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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE LONDRINA, ESTADO DO PARANÁ.

Processo: 0037893-59.2023.8.16.0014

FABIO ADRIANO JARJADO, empresário, inscrito sob o RG nº 3294409-4 SESP/PR, e CPF


nº 569.190.429-91 e MARCIA ADELINA ZAMPA FAJARDO, inscrita sob o RG nº
6233453-3 SESP/PR, e CPF nº 025.091.829-35, casados entre si e domiciliados na Rua
Alcides Turnini, Q. 29, Lote 11, N. 1933 situado no loteamento Recanto do Salto em
Londrina-PR, vêm, com fundamento nos artigos 335 e 343, do Código de Processo
Civil, propor:
CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO

em face de, GLASS SOLUTION REPRESENTAÇÕES E SERVIÇOS EIRILE - ME pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ 29.087.416/0001-70, estabelecida na Rua
Vitorio Zanin. 436, Pq. Industrial Bela Vista, Paiçandu-PR, pelos fatos e fundamentos
expostos em sequência:

I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Pleiteiam os requeridos os benefícios da justiça gratuita, por não estar em condições


de pagar às custas do processo, sem prejuízo próprio ou de sua família.

Com fulcro no art. 5º, LXXIV, da CRFB/88, e do art. 98, do CPC/15, o Requerido faz jus à
concessão do benefício da gratuidade da justiça, pois não detêm recursos suficientes
para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejudicar a sua
subsistência ou a de sua família.

Pelo exposto, com base na garantia jurídica que a lei oferece, requer a parte requerida,
a concessão do benefício da justiça gratuita, em todos os seus termos, a fim que seja
isento de qualquer ônus decorrente do presente feito.
II. DO BREVE RESUMOS DOS FATOS

Em meados de julho de 2021 os réus contrataram a requerente para produzir e instalar


esquadrias de alumínio como portas, janelas e outras infraestruturas de metal a serem
instaladas na casa residencial localizada na Rua Alcides Turnini, Q. 29, Lote 11, N. 1933
situado no condomínio fechado Recanto do Salto em Londrina-PR conforme projeto
arquitetônico formulado pelos próprios requeridos, proposta comercial e orçamentos,
todos em anexo.
Os promovidos, notaram desníveis no piso, paredes tortas, falta do recorte incorreto da
alvenaria e falta de acabamentos a serem feitos previamente às instalações eram
queixas recorrentes da demandante que que queria apenas a perfeição técnica
prometida pelos autores de seu trabalho que, infelizmente, dependia da correta
construção das demais infraestruturas de alvenaria que estavam completamente
atrasadas.
Foi possível observar assim como evidenciado no laudo citado acima, que ocorreu
diversas falhas na instalação das esquadrias de alumínio, dentre elas como aponta o
laudo abaixo:

Falta de alinhamento, falta de prumo, falta de esquadro, frestas entre os perfis de


alumínio, emendas mal executadas, vértices “meia esquadria”, mal executadas,
fixação de borrachas de vedação mal executadas, ausência de estanqueidade,
ausência de acabamento de alumínio, entre a esquadria e o revestimento/soleira,
ruído exagerado ao abrir e fechar a esquadria, dentre outros. Conforme laudo em
anexo.
Em síntese foi assim.

III. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Inicialmente, verifica-se que o presente caso se trata de relação de consumo, sendo


amparada pela Lei 8.078/90, a qual regula, especificamente, as relações jurídicas de
consumo entre fornecedores e consumidores.

A lei possibilita ao magistrado determinar a inversão do ônus da prova em favor do


consumidor, conforme seu artigo 6º, VIII:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[...]
VIII - A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiência.” (grifo nosso)

Da simples leitura deste dispositivo legal, verifica-se, sem maior esforço, ter o
legislador conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência de
presentes o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o consumidor for
hipossuficiente, poder inverter o ônus da prova.

Assim, encontram-se presentes a verossimilhança do direito alegado e a


hipossuficiência da parte autora, para que assim seja deferido o pedido de inversão
do ônus da prova constante na obrigação de a requerida apresentar provas
contrárias ao que for exposto pela Autora. Vale, no entanto, deixar claro que
algumas provas já estão em anexo.

IV. EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO art. 476 do CC.


Nobre julgador o que seria a exceção do contrato não cumprido?
Consiste a exceção de contrato não cumprido em um meio de defesa, pelo
qual a parte demandada pela execução de contrato pode argumentar que
deixou de cumpri-lo pelo fato da outra ainda também não ter satisfeito a
prestação correspondente.

