EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 7º JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL DE MACEIÓ/AL.
LEANDRO JOSÉ PONTES COSTA, brasileiro,
solteiro, advogado, CPF Nº. 074.822.934-50 e Cédula de Identidade nº. 38411035 SEDS-AL, com endereço na Av. Walter Ananias, 856, Poço, Maceió/AL, CEP 57.025-510, vem perante este juízo propor apresente:
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c DANOS MORAIS c/c PEDIDO DE
TUTELA ANTECIPADA POR COBRANÇA INDEVIDA
Em face de logo operadora VIVO WA COMERCIO & SERVICOS
LTDA, com sede na Avenida Gustavo Paiva, 5945, Cruz das Almas, Maceió - AL, pelos fatos e fundamentos jurídicos adiante aduzidos.
I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Afirma a parte autora sob as penas da Lei 1.060/50, ser
pessoa juridicamente pobre, não possuindo condições de arcar com às custas processais e honorários advocatícios, sem prejuízo próprio e de sua família e, portanto, solicita os benefícios da GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
II – DOS FATOS
Autor possuía Pacote de Serviços Vivo Internet/Tv/Fixo com
a Ré no valor mensal de R$ 149,90 (cento e quarenta e nove reais e noventa centavos) desde mês de março/2016 e por diversas vezes o Autor entrou em contato informando que estava sem sinal de internet e TV e o telefone mudo, impossibilitando fazer ligações e receber.
Sempre que o Autor entrava em contato com a Ré para
reclamar a mesma informava que a razão desta falta de sinal poderia ser por causa do provedor que é administrado pela própria Ré. Contudo, a Ré sempre lhe transferiu para o suporte técnico e este informava que iria reparar o seu sinal, técnicos da Ré foram ao local diversas vezes e chegou a trocar o provedor três vezes e o problema mesmo assim persistia.
Ocorre, ante a má prestação de serviço o Autor requereu o
cancelamento do plano em meados do mês de março de 2017 por volta das 18h30, o atendente informou que para cancelamento dos serviços seria cobrado um multa no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), em seguida o autor contestou o absurdo e ilegalidade da cobrança de tal multa, tendo em vista todos os transtornos já ocasionado pela Ré. O atendente da Ré disse que iria mandar mais uma vez um técnico até o local para verificar as irregularidades e tão só assim poderia tirar a cobrança da multa no valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Mas com todo o aborrecimento já passado pelo o autor, insistiu por telefone em cancelar os serviços de má qualidade prestados pela Ré, os serviços foram cancelados em março de 2017 e mesmo assim, veio fatura com vencimento em 02/04/2017 a Ré lhe cobrando o valor de R$ 1.134,61 (mil cento e trinta e quatro reais e sessenta e um centavo).
No mesmo dia que recebeu a cobrança entrou em contato com
a Ré e através de seu atendente, contestando novamente que o cancelamento dos serviços foram em virtude da má prestação de serviços por parte da Ré, em seguida o atendente falou que não seria cobrado nada do autor em relação a multa, retirando assim o valor cobrado de R$ 1.000,00 (mil reais) e informando ainda que o autor só seria cobrado pelo valor proporcional ao consumo do mês de março/2017, que seria o valor de R$ 134,61 (cento e trinta e quatro reais e sessenta e um centavo).
No dia 03/04/2017 o requerente, foi até a loja VIVO no
Maceió Shopping para solicitar a emissão do boleto com valor originário de R$ 134,61 (cento e trinta e quatro reais e sessenta e um centavo) e o atendente da loja informou que esse serviço de boleto só seria possível à emissão através de telefonema para o SAC da Ré, novamente o autor ligou para Ré, e foi novamente surpreendido com o valor total da fatura cobrando R$ 1.134,61 (mil cento e trinta e quatro reais e sessenta e um centavo). Mais uma vez contestou o valor cobrado, dizendo que já tinha efetuado tal contestação no mês de março/2017 e o atendente da Ré confirmando que a quebra do contrato se deu em virtude da má prestação de serviços e não seria cobrado nada do autor em relação à multa de fidelidade.
