Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROCESSO:
CARLA ADRIANY SANTOS DIAS , já devidamente qualificado nos autos do
processo em epígrafe, vem por sua advogada a V.Exa. tempestivamente, nos termos
do artigo 41 e seguintes da Lei 9099/95, interpor o presente
RECURSO INOMINADO
em face da r. sentença que julgou extinto o feito sem julgamento do mérito, com as
razõ es anexas, requerendo que as mesmas sejam remetidas à Colenda Turma
Recursal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Requer ainda, o recebimento do presente recurso sob o pedido de gratuidade de
justiça, uma vez que o Autor nã o têm condiçõ es de arcar com as custas sem
prejuízo de seu sustento.
Nestes termos
Pede deferimento,
Rio de Janeiro 18 de junho de 2023.
Maristela Tavares
OAB/RJ 90381
EGRÉGIO TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS DO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
COLENDA TURMA
RAZÕES DO RECURSO
Recorrente: CARLA ADRIANY SANTOS DIAS
Recorrido: Ampla Energia E Serviços S.a., nome de fantasia Enel Distribuição
Rio
A sentença de primeiro grau merece ser reformada, para que se garanta efetiva
justiça no processo em aná lise.
Dos fatos narrados nos autos e das provas constantes, o Recorrente almeja uma
REPARAÇÃ O pelas arbitrariedades cometidas de forma reiterada de recorrida à
margem da legislaçã o
A dinâ mica dos fatos é a seguinte:
“No caso em tela, o medidor foi vistoriado de forma unilateral, em seguida retirado e
transportado, sem acompanhamento da autora, e não há como comprovar o seu
acondicionado em invólucro específico, sem ser lacrado, portanto, várias
irregularidades podem ser apontadas, com os respectivos questionamentos, veja-se:
1. A vistoria realizada no medidor, no ato da lavratura do Termo, ocorreu de forma
unilateral, sem o auxílio da autoridade policial competente para saber se houve ou
não o delito. Portanto, eventuais indícios de irregularidade não foram objeto de
perícia no momento da vistoria, sem que lhe fosse concedido o direito à ampla defesa;
2. Como comprovar que o medidor vistoriado na residência da autora apresentava
alguma irregularidade, se a vistoria foi realizada de forma unilateral?
3. Como saber se o medidor encaminhado à análise laboratorial encontrava-se nas
mesmas condições em que fora retirado, ou se fora considerando que não fora
acondicionado em invólucro específico, assim como se fora lacrado no ato da
retirada, sem ter ocorrido a entrega de comprovante do procedimento que de fato
não ocorreu. Não é possível a comprovação, pela parte autora, de um ato omissivo,
mas a ré pode apresentar o comprovante do procedimento devidamente assinado
pelo autor. Somente com a apresentação do comprovante do procedimento assinado
pelo autor, a ré irá comprovar a total observância da Resolução da ANEEL e,
portanto, a regularidade da lavratura do TOI e sua respectiva cobrança.”
Nã o há que se falar em perícia uma vez que medidor foi retirado e levado pela
recorrida, na ausência da recorrente.
O Recorrido alega em sua contestaçã o que realizou uma vistoria na unidade e
lavrou o TOI, pois constatou irregularidade e que a recorrente entrou com dois
recursos administrativos negados.
Ora, Exmo. é de causar assombro tal conduta. O consumidor é sentenciado já na
esfera administrativa?
O procedimento vou realizado à margem de qualquer regularidade, a prova
material o medidor foi retirado arbitrariamente trocado.
NÃ O HÁ O QUE PERICIAR!
Se o medidor existe e esta em poder a recorrida como se poderia garantir que o
mesmo nã o sofreu dano ou violaçã o.
A impossibilidade de periciar o medidor é suficiente para a reforma da decisã o
deste do juizado.
Conforme nos ensina Maria Helena Diniz: A responsabilidade objetiva funda-se
num princípio de equidade, existente desde o direito romano: aquele que lucra
com uma situaçã o deve responder pelo risco ou pelas desvantagens dela
resultantes (ubi emolumentum, ibi onus; ubi commoda, ibi incommoda) (2004, p.
48, grifo nosso).
Em consonâ ncia, Caio Má rio da Silva Pereira destaca que: A doutrina objetiva, ao
invés de exigir que a responsabilidade civil seja resultante dos elementos
tradicionais (culpa, dano, vínculo de causalidade entre uma e outro) assenta na
equaçã o biná ria cujos pó los sã o o dano e a autoria do evento danoso. Sem cogitar
da imputabilidade ou de investigar a antijuridicidade do fato danoso, o que
importa para assegurar o ressarcimento é a verificaçã o se ocorreu o evento e se
dele emanou prejuízo. Em tal ocorrendo, o autor do fato causador do dano é o
responsá vel (1990, p. 35).
Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo TJ-ES - Apelaçã o Cível: AC
0015389-66.2018.8.08.0011
ACÓ RDÃ O EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL. INSPEÇÃ O
DE MEDIDOR DE ENERGIA ELÉ TRICA. SUPOSTA IRREGULARIDADE. CONDUTA
UNILATERAL DA CONCESSIONÁ RIA. AUSÊ NCIA DE PERÍCIA. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. I - Do Termo de Ocorrência e Inspeçã o TOI acostado,
bem como da Comunicaçã o de Substituiçã o de Medidor, verificou-se
que no momento da inspeçã o e retirada do reló gio de mediçã o nã o havia qualquer
pessoa no local, além dos prepostos da concessioná ria, vez que no campo
destinado à assinatura do usuá rio consta a informaçã o ausente. II - A Resoluçã o nº
414/2010 da ANEEL, no escopo de afastar a unilateralidade na apuraçã o de
irregularidades dos usuá rios de energia elétrica, estabelece como uma das etapas
do procedimento a solicitaçã o de perícia técnica. III - É assente que, em sendo
negada pelo usuá rio a violaçã o do medidor de energia elétrica, nos moldes como
se deu no presente caso, a realização de perícia técnica torna-se imprescindível
para comprovar eventual irregularidade por ele cometida, a fim de dar concretude
aos princípios do contraditó rio e ampla defesa. IV - Por ter sido produzido de
forma unilateral o laudo técnico que subsidia a cobrança retroativa de valores
devidos a título de refaturamento em desfavor da apelada, inclusive, sem
a realização de perícia técnica do ó rgã o competente, entendeu-se pela falta de
provas da concessioná ria da alegada fraude no medidor de energia elétrica, o que
tornou inexigível a cobrança dos valores inclusive já pagos pela usuá ria,
devidamente comprovados no feito. V Apelaçã o conhecida e improvida. Vistos,
relatados e discutidos os presentes autos, ACORDA o Egrégio Tribunal de Justiça
(TERCEIRA CÂ MARA CÍVEL) em, à unanimidade, conhecer e negar provimento à
apelaçã o, nos termos do voto do Relator. Vitó ria, 18 de agosto de 2021.
PRESIDENTE RELATOR (A)
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE
DÉ BITO C/C INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS CONSUMO IRREGULAR
DE ENERGIA ELÉ TRICA ALEGADA INTERFERÊ NCIA
HUMANA NO MEDIDOR REFATURAMENTO DE ENERGIA ELÉ TRICA
LAVRATURA DO TERMO DE OCORRÊ NCIA E INSPEÇÃ O (TOI)
INSUFICIÊ NCIA DA INSPEÇÃ O
UNILATERAL PERÍCIA TÉ CNICA REALIZAÇÃO NÃ O OPORTUNIZADA AO
CONSUMIDOR INEXIGIBILIDADE DOS VALORES COBRADOS RESTITUIÇÃ O
EM DOBRO APLICAÇÃ O DO ART. 42 , PARÁ GRAFO Ú NICO , DO CDC
CONDUTA CONTRÁ RIA À BOA-FÉ OBJETIVA PRECEDENTE VINCULANTE
DO STJ DANO MORAL CONFIGURADO INDENIZAÇÃ O FIXADA EM
MONTANTE PROPORCIONAL E ADEQUADO CRITÉ RIOS DE ATUALIZAÇÃ O
MONETÁ RIA E JUROS MORATÓ RIOS EQUIVOCADAMENTE FIXADOS
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MODIFICADA DE
OFÍCIO. 1 ) Em sendo negada pelo responsá vel pela unidade consumidora a
violaçã o do medidor de energia elétrica, tal qual verificou-se no caso
vertente, a inspeçã o técnica realizada unilateralmente pela concessioná ria,
a partir da lavratura do Termo de Ocorrência e Inspeçã o, nã o é suficiente
para caracterizar a irregularidade na conduta do consumidor, tornando-se
necessá ria a realização de perícia técnica a fim de comprovar eventual
fraude. 2) A Resoluçã o ANEEL 414/2010, já em vigência à época dos
fatos, no escopo de afastar a unilateralidade por parte da concessioná ria na
apuraçã o de eventual irregularidade, estabelece como uma das etapas do
procedimento a solicitaçã o de perícia técnica, a seu critério ou quando
requerida pelo consumidor. Precedentes deste e. Sodalício. 3) Na hipó tese
em apreço, nã o há dú vida de que a suposta fraude veio a ser constatada
unilateralmente pela concessioná ria, sem conferir oportunidade para que o
responsá vel pela unidade consumidora pudesse contestar o resultado
mediante solicitaçã o de perícia técnica pelo Ó rgã o Metroló gico. 4) Por ter
sido unilateralmente elaborado o laudo técnico que confere respaldo à
cobrança retroativa de valores devidos a título de refaturamento, sem
a realização de perícia técnica do ó rgã o competente vinculado à segurança
pú blica e/ou do ó rgã o metroló gico oficial, nã o foi suficientemente
comprovada pela concessioná ria de serviço pú blico a alegada
fraude no medidor de energia elétrica, o que torna inexigíveis, via reflexa,
os valores por ela cobrados. 5) Partindo do pressuposto de que o débito
decorrente do Termo de Ocorrência e Inspeçã o em comento é inexigível,
nã o há como deixar de reconhecer que a cobrança foi indevida e, por
conseguinte, todo o valor pago indevidamente deve ser restituído em dobro,
na forma do art. 42 , pará grafo ú nico , do Có digo de Defesa do Consumidor .