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de


cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

A título de exemplo, imagine um contrato de prestação de serviços. Se a parte


contratada deixar de prestar os serviços que são objeto do contrato, a parte
contratante pode suspender os pagamentos com base nesse princípio. E o inverso
também é válido, de forma que se a contratada estiver executando o serviço
regularmente e deixar de receber o pagamento, pode parar de fazer o trabalho.
Entretanto, na prática nem sempre é tão simples. A fim de evitar eventuais problemas,
é altamente recomendável que a parte que se sentir lesada primeiro exija o
cumprimento da obrigação, de preferência por escrito, por meio de notificação ou pelo
menos um e-mail com registro de recebimento.
Além disso, é importante documentar o não cumprimento da obrigação, pelo maior
número de formas possível, incluindo fotos, mensagens de Whatsapp e e-mails, a fim
de que não haja dúvidas quanto ao inadimplemento da outra parte.
Independentemente da existência do princípio da Exceção de Contrato não Cumprido,
é mais vantajoso e célere para as partes resolver os problemas pela via negocial,
mantendo sempre uma relação de cordialidade e transparência, como deve ser em
todo contrato.
O que não ocorreu no caso em tela, os autores se escusaram das suas
responsabilidades e tentam jogar a culpa nos promovidos que sempre agindo de fe,
acreditaram e pagaram aos autores quase todo valor pactuado.
V. DA RELAÇÃO DE CONSUMO
Como se pode notar, a atividade realizada pela Autora pessoa jurídica de direito
privado, perfaz a sua caracterização como fornecedora, mais especificamente na
modalidade de comercialização de produtos e prestação de serviços, conforme previsto
no artigo 3º da Lei 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor., Já a Requerida,
posiciona-se como consumidora, haja vista utilizar-se de serviço prestado pela empresa
autora como destinatário final mediante remuneração, nos termos do
artigo 2º do CDC.
Sendo assim, tem-se formada uma relação de consumo, marcada pela hipossuficiência
e vulnerabilidade do consumidor reconhecidas no próprio código consumerista e, por
consequência, a presente lide deverá ser observada à luz da Lei 8.078/90 – Código de
Defesa do Consumidor.

VI. DA RESPONSABILIDADE E DOS DANOS CAUSADOS PELA EMPRESA


REQUERIDA AO REQUERENTE - DO ATRASO DA OBRA E
DESCUMPRIMENTO DO PRAZO

Vossa Excelencia, a Empresa Requerida possuía tempo suficiente para realizar a


construção mas não cumpriu o prazo.
Todos os fatos conduzem as interpretações no sentido de que os danos
existentes no imóvel, tem como origem a falha na instalação das esquadrias de
alumínio.
As mesmas foram instaladas de forma inadequada. Ressaltamos que a obra é nova,
edificada há poucos meses, não sendo aceitável o surgimento de tais manifestações
patológicas, concluímos que os trabalhos realizados não cumpriram com as boas
práticas construtivas
Falta de alinhamento, falta de prumo, falta de esquadro, frestas entre os perfis de
alumínio, emendas mal executadas, vértices “meia esquadria”, mal executadas,
fixação de borrachas de vedação mal executadas, ausência de estanqueidade,
ausência de acabamento de alumínio, entre a esquadria e o revestimento/soleira,
ruído exagerado ao abrir e fechar a esquadria, dentre outros. Conforme laudo em
anexo.

