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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE NITERÓI/RJ.

RITA CRISTINA SILVA PINTO, brasileira, aposentada, divorciada,


portadora do RG nº 055725220 IFP/RJ, inscrita no CPF nº 677.093.627-53, residente e domiciliada na
Rua Antônio Furtado de Mendonça, nº 59, Santa Barbara, Niterói, Rio de Janeiro, vem respeitosamente
a presença de Vossa Excelência, , propor a presente

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO c/c DANO MORAL

em face de NET TV, com endereço na Rua Mena Barreto, nº 42, Botafogo
Rio de Janeiro/RJ CEP:222711-100, CNPJ nº 00108786/0001-65, pelos fatos e fundamentos que passa a
expor a seguir:

FATOS

A autora solicitou junto a Ré, no dia 23 de maio de 2017 a instalação em sua residência
dos produtos da Net: CBO MIX HD CONF FD/COMBO VIRTUA 15M FD/FONE ILIM LOCAL. No
dia 30 de maio recebeu a visita dos técnicos da empresa, que após efetuarem a instalação, solicitou a
autora que fornecesse seu e-mail e sua senha, pois caberia a ele fazer o cadastro em seu celular e que
quando fosse necessário a troca de senha ela teria de solicitar , pois apenas os técnicos poderiam realizar
a troca de senha.
Mesmo estranhando ela cedeu seus dados, e e-mail com senha como pedido. Após tudo
efetuado recebeu uma ligação do número 991658285 para tomar conhecimento se estava tudo
funcionando e a autora confirmou que sim, mas logo após parou de funcionar. Entrou em contato com o
número acima inúmeras vezes mas não foi atendida.
No dia seguinte 02 de junho de 2017 entrou em contato com a Ré, protocolo
228172884333710 (em anexo) alegando os fatos e para sua surpresa foi informada que foi cadastrada
em um e-mail em nome de Carina.CXXXXX@hotmail.com, (documentos em anexo)., e não se resolveu
diante dela informar que estava errado.
Passados 4 meses aguardando o retorno da Ré para solucionar o problema, ligou
novamente e foi informada que seu cadastro se encontrava em nome de juan@yahoo.com.br, dessa vez
foi pedido que aguardasse 72 horas para que o aparelho fosse resetado e só assim ela poderia fazer o
novo acesso e login. No mesmo dia foi conseguiu a troca de senha através de uma ligação do operador
da empresa mas o login continuou o antigo, e o acesso passou a ser mostrado em nome de José (todos os
acessos em nome diferente da autora estão em anexo). Com isso a internet era lenta e quase não
conseguia acessar aos programas que a autora nunca deixou de pagar, mesmo diante de todos os
problemas que vinha enfrentando honrou com as prestações que lhe foram cobradas.
A situação se perdurou em longos meses até que em 25 de fevereiro de 2018 a autora
solicitou a cópia do contrato de prestação de serviços junto a Ré, uma vez que ela pagava um valor alto,
sem ter acesso decente e através disso queria rescindir o contrato. O operador que a atendeu solicitou
que acessasse o site www.netcombo.com.br/minha-net/contratos-regulamentos, mas nesse link não há o
contrato.
No dia 09 de marco de 2018 a autora solicitou via telefone o cancelamento do serviço, a
atendente relutou muito e acabou convencendo a autora em mudar seu plano para um mais barato e que
disponibilizava apenas os canais de TV, SEM INTERNET E TELEFONE, pagando o valor de R$ 99,00
(Noventa e Nove Reais mensais).
Ao chegar no dia 02 de Maio de 2018 teve sua Net cortada e ao indagar junto a Ré o
motivo, foi informada que se encontrava inadimplente, mas, na verdade, a Ré havia debitado direto da
conta corrente o valor de R$ 270,01 (duzentos e Setenta Reais e Um Centavo), quando na verdade o
valor correto seria de R$ 99,00 (noventa e Nove Reais). Foi informada pela atendente que estava correto
uma vez que seu pacote estava ativo, com internet e linha telefônica. A autora informou não ser
possível, pois já se encontrava com outra linha telefonica instalada que nada tinha com a Ré em relação
ao pacote fechado. Diante da informação foi transferida de setor a setor, até que a atendente identificada
como Francine do setor de Finalização de cancelamento informou que o pacote estava ativo e sendo
utilizado e instalado na residência da autora. Inconformada pediu que a atendente lhe informasse o
endereço constado na instalação do pacote e foi dito Rua Presidente Backer número 172 Aptº 502 Icarai,
Niterói/RJ, nesse momento a autora riu e informou que esse não era seu endereço, automaticamente a
atendente pediu desculpas e disse ter passado a informação errada.
A autora começou a receber cartas de cobrança e informando que seu nome seria
encaminhado para o SERASA. No dia 25 de Junho a autora solicitou o cancelamento da TV, mas foi
informada que o pacote total ainda estava ativo por culpa da autora por não ter marcado a visita do
técnico em sua casa para a retirada do aparelho.
Contudo a autora recebeu uma carta da Ré informando que a regularização do débito
proporcionaria a retirada do nome dela dos órgãos de proteção ao credito referente aos contratos
mencionados, com valor de R$ 171,24, mas nesse mesmo boleto, muito confuso e sem maiores detalhes,
vem 3 códigos de barras com valores diferente, para pagamento, ora a autora querendo resolver a
situação pagou as 3 vias, mas só depois percebeu qu os códigos eram referentes a 3 planos diferentes aos
quais ela não queria.
Após muitos aborrecimentos foi marcado a retirada do aparelho para o dia 07 de Julho de
2018, mas o técnico apareceu 2 dias antes para a retirada do aparelho. (documento de retirada em anexo)
A situação ainda não se encontrava resolvida uma vez que a autora havia pago um valor
além do devido (comprovantes em anexo), e mesmo assim no dia 12 de julho recebeu uma carta da Ré
informando que seu nome seria encaminhado novamente para o Órgão de Proteção ao Credito.
No dia 29 de agosto de 2018 a autora em busca na internet recebeu uma proposta de
pagamento onde informa que sua dívida era de 427,76 (Quatrocentos e vinte e sete reais e setenta e seis
centavos) perante a Ré e que se paga a proposta ela receberia um desconto e pagaria apenas R$ 260,18
(Duzentos e sessenta reais e dezoito centavos). Cansada dessa luta de estresse, aborrecimentos com a
empresa, a autora pagou mais uma vez esse boleto, no mesmo dia que tomou conhecimento para manter
seu nome fora do cadastro do SERASA.
Em vista disso, não resta a AUTORA outra saída, senão a busca da tutela jurisdicional,
para obrigar a RÉ a cumprir com o acordo firmado entre eles, bem como devolver em dobro a quantia
paga indevidamente.