6) A Corte Especial do c. STJ, no julgamento dos Embargos de Divergência
nº 1.413.542, uniformizou o entendimento do Tribunal sobre a questã o,
definindo que a devoluçã o em dobro é cabível quando a cobrança indevida
consubstanciar conduta contrá ria à boa-fé objetiva, de tal sorte que nã o há
mais necessidade de demonstraçã o de má -fé por parte do fornecedor. 7) A
extensã o do efeito devolutivo da apelaçã o cível impede que esta Instâ ncia
Revisora enfrente capítulos decisó rios da sentença que nã o foram
especificamente impugnados. Destarte, considerando que apenas a
requerida foi quem interpô s recurso de apelaçã o, nã o há como reconhecer,
em sede recursal, o dever da concessioná ria de restituir em dobro também
o montante que foi pago depois da prolaçã o da sentença, sob pena de
incorrer em reformatio in pejus. 8) A ameaça de corte de energia e a
angú stia em receber faturas com valores exorbitantes configura evidente
dano moral. E, levando-se em conta os critérios da razoabilidade,
proporcionalidade, grau de culpa, porte econô mico das partes e da pró pria
gravidade do fato, impõ e-se a manutençã o da quantia de R$ 3.000,00 (três
mil reais) arbitrada na sentença. 9) Conforme entendimento pacífico do c.
STJ, tratando-se de responsabilidade civil contratual, o termo inicial da
atualizaçã o monetá ria para os danos materiais é a data do efetivo prejuízo
(Sú mula nº 43 ) portanto, o momento do desembolso da quantia paga
indevidamente e, para os danos morais, é a data do arbitramento (Sú mula
nº 362 ). Já o dies a quo dos juros de mora, independentemente da natureza
do dano, é a data da citaçã o, por cuidar-se de obrigaçã o ilíquida (art. 405 ,
CC/2002 ). 10) Apelaçã o cível conhecida e desprovida. Sentença modificada
de ofício.
TJ-MG - Agravo de Instrumento-Cv: AI 10000220456859001 MG
Jurisprudência•Data de publicaçã o: 25/08/2022
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃ O ANULATÓ RIA DE MULTA. CEMIG.
ADULTERAÇÃ O E IRREGULARIDADE DO MEDIDOR DE ENERGIA. COBRANÇA DE
MULTA E POSSIBILIDADE DE INSCRIÇÃ O DO NOME DO CONSUMIDOR NA DÍVIDA
ATIVA. REALIZAÇÃO DE PERÍCIA UNILATERAL. AUSÊ NCIA DE PARTICIPAÇÃ O DO
TITULAR DA UNIDADE CONSUMIDORA. INOBSERVÂ NCIA AOS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓ RIO. PRESENÇA DOS
REQUISITOS NECESSÁ RIOS PARA A CONCESSÃ O DA MEDIDA. DECISÃ O
REFORMADA. RECURSO PROVIDO. O ato da CEMIG de cobrar pela energia elétrica
consumida é perfeitamente regular. Em regra, sendo verificada
anormalidades no aparelho medidor, é procedente a cobrança de créditos que
deixou de receber em virtude da irregularidade. A cobrança, contudo, deve estar
revestida de legalidade, tratando-se de exercício regular de um direito oponível
contra o responsá vel pela custó dia do equipamento instalado no interior da
unidade consumidora. A concessioná ria deve adotar todas as providências
necessá rias para que o consumidor acompanhe os procedimentos administrativos
de inspeçã o e de vistoria do aparelho medidor de energia. Deve ser considerada
nula a avaliaçã o/perícia realizada sem que tenha sido oportunizada a participaçã o
do usuá rio/titular da unidade consumidora. Recurso a que se dá provimento.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto requer:
a) a concessã o da gratuidade de justiça ao Recorrente;
b) o recebimento, conhecimento e processamento do presente recurso, em razã o
de ser tempestivo e pró prio;
c) seja o presente recurso acolhido e provido para modificar in totum a sentença
de primeira instâ ncia, julgando competente o Juizado Especial Cível para julgar a
presente demanda uma vez que conforme restou comprovado valor atribuído nã o
ultrapassa a alçada;
Nestes termos,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 18 de junho de 2023