VII. DO VÍCIO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO


É esperado que o cliente, ao ser contatado e/ou buscar contato com a empresa
prestadora de serviços que contrata, seja capaz de, por intermédio de seus
representantes, firmar acordos por esta respeitados, ainda que firmados por contratos
de adesão descritos nos moldes art. 54 do CDC - que considerarão o princípio
constitucional e consumeristas da boa-fé, pois este implica a exigência nas relações
jurídicas do respeito e da lealdade com o outro sujeito da relação, impondo um dever
de correção e fidelidade, assim como o respeito às expectativas legítimas geradas no
outro
[...] Assim, por exemplo, ao considerar-se um contrato, a boa-fé objetiva
impõe deveres tanto antes da sua celebração formal – como os deveres
de informar corretamente, ou realizar uma oferta clara, sem equívocos –
assim como durante a execução e após sua extinção, podendo
permanecer, findo o ajuste, deveres a serem respeitados pelas partes
(por exemplo a garantia contra vícios)
As condutas da autora no presente caso constituíram-se em verdadeiro abuso de
direito, violador da boa-fé contratual.
Neste sentido, a Lei nº 8.078/1990 – CDC, em seu art. 14 estabelece, verbis:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Será então o art. 20 do mesmo instituto legal que definirá a
responsabilidade da ré no presente caso, pois afirma: O fornecedor de
serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes
da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária, verbis:
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que
os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como
por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da
oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha: (…)
Por todo exposto, requer-se desde logo a determinação judicial para que se cumpra a
prestação de serviços integralmente nos termos da oferta contratada conforme
previsto pelo art. 35, I do CDC, bem como a declaração da existência de vício na
prestação de serviços, e o abatimento proporcional do preço pago pelo serviço vicioso,
por força da aplicação do art. 20, III, nos termos que passamos agora a descrever:
VIII. DO DANO MATERIAL
Os danos materiais sofridos pela Autora devem ser ressarcidos, pois houve clara falha
na prestação de serviço que desrespeitou o contrato firmado entre as partes, devendo
a Ré responder pelos prejuízos causados.
Desse modo, a título de dano material, requer-se os valores citados, bem como os que
venham a ser apurados nos próximos meses pela Requerida, e sejam pagos pela Autora
em decorrência do envio de fatura mensal com valor proporcional ao contratado no
decorrer do presente processo, acrescidos de correção monetária e juros legais:
IX. DO DANO MORAL
O artigo 186 do Código Civil assim estabelece: “Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
O dano moral produzido pela autora presumível pelos próprios fatos já narrados, bem
como pela extensão do tempo a que vem se submetendo as requeridas aos atos
abusivos da autora.

X. DA RECONVENÇÃO

Extrai-se do art. 343, do Código de Processo Civil, que “na contestação, é lícito ao réu
propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal
ou com o fundamento da defesa”.

APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS POR


DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO DE LICENÇA DE USO POR TEMPO
INDETERMINADO DE PROGRAMA DE
COMPUTADOR. EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO. ART. 476 DO
CÓDIGO CIVIL . SENTENÇA MANTIDA. HONORÁRIOS RECURSAIS
DEVIDOS. Nos contratos bilaterais há uma contraprestação entre as
partes, havendo uma dependência entre as obrigações e sendo ambas
devedoras e credoras uma da outra. Assim, para o cumprimento de uma
obrigação, outra deve ser efetuada. Caso isso não ocorra, evidencia-se
a exceção do contrato não cumprido.
A exceção de contrato não cumprido, positivada no art. 476 do CC , é
corolário da boa-fé objetiva, como forma de manter a coesão das
obrigações recíprocas. Dessa forma, nenhuma das partes contratantes
poderá exigir a contraprestação sem que tenha se desincumbido da que
lhe cabe. Desse modo, imperativa a confirmação da sentença de
improcedência do pleito inaugural, pois, nos contratos bilateriais, há
uma contraprestação entre as partes, sendo que há uma dependência
entre as obrigações e ambos os pactuantes são devedores e credores
um dos outro.Assim, para o cumprimento de uma obrigação outra deve
ser efetuada. Inteligência do art. 476 do CC . Nos contratos bilaterais,
que envolvem prestações recíprocas e obrigações interdependentes, se
uma delas não é cumprida, deixa de existir causa para o cumprimento
da outra. Por isso, nenhuma das partes, sem ter cumprido o que lhe
cabe, pode exigir que a outra faça. Diante da sucumbência recursal, é
imperiosa a majoração dos honorários advocatícios anteriormente
fixados, nos termos do artigo 85 , § 11 do CPC . RECURSO DE APELAÇÃO
CONHECIDO E DESPROVIDO.

No caso em comento, o Reconvindo exigiu a que as avarias na estrutura fossem


corrigidas de modo a que ficassem como no projeto. A parte autora alega conjecturas
inverídicas, que vai contra o lauto feito pelos promovidos e que da guarida a tese
defendida aqui, os autores fundaram em meras alegações, sem colacionar aos autos
qualquer prova do alegado, cujo ônus lhe pertencia.

Assim sendo, tendo em vista que a peça defensiva intenta razões de ataque, é cabível a
presente contestação com reconvenção, para que se determine: a) a rescisão
contratual por culpa do comprador; b) a fixação da multa moratória pelo
inadimplemento, no percentual de 20% sobre o valor pago (vide Contrato anexo); c) a
indenização por perdas e danos.

