determinação de reações de apoio nas


estruturas pelo método matricial
Existem metodologias para a consideração de condições de apoio a partir
do particionamento do sistema de equações de equilíbrio. Tais metodologias
possibilitam uma determinação formal das reações de apoio da estrutura.
Entretanto, muitas vezes, para minimizar os cálculos, seguir uma sequência
lógica e evitar cálculos desnecessários, aplicam-se os métodos matriciais para
a análise estrutural (CARELLI, 2010).
166 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

A análise de modelos estruturais nada mais é do que a determinação de


uma solução que satisfaça condições de equilíbrio, condições de compatibi-
lidade de deslocamentos e relações tensão-deformação. Os métodos básicos
da análise estrutural se diferenciam pela ordem em que essas condições são
impostas (MARTHA, 1993).
Existem dois métodos básicos para a análise estrutural, conhecidos como:
método das forças (método da flexibilidade) e método dos deslocamentos
(método da rigidez).
Dos métodos básicos da análise estrutural, o método dos deslocamentos
é o que melhor se aplica na utilização de computadores. Por isso, esse vai ser
o método que você vai ver aqui. O método se aplica para treliças, quadros e
grelhas, bem como para estruturas compostas por elementos estruturais planos
ou tridimensionais (MARTHA, 1993).

Para analisar e aprender mais sobre métodos matriciais na


análise estrutural, acesse este link ou código:

https://goo.gl/2uckcL

Matriz de rigidez
O método dos deslocamentos trabalha com as chamadas matrizes de rigidez.
Você vai ver essas matrizes separadamente para cada tipo de estrutura (treliças,
quadros, vigas e arcos).
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 167

Matriz de rigidez global


A seguir, você pode ver uma definição das matrizes de rigidez exemplificadas
para a Figura 1.

1 1
5 4
5 5 5
41
4 4 4 x2
1
2 x1 5
1 61
2 6 5 2 6 1
6 41 2
6
2 2
4 5 1 1
6
1 1 3
1 x1
1
3 3 6 3 1

3
x2 3
1 x1

x2
1 1

x2
12 3 31
9 7 10 1 3 31
2
x1 21 1
2 1 2
8 1
11 1
1
1
(b) Coordenadas locais/ (c) Coordenadas locais/
(a) Coordenadas globais
sistema global sistemas locais

Figura 1. Coordenadas globais e locais.


Fonte: Martha (2013).

Uma matriz de rigidez global estabelece relações entre forças e desloca-


mentos definidos pelas coordenadas globais. Essas relações são escritas, para
as coordenadas globais da Figura 1, como mostra a Equação 1, dividida em
três partes, como você pode ver a seguir.

K11 D1 + K12 D 2 + K13 D 3 + K14 D 4 + ..................... + K1’12 D 12 = F1


K 1 D 1 + K22 D 2 + K23 D 3 + ................................... + K2’12 D 12 = F2
………………………………………………………………………..
………………………………………………………………………..
………………………………………………………………………..
K 12’1 D 1 + K 12’2 D 2 +………..................................+ K 12’12 D 12 = F12

(1a)
168 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

Essas relações podem ser expressas pelo produto de matrizes:

(1b)

Ou, de forma condensada:

K D = F (1c)

Onde:

K = matriz de rigidez global


D = vetor dos deslocamentos
F = vetor das forças aplicadas

Matriz de rigidez de uma barra sob tensão axial


Considere a Figura 2, que mostra uma barra de seção constante (A) e módulo
de Young (E) engastada em um extremo e submetida à tração axial sob a ação
de uma carga concentrada (P). O deslocamento do extremo livre é dado pela
seguinte expressão:

Pl
δ= (2)
AE
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 169

Portanto, a carga pode se expressar em função do deslocamento como:

P = k ⋅δ (3)

Onde:

AE (4)
k=
l
k é a constante de rigidez axial da barra.

