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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA SERRA –


COMARCA DA CAPITAL – ESPÍRITO SANTO

Processo nº 0022757-94.2016.8.08.0012

1. LARIANE VITORIA ALVAREGA, já devidamente qualificado


nos autos em epígrafe da Ação de Indenização o por Danos Materiais e Morais,que
move em face de MRV ENGENHARIA E PARTICIPAÇÃO S.A vem por meio de seus
advogados, à presença de Vossa Excelência, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS NA FORMA DE MEMORIAIS


pelos fatos e fundamentos a seguir:
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DOS FATOS
2. As partes pactuaram o “Contrato Particular de Promessa de
Compra e Venda”, em um dos stands de venda da Requerida, para a compra de um
imóvel com prazo de entrega definido como 16 de abril 2016.

3. A despeito da redação da previsão da clausula o imóvel foi


entregue apenas em 29 de janeiro de 2017, caracterizando 8 meses de atraso

4. Soma-se ao atraso a cobrança injustificada de valores, que


assoberbaram a Requerente, impactando eu seu reduzido orçamento familiar.

5. Em sede de contestação, a Requerida alega em síntese: a)


ilegitimidade no tocante a taxa de evolução de obra, b) incompetência do juízo; c) a obra
não se encontrava em atraso e inexistência de cláusulas abusivas; d) impossibilidade
de ressarcimento do aluguel; e) que a taxa de evolução de obra é legitima; f) por fim,
questionam a possibilidade de condenação em danos morais.

6. Um verdadeiro disparate! Tais alegações não merecem prosperar,


conforme veremos.

PRELIMINARES

DA LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA MRV


7. Douto Magistrado, a Requerida sustenta, em sua peça de
contestação, se tratar de parte ilegítima no que tange à cobrança de juros de obra. O
que se discute na presente demanda é a responsabilidade da mesma pelo prejuízo que
essa cobrança além do prazo convencionado para a construção da obra resulta ao
comprador.

8. Como explicado na Exordial e retomando no decorrer desta


manifestação, não se propõe aqui discutir a legalidade da cobrança da taxa de evolução
de obra por parte do banco, muito menos se essa possui previsão contratual no contrato
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de financiamento, mas sim a responsabilidade da Requerida pela extensão de sua


cobrança por período maior que o pactuado.

9. Ora, conforme se depreende do conjunto probatório e pela


narrativa, há evidente nexo entre o inadimplemento das construtoras e a cobrança em
tempo superior ao permitido. Logo, sua legitimidade se mostra nitidamente presente.

10. Nota-se, em verdade, que a Requerida tenta repassar ao


consumidor a responsabilidade pelo seu inadimplemento.

11. Valendo-se da legislação consumerista, plenamente aplicável ao


caso concreto, chega-se a mesma conclusão, visto que a Requerida compõe a cadeia
de consumo, ora como codevedora, ora como credora, porém sempre como autora do
dano, na forma do artigo 7º1, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor.

12. Não obstante, os tribunais já pacificaram entendimento no sentido


de que a Ré é parte legítima para figurar no polo passivo da demanda, vez que deu
causa ao prejuízo do consumidor.

13. Por conseguinte, resta afastada a alegação de ilegitimidade


passiva da Requerida.

DO MÉRITO

DA RELATIVIZAÇÃO DO PACTA SUNT SERVANDA –


CONTRATO DE ADESÃO – CLÁUSULAS
CONTRADITÓRIAS
14. Magistrado, não há dúvidas que estamos diante de um contrato
de adesão na forma do artigo 54 do Código de Defesa do Consumidor.

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Art 7º. [...] Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos
danos previstos nas normas de consumo.
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15. Embora o consumidor tenha manifestado sua vontade ao assinar


o contrato com a Requerida, não há que se falar em decisão que implique concordância
irrestrita com todo o conteúdo das cláusulas contratuais, em especial diante de certas
absurdidades cometidas por essa.

16. Como é sabido, no contrato de adesão não se discutem as


cláusulas e, portanto, ocorre uma simples “aderência” a um contrato elaborado
unilateralmente pelo fornecedor. “Ou assina como está ou dá lugar ao próximo da fila”.

17. Assim, resta claro a necessidade de adotar um termo único,


não só mais benéfico ao consumidor/aderente, como firmado no contato definitivo,
sobrepondo a disposição anterior.