XI. DA LITIGANCIA DE MA FÉ

Os atos de litigância de má-fé causam potencial dano a uma das partes e dano marginal
ao Estado-juiz.

Os casos de litigância de má-fé estão previstos no artigo 80 do Código de Processo Civil,

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato


incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do


processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como
autor, réu ou interveniente.
XII. ATOS ATENTATÓRIOS À DIGNIDADE DA JUSTIÇA

Por sua vez, os autores praticaram atos atentatórios à dignidade da Justiça e


claramente violaram o necessário respeito às decisões do Poder Judiciário ou à
autoridade judiciária no que se refere à execução forçada.

Conforme observa Fredie Didier;

“a execução é um dos ambientes mais propícios para a prática de


comportamentos desleais, abusivos ou fraudulentos”.

Os atos atentatórios à dignidade da justiça estão enumerados no artigo 774 do Código


de Processo Civil:

Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta


comissiva ou omissiva do executado que:

I - frauda a execução;

II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios


artificiosos;

III - dificulta ou embaraça a realização da penhora;

IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;

V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à
penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e,
se for o caso, certidão negativa de ônus.

Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em
montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito
em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível
nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de
natureza processual ou material.

Os autores praticaram atos atentatórios à dignidade da Justiça e claramente violaram o


necessário respeito às decisões do Poder Judiciário ou à autoridade judiciária no que se
refere à execução forçada, resta claramente induzir o juiz a erro, requer desde já a
condenação dos autores.

XIII. ATOS ATENTATÓRIOS AO EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO


Por fim, os autores praticaram atos atentatórios ao exercício da jurisdição também
violaramm o necessário respeito ao Poder Judiciário ou à autoridade judiciária, mas
quanto ao cumprimento dos provimentos mandamentais em geral, previsto no,
artigo 497 e artigo 77, IV , ambos do CPC.

Os atos atentatórios ao exercício da jurisdição estão previstos no


artigo 77, inciso IV, do CPC:

Art. 77. (...)

(...)

IV – cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza


provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação;

O descumprimento dos imperativos de conduta processual acarreta prejuízos tanto à


parte contrária quanto ao Estado-juiz e, a partir do enfoque publicista do processo,
viola o interesse público que visa ao correto e eficiente exercício da jurisdição.

Os autores claramente tentam induzir o juiz a erro, alegando desconhecimento


contratual

Portanto, tais atos devem ser coibidos como forma de garantir o respeito à lealdade e à
boa-fé e, consequentemente, a razoável duração do processo e a celeridade de sua
tramitação.

O caso em tela, restou demonstrado o a intenção de induzir o juiz a erro, e se amolda


perfeitamente, nos dispositivos legais, requer desde a condenação dos autores.

