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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE RESENDE - RJ.

MAGNA PEREIRA CAETANO, brasileira, solteira, funcionária pública,


portadora do RG nº 11033491-9 IPF/RJ, inscrita no CPF nº 078.969.357-75, residente e domiciliada
na Rua 12, nº 403, Alegria Velha, Resende – RJ, CEP: 27524-320, vem mui respeitosamente a
Vossa Excelência, por meio de seu advogado que esta subscreve, inscrita na OAB sob o nº xxxxxx,
com endereço profissional situado à Rua xxxxxxxxxxxxxx n º xxxxx, Bairro xxxxxx – Resende/RJ,
para onde, desde já, requer que seja remetidas futuras intimações, propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c DANO MATERIAL E MORAL


com pedido de TUTELA ANTECIPADA

em face de
ÁGUAS DAS AGULHAS NEGRAS, CNPJ nº 09195493/001-37, estabelecida na estrada
Resende-Riachuelo, s/n, Km 3,5, Morada da Colina, Resende/RJ, CEP 27523-000, pelos fatos e
fundamentos expostos a seguir:

FATOS E FUNDAMENTOS

A AUTORA é cliente da EMPRESA RÉ, conforme se verifica pela cópia da conta de


consumo de água, sob o nº da inscrição 83361-4, fazendo jus, portanto, aos preceitos albergados
pelo Diploma Consumerista (CDC).

A AUTORA está construindo uma residência no endereço Rua Rondônia, Morada do


Contorno, Resende/RJ, solicitando à EMPRESA RÉ a ligação do serviço essencial no endereço da
obra, em novembro de 2009.

Desde a referida data, a AUTORA solicitou que o endereço de cobrança fosse o da sua
residência atual, no bairro Alegria Velha, o que foi, supostamente, atendido pela EMPRESA RÉ.

Ocorre que, para surpresa da AUTORA, a fatura seguinte não chegou no endereço da
solicitado. Porém, ao ir ao local da obra, descobriu que a cobrança estava lá, alojada no meio do
material de construção, causando imenso transtorno, uma vez que estava atrasada e sujeita a sofrer
danos naturais, tais como chuva.

A AUTORA, então, voltou à loja da EMPRESA RÉ para reclamar sobre a entrega, onde foi
informado que estava tudo correto no sistema e que a questão seria solucionada. Porém, tal
informação não foi efetivamente cumprida, já que as cobranças continuam chegando no local da
obra.

Não se pode olvidar que, ao procurar informação, a AUTORA foi informada de que o
fornecimento de água inclusive já havia sido suspenso, sem aviso algum e solicitou a religação.
Dessa forma, a AUTORA, voltou à EMPRESA RÉ e abriu uma solicitação de serviço, com
ordem de serviço número 278966, em anexo, para que seja solucionada tal questão, já que em todo
esse tempo, conforme contas em anexo, a AUTORA está pagando suas contas com atraso, visto que
o problema não é solucionado por negligência da EMPRESA RÉ.

Sendo assim, a AUTORA recorre ao Poder Judiciário para ter seu direito de cidadã e
consumidora resguardado, uma vez que não pode faltar ao seu serviço para resolver questões como
essa, sendo obrigada a ir a loja da EMPRESA RÉ para que consiga cumprir com suas obrigações.

Ao cobrar um valor exorbitante e irreal, ainda que não esteja imbuída de má-fé, a
EMPRESA RÉ exige da AUTORA vantagem manifestamente indevida. Conduta esta vedada pelo
art. 39, V, do CDC.

Aceitar a cobrança em tela é macular o princípio da legalidade esculpido no Texto


Constitucional, proporcionando, por via indireta, um enriquecimento ilícito.

A “permissão” desta conduta da EMPRESA RÉ é negar à AUTORA o direito à vida digna,


ofuscando desse modo a dignidade do ser humano, como fundamento do Estado Democrático de
Direito.

Nessa esteira, estão presentes a verossimilhança das alegações (cobrança exorbitante) e o


perigo na demora (possibilidade de suspensão do fornecimento de água). Por conseguinte,
impreterível que esta seja suspensa, nos moldes de antecipação de tutela, na dicção do art. 273 do
CPC e do art. 84 do CDC.

A AUTORA não almeja eximir-se de suas obrigatoriedades, apenas requer que lhe seja
cobrado o que for justo e de direito, no endereço escolhido por ela para tal cobrança, considerando-
se a razoabilidade da cobrança.

Sendo assim, vez que o serviço desidioso trouxe danos morais a AUTORA, e sendo
indubitável a responsabilidade objetiva da prestadora de serviço, aquela deve ser indenizada,
conforme dispõe as jurisprudências abaixo:

Apelação Cível. Ação indenizatória. Dano moral. Configuração.


