SOLOCA EQUIPAMENTOS PARA CONSTRUCAO LTDA ME, GUSTAVO ANDRADE GUERRA PEREIRA e CESAR AUGUSTO GUERRA PEREIRA APELADO: COMPROCRED FOMENTO MERCANTIL LTDA RELATOR: DES. CARLOS SIMÕES FONSECA EMENTA DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO MONITÓRIA PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE RECURSAL REJEITADA COBRANÇA EM REGRESSO EM CONTRATO DE FACTORING POSSIBILIDADE EXPRESSAMENTE PACTUADO E DUPLICADAS DEVIDAMENTE ENDOSSADAS PELA FATURIZADA NORMAS PRÓPRIAS DO DIREITO CAMBIÁRIO PERMITEM O GARANTE TÍTULOS ENDOSSADOS REVELAM DESÁGIO MENOR NA CONTRATAÇÃO DA EMPRESA DE FOMENTO MERCANTIL RECENTES PRECEDENTES DO STJ RECURSO IMPROVIDO. 1. Preliminar : Alegada a ausência de dialeticidade recursal contudo, o recurso ataca diretamente a sentença recorrida ao se debruçar sobre tema decisivo no julgamento da causa, qual seja, o direito de regresso contra a contratante em virtude de inadimplemento do devedor originário. 2. Cinge-se a controvérsia em identificar a possibilidade (ou não) de ação de regresso da empresa de factoring contra a faturizada em razão do inadimplemento dos títulos lhe outorgados. A princípio, a jurisprudência sustentava o entendimento, como aduz a parte apelante, quanto a natureza do negócio de fomento mercantil ter o risco inerente aos inadimplementos dos devedores originários. 3. Contudo, recentemente, mais especificamente às duplicatas com endosso da faturizada, o c. STJ modificou o entendimento, capitaneado pela c. Segunda Seção no julgamento do EREsp 1439749/RS. Ou seja, nos casos em que a transmissão das duplicatas à empresa de factoring operou-se por endosso, o STJ definiu a aplicação das normas próprias de direito cambiário e permitiu-se a cobrança em regresso. 4. Diante do exposto, necessária a observância do precedente firmado. E na esteira do que lá decidido, prevalece a disposição específica de que a endossante garante o adimplemento do título endossado, conforme o art. 15 do Decreto 57.663/1966 (Lei Uniforme de Genebra cambial). 5. Além disso, não vislumbrou-se que fosse possível prosperar o argumento da parte apelante quanto ao contrato de adesão proposto pela empresa de factoring, considerando que os títulos endossados por certo revelam deságio menor que àquelas em que a empresa de fomento se responsabiliza integralmente pela solvência da cártula e corre por si própria os riscos do inadimplemento. Ou seja, optando a parte apelante/faturizada pelo endosso dos títulos negociados com responsabilidade, beneficiou-se de um valor a menor cobrado pela empresa de fomento entre o que vale o título e o valor pago. Assim, válida é a disposição contratual neste sentido entre apelantes e apelada. 6. Não se mostra necessário perquirir a demonstração de vícios na origem do título, porquanto, a um, sequer cabe a investigação na via estreita monitória, e, a dois, na medida em que não é esse o fundamento a conferir o direito de regresso da empresa fomentadora, que, em verdade, se lastreia, na legislação específica de direito cambiário, na previsão expressa de assunção da responsabilidade da apelante em caso de inadimplemento do devedor originário cujo compromisso se depreende do contrato assinado, bem como da solidificação jurisprudencial neste sentido. 7. Recurso improvido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDA a Egrégia Segunda Câmara Cível, na conformidade da ata da sessão, à unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do Relator. Vitória (ES), 31 de agosto de 2021. DES. PRESIDENTE // DES. RELATOR (TJES, Classe: Apelação Cível, 024170219836, Relator : CARLOS SIMÕES FONSECA, Órgão julgador: SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento: 31/08/2021, Data da Publicação no Diário: 13/09/2021)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. CONTRATO DE
FACTORING. CESSÃO DE CRÉDITO. INADIMPLEMENTO. RESPONSABILIDADE DA FATURIZADA. POSSIBILIDADE. DIREITO DE REGRESSO. CLÁUSULA CONTRATUAL EXPRESSA. LIQUIDEZ E EXIGIBILIDADE DO TÍTULO. 1. Agravo de instrumento interposto contra decisão que, nos autos da Execução de Título Extrajudicial, entendeu que o feito não estava lastreado em título executivo, determinando a emenda da inicial para que o ora agravante, em quinze dias, promovesse a conversão do feito para o rito do procedimento comum, sob pena de indeferimento da inicial. 2. O contrato de factoring não possui disciplina legal própria, mas encontra-se regulamentado pelas legislações pertinentes, que deverão ser interpretadas conforme sua finalidade. Assim, na compra de crédito, como no caso dos autos, utiliza-se da cessão de crédito prevista no Código Civil, artigos 286 a 298. 3. Por ser o contrato de factoring uma operação de risco, especulativa, portanto, e não uma operação de crédito, como são as operações bancárias, o faturizador, ao adquirir os créditos, mediante uma contraprestação, isenta o faturizado da responsabilidade pelo pagamento do título. Precedente. Todavia, essa regra vem sendo excepcionada pela jurisprudência a qual passou a entender que a faturizadora pode voltar-se em regresso, contra a faturizada, desde que tal condição esteja prevista contratualmente, ou quando demonstrada a inexistência do próprio crédito ou o vício na formação do título. 4. No caso, o direito de regresso foi expressamente pactuado, nada impedindo que em nome do princípio da autonomia da vontade as partes tenham ampla liberdade de contratá-lo. 5. O agravante emendou a inicial na origem, juntando títulos de crédito representados pelas notas promissórias que lhe foram cedidas, vencidas respectivamente, em 12/10/2017, 13/10/2017 e 09/09/2018, sem o correspondente pagamento, demonstrando, por conseguinte, a liquidez e exigibilidade do contrato firmado, a amparar a continuidade do feito executivo. 6. Agravo de instrumento conhecido e provido.
