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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE CORNÉLIO PROCÓPIO –


PARANÁ.

JOSÉ TEÓFILO MAIA, devidamente cadastrada nos autos supra de Ação de


reparação por danos morais que move em face de TIM SA, vem, respeitosamente à presença
de Vossa Excelência, inconformada com a sentença proferida por este douto juízo, estribada no
art. 41 da Lei 9.099/95, interpor o presente RECURSO INOMINADO, na conformidade das
razões que seguem.

Outrossim, requer a parte autora lhe sejam deferidos os benefícios da


assistência judiciária gratuita, tendo em vista não possuir condições de arcar com as custas
do processo. Por fim, requer a remessa dos autos às Turmas Recursais.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Datado e assinado digitalmente.

Anderson Flogner
OAB/PR nº 78.164

Emerson Antônio Raulter Flogner


Acadêmico de Direito

Avenida XV de Novembro / nº 301 / Centro / C. Procópio/PR


Tel.: (43) 3523-9552 / 98462-1048 / 998315486 / E-mail: flogner.adv@gmail.com
Flogner Advogados
Associados

À EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO PARANÁ.

COLENDA TURMA
ÍNCLITOS JULGADORES

RAZÕES DO RECURSO INOMIDADO

I. SÚMULA DOS FATOS

A parte autora possui contrato de telefonia junto à empresa ré, cujo


número da linha é (43) 99909-6999, conforme documentos anexos.

A peticionária, para sua infelicidade, começou a notar que após efetuar


as recargas no celular, seus créditos sumiam repentinamente, sem que tenha havido
qualquer tipo de uso, seja em ligação, mensagem ou acesso à internet, passando, por
conseguinte, a verificar detidamente seu detalhamento de consumo fornecido pelo sítio
eletrônico da ré.

Nessa esteira, diante da análise do detalhamento de consumo, a parte


autora notou a cobrança de um serviço que jamais foi solicitado, assim denominado:

1. VO-TIM Completa;43999096999 – nos dias 17.05.2018, 29.05.2018;


2. VO-TIM Completa;43999096999 – nos dias 07.06.2018, 25.06.2018;
3. VO-TIM Completa;43999096999 – nos dias 05.07.2018;
4. VO-TIM Completa;43999096999 – nos dias 17.08.2018, 19.08.2018;

Assim, diante do desconto de seus créditos por um serviço que sequer


sabia da existência, a autora entrou em contato com o call center da empresa ré,
oportunidade em que requereu o cancelamento do serviço acima descrito, bem como de
todo e qualquer serviço de interatividade e vo/vas ativos na linha, sendo que tais
contatos podem ser comprovados conforme protocolos a seguir:

• 20181081253598 – no dia 20.06.2018, às 14:32, falando com a atendente Vinicius;

Contudo, em que pese as solicitações de cancelamento do serviço


descontado indevidamente, a parte ré, violando a boa-fé contratual, bem como não
atendendo os reclamos do autor, continuou subtraindo os créditos do requerente,
cobrando-o por serviços jamais contratados e sequer por ela prestados mesmo após os
pedidos expressos de cancelamento, conforme pode se verificar no detalhamento anexo,
o qual comprova o desconto indevido do serviço.

Tal situação, aliada à perspectiva de ver seus créditos descontados


indevidamente mediante cobrança de serviços jamais solicitados, cumpre ainda
esclarecer, tem causado à autora toda sorte de angústia e mal-estar, conforme restará
demonstrado ao longo da presente petição inicial.

Diante desses fatos e fundamentos jurídicos que seguem, ver-se-á que a


autora teve lesado seus direitos de personalidade, sobretudo porque, mesmo após o
requerimento para que as cobranças fossem cessadas, a parte ré continuou a efetuar os
descontos indevidos, revelando-se, desta forma, seu call center ineficiente.
Flogner Advogados
Associados

É a síntese do processo.

II. DA SENTENÇA RECORRIDA

Diante do exposto, PROPONHO a EXTINÇÃO DO PROCESSO COM


RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do artigo 487, I do CPC,
julgando IMPROCEDENTE o pedido contido na inicial. Na forma do
artigo 55 da Lei nº 9.099/95, deixo de condenar a vencida em custas e
honorários advocatícios. Remeto os autos ao Juiz Supervisor para
homologação e/ou decisão substitutiva, conforme artigo 40 da Lei 9.099/95.

