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JULGADOS – DIREITO DE REGRESSO – INADIMPLEMENTO

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0024975-25.2017.8.08.0024 APELANTE: RICHIER


SOLOCA EQUIPAMENTOS PARA CONSTRUCAO LTDA ME, GUSTAVO
ANDRADE GUERRA PEREIRA e CESAR AUGUSTO GUERRA PEREIRA
APELADO: COMPROCRED FOMENTO MERCANTIL LTDA RELATOR: DES.
CARLOS SIMÕES FONSECA EMENTA DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL
APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO MONITÓRIA PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE
DIALETICIDADE RECURSAL REJEITADA COBRANÇA EM REGRESSO EM
CONTRATO DE FACTORING POSSIBILIDADE EXPRESSAMENTE PACTUADO E
DUPLICADAS DEVIDAMENTE ENDOSSADAS PELA FATURIZADA NORMAS
PRÓPRIAS DO DIREITO CAMBIÁRIO PERMITEM O GARANTE TÍTULOS
ENDOSSADOS REVELAM DESÁGIO MENOR NA CONTRATAÇÃO DA
EMPRESA DE FOMENTO MERCANTIL RECENTES PRECEDENTES DO STJ
RECURSO IMPROVIDO. 1. Preliminar : Alegada a ausência de
dialeticidade recursal contudo, o recurso ataca diretamente a
sentença recorrida ao se debruçar sobre tema decisivo no julgamento
da causa, qual seja, o direito de regresso contra a contratante em
virtude de inadimplemento do devedor originário. 2. Cinge-se a
controvérsia em identificar a possibilidade (ou não) de ação de
regresso da empresa de factoring contra a faturizada em razão do
inadimplemento dos títulos lhe outorgados. A princípio, a jurisprudência
sustentava o entendimento, como aduz a parte apelante, quanto a
natureza do negócio de fomento mercantil ter o risco inerente aos
inadimplementos dos devedores originários. 3. Contudo, recentemente,
mais especificamente às duplicatas com endosso da faturizada, o c. STJ
modificou o entendimento, capitaneado pela c. Segunda Seção no
julgamento do EREsp 1439749/RS. Ou seja, nos casos em que a
transmissão das duplicatas à empresa de factoring operou-se por
endosso, o STJ definiu a aplicação das normas próprias de direito
cambiário e permitiu-se a cobrança em regresso. 4. Diante do exposto,
necessária a observância do precedente firmado. E na esteira do que lá
decidido, prevalece a disposição específica de que a endossante
garante o adimplemento do título endossado, conforme o art. 15 do
Decreto 57.663/1966 (Lei Uniforme de Genebra cambial). 5. Além disso,
não vislumbrou-se que fosse possível prosperar o argumento da parte
apelante quanto ao contrato de adesão proposto pela empresa de
factoring, considerando que os títulos endossados por certo revelam
deságio menor que àquelas em que a empresa de fomento se
responsabiliza integralmente pela solvência da cártula e corre por si
própria os riscos do inadimplemento. Ou seja, optando a parte
apelante/faturizada pelo endosso dos títulos negociados com
responsabilidade, beneficiou-se de um valor a menor cobrado pela
empresa de fomento entre o que vale o título e o valor pago. Assim,
válida é a disposição contratual neste sentido entre apelantes e
apelada. 6. Não se mostra necessário perquirir a demonstração de
vícios na origem do título, porquanto, a um, sequer cabe a investigação
na via estreita monitória, e, a dois, na medida em que não é esse o
fundamento a conferir o direito de regresso da empresa fomentadora,
que, em verdade, se lastreia, na legislação específica de direito
cambiário, na previsão expressa de assunção da responsabilidade da
apelante em caso de inadimplemento do devedor originário cujo
compromisso se depreende do contrato assinado, bem como da
solidificação jurisprudencial neste sentido. 7. Recurso improvido.
ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDA a Egrégia
Segunda Câmara Cível, na conformidade da ata da sessão, à
unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do
voto do Relator. Vitória (ES), 31 de agosto de 2021. DES. PRESIDENTE //
DES. RELATOR
(TJES, Classe: Apelação Cível, 024170219836, Relator : CARLOS SIMÕES
FONSECA, Órgão julgador: SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de
Julgamento: 31/08/2021, Data da Publicação no Diário: 13/09/2021)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. CONTRATO DE