18. Nesse toar, com base nas próprias disposições contratuais e o


ordenamento cível/consumerista, depreende-se que o prazo correto para a conclusão
do empreendimento é aquele de 16 de abril de 2016.

19. Sua adoção se justifica por se tratar não só de uma previsão


clara e expressa como, também, mais favorável ao consumidor, frente confusa
redação constante no contrato preliminar.

DO PRAZO DE TOLERÂNCIA – PRORROGAÇÃO POR 180


DIAS
20. O Requerente não ignora a previsão no contrato de um prazo de
tolerância de 180 dias, porém entende-se por sua não aplicação no caso concreto, uma
vez que se encontra desprovida de justo motivo para sua incidência.

21. Aqui, não se questiona a legalidade de sua previsão, fato


amplamente reconhecido pela jurisprudência, mas sim sua aplicação, irrestrita e
injustificada.

22. Excelência, a Requerida não apresentou no processo qualquer


fato que justifique a conclusão da obra após prazo combinado, de modo que
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apenas realizou alegação genérica e vazia de que atrasos podem ocorrer, em função
de chuvas e greves, fatos tidos como fortuitos internos, incapazes de afastar sua
responsabilidade pelo inadimplemento2.

23. Esta postura desafia o ordenamento, visto que as cláusulas de


tolerância se tornaram um subterfúgio ao mascarar a real duração da obra e alimentar
falsa expectativa nos compradores, que projetam sua vida com base em uma data
que o fornecedor sabia de antemão que não cumpriria.

24. Como já dito, não se questiona, de forma abstrata, a possibilidade


de se estabelecer uma cláusula de tolerância, mas, questiona-se sua aplicação
arbitrária no caso concreto, desprovida de justo motivo, o que contraria nosso
ordenamento pátrio, que dita:

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que


impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista
nesta e nas seções anteriores.

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do


fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços
ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de
consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica a
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
25. Do contrário estar-se-ia endossando prática abusiva e contrária a
boa-fé, fato defeso no sistema civilista3 e consumerista4.

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O caso fortuito interno, compõe o risco do negócio, pois é passível de previsibilidade mínima nos cálculos prévios dos
do empreendimento, segundo entendimento pacífico na doutrina e jurisprudência.
3 Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre
as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio
de uma das partes.
4
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e
serviços que IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
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26. No mesmo sentido, citam-se inúmeros precedentes Tribunal de


Justiça do Espírito Santo que condenam tal prática, a citar5:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESVISÃO CONTRATUAL C⁄C


DANOS MATERIAIS. PREJUDICIAL DE MÉRITO ARGUIDA.
AFASTADA. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM. REJEITADA. RESPONSABILIDADE PELO ATRASO DA
ENTREGA DO IMÓVEL RESIDENCIAL. AUSÊNCIA DE CASO
FORTUITO E FORÇA MAIOR. CLÁUSULA COM PREVISÃO DE
ATRASO DE 180 DIAS AFASTADA. RESTITUIÇÃO DA
INTEGRALIDADE DOS DANOS MATERIAIS. JUROS MORATÓRIOS
E MULTA. DEVIDA. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA.
DEFERIDA. [...] .É uníssona a jurisprudência do c. STJ no sentido de
que “a previsão contratual da tolerância de 180 dias na entrega da obra
representa cláusula padrão nos contratos da espécie, considerando
que se trata de empreendimento complexo e sujeito a situações
involuntárias das mais variadas, ditas de força maior, que podem
levar ao atraso na entrega de unidades edilícias, descaracterizando
que se trate de cláusula abusiva.” (AgRg no AREsp 328960⁄RS, Rel.
Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, DJ 13⁄05⁄2014, DJe
28⁄05⁄2014). 4.Não há que falar em excludente de responsabilidade
civil pelo rompimento do nexo de causalidade diante da ocorrência de
caso fortuito ou força maior, eis que os motivos alegados são
características próprias do risco da atividade da construção civil,
podendo ser considerada, no máximo, “caso fortuito interno”. 5.Não se
mostra razoável nem proporcional permitir que se alongue genérica
e substancialmente o prazo original de entrega do imóvel, sem
qualquer justificativa plausível, colocando o consumidor em situação
de extrema insegurança e desequilíbrio contratual. [...] 9.Recurso
de Inpar Projeto 92 SPE Ltda e Tibério Construções e Incorporações
S⁄A conhecido e não provido. Recurso de Silas dos Santos Sarti e

