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I. FATOS
O requerente firmou, em 01/06/2021, contrato de aluguel
inteligente de veículo com cashback com a primeira requerida WINMOVE, com
prazo para devolução em 01/06/2025, tendo efetuado o pagamento total no
valor de R$29.990,00 (vinte e nove mil, novecentos e noventa reais), conforme
comprovantes anexos.
O objeto do contrato é o veículo ARGO DRIVE 1.0
PLACA: CUK0G89— ANO 2021 e MOD 2021 – COR: VERMELHO – 3.000 km
mês.
O instrumento estabelecido prevê cashback de 3% (três
porcento) ao mês sobre o valor total informado supra, que seria recebido pelo
requerente ao final do contrato, conforme cláusula 2.2:
O veículo objeto deste contrato é da marca CARRO:
ARGO DRIVE 1.0 PLACA: CUK0G89— ANO 2021 e
MOD 2021 – COR: VERMELHO – 3.000 km mês.
2.2. Cashback de 3% ao mês, sobre o valor total deste
contrato, a ser recebido pelo LOCATÁRIO no final deste
contrato, em uma conta corrente em nome do
LOCATÁRIO, desde que cumpridas todas as obrigações
assumidas no presente instrumento.
Conforme previsto no referido instrumento, a rescisão
antecipada por parte da Locadora, primeira requerida, importa no seguinte
(cláusula 4.3):
4.3. Em caso de rescisão antecipada por parte da
LOCADORA, a mesma fica na obrigação de ressarcir seu
cliente, descontando apenas o período de uso pro-rata
mensal, no valor de R$624,79, ao mês e efetuar o
reembolso ao cliente da diferença de valores contratuais,
acrescentando o cashback proporcional ao período de
contrato cumprido pela LOCADORA
Ocorre que, tendo o requerente efetuado o pagamento
integral do valor do contrato, conforme comprovantes e demais documentos
anexos, tomou conhecimento, em 01/06/2021, de matérias jornalísticas
veiculadas por várias emissoras sobre suposto golpe que estaria sendo
aplicado pela primeira requerida, como exemplificado pela notícia em
referência.
Basicamente, quando da assinatura do contrato em
comento, o requerente imaginava tratar-se de veículo de propriedade da
primeira requerida, o que não é verdade. Tempos depois, tomou conhecimento
de que, em verdade, os veículos são de propriedade da segunda requerida e
que, portanto, são sublocados pela WINMOVE e, por uma situação envolvendo
exclusivamente as duas empresas demandadas, os consumidores que fizeram
este mesmo negócio jurídico agora estão sendo lesados de diversas formas.
É que a WINMOVE, portanto, atua como sublocadora dos
veículos que locou junto à TRANSPASS e outras várias empresas do ramo. O
que se tem conhecimento é que, por ausência de pagamento das locações
entre as requeridas, inúmeros dos carros sublocados, que se encontram na
posse legítima de terceiro de boa-fé (consumidor), estão com restrições das
mais diversas, já tendo vários casos de busca e apreensão e, inclusive, outros
tantos em que há esbulho possessório de forma completamente ilegal.
Quando tomou conhecimento acerca do exposto, o
requerente lavrou Boletim de Ocorrência (nº. 0001410874 / 2022 – v. doc.
anexo), na intenção de se resguardar, bem como procurou o escritório dos
patronos infra assinados, buscando tomar medidas que lhe assegurem a
possibilidade de permanecer com o veículo até o final do contrato, que por sua
vez está vigente e foi completamente adimplido no que tange as obrigações do
consumidor, ou até posterior decisão terminativa nestes autos, a fim de que
possa se evitar maiores problemas aos que já vem sendo enfrentados por este
e outros tantos consumidores em situação análoga.
Como se pode observar de inúmeros casos envolvendo
as mesmas empresas demandadas, há situações em que o consumidor é
surpreendido com uma busca e apreensão do veículo que, legalmente, está em
sua posse, o que muitas vezes acarreta diversos prejuízos de ordens variadas.
Há outras situações, estas mais graves, em que a retomada da posse, por
parte das locadoras proprietárias, é feita de modo completamente ilegal.
Como é praxe, a maioria das empresas de locação de
veículos possuem, por uma questão de segurança, rastreador veicular que
possibilita, dentre outras coisas, bloquear o automóvel via satélite, de modo a
interromper o seu funcionamento, por exemplo através de intervenção direta na
bomba de combustível. Tal providência pode ser tomada a qualquer tempo por
essas empresas e mediante comandos extremamente simples.