FACTORING. CESSÃO DE CRÉDITO. INADIMPLEMENTO. RESPONSABILIDADE
DA FATURIZADA. POSSIBILIDADE. DIREITO DE REGRESSO. CLÁUSULA
CONTRATUAL EXPRESSA. LIQUIDEZ E EXIGIBILIDADE DO TÍTULO. 1. Agravo
de instrumento interposto contra decisão que, nos autos da Execução
de Título Extrajudicial, entendeu que o feito não estava lastreado em
título executivo, determinando a emenda da inicial para que o ora
agravante, em quinze dias, promovesse a conversão do feito para o rito
do procedimento comum, sob pena de indeferimento da inicial. 2. O
contrato de factoring não possui disciplina legal própria, mas
encontra-se regulamentado pelas legislações pertinentes, que deverão
ser interpretadas conforme sua finalidade. Assim, na compra de crédito,
como no caso dos autos, utiliza-se da cessão de crédito prevista no
Código Civil, artigos 286 a 298. 3. Por ser o contrato de factoring uma
operação de risco, especulativa, portanto, e não uma operação de
crédito, como são as operações bancárias, o faturizador, ao adquirir os
créditos, mediante uma contraprestação, isenta o faturizado da
responsabilidade pelo pagamento do título. Precedente. Todavia, essa
regra vem sendo excepcionada pela jurisprudência a qual passou a
entender que a faturizadora pode voltar-se em regresso, contra a
faturizada, desde que tal condição esteja prevista contratualmente, ou
quando demonstrada a inexistência do próprio crédito ou o vício na
formação do título. 4. No caso, o direito de regresso foi expressamente
pactuado, nada impedindo que em nome do princípio da autonomia
da vontade as partes tenham ampla liberdade de contratá-lo. 5. O
agravante emendou a inicial na origem, juntando títulos de crédito
representados pelas notas promissórias que lhe foram cedidas, vencidas
respectivamente, em 12/10/2017, 13/10/2017 e 09/09/2018, sem o
correspondente pagamento, demonstrando, por conseguinte, a liquidez
e exigibilidade do contrato firmado, a amparar a continuidade do feito
executivo. 6. Agravo de instrumento conhecido e provido.

(TJ-DF 07134463320188070000 DF 0713446-33.2018.8.07.0000, Relator:


CESAR LOYOLA, Data de Julgamento: 14/11/2018, 2ª Turma Cível, Data
de Publicação: Publicado no DJE : 28/11/2018 . Pág.: Sem Página
Cadastrada.)

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO


DE FAZER. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO.
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. REJEIÇÃO. CONTRATO DE FOMENTO
MERCANTIL. FACTORING. CHEQUE. ENDOSSO. RESPONSABILIDADE DO
ENDOSSANTE (LEI 7357/85). COBRANÇA. NOVAÇÃO DA DÍVIDA.
REQUISITOS CONFIGURADOS. ANIMUS NOVANDI TÁCITO.
CONFIGURAÇÃO. EXTINÇÃO DO NEGÓCIO ORIGINÁRIO. 1. Não fere o
princípio da dialeticidade o recurso de apelação interposto de forma
clara e coesa, e que combate os fundamentos de fato e de direito da
sentença impugnada, visando situação processual mais vantajosa que
aquela que fora estabelecida. 2. O fomento mercantil ou factoring é
modalidade de contrato mercantil, no qual uma empresa vendedora
de bens ou serviços (cedente ou faturizada) cede a terceiro (empresa
de factoring ou faturizador), na totalidade ou em parte, créditos contra
seus clientes, recebendo à vista suas vendas feitas a prazo, com o
devido deságio (comissão ou spread), pelo negócio celebrado. 3. Em
regra, o cedente ou faturizado não responde pela solvabilidade do
devedor do crédito, ou seja, há no factoring uma cessão pro soluto, na
qual o cedente responde apenas pela existência do crédito e não pela
solvência do devedor. Entretanto, na hipótese de o crédito cedido ser
representado por cheques, a doutrina e a jurisprudência pátrias vêm
entendendo que o cedente do crédito responde pelo pagamento dos
títulos, pois, nessa situação, haveria o endosso. 4. Por força do disposto
na Lei 7357/85, quem endossa garante o pagamento do cheque, seja o
endossatário quem for, pouco importando que seja uma empresa, um
banco ou uma pessoa física. 5. O mero fato de a transmissão do cheque
ter ocorrido no seio de uma operação de fomento mercantil ou
factoring não afasta a natureza do cheque e nem afasta suas regras de
endosso, previstas na Lei 7357/85. Devolvidos os cheques por falta de
provisão de fundos, o faturizado é responsável pelo débito. 6. Nos
termos do disposto no art. 360 do Código Civil, para a configuração da
novação da dívida é imprescindível: a) a existência de uma obrigação
anterior; b) a constituição de uma nova obrigação em substituição à
anterior; c) o inequívoco ânimo de novar, o qual pode ser expresso ou
tácito. 7. A realização de uma nova relação obrigacional com a
finalidade específica de extinguir uma relação primitiva, consistente na
compra/venda de um novo direito de crédito, a fim de colocar termo à
negociação do mesmo tipo, celebrada anteriormente, configura a
presença do animus novandi apto a configurar a ocorrência do instituto
da novação. 8. A novação opera os mesmos efeitos jurídicos do
pagamento, de forma que o antigo débito é extinto ficando
prejudicados os termos da antiga contratação e todas as garantias
sobre ela constituídas (CC, art. 364). 9. Apelação conhecida e não
provida.
(TJ-DF - APC: 20130111060597 DF 0027748-81.2013.8.07.0001, Relator:
SIMONE LUCINDO, Data de Julgamento: 12/11/2014, 1ª Turma Cível,
Data de Publicação: Publicado no DJE : 19/11/2014 . Pág.: 206)

CHEQUE - ENDOSSO - FACTORING - RESPONSABILIDADE DA


ENDOSSANTE-FATURIZADA PELO PAGAMENTO. - Salvo estipulação em
contrário expressa na cártula, a endossante-faturizada garante o
pagamento do cheque a endossatária-faturizadora ( Lei do Cheque, Art.
21). (STJ - REsp: 820672 DF 2006/0033681-3, Relator: Ministro HUMBERTO
GOMES DE BARROS, Data de Julgamento: 06/03/2008, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJ 01.04.2008 p. 1)

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