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Em igual sentido ditam os precedentes: TJES, Apelação nº 48120216105, Rel. Elisabeth Lordes – Terceira Câmara
Cível, DJ: 21/03/2017; TJES, Apelação nº 24140331802, Rel. Jorge Do Nascimento Viana – Quarta Câmara Cível , DJ:
20/03/2017; TJES, Agravo de Instrumento nº 48169000089, Rel. Janete Vargas Simões - Primeira Câmara Cível, DJ:
14/02/2017; TJES, Apelação nº 24110427325, Rel: Arthur José Neiva De Almeida – Quarta Câmara Cível , DJ:
20/06/2016 ; TJES, Apelação nº 48120172829, Rel: Fernando Estevam Bravin Ruy – Segunda Câmara Cível, DJ:
15/03/2016; TJES, Apelação nº 24120062088, Rel. Jorge Do Nascimento Viana – Quarta Câmara Cível, DJ: 25/01/2016;
TJES, Apelação nº 48110265674, Rel: William Couto Gonçalves - Primeira Câmara Cível , DJ: 21/10/2014;
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Thaís Nascimento de Souza Sarti conhecido e provido (TJES, Classe:


Apelação, 48120169437, Relator : JANETE VARGAS SIMÕES, Órgão
julgador: PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL , Data de Julgamento:
02/05/2017, Data da Publicação no Diário: 11/05/2017)

27. Isso posto, não pode a construtora valer-se da tolerância de


forma automática e injustificada, como o fez no caso concreto, sob pena de ser
considerada cláusula meramente potestativa e contrária ao ordenamento.

DA UTILIZAÇÃO DA SELIC COMO PARÂMETRO PARA A


FIXAÇÃO DOS JUROS LEGAIS
28. Muito embora a Requerida tenha argumentando que o Superior
Tribunal de Justiça fixou a taxa SELI como taxa de juros moratórios prevista no artigo
406 do Código Civil.

29. Contudo importa esclarecer que o termo é controverso, talvez um


dos mais controversos, dado que é fonte de intensos debates nas cortes superiores
desde início da vigência do Código de 2002.

30. Ademais, recentemente a a Quarta Turma do STJ, por


unanimidade, afetou o julgamento do REsp 1.795.982/SP, à Corte Especial, para
que seja apreciada a controvérsia sobre a aplicação ou não da taxa Selic às
condenações judiciais, de acordo com interpretação do artigo 406, do Código Civil.

31. Dado que o Relator, Ministro Luís Felipe Salomão, sabiamente


compreende que a Selic não representa, adequadamente, uma taxa real para o direito
privado, por incluir juros e correção monetária, que fluem a partir de momentos
distintos nas condenações civis, em um único índice.

32. Como forte argumento contrário, persiste a natureza e finalidade


da taxa, que é estimada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil
sujeitando-se a extrema imprevisibilidade diante das incertezas econômicas no país,
sendo impossível sua previsão antecipada.
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33. Ainda quanto a natureza da taxa, surgem argumentos para sua


inconstitucionalidade, dado que não há definição legal da taxa Selic e inexiste
origem legal da taxa Selic para fins tributários.

34. Seguindo a linha de argumentos contrários a incidência da citada


taxa, discute-se a ocorrência do bis in idem na cobrança de taxa Selic e correção
monetária, não refletindo os aumentos e diminuições de preço da economia, ao também
carregar juros em sua composição.

35. Tem-se ainda que a aplicação de juros de natureza remuneratória


é incompatível com a natureza tributária.

36. Por fim, aponta-se que o art. 161, § 1.º, do Código Tributário
Nacional, estipula juros máximos de 1% ao mês contados desde o vencimento, se
sobrepondo a eventual estipulação de lei ordinária.

37. Diante de todos os motivos citados, fila-se ao entendimento


defendido pela maioria doutrinária, ao concluir que a taxa do art. 406 do Código Civil de
2002, deve equivaler à taxa do art. 161, § 1.º, do Código Tributário Nacional.

Da Alegação de Inexistência do Dano Moral


38. Culto Julgador, por fim a Requerida encerra sua defesa com a
alegação de não se observa a ocorrência do dano moral pelo simplesmente pelo fato
de, supostamente, inexistir atraso.