Fatura - Vencimento Valor total da fatura Valor cobrado a maior pela Ré


10/04/2018 R$ 270,01 R$ 171,00
10/05/2018 R$ 171,24 R$ 72,24
10/06/2018 R$ 171,24 R$ 207,44
15/08/2018 R$ 165,84 R$ 66,84
29/08/2018 R$ 260,18 R$ 260,18
Total do indébito R$ 777,77
Total em dobro ( Art. 42 do CDC) R$ 1.555,54
FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A EMPRESA RÉ, ao violar o princípio da boa-fé – art. 4º, III, CDC, locupleta-se
indevidamente, em detrimento da parte vulnerável da relação, que nas palavras de Rizzatto Nunes:

Quando se fala em boa-fé objetiva, pensa-se em comportamento fiel, leal, na


atuação de cada uma das partes contratantes a fim de garantir respeito à outra. É
um princípio que visa a garantir a ação sem abuso, sem obstrução, sem causar
lesão a ninguém, cooperando sempre para atingir o fim colimado no contrato,
realizando os interesses das partes (2000, p. 108).

Nessa esteira, inarredável que a AUTORA sente-se impotente. Condição esta que lhe traz
angústia por se tratada com desrespeito, com desprezo. Não se podendo falar em mero aborrecimento do
cotidiano.

Pelo contrário, é fato contumaz que certas empresas aproveitam-se da situação de


vulnerabilidade do consumidor. Bastando para tanto, pesquisar no banco de dados do próprio Juizado
Especial Cível.

Irrefutável que o caso em apreço trata-se de serviço defeituoso, contrariando, pois, o


previsto no art. 6º, VI, c/c art. 14 e art. 22, do CDC, além do art. 6º, da Lei n. 8.987/95. Dispositivos
estes advindos do princípio da eficiência albergado pela Norma Ápice, em seu art. 37, caput.

Sendo assim, vez que o serviço desidioso trouxe danos morais a AUTORA, e sendo indubitável a
responsabilidade objetiva da prestadora de serviço, aquela deve ser indenizada, conforme dispõe as
jurisprudências abaixo:
Apelação Cível. Ação indenizatória. Dano moral. Configuração.
Prestação de serviço defeituoso. Responsabilidade objetiva do
fornecedor. Aplicação do artigo 14 da Lei 8078/90. Quantum
indenizatório fixado em R$ 12.000,00 que se mostra justo para compor o
gravame à honra subjetiva do requerente. Aplicação do Enunciado I do
TJRJ. Recurso conhecido e desprovido. Sentença mantida.
(2005.001.50535. Apelação Cível. Des. Mário Guimarães Neto.
Julgamento em 28/03/2006. Primeira Câmara Cível).