Em que pese o entendimento da nobre magistrada de piso, é evidente que a


decisão por ela proferida está em sentido diametralmente oposto ao entendimento pacífico desta
turma, nos termos do Enunciado 1.6 TRR, motivo pelo qual merece a sentença ser reformada.

III. DAS RAZÕES PARA REFORMA DA SENTENÇA


Como se viu, a requerida continuou cobrando por serviços não contratados
mesmo após os requerimentos de cancelamentos, demonstrando, não surpreendentemente, sua
total ineficiência do call center.

Portanto, sabendo-se que o dano, nas precisas palavras de Clayton Reis 1, deve
ser “considerado como uma lesão a um direito, que produza imediato reflexo no patrimônio
material ou imaterial do ofendido, de forma a acarretar-lhe sensação de perda” é de se dizer que
a parte autora o sofreu por verificar que teve que se dispender, mais de uma vez, para tentar
solucionar um problema que de fácil resolução pela requerida.

Nesse sentido a jurisprudência das Turmas Recursais do Paraná:

EMENTA: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO


JURÍDICA C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E REPETIÇÃO DE
INDÉBITO COM PEDIDO LIMINAR – TELEFONIA MÓVEL –
COBRANÇA DE SERVIÇOS NÃO SOLICITADOS – FALHA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO – PRÁTICA ABUSIVA – CALL CENTER
INEFICIENTE – APLICAÇÃO DOS ENUNCIADOS 1.6 E 1.8 DA TRU/PR
– ART. 14 E ART. 22 DO CDC – RESTITUIÇÃO DEVIDA – FORMA
DOBRADA – APLICAÇÃO DO ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO
CÓDIGO CONSUMERISTA – DANO MORAL CONFIGURADO –
FIXADO EM R$ 3.000,00 (TRÊS MIL REAIS) – ÍNFIMO NO QUANTUM
ENTENDIMENTO DESTE RELATOR – MAJORADO PARA R$ 8.000,00
(OITO MIL REAIS) – APLICAÇÃO DO ENUNCIADO 12.13, “A”, DA
TRU/PR – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. Recurso do autor
conhecido e provido. Recurso do réu conhecido e desprovido. (Recurso
Inominado n° 0001099- 52.2016.8.16.0089 – Relator: Marcus Vinicius
Schiebel em 07.02.2017)

Igualmente, quando a empresa de telefonia não se abstém de cobrar pelos


serviços não contratados mesmo após o pedido de cancelamento, tem-se configurado o dano
moral, conforme enunciado nº 1.6 das Turmas Recursais do Paraná:

ENUNCIADO 1.6 - “Call center ineficiente – dano moral: Configura dano


moral a obstacularização, pela precariedade e/ou ineficiência do serviço de call center, por

1
REIS, Clayton. Avaliação do Dano Moral. 3. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 04
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parte da empresa de telefonia, como estratégia para não dar o devido atendimento aos
reclamos do consumidor.

Portanto, em razão de toda a angústia, dor, mal-estar, tristeza, revolta e


aborrecimentos injustamente sofridos pela autora ante a indevida cobrança de serviços não
solicitados, sobejamente por continuar efetuando os descontos mesmo após o requerimento de
cancelamento, é que se deve impor à requerida o dever de indenizar e/ou reparar o dano, em
quantia justa a ser arbitrada por V. Exa., a lembrar que
[...] a reparabilidade do dano moral se fundamenta em que a ordem jurídica não
pode admitir que uma determinada lesão a direito não imponha ao responsável obrigação de
indenização pelo simples aspecto de não haver o prejuízo pecuniário.2

Diante toda esta explicação, restando incontroverso a existência do dano moral


in re ispa, não sendo necessário dizer que a situação aqui descrita tem o condão de imputar à
vítima sentimentos como dor, frustração, angústia, mágoa e aborrecimento.

Assim, levando em consideração as peculiaridades do presente caso, a extensão


do dano, o porte financeiro da ré em detrimento do autor, sugere-se a Vossa Excelência, seja
arbitrada a indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

IV. Dos requerimentos

Ex positis, requer a parte autora, digne-se Vossa Excelência:

a) Pugna-se pela reforma da sentença, para que seja a empresa ré


condenada a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais)

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Datado e assinado digitalmente.

Anderson Flogner
OAB/PR nº 78.164

Emerson Antônio Raulter Flogner


Acadêmico de Direito

2
Apelação Cível nº 700043500666, 14ª CC do TJRS, Des. João A. B. Campos, datado de 26.06.2003.

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