Outrossim, no dia seguinte do cancelamento o técnico da Ré
foi até o local e retirou o provedor e demais acessórios, alegando que pelo cancelamento dos serviços os aparelhos são devolvidos para Ré. O autor não absteve em nada.
Absurdo! Inaceitável! Incompreensível!
O autor tendo medo de ocasionar danos maiores como nome
negativado nos órgãos de proteção ao credito em face das cobranças INDEVIDAS, e ABUSIVAS da Ré VIVO, aciona o judiciário como medida de segurança.
III – DA TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA
Ficou destacado claramente nesta peça processual, que
houvera prejuízos ao Autor, tendo em vista o dano sofrido e não solucionado pela Ré, gerando um grande transtorno ao Autor, por conta dessa gravidade, formula-se pleito de tutela de urgência.
O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a
tutela de urgência quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”:
Art. 300 – A tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Há nos autos “prova inequívoca” da ilicitude cometida
pela Ré, fartamente comprovado. Por esse ângulo, claramente restaram comprovados, objetivamente, os requisitos do “fumus boni iuris” e do “periculum in mora”, a justificar o deferimento da medida ora pretendida.
Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os
elementos indicativos de ilegalidades contido na prova ora imersa traz à tona circunstâncias de que o direito muito provavelmente existe.
Acerca do tema do tema em espécie, é do magistério de
José Miguel Garcia Medina as seguintes linhas:
“(...) sob outro ponto de vista, contudo, essa
probabilidade é vista como requisito, no sentido de que a parte deve demonstrar, no mínimo, que o direito afirmado é provável (e mais se exigirá, no sentido de se demonstrar que tal direito muito provavelmente existe, quanto menor for o grau de periculum. “ (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de processo civil comentado … – São Paulo: RT, 2015, p. 472)
Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior,
delimitando comparações acerca da “probabilidade de direito” e o “fumus boni iuris”, esse professa, in verbis:
“4. Requisitos para a concessão da tutela de
urgência: fumus boni iuris: Também é preciso que a parte comprove a existência da plausibilidade do direito por ela afirmado (fumus boni iuris). Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia do processo de conhecimento ou do processo de execução…” (NERY JÚNIOR, Nélson. Comentários ao código de processo civil. – São Paulo: RT, 2015, p. 857- 858)
Diante dessas circunstâncias jurídicas, faz-se
necessária a concessão da tutela de urgência antecipatória. Por conseguinte, trata-se o instituto da tutela antecipada da realização imediata do direito, já que dá o autor o bem por ele pleiteado. Dessa forma, desde que presentes a prova inequívoca e a verossimilhança da alegação, a prestação jurisdicional será adiantada sempre que haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.
No caso em tela, os requisitos exigidos pelo diploma
processual para o deferimento da tutela antecipada encontram- se devidamente preenchidos.
A existência do fumus boni iuris mostra-se clara,
considerando os fatos narrados e a documentação ora acostada, bem como a inobservância de diversos princípios constitucionais fundamentais da defesa do consumidor além da inobservância de diversas normas legais, como, por exemplo, a lei do SAC DECRETO Nº 6.523, DE 31 DE JULHO DE 2008 em seu artigo 17, § 3o que diz:
“ Quando a demanda versar sobre serviço não
solicitado ou cobrança indevida, a cobrança será suspensa imediatamente (...)”
A urgência, ou periculum in mora, resta caracterizada na
medida em que a manutenção dessa cobrança abusiva de Multa Fidelização Combo no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) em sua fatura, a mais cobrada pela Ré, só lhe causará mais danos, do que os já demonstrados nesta peça vestibular.
