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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito Juizado Especial Cível do

Foro da Comarca de Santa Mariana – Paraná.

A PARTE AUTORA, já qualificada nos autos da presente AÇÃO DE


REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS, movida em face de TIM CELULAR SA,
vem, respeitosamente à Presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 41 da
Lei 9.099/95, interpor o presente Recurso Inominado, tendo em vista a
sentença de improcedência proferida por este juízo.

Ademais, requer a parte autora lhe sejam deferidos os benefícios da


assistência judiciária gratuita, por não ter condições de arcar com as custas
processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio e de sua
família, conforme documentos anexos.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

datado e assinado digitalmente.


Anderson Flogner
OAB/PR nº 78.164

Av. XV de novembro – 301 – Centro - Cornélio Procópio/PR - CEP: 86.300-000


Contato: (43) 3523-9552 | (43) 99831-5486 | flogner.adv@gmail.com
À 3ª TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO ESTADO DO
PARANÁ.

AUTOS CONFORME O PROTOCOLO.

COLENDA TURMA
EMÉRITOS JULGADORES

RAZAÕES DO RECURSO INOMINADO

I. DOS FATOS

Conforme depreende-se da inicial, a parte autora possui contrato de


telefonia com a operadora ré, que, unilateralmente, sem qualquer solicitação,
passou a descontar os créditos do requerente, cobrando-o por serviços que
jamais foram contratados, conforme verifica-se nos extratos de consumo que
acompanham a peça inaugural

Diante de tal situação, a parte autora buscou solucionar o problema


diretamente com a operadora, requerendo o cancelamento dos referidos
serviços, conforme protocolos indicados na inicial.

Todavia, para a surpresa da requerente, mesmo após os pedidos de


cancelamento, a empresa ré continuou a subtrair os créditos da parte autora
pelos serviços mencionados, violando a boa-fé contratual e se enriquecendo
ilicitamente, o que ensejou a parte autora a buscar as vias judiciais para
resolução desta intempérie.

Diante desses fatos e fundamentos jurídicos que seguem, ver-se-á que a


autora teve lesado seus direitos de personalidade, sobretudo porque, mesmo

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após o requerimento para que as cobranças fossem cessadas, a parte ré
continuou a efetuar os descontos indevidos, revelando-se, desta forma, seu call
center ineficiente

II. DA SENTENÇA E DA NECESSIDADE DE REFORMA.

O juiz de 1º grau julgou improcedente o pedido de condenação por danos


morais formulados pela parte autora, proferindo decisão cujo teor é o seguinte:

DISPOSITIVO: Diante do exposto, PROPONHO o afastamento


das preliminares, e no mérito, a EXTINÇÃO DO PROCESSO
COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do artigo 487, I do
CPC, julgando IMPROCEDENTE o pedido contido na inicial. Na
forma do artigo 55 da Lei nº 9.099/95, deixo de condenar a
vencida em custas e honorários advocatícios. À Secretária para
que junte aos autos em apenso, cópia desta Sentença. Remeto
os autos à Excelentíssima Senhora Doutora Juíza Supervisora
para homologação e/ou decisão substitutiva, conforme artigo 40
da Lei 9.099/95.

Em que pese o respeitável entendimento do Magistrado de piso,


entende-se que a sentença deve ser reformada, conforme passa a expor.

III. DO DANO MORAL. INEFICIÊNCIA DO CALL CENTER.

Diante do caso narrado e, em consonância às normas constitucionais, em


especial o inc. X, do art. 5º da Constituição Federal, tem-se que “são invioláveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Como se viu, a requerida continuou efetuando cobranças indevidas de


serviços jamais solicitados pelo requerente mesmo após este ter requerido o
cancelamento dos serviços, demonstrando, não surpreendentemente, sua total
ineficiência do call center.

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Portanto, sabendo-se que o dano, nas precisas palavras de Clayton
Reis1 , deve ser “considerado como uma lesão a um direito, que produza
imediato reflexo no patrimônio material ou imaterial do ofendido, de forma a
acarretar-lhe sensação de perda” é de se dizer que a parte autora o sofreu por
verificar que teve que se dispender, mais de uma vez, para tentar solucionar um
problema que de fácil resolução pela requerida

Destarte, se é certo que “[...] todos possuímos interesse no uso e gozo


dos bens da vida – liberdade, privacidade, beleza, estética, saúde, honra,
prestígio, bemestar – que são coisas imprescindíveis à realização integral do ser
humano2”, é igualmente certo que todo o mal-estar, angústia, vergonha, mágoa,
aborrecimento, ofensa à honra e transtorno 6 configuram, indubitavelmente,
lesão da mais alta magnitude, pelo que deve o causador do dano indenizar a
vítima do ato lesivo.