A Equação 3 permite a seguinte interpretação: a constante de rigidez axial


de uma barra engastada em um extremo é a força necessária para causar um
deslocamento unitário no extremo livre.
Agora, a reação no extremo esquerdo (R = – P) e a força aplicada, de igual
valor absoluto, submetem a barra a um estado de tração. Considerando-se, em
geral, os deslocamentos dos extremos na barra, numerados como aparece na
Figura 2, você terá δ1 = 0, δ2= δ. Para tanto, você pode expressar as forças nos
extremos em função dos deslocamentos com a seguinte expressão:

AE AE
P= δ= (δ 2 − δ1 ) (5)
l l
Portanto,

AE
R = −P = (δ1 − δ 2 ) (6)
l
As equações matriciais podem ser representadas em forma matricial:

⎛ R ⎞ EA ⎛ 1 −1⎞ ⎛ δ1 ⎞
⎜ ⎟= ⎜ ⎟⎜ ⎟
⎝ P⎠ l ⎝ −1 1 ⎠ ⎝ δ 2 ⎠
(7)
170 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

Os termos que compõem essa equação são:

„„ o vetor de deslocamento (ou graus de liberdade)

⎛δ ⎞
d = ⎜ 1 ⎟ (8)
⎝δ2 ⎠

„„ o vetor de forças nodais

⎛ R⎞
p = ⎜ ⎟ (9)
⎝ P⎠

„„ e a matriz de rigidez

EA ⎛ 1 −1⎞ (10)
k= ⎜ ⎟
l ⎝ −1 1 ⎠

Em consequência, a Equação 7 se transforma em:

p = k ⋅ d (11)

Figura 2. Barra submetida à tensão normal ou axial. (a) modelo; (b) forças
internas e deslocamentos.
Fonte: Hurtado (2013).
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 171

Método da matriz de rigidez aplicado a treliças planas


e espaciais
O método matricial aplica-se às treliças planas, compostas de barras articuladas.
Você pode ver um exemplo ilustrativo desse tipo de estrutura na Figura 3.
Nas treliças, os elementos estão submetidos ao esforço axial (tração ou com-
pressão). A diferença entre as treliças e barras contínuas reside na orientação
dos elementos. Por isso, será necessário o emprego de diferentes sistemas de
coordenadas para cada elemento (HURTADO GÓMEZ, 2013).

Figura 3. Treliça estaticamente indeterminada.


Fonte: Hurtado (2013).

Considere a Figura 3. Observe que a barra com o asterisco (*) terá forças
internas como as mostradas na Figura 4. Como você pode ver, nenhuma
dessas forças é paralela aos eixos coordenados, onde estão definidas as forças
externas e as reações. Se as forças internas na barra (*) forem Ni e Nj e os
deslocamentos dos nós forem i e j, é possível fazer a seguinte representação
(HURTADO GÓMEZ, 2013):

⎛ N i ⎞ EAe ⎛ 1 −1⎞ ⎛ ui ⎞
⎜ ⎟= ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ (12)
⎝Nj ⎠ le ⎝ −1 1 ⎠ ⎝ u j ⎠

A representação em forma matricial é:

pe = ke ⋅ de (13)
172 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

Nj

Ni
Figura 4. Forças internas em um elemento
da treliça.
Fonte: Hurtado (2013).

Como toda estrutura dos elementos tem, em geral, orientações diferentes,


é necessário transformar as forças internas num sistema de coordenadas em
comum, como o sistema cartesiano global, formado por um eixo horizontal
e um vertical. Para realizar a transformação, considere a Figura 5. Ela apre-
senta as forças internas e seus equivalentes no sistema global. As forças Vi
e Vj logicamente são nulas no caso de treliças (HURTADO GÓMEZ, 2013).

Figura 5. Forças internas em um elemento de treliça: (a) sistema local


e (b) sistema global.
Fonte: Hurtado (2013).
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 173

A Figura 6 mostra os paralelogramos das forças N e V, de uma parte, e


das forças X e Y, da outra. Nessas forças não aparecem os subscritos i e j, pois
eles funcionam para qualquer ponto. Veja as equivalências das forças N e V
em função de X e Y:

(14)

Para a comprovar a validez dessas relações, você pode calcular o valor da


resultante no sistema local:

Figura 6. (a) Paralelogramos das forças equivalentes e (b) relações entre as forças.
Fonte: Hurtado (2013).