Prestação de serviço defeituoso. Responsabilidade objetiva do
fornecedor. Aplicação do artigo 14 da Lei 8078/90. Quantum
indenizatório fixado em R$ 12.000,00 que se mostra justo para
compor o gravame à honra subjetiva do requerente. Aplicação do
Enunciado I do TJRJ. Recurso conhecido e desprovido. Sentença
mantida. (2005.001.50535. Apelação Cível. Des. Mário Guimarães
Neto. Julgamento em 28/03/2006. Primeira Câmara Cível).

[...] Angústia e ansiedade que supera o simples aborrecimento são


causas suficientes para a configuração do dano moral. Redução do
quantum indenizatório. Parcial provimento do recurso.
(2006.001.07915 - APELACAO CIVEL. DES. VERA MARIA
SOARES VAN HOMBEECK - Julgamento: 23/05/2006 - PRIMEIRA
CAMARA CIVEL).

A AUTORA busca a penalidade para a EMPRESA RÉ, nos moldes consagrados, nas
escorreitas decisões do Pretório Superior Tribunal de Justiça, e para tanto, transcreve-se a ementa
vazada nos seguintes termos:
Quer por te a indenização a dupla função reparatória e penalizante,
quer por não encontrar nenhuma restrição na legislação privada
vigente em nosso país. Ao contrário, nos dias atuais destacáveis são os
comandos constitucionais quanto ao agravo através dos meios de
comunicação e a violação da intimidade, respectivamente
estabelecidos nos incisos V e X do art. 5º da Constituição da
República Federal.

Assim, a indenização que ora se pleiteia tem cunho não meramente compensatório, mas
também e principalmente punitivo, nos exatos termos do que vem sendo adotado por nossos
Colendos Tribunais de todo o país, como forma de coibir tamanho desrespeito ao consumidor, parte
fraca da relação e que, por isso mesmo merece tratamento protecionista. E já dizia o ilustre Rui
Barbosa “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na proporção em que se
desigualam”.

Por arrebatadores que são os entendimentos mo sentido de acolher a reparação, por via de
indenização, do dano moral, nada mais resta à AUTORA que acreditar na procedência do pedido.

“Se o interesse moral justifica a ação para defendê-lo, é claro que tal
interesse é indenizável, ainda que o bem moral não se exprime em
dinheiro”.

PEDIDOS

Ante o exposto, vem requer a Vossa Excelência:

a) a concessão de TUTELA ANTECIPADA, tendo em vista o pedido atender os pressupostos


legais ditados no art. 273, inciso I e II do CPC, e ser verossímil como comprovado na
documentação acostada, c/c art. 84 do CDC, para que determine a EMPRESA RÉ a se abster
de efetuar a suspensão do serviço de fornecimento de água na residência da AUTORA, uma
vez que a AUTORA não tem culpa pela negligência da EMPRESA RÉ, sob pena de multa
diária no valor de R$ 100,00 (cem reais);

b) a citação da EMPRESA RÉ para responder o presente pedido e sua intimação para


comparecer à Audiência de Conciliação, que poderá ser convolada em AIJ, caso as partes
não cheguem a um acordo, sob pena de revelia;

c) o deferimento da inversão do ônus da prova, com fulcro no art. 6º inciso VIII do CDC;

d) que seja a tutela antecipada requerida acima convertida em definitivo ao final da ação;

e) no caso de indeferimento do pedido de tutela antecipada, que a EMPRESA RÉ seja obrigada


a ressarcir em dobro, o valor indevido que a AUTORA tiver que pagar para não ter o seu
fornecimento interrompido;

f) a procedência do presente pedido com a condenação da EMPRESA RÉ na obrigação de


fazer, qual seja, o ressarcimento de todo o valor pago pela autora pelos atrasos no
pagamento das contas já que está embutido o valor de R$ 58,04 (cinqüenta e oito reais e
quatro centavos) de taxa de religação, sob pena de inexigibilidade do crédito, além da
correção no endereço para entrega, sob pena de multa diária de R$ 100,00 (cem reais);
g) a condenação da EMPRESA RÉ, na indenização a AUTORA, a título de danos morais, no
equivalente a 10 (dez) salários mínimos vigente à época do efetivo pagamento, por todo o
transtorno experimentado, bem como pelo efeito penalizante do instituto.

PROVAS

Provará o alegado por todos os meios de provas em direito admitido, na amplitude do art. 32
da Lei 9099/95, notadamente a documental ora acostada, bem como outras que se julgar
necessárias.

Atribui-se a causa o valor de R$ 5.166,93 (cinco mil, cento e sessenta e seis reais e noventa
e três centavos).

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Resende/RJ, 18 de maio de 2010.

_______________________________
MAGNA PEREIRA CAETANO

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FÁBIO GUIMARÃES CHAVES
OAB/RJ XXXXXX

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