XIV. DA CARACTERIZAÇÃO DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E DO DEVER


DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS

Dos fatos supramencionados é possível perceber a situação indignante que a


Requerente vem passando, considerando que realizou a compra de dois produtos na
empresa Requerida e esta, por desídia, não cumpriu com o combinado, deixando de
entregar o produto no prazo correto e deixando de fornecer informações cruciais para
manter a Requerente atualizada sobre a situação do seu pedido.
O ato da empresa, em geral, frustrou as expectativas dos Requerentes, pois como
consumidores, detinha expectativa de receber os pedidos no prazo combinado ou, pelo
menos, obter informações acerca da situação do seu pedido, o que não ocorreu, pois
sequer foi comunicada sobre o atraso na entrega e só soube o motivo porque procurou
descobrir por conta própria.
Além disso, a desídia da empresa se mostrou sem precedentes, visto que até o
presente momento não forneceu resposta alguma sobre novo prazo para entrega da
obra ou forneceu alternativa para os Requeridos.
Assim, a falha na prestação do serviço não se deu somente pelo fato de não ter
havido a entrega no prazo combinado, mas também pela falta de resolução do
problemas estruturais e ainda de forma administrativa.
Essa atitude da empresa não é outra coisa que não um ato ilícito, violador de
preceitos constitucionais e das normas estabelecidas pelo Código de Defesa do
Consumidor.
Vale destacar que o fornecedor responde independentemente de culpa por qualquer
dano causado ao consumidor, pois, pela teoria do risco, este deve assumir a
responsabilidade pelo dano em razão da atividade que realiza.
Vejamos o ensinamento de Cavalieri:
Uma das teorias que procuram justificar a responsabilidade objetiva é a
teoria do risco do negócio. Para esta teoria, toda pessoa que exerce
alguma atividade cria um risco de dano para terceiros. E deve ser
obrigado a repará-lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa.
(CAVALIERI- 2000, p. 105)
Neste sentido, estabelece o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor que:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.
É direito da Autora, insculpido no Código de Defesa do Consumidor, o acesso ao poder
judiciário para promover a reparação dos danos sofridos nas relações de consumo, seja
por um vício no produto ou na prestação do serviço. Assim temos o que dispõe o
Art. 6º inciso VII do CDC:
“Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
[...]
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;” (grifo nosso)
A conduta ilícita da Requerida não é outra coisa senão um ato ilícito,
nascendo, pois o dever de indenizar a Requerente pelo dano sofrido.
Nesse sentido vejamos o que preceitua a Constituição Federal da
República:
“Art. 5º.
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação.” (grifo nosso)
O Código Civil Brasileiro, em seus artigos 186 e 187, define o que é ato ilícito e quais
motivos que o ensejam:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.” (grifo nosso)
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. (grifo nosso)
Nesse sentido, Excelência, existem diversas decisões dos mais diversos tribunais pátrios
que são semelhantes ao caso em tela e foram favoráveis aos que pleitearam seus
direitos da mesma forma que a Autora vem pleitear a este d. Juízo.
O TJ-MT decidiu favoravelmente ao pedido autoral, tem em vista a falha na prestação
do serviço para a entrega do produto:
EMENTA RECURSO INOMINADO – RELAÇÃO DE CONSUMO – COMPRA
DE PRODUTOS PELA INTERNET – DEMORA NA ENTREGA DOS
PRODUTOS – VÍCIO DO PRODUTO – RECLAMAÇÕES ADMINISTRATIVAS –
PLEITO DE DANO MORAL – SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA –
INSURGÊNCIA DA PARTE PROMOVIDA – ENTREGA DOS PRODUTOS
EFETUADA FORA DO PRAZO – AUSÊNCIA DE CONSERTO OU TROCA DO
PRODUTO VICIADO – AUSÊNCIA DE SOLUÇÃO
ADMINISTRATIVA – FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO – DANO
MORAL CONFIGURADO – VALOR RAZOÁVEL – SENTENÇA MANTIDA –
RECURSO DESPROVIDO. A responsabilidade do fabricante e do
fornecedor de serviços é objetiva, pelo que responde
independentemente de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores em decorrência da falha na prestação de serviço, nos
termos do artigo 14 e também por vício do produto, nos termos do
artigo 18, ambos do Código de Defesa do Consumidor. Diante da
compra dos produtos pelo consumidor, faz ele jus à sua entrega dentro
do prazo estabelecido. Não havendo a entrega conforme combinado,
mesmo diante das inúmeras reclamações administrativas, acertada a
sentença que condenou a promovida ao pagamento de dano moral,
ainda mais quando um dos produtos fora entregue com defeito. O valor
da indenização por dano moral deve ser mantido quando fixado de
acordo com os critérios de proporcionalidade e razoabilidade. Sentença
mantida. Recurso desprovido. (TJ-MT XXXXX20198110006 MT, Relator:
LUCIA PERUFFO, Data de Julgamento: 16/03/2021, Turma Recursal
Única, Data de Publicação: 19/03/2021). (grifos nossos)
No mesmo sentido decidiu o TJSP favoravelmente ao pleito autoral, no sentido da falha
na prestação do serviço, notadamente pelo descaso do fornecedor na resolução do
problema, situação que se assemelha ao caso concreto em questão, tendo em vista
que o produto não chegou ao destino final pela retenção fiscal, não havendo
resolução por parte da empresa Ré até o momento:
RELAÇÃO DE CONSUMO – DEMORA PELA RÉ À ENTREGA DO PRODUTO
ADQUIRIDO PELO AUTOR – DESCASO DA FORNECEDORA NA RESOLUÇÃO DO
PROBLEMA – DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMO – INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS – RECONHECIMENTO. 1. Caracterizados in casu os danos
materiais e morais alegados pelo Recorrido diante do "desvio produtivo do
consumidor", que se configura quando este, diante de uma situação de mau
atendimento, é obrigado a desperdiçar o seu tempo útil e desviar-se de seus
afazeres à resolução do problema, e que gera o direito à reparação civil. A
propósito, como bem exortou o i. juízo a quo às fls. 80/81: "São incontroversas
as datas em que fora prometida a entrega do material e esta não ocorreu,
tendo o autor perdido tempo para aguardar o recebimento e para comparecer
ao estabelecimento da fornecedora sem receber o produto. Se a ré não
dispunha dos materiais nem poderia assegurar a sua entrega em data próxima,
não deveria vender os produtos. (...) Em suma, a ré descumpriu a obrigação de
entrega do produto na data estabelecida, que é dever lateral decorrente da
boa-fé objetiva, e fez com que o autor despendesse seu tempo em diversos dias