Assim, presentes os requisitos necessários à concessão da
tutela antecipada, requer o Autor, o seu deferimento, inaudita altera parte, objetivando a urgente suspensão e cancelamento da cobrança praticada no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) referente a Multa Fidelização Combo.
Requer-se ainda, para o caso de descumprimento da ordem
judicial, a cominação de multa diária em valor a ser estipulado por Vossa Excelência, atitude necessária para que se tenha um eficiente meio de pressão sobre a Ré, com o fito de que seja compelida a cumprir a decisão proferida. IV – DA PRÁTICA ABUSIVA
A multa se mostra ilícita, visto que a parte autora apenas
rescindiu o contrato, porque o serviço não foi prestado adequadamente, tendo a ré dado causa à rescisão.
Conforme dispõem jurisprudências abaixo, vejamos:
RECURSO INOMINADO. INTERNET. CONSUMIDOR. FALHA
NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RESCISÃO CONTRATUAL. COBRANÇA DE MULTA POR QUEBRA DE FIDELIDADE. INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS ÓRGÃOS RESTRITIVOS DE CRÉDITO. FIXAÇÃO DE INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS. SENTENÇA REFORMADA. 1. A autora contratou modem da operadora ré, porém ante a má prestação de serviço requereu o cancelamento do plano. A autora foi inscrita indevidamente em órgãos de restrição de crédito pelo não pagamento de multa por quebra de fidelidade. 2. Essa multa se mostra ilícita, visto que a autora apenas rescindiu o contrato, pois o serviço não foi prestado adequadamente. 3. A sentença julgou procedente a demanda, condenando a ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 1.000,00, bem como declarou inexistente o débito em nome da autora. 4. Danos morais configurados, cujo quantum indenizatório fixado pelo juízo de origem comporta majoração a fim de adequar-se aos parâmetros utilizados pelas Turmas Recursais Cíveis em casos análogos. Valor elevado para R$ 7.000,00. RECURSO PROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005589064, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Glaucia Dipp Dreher, Julgado em 22/09/2015).
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. INCABÍVEL DEVOLUÇÃO EM
DOBRO NO CASO CONCRETO. COBRANÇA DE MULTA POR QUEBRA DE FIDELIDADE. DESCABIMENTO. SENTENÇA MODIFICADA. Caso em que a parte autora alega que contratou seis linhas telefônicas da operadora ré, porém não conseguiu utilizar os serviços ante a má prestação de serviço. Ante o pedido de cancelamento da linha, o autor foi informado de que deveria pagar multa por quebra de fidelidade. A sentença julgou improcedente a demanda. A multa se mostra ilícita, visto que a parte autora apenas rescindiu o contrato, porque o serviço não foi prestado adequadamente, tendo a ré dado causa à rescisão. Incabível a devolução em dobro, visto que o caso em concreto não se enquadra na hipótese do art. 42 do CDC, devendo a ré ser condenada a devolução na forma simples, visto que o autor coligiu aos autos a fatura paga, bem como, o contrato informando a contratação das seis linhas telefônicas. RECURSO PROVIDO EM PARTE. (Recurso Cível Nº 71005845847, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Glaucia Dipp Dreher, Julgado em 26/02/2016).
V – DA CARACTERIZAÇÃO DO DANO MORAL – NEXO CAUSAL PRESENTE
Trata a presente hipótese de responsabilidade civil
objetiva, as disposições consumeristas imprimem à responsabilidade por danos decorrentes dessa espécie de dano.
A relação de causalidade entre a confiança de contratar um
serviço e o evento danoso, onde o bem jurídico tutelado foi de má qualidade e com cobrança indevida.
Quanto aos danos, resta consignado que o dano moral, ao
que se vê dos autos, efetivamente ocorreu para o autor, pois restou demonstrada a negligencia da Ré em sanar o problema.
Portanto, inconteste a presença dos danos morais.
Não há como afastar, ainda, a ocorrência do nexo de
causalidade entre o fato ocorrido e os danos morais, na medida em que os prejuízos decorreram de culpa da Ré, responsável pelos serviços prestados.