Para tanto:
174 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

Onde indica-se que a resultante é a mesma para ambos os pares de forças


ortogonais. As relações indicadas pela Equação 14 podem ser representadas
da seguinte forma:

 N   cos β senβ  X 
 =  
 V   − senβ cos β  Y 

Essa equação pode ser representada de forma matricial:

p = TP

Com:

A matriz T denomina-se matriz de transformação ou rotação. Por outro


lado, com base na Figura 6, é evidente que as forças X e Y podem ser expressas
em função das forças N e V:

Isso indica que:


(15)

Por uma comparação simples, observa-se que:

Isso quer dizer que a inversa da matriz de transformação é igual à sua trans-
posta. As matrizes que cumprem essa condição são denominadas ortogonais.
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 175

Matriz de rigidez de um elemento da treliça


Ao especificar a Equação 15, para os nós i e j de um elemento de treliça como
o mostrado na Figura 5, você obtém:

Ela está composta pelo vetor de forças internas em coordenadas locais:

E pelo vetor de forças internas em coordenadas globais:

E a matriz de transformação de coordenadas do elemento é:

A relação entre as forças internas no sistema pode ser expressa na forma


compacta:
176 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

A matriz Te de ordem 4x4 cumpre com as relações de ortogonalidade, ou


seja:

Agora, entre as forças pe e os deslocamentos associados a elas:

Onde ke:

As equações finais do método dos deslocamentos expressam o equilíbrio dos nós da


estrutura nas direções das deslocabilidades. Por isso, é conveniente introduzir uma
convenção de sinais para forças e momentos que facilite a definição de condições
de equilíbrio. Isso vai acarretar uma nova convenção de sinais para esforços normais,
esforços cortantes e momentos fletores em quadros planos. A Figura 7, que você pode
ver a seguir, resume a convenção de sinais adotada no método para quadros planos.
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 177

Figura 7. Convenção de sinais adotada para quadros planos no método dos deslocamentos.
Fonte: Martha (2010).

Método de rigidez e flexibilidade

Relação entre ações e deslocamentos


178 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

Equação da força em função em termos do


deslocamento

Onde a rigidez da mola (k) é a força por unidade de deslocamento, ou


seja, é a força requerida para produzir um deslocamento unitário na mola
(CARELLI, 2010).

Equação do deslocamento em termos da força

Onde б é a deformabilidade da mola, geralmente chamada de flexibili-


dade, sendo o deslocamento por unidade de força. Ou seja, é o deslocamento
produzido pela aplicação de uma força de valor unitário.
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 179

Relação entre rigidez e flexibilidade

Se, em vez de uma mola, houver uma barra contínua (como a viga de um
edifício, por exemplo), porém discretizada, ou seja, com um número finito de
graus de liberdade (neste caso, apenas um), de acordo com a resistência dos
materiais, se pode dizer:

  

Comparando-se as equações anteriores:

  

E analisando e trabalhando as equações anteriores, tem-se o coeficiente


de rigidez da barra:

Logo, o coeficiente de flexibilidade da barra é dado por:


180 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

As matrizes de rigidez elementares de algumas barras em vigas e treliças são apresen-


tadas na Figura 8, que você pode ver a seguir.

Figura 8. Matrizes de rigidez elementares.


Fonte: Carelli (2010).