CESAR LOYOLA, Data de Julgamento: 14/11/2018, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 28/11/2018 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO
DE FAZER. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. REJEIÇÃO. CONTRATO DE FOMENTO MERCANTIL. FACTORING. CHEQUE. ENDOSSO. RESPONSABILIDADE DO ENDOSSANTE (LEI 7357/85). COBRANÇA. NOVAÇÃO DA DÍVIDA. REQUISITOS CONFIGURADOS. ANIMUS NOVANDI TÁCITO. CONFIGURAÇÃO. EXTINÇÃO DO NEGÓCIO ORIGINÁRIO. 1. Não fere o princípio da dialeticidade o recurso de apelação interposto de forma clara e coesa, e que combate os fundamentos de fato e de direito da sentença impugnada, visando situação processual mais vantajosa que aquela que fora estabelecida. 2. O fomento mercantil ou factoring é modalidade de contrato mercantil, no qual uma empresa vendedora de bens ou serviços (cedente ou faturizada) cede a terceiro (empresa de factoring ou faturizador), na totalidade ou em parte, créditos contra seus clientes, recebendo à vista suas vendas feitas a prazo, com o devido deságio (comissão ou spread), pelo negócio celebrado. 3. Em regra, o cedente ou faturizado não responde pela solvabilidade do devedor do crédito, ou seja, há no factoring uma cessão pro soluto, na qual o cedente responde apenas pela existência do crédito e não pela solvência do devedor. Entretanto, na hipótese de o crédito cedido ser representado por cheques, a doutrina e a jurisprudência pátrias vêm entendendo que o cedente do crédito responde pelo pagamento dos títulos, pois, nessa situação, haveria o endosso. 4. Por força do disposto na Lei 7357/85, quem endossa garante o pagamento do cheque, seja o endossatário quem for, pouco importando que seja uma empresa, um banco ou uma pessoa física. 5. O mero fato de a transmissão do cheque ter ocorrido no seio de uma operação de fomento mercantil ou factoring não afasta a natureza do cheque e nem afasta suas regras de endosso, previstas na Lei 7357/85. Devolvidos os cheques por falta de provisão de fundos, o faturizado é responsável pelo débito. 6. Nos termos do disposto no art. 360 do Código Civil, para a configuração da novação da dívida é imprescindível: a) a existência de uma obrigação anterior; b) a constituição de uma nova obrigação em substituição à anterior; c) o inequívoco ânimo de novar, o qual pode ser expresso ou tácito. 7. A realização de uma nova relação obrigacional com a finalidade específica de extinguir uma relação primitiva, consistente na compra/venda de um novo direito de crédito, a fim de colocar termo à negociação do mesmo tipo, celebrada anteriormente, configura a presença do animus novandi apto a configurar a ocorrência do instituto da novação. 8. A novação opera os mesmos efeitos jurídicos do pagamento, de forma que o antigo débito é extinto ficando prejudicados os termos da antiga contratação e todas as garantias sobre ela constituídas (CC, art. 364). 9. Apelação conhecida e não provida. (TJ-DF - APC: 20130111060597 DF 0027748-81.2013.8.07.0001, Relator: SIMONE LUCINDO, Data de Julgamento: 12/11/2014, 1ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 19/11/2014 . Pág.: 206)
CHEQUE - ENDOSSO - FACTORING - RESPONSABILIDADE DA
ENDOSSANTE-FATURIZADA PELO PAGAMENTO. - Salvo estipulação em contrário expressa na cártula, a endossante-faturizada garante o pagamento do cheque a endossatária-faturizadora ( Lei do Cheque, Art. 21). (STJ - REsp: 820672 DF 2006/0033681-3, Relator: Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Data de Julgamento: 06/03/2008, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 01.04.2008 p. 1)