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CASO 03- ES4/2023.

1 Alisson Gustavo, ao se mudar para seu novo apartamento, recém-


comprado, adquiriu, em 20/10/2022, diversos eletrodomésticos de última geração, dentre os
quais uma TV de LED com sessenta polegadas, acesso à Internet e outras facilidades, pelo
preço de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Depois de funcionar perfeitamente por trinta dias, a TV
apresentou superaquecimento que levou à explosão da fonte de energia do equipamento,
provocando danos irreparáveis a todos os aparelhos eletrônicos que estavam conectados ao
televisor. Não obstante a reclamação que lhes foi apresentada em 25/11/2022, tanto o
fabricante (TCL TV S.A.) quanto o comerciante de quem o produto fora adquirido (Magazine
Caboclo Ltda.) permaneceram inertes, deixando de oferecer qualquer solução. Diante disso,
em 10/02/2023, Alisson propôs ação perante 3ª Vara do Juizado Especial Cível da Comarca de
Uberlândia-MG, em face tanto da fábrica do aparelho quanto da loja em que o adquiriu,
requerendo: () a substituição do televisor por outro do mesmo modelo ou superior, em
perfeito estado; (ii) indenização de aproximadamente trinta e cinco mil reais, correspondente
ao valor dos demais aparelhos danificados; e (ii) indenização por danos morais, em virtude de
a situação não ter sido solucionada em tempo razoável, motivo pelo qual a familia ficou,
durante algum tempo, sem usar a TV. O juiz, porém, acolheu preliminar de ilegitimidade
passiva arguida, em contestação, pela loja que havia alienado a televisão ao autor, excluindo-a
do polo passivo, com fundamento nos artigos 12 e 13 do Código de Defesa do Consumidor.
Além disso, reconheceu a decadência do direito do autor, alegada em contestação pela
fabricante do produto, com fundamento no Art. 26, inciso II, do CDC, considerando que
decorreram mais de noventa dias entre a data do surgimento do defeito e a do ajuizamento da
ação. A sentença não transitou em julgado. Na qualidade de advogado(a) do autor da ação,
indique o meio processual adequado à tutela do seu direito, elaborando a peça processual
cabivel no caso, excluindo-se a hipótese de embargos de declaração, indicando os seus
requisitos e fundamentos nos termos da legislação vigente.

EMENTA: APELAÇÃO CIVEL AÇÃO ORDINARIA COMPRA DE APARELHO CELULAR - VICIO


OCULTO-PRAZO DECADENCIAL ART 26 DO CDC-VICIO NÃO SANADO-DESFAZIMENTO DO
NEGÓCIO POSSIBILIDADE DANO MORAL CONFIGURADO QUANTUM INDENIZATORIO -
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. Nos termos do art. 26 do CDC, a decadência do
direito de reclamar em Juizo por vicio oculto ocorre após o prazo de noventa dias. Em se
tratando de vicio oculto, caso dos autos, o prazo previsto no citado art. 26 do CPC inicia-se
quando evidenciado o referido vicio, e não corre durante o prazo de garantia contratual. Nos
termos do art. 18, "caput" e § 1º, le ll, do CDC, os fornecedores de produtos de consumo
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vicios apresentados; não sendo o
vicio sanado no prazo máximo de trinta dias, o consumidor pode optar pela substituição do
produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso, ou a restituição da
quantia paga. Configura dano moral indenizável o fato de o consumidor adquirir um produto
novo, com defeito, e dele não poder usufruir adequadamente, em razão do vicio apresentado,
não podendo ser considerado como fato corriqueiro ou mero aborrecimento. A indenização
por dano moral deve ser arbitrada segundo o prudente arbítrio do julgador, sempre com
moderação, observando-se as peculiaridades do caso concreto e os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, de modo que o quantum arbitrado se preste a atender
ao caráter punitivo da medida e de recomposição dos prejuízos, sem importar, contudo,
enriquecimento sem causa da vítima. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.20.503090-1/001,
Relator(a): Des. (a) José de Carvalho Barbosa, 13ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 03/12/2020,
publicação da súmula em 04/12/2020)

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