Aplicação do método da flexibilidade para


estruturas isostáticas e hiperestáticas

Estruturas isostáticas
Observe o roteiro de cálculo para estruturas isostáticas:
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 181

a)  Fixar o sistema de coordenadas globais (de referência).


b)  Subdividir a estrutura em elementos e estabelecer o sistema de coor-
denadas locais.
c)  Formular a matriz de incidência estática: [B], tal que {S} = [B] {R}.
d)  Formular a matriz de flexibilidade da estrutura desmembrada, cujas
submatrizes, referentes aos diversos elementos, se dispõem em banda:

e)  Compor a matriz de flexibilidade da estrutura integrada:

f)  A partir do carregamento dado, formular o vetor das ações nodais {R}.
g)  Calcular os esforções {S}, deslocamentos {r} e deformações {s}:

Estruturas hiperestáticas
No caso de estruturas hiperestáticas, a matriz de incidência estática [B] não
pode ser formulada diretamente a partir das equações de equilíbrio, porque
há indeterminação estática na estrutura.
Por isso, transforma-se a estrutura hiperestática, rompendo-se tantos víncu-
los quantos necessários para se obter um modelo isostático (sistema principal).
Nesse sistema, será sempre possível formular a matriz [B] segundo a isostática.
O sistema principal deverá ser compatibilizado com a estrutura hiperestática
original por meio da aplicação de ações {X} nos locais e direções em que
houve cortes de vínculos, implicando deslocamentos finais nulos segundo as
mesmas coordenadas.
182 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

Às ações {X}, dá-se o nome de hiperestáticas. Já às equações complemen-


tares que compatibilizam os modelos, dá-se o nome de equações de coerência.
Veja o roteiro de cálculo para estrutura hiperestática:

a)  Deve-se inicialmente estabelecer o sistema principal (isostático),


numerando-se as coordenadas globais a partir de onde se aplicam as
ações externas {R}, e então os hiperestáticos {X}.
b)  Na equação de equilíbrio relativa ao sistema principal, podem ser então
considerados os seguintes vetores de ações exteriores e deslocamentos:

c)  Desmembra-se a estrutura em elementos, fixando-se as coordenadas


locais.
d)  A partir das equações da compatibilidade estática,

formula-se a matriz de incidência estática [B] relativa ao sistema principal:

ou ainda:

e)  Formulada a matriz de flexibilidade para a estrutura desmembrada, [f],


será possível compor a matriz de flexibilidade [F] do sistema principal
integrado:
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 183

f)  Os deslocamentos do sistema principal são:

g)  Desses deslocamentos, sabe-se que {x} = {0}, obtendo-se as equações


de coerência:

obtendo-se os hiperestáticos:

a expressão final dos esforços (nas coordenadas locais):

e os deslocamentos nodais (nas coordenadas globais):

Logo, a matriz de flexibilidade da estrutura hiperestática é:


184 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

A seguir, estão alguns exemplos. Para exercitar o que aprendeu, você pode resolver a
estrutura apresentada nas figuras, em que E e J são comuns às duas hastes.

Figura 9. Estrutura hiperestática com duas


hastes.
Fonte: Domicio (1977).

Solução:
Transformando o carregamento uniforme na Figura 9, a consideração de que a
estrutura tem grau hiperestático g = 2 impõe a escolha de um sistema principal,
como mostra a Figura 10.

Figura 10. Sistema principal segundo o método das forças.


Fonte: Domicio (1977).

Obteve-se tal sistema rompendo dois vínculos, no presente caso por meio de ar-
ticulações em A e B.
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 185

As coordenadas de referência (Figura 10) são duas para o carregamento e duas


para os hiperestáticos (R1, R2, X3, X4). Note que o hiperestático X4 compõe-se de dois
momentos opostos e iguais.
(B0) (B1)
0 0 –1 0
0 0 0 –1
[B] =
–1 0 0 1
0 1 0 0

2 –1
l –1 2
[f ] =
6EJ 2 –1
–1 2

Figura 11. Representação dos carregamentos e transmissibilidade de cargas.


Fonte: Domicio (1977).