para receber os materiais, além de causar atraso na finalização da obra, o que
mostra seu total descaso com o consumidor. (...) No caso presente, o autor foi
submetido a desgaste psíquico superior ao que se poderia esperar na relação
jurídica de consumo, tendo em vista que tentou diversas vezes receber o
produto adquirido diante de novas promessas e prazos de entrega
estabelecidos pela ré, inclusive com comparecimento ao estabelecimento dela,
e ainda teve de amargar o atraso da obra que estava realizando em sua nova
moradia. Além de vender produto inexistente em seu estoque, a ré ainda expôs
o autor a esse desgaste, o que denota descaso e desrespeito ao consumidor". 2.
No que concerne ao quantum arbitrado a título de dano moral (R$ 5.000,00), a
indenização mostra-se razoável, não ostentando caráter abusivo à fornecedora
ou ínfimo ao consumidor. E no que tange ao dano material, o recibo de fls. 21
atesta o dispêndio de R$ 100,00 ao pedreiro da obra do Requerente, que ficou
disponível para o dia agendado à entrega do material, equivalendo à despesa
oriunda do atraso da Ré. Inteligência do artigo 927 do Código Civil. 3. Recurso
conhecido e não provido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos,
com súmula de julgamento servindo de acórdão, na forma do artigo 46 da Lei
nº 9.099/95. Condenação da Recorrente ao pagamento dos honorários
advocatícios da parte contrária em 20% (vinte por cento) sobre o valor total da
condenação. (TJ-SP - RI: XXXXX20218260114 SP XXXXX-71.2021.8.26.0114,
Relator: Renato Siqueira De Pretto, Data de Julgamento: 22/06/2022, 2ª Turma
Cível, Data de Publicação: 22/06/2022). (grifo nosso)
Ainda neste diapasão, o TJRS decidiu favoravelmente ao pleito autoral, tendo
em vista a clara falha na prestação do serviço, situação que ultrapassou o
mero dissabor, como o do caso concreto, evidenciado o desrespeito com o
consumidor, após sucessivas reclamações realizadas e a necessidade de
imposição dos danos morais para coibir a prática:
CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. CARACTERIZAÇÃO.
DEMORA NA ENTREGA DE PRODUTO (GELADEIRA) QUE SUPERA A SIMPLES
OCORRÊNCIA DE INCÔMODO. DESRESPEITO PARA COM O CONSUMIDOR
EVIDENCIADO. - Injustificada demora para a entrega de produto adquirido
pelo autor e que, pelas circunstâncias, permite a punição da empresa ré a fim
de inibir a repetição da conduta - No caso concreto, o dissabor sofrido pelo
autor perpassa o mero incômodo. Promessa de entrega de geladeira que é
descumprida - Situação descrita nos autos que ultrapassa o simples
descumprimento contratual - Ausência de qualquer justificativa razoável para
a demora na entrega que somente se perfectibilizou após o ajuizamento da
demanda. Demora de cerca de 30 dias para concretização da entrega. -
Hipótese do caso concreto em que evidenciado tratamento de descaso e de
desrespeito para com a consumidora. Sucessivas reclamações não atendidas -
Verba indenizatória (R$ 2.500,00) que comporta redução para R$ 1.500,00 a fim
de adequar-se aos parâmetros do Colegiado e atender às funções do instituto.
DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO. (TJ-RS - Recurso Cível: XXXXX RS,
Relator: Heleno Tregnago Saraiva, Data de Julgamento: 24/06/2010, Primeira
Turma Recursal Cível, Data de Publicação: 01/07/2010)
Assim, Excelência, quanto à ilicitude da conduta perpetrada pela autora na falha da
prestação do serviço tanto no sentido de viabilizar a entrega quanto no tocante à
resolução administrativa da situação não mais resta qualquer sombra de
dúvidas, cabendo a esta a obrigação de indenizar a Requerida pelo dano moral
sofrido.
É evidente o dever da autora em reparar os danos causados à demandante, pois sua
atitude lesiva e total descomprometimento com o consumidor não deve ser tratada
como mero aborrecimento ou simples quebra contratual.
O Código Civil deixa claro em seu artigo 927:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo. (grifo nosso)
Nesta senda, permitir que a Demandada continue impune, diante de tal atitude lesiva,
apenas servirá como porta para que a mesma permaneça de forma desleixada, ferindo
a dignidade de outros consumidores.
Seguindo caminho contrário, a correta punição é ferramenta eficaz para que a mesma
não venha a lesar mais consumidores, tratando-os com a dignidade devida e evitando a
sobrecarga do judiciário com processos da mesma natureza.
Seguindo a mesma direção, o Código de Defesa do Consumidor estabelece:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
[...]
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos. (grifo nosso)
Se não bastasse a total falta de respeito e toda angustia infligida à Autora, a qual pagou
por um produto que tanto desejava e não pôde usufruir, além de todo o tempo que já
esperou, a Demandada ainda não informou à Autora prazo para a entrega dos
produtos, gerando uma ansiedade na espera que extrapola os limites da razoabilidade.
A inteligência do art. 6º do mencionado código deixa claro que o consumidor lesado
deverá ser reparado pelos danos que lhes forem causados e em seu art. 14 que o
fornecedor de serviços responde pela reparação dos danos causados aos
consumidores.
Logo, restando apenas que Vossa Excelência apure o grau da lesão sofrida, com base
nas provas levantadas. Vejamos como a jurisprudência se comporta:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. COMPRA PELA INTERNET DE
PRODUTO NÃO ENTREGUE. DANO MORAL. CABIMENTO. 1. Manifesta a
falha na prestação do serviço: compra, via internet, sem que o produto
adquirido viesse a ser entregue, embora realizado o respectivo
pagamento. 2. Dano moral. Cabimento. Dano que decorre de erro
operacional e da frustração da expectativa da parte autora. Quebra do
princípio da confiança. Precedentes. Quantum. Indenização que vai
fixada em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), montante que atende, de um
lado, ao critério pedagógico, evitando que igual fato se repita, e, de
outro, ao reparatório, atenuando o mal sofrido em virtude do
episódio. APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70055680722, Décima
Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Aquino
Flôres de Camargo, Julgado em 12/09/2013). (TJ-RS - AC: XXXXX RS,
Relator: José Aquino Flôres de Camargo, Data de Julgamento:
12/09/2013, Décima Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário
da Justiça do dia 13/09/2013). (grifo nosso)
Diante de todo o demonstrado, Excelência, resta incontroverso o dano causado pela
Demandada e o seu dever de dignamente indenizar a Autora, sendo sugerida a
quantia devida, à título de indenização, com fim punitivo e pedagógico, no importe
de R$100.000,00, (cem mil reais).