Nesse sentido a jurisprudência das Turmas Recursais do Paraná:

EMENTA: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


RELAÇÃO JURÍDICA C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL
E REPETIÇÃO DE INDÉBITO COM PEDIDO LIMINAR –
TELEFONIA MÓVEL – COBRANÇA DE SERVIÇOS NÃO
SOLICITADOS – FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO –
PRÁTICA ABUSIVA – CALL CENTER INEFICIENTE –
APLICAÇÃO DOS ENUNCIADOS 1.6 E 1.8 DA TRU/PR – ART.
14 E ART. 22 DO CDC – RESTITUIÇÃO DEVIDA – FORMA
DOBRADA – APLICAÇÃO DO ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO,
DO CÓDIGO CONSUMERISTA – DANO MORAL
CONFIGURADO – FIXADO EM R$ 3.000,00 (TRÊS MIL REAIS)
– ÍNFIMO NO QUANTUM ENTENDIMENTO DESTE RELATOR
– MAJORADO PARA R$ 8.000,00 (OITO MIL REAIS) –
APLICAÇÃO DO ENUNCIADO 12.13, “A”, DA TRU/PR –
SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. Recurso do autor
conhecido e provido. Recurso do réu conhecido e desprovido.
(Recurso Inominado n° 0001099- 52.2016.8.16.0089 –
Relator: Marcus Vinicius Schiebel em 07.02.2017)

Igualmente, quando a empresa de telefonia não se abstém de cobrar


pelos serviços não contratados mesmo após o pedido de cancelamento, tem-se

1 REIS, Clayton. Avaliação do Dano Moral. 3. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 04
2 REIS, Clayton. Op. cit., p. 09

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configurado o dano moral, conforme enunciado nº 1.6 das Turmas Recursais do
Paraná: “Call center ineficiente – dano moral: Configura dano moral a
obstacularização, pela precariedade e/ou ineficiência do serviço de call
center, por parte da empresa de telefonia, como estratégia para não dar o
devido atendimento aos reclamos do consumidor.

Portanto, em razão de toda a angústia, dor, mal-estar, tristeza, revolta e


aborrecimentos injustamente sofridos pela autora ante a indevida cobrança de
serviços não solicitados, sobejamente por continuar efetuando os descontos
mesmo após o requerimento de cancelamento, é que se deve impor à requerida
o dever de indenizar e/ou reparar o dano, em quantia justa a ser arbitrada por V.
Exa., a lembrar que
[...] a reparabilidade do dano moral se fundamenta em que a
ordem jurídica não pode admitir que uma determinada lesão a
direito não imponha ao responsável obrigação de indenização
pelo simples aspecto de não haver o prejuízo pecuniário.3

Diante toda esta explicação, restando incontroverso a existência do dano


moral in re ispa, não sendo necessário dizer que a situação aqui descrita tem o
condão de imputar à vítima sentimentos como dor, frustração, angústia, mágoa
e aborrecimento.

Assim, levando em consideração as peculiaridades do presente caso, a


extensão do dano, o porte financeiro da ré em detrimento do autor, sugere-se a
Vossa Excelência, seja arbitrada a indenização por danos morais no valor de
R$ 8.000,00 (dez mil reais), valor este que atende aos critérios da razoabilidade
e proporcionalidade, bem como está em acordo com a jurisprudência pacífica
desta turma recursal.

DO REQUERIMENTO FINAL:

3 Apelação Cível nº 700043500666, 14ª CC do TJRS, Des. João A. B. Campos, datado

de 26.06.2003.

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Ex positis, considerando a conexão dos autos e que estes possuem de
causa de pedir diversa, bem como a parte autora teve lesado seu direito por três
vezes, de modo que cada dano gera um dever de reparação respectivo, requer
o autor

a. seja provido o presente recurso para o fim de condenar a empresa


a indenizar a parte autora pelos danos morais causados, ficando
sugerido o valor de R$ 8.000,00.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

datado e assinado digitalmente.


Anderson Flogner
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