As submatrizes de flexibilidade para a estrutura do sistema principal integrado são:

[F10] = [B1]T [f ][B0] =


2 –1 0 0
–1 0 0 0 –1 2 0 0 l
=
0 –1 1 0 2 –1 –1 0 6EJ
–1 2 0 1
0 0 l
=
–2 –1 6EJ

[F11] = [B1]T [f ][B1] =


2 –1 –1 0
–1 0 0 0 –1 2 0 –1 l
=
0 –1 1 0 2 –1 0 1 6EJ
–1 2 0 0
2 –1 l
=
–1 4 6EJ
186 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

É necessário inverter [F11]:


[F11]–1 = 6EJ 4 1
7 1 2

Carregamento modal:
pl²/12
{R} =
pl²/12

Valores dos hiperestáticos:


{X} = – [F11]–1 [F10] {R}

X3 4 1 6EJ 0 0 l pl²/12 pl²/28


= – =
X4 1 2 7l –2 –1 6EJ pl²/12 pl²/14

Esforços em coordenadas locais:


R
{S} = {S0} + [B0 B1]
X

S1 0 0 0 –1 0 pl²/12 –pl²/28
S2 0 pl²/12 –pl²/14
= + 0 0 0 –1 =
S3 + pl²/12 –1 0 0 1 pl²/28 +pl²/14
S4 – pl²/12 0 1 0 0 pl²/14 0

O diagrama de momentos fletores é o da Figura 10. Note que a matriz de incidência


[B] para a estrutura estaticamente indeterminada é:
–2/7 –1/7
[B] = [B0] – [B1] [F11]–1 [F10] = –4/7 –2/7
–3/7 –2/7
0 1

Essa matriz transforma diretamente {R} em {S}:

Figura 12. Diagrama de momentos fletores


da estrutura.
Fonte: Domicio (1977).
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 187

Se você deseja obter os deslocamentos nodais {r} da estrutura dada, pode compor
sua matriz de flexibilidade:
{F} = [F00] – [F10]T [F11]–1 [F10]

Onde: [F00] = [B0]T [f ] [B0]


No presente caso, conclui-se que:
l l l
[F00] = 2 1 e [F] = 2 1 + –8 –4
1 2 6EJ 1 2 6EJ –4 –2 42EJ
l
[F] = 2 1
1 4 14EJ
Os deslocamentos nodais são:
r1 l 2 1 pl²/12 3pl³/168EJ
=
r2 = 14EJ 1 4 pl²/12 5pl³/168EJ

Quanto às reações, dadas as coordenadas estabelecidas na Figura 13, se determina


[C] tal que:
R
{A} = [C]
X
(R1 = 1) (R2 = 1) (X3 = 1) (X4 = 1)
–1/l 1/l 0 1/l
[C ] = 0 0 1/l 1/l
1/l –1/l 0 –1/l
0 0 1/l 1/l
pl/2
R
{A} = {A0} + [C0 C1] = 0 +
X pl/2
0
–1/l 1/l 0 1/l pl²/12 16
+ 0 0 1/l 1/l pl²/12 = 3 pl
1/l –1/l 0 –1/l pl²/28 12 28
0 0 1/l 1/l pl²/14 3

Figura 13. Reações na estrutura.


Fonte: Domicio (1977).
188 Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças

1. Obtenha a matriz de rigidez [K] da e)


estrutura abaixo para o sistema
de coordenadas estabelecido.
Dica: desconsidere os efeitos de
2ª ordem, ou seja, despreze os
esforços axiais despertados pela 2. Quais são os métodos clássicos
imposição dos deslocamentos matriciais mais utilizados
na direção transversal à barra. na análise matricial de
estruturas na engenharia?
a) Método da flexibilidade
e das forças.
b) Método das forças e
dos deslocamentos.
c) Método da rigidez e dos
deslocamentos.
d) Métodos da rigidez.
e) Método das forças e
do equilibrio.
3. Para a treliça plana da imagem
a) abaixo, obtenha os esforços e os
deslocamentos dos nós B e D. E
e J são comuns a todas as barras.
Utilize o método da flexibilidade.