[...] Angústia e ansiedade que supera o simples aborrecimento são


causas suficientes para a configuração do dano moral. Redução do
quantum indenizatório. Parcial provimento do recurso. (2006.001.07915 -
APELACAO CIVEL. DES. VERA MARIA SOARES VAN HOMBEECK
- Julgamento: 23/05/2006 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL).

Não custa lembrar, que se configura como prática abusiva – art. 39 CDC, prevalecer-se da
fraqueza do consumidor para lhe impingir seus serviços (inciso IV).

Certamente, o direito do consumidor nasceu para evitar os constantes abusos por parte das
prestadores/fornecedores, encasteladas em sua posição de "hiposuficiência", em detrimento do
consumidor comum, enfraquecido em sua condição de parte contratual. A interpretação dos casos
práticos, na busca do equilíbrio de decisões justas, é jornada de caminhos tortuosos.

A boa-fé objetiva procura valorizar a conduta de lealdade dos contratantes em todas as fases
contratuais, conforme dispõe o art. 422 do Código Civil - função de integração da boa-fé.
Na dúvida, os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé (art. 113 do Código
Civil). Em reforço, lembra-se a interpretação a favor do consumidor, conforme art. 47 do CDC e do
aderente (art. 423 do Código Civil).

A AUTORA busca a penalidade para a EMPRESA RÉ, nos moldes consagrados, nas escorreitas
decisões do Pretório Superior Tribunal de Justiça, e para tanto, transcreve-se a ementa vazada nos
seguintes termos:
Quer por ter a indenização a dupla função reparatória e penalizante, quer
por não encontrar nenhuma restrição na legislação privada vigente em
nosso país. Ao contrário, nos dias atuais destacáveis são os comandos
constitucionais quanto ao agravo através dos meios de comunicação e a
violação da intimidade, respectivamente estabelecidos nos incisos V e X
do art. 5º da Constituição da República Federal.

Assim, a indenização que ora se pleiteia tem cunho não meramente compensatório, mas também
e principalmente punitivo, nos exatos termos do que vem sendo adotado por nossos Colendos Tribunais
de todo o país, como forma de coibir tamanho desrespeito ao consumidor, parte fraca da relação e que,
por isso mesmo merece tratamento protecionista. E já dizia o ilustre Rui Barbosa “tratar igualmente os
iguais e desigualmente os desiguais na proporção em que se desigualam”.

Por arrebatadores que são os entendimentos mo sentido de acolher a reparação, por via de
indenização, do dano moral, nada mais resta à AUTORA que acreditar na procedência do pedido.

“Se o interesse moral justifica a ação para defendê-lo, é claro que tal
interesse é indenizável, ainda que o bem moral não se exprime em
dinheiro”.

PEDIDOS

Ante o exposto, vem requerer a Vossa Excelência:

a) a citação da EMPRESA RÉ para responder à presente ação, e sua intimação para comparecer à
audiência de conciliação, que poderá ser imediatamente convolada em AIJ, caso não cheguem as
partes a acordo, sob pena de revelia;

b) o deferimento da inversão do ônus da prova, com fulcro no art. 6º, inciso VIII do CDC;

c) a procedência do presente pedido com a condenação da EMPRESA RÉ, a efetuar o pagamento, a


título de repetição de indébito, da quantia de R$ 1.555,54 ( hum mil quinhentos e cinquenta e
cinco reais e cinquenta e quatro centavos), referente ao dobro dos descontos indevidos
realizados pela RÉ, conforme preceitua o art. 42 parágrafo único do CDC;

d) a condenação da EMPRESA RÉ na indenização a AUTORA, a título de danos morais, no


equivalente a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por todo o transtorno experimentado, bem como
pelo efeito penalizante do instituto.

PROVAS

Provará o alegado por todos os meios de provas em direito admitido, na amplitude do art. 32 da
Lei 9099/95, notadamente a documental ora acostada, bem como outras que se julgar necessárias.
Atribui-se à causa o valor de R$ 6.555,54 (seis mil quinhentos e cinquenta e cinco reais e
cinquenta e quatro centavos)

Nestes termos,
Pede Deferimento.

Niterói/RJ, 05 de Outubro de 2018.

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RITA CRISTINA SILVA PINTO

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