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JUIZO DE DIREITO DO 21⁰ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA

CAPITAL DO RIO DE JANEIRO

GELE BEM, ora recorrente devidamente qualificado nos autos da ação que lhe
move LÚCIA RAPUNZEL, ora recorrida, vem por seu advogado devidamente
constituído (procuração anexa), pelo procedimento especial, com fundamento
legal no artigo 41 da lei 9099 de 1995 interpor:

RECURSO INOMINADO

Requerendo processamento do recurso e remessa a Turma Recursal deste


Juizado Especial, para o fim de reexame das questões suscitadas e sentença,
conforme fundamentos jurídicos e Razões anexas:

Perante os Termos,
Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 13 DE MAIO DE 2023

ADVOGADO
OAB
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO

Processo n.º (…)

AÇÃO: INDENIZATÓRIA

RECORRENTE: GELE BEM

RECORRIDA: LÚCIA RAPUNZEL

TURMA RECURSAL DO RIO DE JANEIRO

I - DOS FATOS

A autora ingressou com uma ação indenizatória buscando a


restituição do valor com indenização de danos materiais e morais conforme
trecho de petição inicial a seguir:

“pleiteando a restituição imediata do valor de produto (R$ 1.500,), restituição


dos valores dos produtos estragados (R$500,00) e dano moral (R$ 5.000,00)”

Em contestação foi alegado que o fabricante realizará a troca, mas


que não possui o modelo exato que Lúcia comprou em estoque, desta forma foi
oferecida duas possibilidades em contestação citada a seguir:

“Oferece duas possibilidades: uma mais cara com a complementação


do valor por Lúcia e outra mais barata e devolução da diferença pelo
fabricante. Lúcia recusa e ingressa com ação pleiteando a restituição
imediata do valor de produto (R$ 1.500,), restituição dos valores dos
produtos estragados (R$500,00) e dano moral (R$ 5.000,00)”

Porém, a sentença julgou procedente o pedido condenando o


recorrente a pagar o total dos valores pleiteados pela recorrida.
II – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

DA PRELIMINAR SUSTENTADA:

1. Há necessidade de perícia, pois não é conclusivo de que a


responsabilidade de realizar a troca seja da empresa.

2. Não foi dada a oportunidade de a empresa comprovar vício de


produto ou mal-uso do equipamento em 30 dias conforme
previsão legal, este deveria ter realizado uma avaliação a fim de
comprovar seu devido funcionamento, verificando assim se a
recorrida fez algum tipo de utilização indevida

3. Necessidade de prova documental; um relatório técnico deveria


ser gerado desde então para fins de comprovações.

III- DO MÉRITO

O fabricante não tem o dever de realizar a troca ou substituição


imediata, conforme podemos mediante base legal:

Artigo 18 da lei 8078 de 1990:

“Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis


respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com
a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou
mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1° não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o


consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
i - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas
condições de uso;

ii - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem


prejuízo de eventuais perdas e danos;

iii - o abatimento proporcional do preço.

O réu estava de boa-fé; por liberalidade ele se disponibilizou a


fazer a troca e a recorrida não aceitou sendo assim tem seu direito
sustentado no ART 18 da Lei 8078 parágrafo 4°.

Artigo 18 da lei 8078 de 1990:


“§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste
artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver
substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante
complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem
prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.”

A sustentação legal não foi observada pela consumidora, não existe


dano moral na situação em questão pois a empresa não teve tempo hábil de
sanar o problema por vontade da parte autora, sendo assim, não se
visualiza no caso concreto uma problemática maior que gere dano moral,

Ainda dentro das prerrogativas legais, situações como essa já foram


pautadas conforme jurisprudência abaixo citada:

“Segundo Moura Ribeiro, a mais recente posição da Terceira Turma sobre


o tema, no julgamento do REsp 1.634.851, foi considerar que o
comerciante, por estar incluído na cadeia de fornecimento, é responsável
por receber os produtos que apresentarem defeito para encaminhá-los à
assistência técnica”

“RECURSO ESPECIAL Nº 1.568.938 - RS (2015/0199988-7)


Direito do consumidor. Ação coletiva de consumo. Recurso especial
manejado sob a égide do cpc/73. Solidariedade da cadeia de fornecimento.
Art. 18 do cdc. Dever de quem comercializa produto que posteriormente
apresente defeito de recebê-lo e encaminha-lo à assistência técnica
responsável, independente do prazo de 72 horas. Observância do prazo de
decadência. Dano moral coletivo. Quantum indenizatório. Razoabilidade.
Modificaçao. Impossibilidade. Incidência da súmula nº 7 do stj. Recurso
especial parcialmente conhecido e não provido. 1. Inaplicabilidade do ncpc a
este julgamento ante os termos do enunciado administrativo nº 2 aprovado
pelo plenário do stj na sessão de 9/3/2016: aos recursos interpostos com
fundamento no cpc/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de
2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele
prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do
superior tribunal de justiça. 2. Por estar incluído na cadeia de fornecimento do
produto, quem o comercializa, ainda que não seja seu fabricante, fica
responsável, perante o consumidor, por receber o item que apresentar defeito
e o encaminha-lo à assistência técnica, independente do prazo de 72 horas
da compra, sempre observado o prazo decadencial do art. 26 do cdc.
Precedente recente da terceira turma desta corte. 3. A jurisprudência do
superior tribunal de justiça consolidou o entendimento de que os valores
fixados a título de danos morais, porque arbitrados com fundamento no
arcabouço fático-probatório carreado aos autos, só podem ser alterados em
hipóteses excepcionais, quando constatada nítida ofensa aos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, mostrando-se irrisória ou exorbitante, o
que não ocorreu no caso. Incidência da súmula nº 7 desta corte.
Precedentes.4. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.”

III- DO PEDIDO

1. Que o recurso seja reconhecido para acolher a preliminar


suscitada então trazendo uma extinção do processo sem
resolução do mérito

2. Que seja dado provimento ao recurso para reformar a


sentença recorrida julgando improcedendte os pedido s de
danos morais julgar

3. A condenação em custas e honorários advocatícios

Perante os Termos,
Pede Deferimento

Rio de Janeiro, 13 de maio De 2023

ADVOGADO
OAB

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