b)

c)

d) a) [S]={-P raiz(P) -P -P 0 } T { r1
r2 r3 r4} = {1 -(2+2 raiz(2)) 0
-(3+2 raiz(2))} T * PL/EJ
Aplicações em vigas, pórticos, arcos e treliças 189

b) [S]={-P raiz(P) -P -P 0 } T { r1 d) {S}= { -2,77 -6,98 6,98 -9,72 3,70


r2 r3 r4} = { 1 -(2+2 raiz(2)) 0 6,02 3,70 0,46 0,47 -0,46 }
-(3+2 raiz(2)) } T * PL/EJ e) {S}= { -2,77 -6,98 6,98 -9,72
c) [S]={-P raiz(2P) -P -P 1 } T 3,70 6,02 0 0,46 0,47 -0,46 }
{ r1 r2 r3 r4} = { 1 -(2+2 raiz(2)) 5. Tem-se a estrutura da imagem
0 -(3+2 raiz(2)) } T * PL/EJ abaixo, com dois graus de
d) [S]={-P raiz(2P) -P -P 0 } T indeterminação (rotações nos
{ r1 r2 r3 r4} = { 0 -(2+2 raiz(2)) nós C e D), onde se desprezam as
0 -(3+2 raiz(2)) } T * PL/EJ deformações axiais. Resolva pelo
e) [S]={-P raiz(2P) -P -P 0 } T { r1 método da rigidez e encontre os
r2 r3 r4} = { 1 -(2+2 raiz(2)) 0 esforços internos da estrutura.
-(3+2 raiz(2)) } T * 2PL/EJ
4. Determine os esforços internos
pelo método da rigidez ou dos
deslocamentos na imagem abaixo.
Considere EJ = 5*10^4 t/m2.

a) [S]={-30 -60 60 -117 -8 -16


133 -145}T * (pL3 /1128)
b) [S]={-30 -60 60 -117 -8 -16
133 -145}T * (pL3 /1000)
c) [S]={-30 -60 60 -117 -8 -16
a) {S}= { -1 -6,98 6,98 -9,72 3,70 133 -140}T * (pL3 /1128)
6,02 3,70 0,46 0,47 -0,46 } d) [S]={-30 -60 60 -117 -4 -16
b) {S}= { -2,77 -6,98 6,98 -9,72 133 -145}T * (pL3 /1128)
3,70 6,02 3,70 0,46 0,47 -0 } e) [S]={-20 -60 60 -117 -8 -16
c) {S}= { -2,77 -6,98 6,98 -9,72 133 -145}T * (pL3 /1128)
3,70 6,02 3,70 0,46 0 -0,46 }

CARELLI, J. A. Análise matricial de estruturas. Joaçaba: UNOESC, 2010. Apostila da


disciplina Análise Matricial de Estruturas.
HURTADO GÓMEZ, J. E. Análisis matricial de estructuras: curso con MATLAB. Manizales:
[s.n.], 2013.
MARTHA, L. F. O método da rigidez direta sob um enfoque matricial. Rio de Janeiro:
PUCRJ, 1993.
MARTHA, L. F. Métodos básicos da análise de estruturas. Rio de Janeiro: Campus, 2010.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Para a determinação de esforços internos, reações, matriz de rigidez e deslocamentos, deve-se
estudar com profundidade a análise estrutural matricial.
Assista a este vídeo, no qual serão apresentados exemplos específicos para o melhor entendimento
da análise matricial em estruturas.

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Exercícios

1) Obtenha a matriz de rigidez [K] da estrutura a seguir para o sistema de coordenadas estabelecido.
Dica: desconsiderar os efeitos de segunda ordem, ou seja, desprezar os esforços axiais despertados
pela imposição dos deslocamentos na direção transversal à barra.

A)

[
[K] = 34E1A1L1 − √34E1A1L1−√34 E1A1L1 14E1A1L1 + E2A2L2 ]
B)

C)
D)

E)

2) Quais os métodos clássicos matriciais mais utilizados na análise matricial de estruturas na


Engenharia?

A) Método da flexibilidade e das forças.