VII- DOS PEDIDOS


Ante todo o exposto, o autor requer a Vossa Excelência julgar totalmente procedente a
presente demanda para que:
a) Reconhecimento da relação de consumo; bem como a Inversão do Ônus da
Prova, nos moldes do artigo 6º, inciso VIII do Código de Defesa do
Consumidor;

b) Que seja JULGADA TOTALMENTE IMPROCEDENTE A DEMANDA, condenando


AUTORA a pagar indenização por danos morais no valor de R$ (100.000,00),
absolvendo os requerido dos pedidos pleiteados pela autora, com o
reconhecimento processo sem julgamento de mérito;

c) Caso diverso seja o entendimento de V. Exa, requer o julgamento


improcedente no mérito, diante dos motivos de fato e de direito supra -
mencionados;

d) Seja Reconhecida a RECONVENÇÃO, por diversas falhas na prestação dos


serviços; (Laudo Anexo).

e) A condenação da autora ao pagamento das custas e honorários sucumbências,


de acordo com o artigo 85, § 2º do Código de Processo Civil;

f) Protesta pelo julgamento antecipado da lide, uma vez que se trata de matéria
exclusivamente de direito.

g) Que os autores sejam condenados em atos de litigância de má-fé, pois tentam


causar potencial dano as partes e dano marginal ao Estado-juiz.

termos,

pede Deferimento.

Datado e Assinado, Digitalmente.

ADVOGADO

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