39. Ora, a matéria em que se sustenta a alegação de inexistência de


dano moral resta superada de forma incontroversa diante de todos os elementos
probatórios carreados nos presentes autos processuais, devendo assim serem
afastadas por este douto Juízo.

40. É inquestionável a existência do referido dano, pois em razão do


completo descaso da construtora, o Requerente se viu privado de residir no seu
próprio imóvel, lutando para sobreviver com o mínimo de dignidade diante das
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inúmeras cobranças ilegais práticas pela Requerida, afetado de forma inegável sua
vida privada e harmonia do lar.

41. Ademais, nossos tribunais são unanimes em decidir sobre a


incidência de Dano Moral em casos idênticos em razão da importância e significado do
bem adquirido, bem como os reflexos da quebra da expectativa experimentada, quando
o atraso prolongado afeta os beneficiários do programa habitacional.

42. Isso posto, devem ser afastadas as alegações da Requerida,


condenando-a assim, a indenizar o Requerente pelos danos morais experimentados,
em valor a ser determinado pelo douto magistrado.

DAS ALEGAÇÕES DA REQUERIDA SOBRE A TAXA DE


EVOLUÇÃO DE OBRA – ILEGALIDADE DA COBRANÇA
APÓS O PRAZO DE ENTREGA DA OBRA – REPETIÇÃO
DO INDÉBITO
43. Douto julgador, não se pretende, aqui, questionar a legalidade da
referida taxa, mas sim, o prejuízo financeiro que é causado pela Requerida.

44. Reforça-se que os encargos, convencionalmente chamados de


chamados de “Taxa de Evolução de Obra” ou “Juros de Medição”, são cobrados
mensalmente pela instituição financeira até a comunicação da conclusão da obra.

45. Porém, ao atrasar a obra, a Requerida descumpre o cronograma,


transferindo para os compradores o ônus de seu atraso, posto que não só impede
que se inicie o pagamento do financiamento, como também perpetua a cobrança de
juros meramente remuneratórios para a entidade financeira, literalmente subsidiando o
atraso da Requerida.

46. Valores “perdidos” pela displicência da Requerida, sendo


cristalina sua responsabilidade, posto que o prejuízo financeiro observado pelo
consumidor, deriva, única exclusivamente das repercussões do inadimplemento da
Requerida.
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47. É assim que aponta a decisão firmada sob o rito dos Recursos
Repetitivos, no Tema 996, que sustenta a necessidade de estipulação expressa do
prazo:

RECURSO ESPECIAL CONTRA ACÓRDÃO PROFERIDO EM


INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS - IRDR.
ART. 1.036 DO CPC/2015 C/C O ART. [...]. PROCESSAMENTO SOB
O RITO DOS RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS. PROGRAMA
MINHA CASA, MINHA VIDA. CRÉDITO ASSOCIATIVO [...]. 1. As
teses a serem firmadas, para efeito do art. 1.036 do CPC/2015, em
contrato de promessa de compra e venda de imóvel em construção, no
âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida, para os beneficiários
das faixas de renda 1,5, 2 e 3, são as seguintes: [...]. 1.3 É ilícito
cobrar do adquirente juros de obra ou outro encargo equivalente,
após o prazo ajustado no contrato para a entrega das chaves da
unidade autônoma, incluído o período de tolerância. [...](STJ -
ProAfR no REsp: 1729593 SP 2018/0057203-9, Relator: Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 11/09/2018)

48. Destarte, diante de todo o aludido, considerando o


inadimplemento contratual da Requerida, devem ser afastadas todas as alegações da
Requerida sobre a taxa de evolução de obra e ao fim este juízo condená-la a restituir o
Requerente o montante pago indevidamente.

DOS REQUERIMENTOS
49. Após todo o exposto, requer-se a rejeição das as preliminares e
das alegações de mérito da Requerida, a fim de que seja julgada procedente a ação em
favor do Requerente nos exatos termos da inicial.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Vila Velha/ES, 02 de agosto de 2022.

Alencar Ferrugini Macedo


OAB/ES 11.648
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Rodolpho Zorzanelli Coqueiro


OAB/ES 15.040

Victor Cunha Boasquevisque


OAB/ES 23.392

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