B) Método das forças e dos deslocamentos.

C) Método da rigidez e dos deslocamentos.

D) Métodos da rigidez.

E) Método das forças e do equilíbrio.

3) Para a treliça plana da imagem a seguir, obtenha os esforços e os deslocamentos dos nós B e D.
E e J são comuns a todas as barras. Utilize o método da flexibilidade.
A) [S]={ -P raiz(2P) -P -P 0 } T { r1 r2 r3 r4} =
{ 1 -(2+2 raiz(2)) 0 -(3+2 raiz(2)) } T * PL/EJ.

B) [S]={ -P raiz(P) -P -P 0 } T { r1 r2 r3 r4} =


{ 1 -(2+2 raiz(2)) 0 -(3+2 raiz(2)) } T * PL/EJ.

C) [S]={ -P raiz(2P) -P -P 1 } T { r1 r2 r3 r4} =


{ 1 -(2+2 raiz(2)) 0 -(3+2 raiz(2)) } T * PL/EJ.

D) [S]={ -P raiz(2P) -P -P 0 } T { r1 r2 r3 r4} =


{ 0 -(2+2 raiz(2)) 0 -(3+2 raiz(2)) } T * PL/EJ.

E) [S]={ -P raiz(2P) -P -P 0 } T { r1 r2 r3 r4} =


{ 1 -(2+2 raiz(2)) 0 -(3+2 raiz(2)) } T * 2PL/EJ.

4) Determine os esforços internos pelo método da rigidez ou dos deslocamentos na imagem a seguir.
Considere EJ = 5*10^4 t/m².

A) {S}= { -1 -6,98 6,98 -9,72 3,70 6,02 3,70 0,46 0,47 -0,46 }

B) {S}= { -2,77 -6,98 6,98 -9,72 3,70 6,02 3,70 0,46 0,47 -0 }.
C) {S}= { -2,77 -6,98 6,98 -9,72 3,70 6,02 3,70 0,46 0 -0,46 }.

D) {S}= { -2,77 -6,98 6,98 -9,72 3,70 6,02 3,70 0,46 0,47 -0,46 }.

E) {S}= { -2,77 -6,98 6,98 -9,72 3,70 6,02 0 0,46 0,47 -0,46 }.

5) Tem-se a estrutura da imagem a seguir, com dois graus de indeterminação (rotações nos nós C e D),
em que se desprezam as deformações axiais.
Resolva pelo método da rigidez e encontre os esforços internos da estrutura.

A) [S]={-30 -60 60 -117 -8 -16 133 -145}T * (pL³ /1128).

B) [S]={-30 -60 60 -117 -8 -16 133 -145}T * (pL³ /1000).

C) [S]={-30 -60 60 -117 -8 -16 133 -140}T * (pL³ /1128).

D) [S]={-30 -60 60 -117 -4 -16 133 -145}T * (pL³ /1128).

E) [S]={-20 -60 60 -117 -8 -16 133 -145}T * (pL³ /1128).


Na prática
A análise estrutural consiste na determinação dos esforços e deslocamentos gerados pelas ações
atuantes na estrutura. Métodos manuais de análise estrutural geralmente demandam um tempo
excessivo de análises, tornando-os inviáveis para a maioria dos problemas práticos e motivando o
emprego de métodos computacionais. Saiba mais sobre o desenvolvimento de um software para
análise de esforços e deslocamentos de estruturas planas ou espaciais formadas por elementos de
barras.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Com o objetivo de melhorar a interação entre o usuário e o programa, o software desenvolvido


conta com uma interface gráfica que otimiza a entrada de dados e permite a alteração ou a
ampliação de uma estrutura previamente analisada com maior agilidade e controle
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Método dos Deslocamentos - viga triapoiada com nós


indeslocáveis
Assista à resolução de uma viga triapoiada com nós indeslocáveis pelo método dos deslocamentos.

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Cálculo matricial para análise de treliças


Assista ao vídeo a seguir, para saber mais sobre a análise das treliças.

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