Neste sentido, há relatos de clientes que, ao transitarem
com o veículo, foram surpreendidos com o bloqueio via satélite e,
posteriormente, com esbulho possessório, uma vez que, em algumas
situações, representantes de locadoras proprietárias dos automóveis em
questão primeiro efetuam o bloqueio e, isto feito, vão até o local e reintegram-
se na posse através do uso de chave reserva, ficando o consumidor
absolutamente desamparado e com prejuízos diversos, que podem tomar
formas bastante graves, a depender do caso.
Em busca por informações relativas ao veículo que está
na posse do requerente, nos sistemas do Detran/SP, foram encontradas as
seguintes restrições (doc. anexo):
III. PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se:
a) A concessão da tutela antecipada de urgência inaudita altera para
determinar a manutenção do autor na posse do automóvel objeto do
contrato descrito nesta exordial, bem como que as rés se abstenham de
adotar quaisquer medidas tendentes à retomada do bem ou de a ele
impor quaisquer restrições ou gravames, de modo a dificultar o exercício
da posse pelo requerente, sob pena de multa diária a ser fixada por este
D. Juízo, em valor que se mostre apto a efetivamente garantir o
cumprimento da ordem judicial, em atenção aos artigos 300 e 537,
ambos do Código de Processo Civil e; sucessivamente, requer-se a
determinação de imediato levantamento do bloqueio de apropriação
indébita que consta sobre o veículo, para que possa o requerente com
ele transitar livremente até o final do contrato ou, ao menos, até
sentença terminativa de mérito na presente demanda;
b) A citação das requeridas para, querendo, apresentar defesa no prazo
legal, sob pena de revelia;
c) A aplicação do Código de Defesa do Consumidor, por estar-se diante de
relação manifestamente consumerista, conforme amplamente
demonstrado no decorrer da presente exordial;
d) A inversão do ônus da prova, por se tratar de manifesta relação
consumerista, de acordo com o art. 6º, VIII do CDC;
e) Que a presente demanda seja julgada totalmente procedente no mérito
e em todos os seus requerimentos de tutela e de medidas assessórias,
especialmente para condenar as requeridas, determinando-se a
obrigação de cumprimento integral ao contrato para que, ao final, se
confirme a tutela de urgência pleiteada e seja o requerente mantido na
posse do veículo até findo prazo de vigência do contrato de locação
firmado, nos termos do artigo 560 e seguintes do CPC; ou
1. alternativamente, caso não entenda este D. Juízo pela possibilidade
de compelir as rés ao cumprimento das obrigações contratuais
estabelecidas, requer-se a rescisão do contrato com devolução dos
valores pagos e eventuais perdas e danos, bem como a condenação
das requeridas ao pagamento de valores contratuais de cashback,
que juntos integralizam R$42.595,80 (quarenta e dois mil mil,
quinhentos e noventa e cinco reais e oitenta centavos);
f) Seja aplicado o princípio da fungibilidade, de modo que, caso entenda
este MM. Juízo que não seja cabível a ação de manutenção de posse,
conhecerlhe-á do pedido de qualquer forma e determinar-se-á a
expedição do mandado adequado aos requisitos provados, promovendo
a adequação do que se mostrar necessário, em atenção ao art. 554 do
CPC;
g) O reconhecimento da responsabilidade solidária das requeridas, em
atenção ao dispositivo do art. 7º, parágrafo único, do CDC;
h) A condenação das requeridas ao pagamento das custas e despesas
processuais, bem como honorários advocatícios, nos termos dos artigos
82, §2º e 85, do Código de Processo Civil.
Protesta-se por provar o alegado por todo meio de prova
juridicamente possível.
Atribui-se à presente o valor R$42.595,80 (quarenta e
dois mil, quinhentos e noventa e cinco reais e oitenta centavos)
Por fim, requer-se que todas as publicações e intimações
sejam feitas em nome dos patronos que subscrevem a presente: FULANO DE
TAL - OAB/SP nº XXXX e FULANO DE TAL - OAB/SP nº XXXX, ambos com
escritório nesta cidade de GUARULHOS/SP, na Rua XXXX, nº XXXX, BAIRRO,
CEP XXXXX-XXX, sob pena de nulidade.
Termos em que,
Pedi Deferimento
Guarulhos, 5 de julho de 2022