O direito à indenização por danos morais encontra-se
expressamente consagrado em nossa Carta Magna, como se vê pela leitura de seu artigo 5º, incisos V e X, os quais transcrevo: "É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem" (artigo 5º, inciso V, CF).
"São invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral, decorrente de sua violação" (artigo 5º, inciso X, CF).
É correto que, antes mesmo do direito à indenização
material e moral ter sido erigido à categoria de garantia constitucional, já era previsto em nossa legislação infraconstitucional, bem como, reconhecido pela Justiça.
O comando constitucional do art. 5º, V e X, também é claro
quanto ao direito da parte autora à indenização dos danos morais sofridos. É um direito constitucional.
E se não bastasse o direito constitucional previsto no
art. 5º, é a própria Lex Mater que em seu preâmbulo alicerça solidamente como um dos princípios fundamentais de nossa nação e, via de consequência, da vida em sociedade, a defesa da dignidade da pessoa humana. Dignidade que foi ultrajada, desprezada pela Ré.
A indenização dos danos morais e materiais que se pleiteia
é direito constitucional a todos. E no ordenamento jurídico infra constitucional, além do CDC, está o Código de Leis Substantivas Civis de 2002 a defender o mesmo direito da parte autora. Com efeito o artigo 927 do Código Civil apressa-se em vaticinar a obrigação de reparar que recai sobre aquele que causar dano a outrem por ato ilícito.
E o ato ilícito presente neste acidente de consumo é,
conforme norma ínsita no artigo 186 do Códex Civil, a ação ou omissão voluntária da ré que vieram a causar dano à parte autora.
VI - PEDIDOS
Por todo o exposto requerer:
a) Diante do exposto e estando configurada a grave lesão
aos interesses do autor, requer a V.Exa., seja deferido a antecipação dos efeitos da tutela, prevista pelo artigo 300 do CPC, determinando a Ré que em caráter de urgência faça a suspensão e cancelamento da cobrança abusiva da Multa Fidelização Combo no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) em sua fatura, sob pena de multa diária a ser fixada por este juízo;
b) A citação da parte ré para comparecer à audiência de
conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, sob pena de revelia (serem julgados verdadeiros todos os fatos descritos nesta petição);
c) Inversão do ônus da prova conforme o art. 6º, VIII, do
CDC que constitui direito básico do consumidor a facilitação da defesa dos seus direitos em juízo;
d) Seja a Ré condenada na obrigação de encerrar
definitivamente o contrato existente entre as partes, anulando todos os seus efeitos, em especial os débitos oriundos da cobrança indevida;
e) Seja a Ré condenada à repetição do indébito cobrado do
Autor em valor igual ao dobro, acrescido de correção monetária e juros legais, consoante ao Art. 42, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor- lei 8.078/90.
f) Seja, ao final, julgado procedente a presente demanda,
para tornar definitiva a tutela antecipada deferida e condenar a Ré a pagar a parte Autora indenização por Danos Morais, no valor R$ 8.000,00 (oito mil reais), tendo em vista prática abusiva praticada pela Ré, a fim de responder não só a efetiva reparação do dano, mas também ao caráter preventivo-pedagógico do instituto, no sentido de que no futuro o fornecedor de serviços tenha mais cuidado e zelo com o consumidor sem, contudo, caracterizar em hipótese alguma enriquecimento ilícito por parte do Autor. Pois o Princípio da Razoabilidade das indenizações por danos morais é um prêmio aos maus prestadores de serviços, públicos e privados. O que se reclama é uma correção do desvio de perspectiva dos que, a guisa de impedir o enriquecimento sem causa do lesado, sem perceber, admitem um enriquecimento indireto do causador do dano.
Por último protesta provar o alegado por todos os meios de
prova em direito admitidos.
Dá-se a causa o valor de R$ 9.000,00 (nove mil reais).