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EXMO. SR. DR. JUIZ DO TRABALHO DA MM.

11a VARA DO TRABALHO DE


PORTO ALEGRE/RS.

ATSum 0020335-68.2023.5.04.0011

CENTER SHOP COMERCIO IMPORTACAO E


EXPORTACAO LTDA, já qualificado nos autos do processo supra, que é movido por
RONILDO DE OLIVEIRA DIAS, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, interpor RECURSO ORDINÁRIO, conforme razões que seguem,
requerendo o encaminhamento à Instância Superior.

Junta, nesta oportunidade, os comprovantes de


pagamento do depósitos recursal e custas processuais.

N. T.,

E. Deferimento.

Porto Alegre/RS, 31 de janeiro de 2024.

JAIRO RAMALHO MONTEIRO


OAB/RS 44.583
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO

COLENDA TURMA

ILMO. DESEMBARGADOR RELATOR

I - DA SENTENÇA

O MM. juízo da 11ª Vara do Trabalho de Porto Alegre


julgou parcialmente procedente a ação, revertendo a demissão por justa causa para
despedida imotivada e condenando a Reclamada ao pagamento de diferenças
rescisórias, conforme segue:

“ANTE O EXPOSTO, com base na fundamentação supra, julgo


PROCEDENTE EM PARTE a ação movida por RONILDO DE
OLIVEIRA DIAS contra CENTER SHOP COMERCIO IMPORTAÇÃO
E EXPORTAÇÃO LTDA., para declarar a rescisão do contrato de
trabalho havido entre partes por iniciativa da empregadora,
sem justa causa, bem como para condenar a reclamada a
pagar ao reclamante as seguintes parcelas:

⦁ aviso prévio proporcional indenizado de 33 dias; 13º salário

proporcional e férias proporcionais acrescidas de 1/3,


considerando-se, inclusive, a projeção do aviso prévio; e
indenização de 40% sobre o FGTS; e
⦁ FGTS incidente sobre as parcelas remuneratórias deferidas na
presente decisão, inclusive sobre os reflexos, com o acréscimo
da indenização compensatória de 40%.

Os valores devem ser apurados em liquidação de sentença,


com acréscimo de juros e correção monetária. Concedo ao
reclamante o benefício da justiça gratuita. Custas de R$ 100,00,
apuradas sobre o valor provisoriamente atribuído à condenação
de R$ 5.000,00, pela reclamada, e complementáveis ao final. A
reclamada deverá comprovar o recolhimento do IRRF,
observada a exclusão dos juros de mora na base de cálculo do
tributo, bem como das contribuições previdenciárias incidentes
sobre as parcelas salariais deferidas acima, no prazo legal,
autorizando-se, quando for o caso, a dedução da contribuição
previdenciária e encargos fiscais a cargo do reclamante.
Determino a expedição de alvará ao reclamante pela Secretaria
da Vara para saque do FGTS e encaminhamento do seguro
desemprego. Destaco que a efetiva percepção do benefício
ficará condicionada ao preenchimento dos demais requisitos
legais. CUMPRA-SE após o trânsito em julgado. INTIMEM-SE as
partes.”.

Da decisão foi necessária a interposição de


embargos de declaração, a fim de que fosse esclarecida obscuridade. Contudo, os
aclaratórios foram rejeitados, nos seguintes termos:

“Os embargos de declaração são cabíveis para sanar vícios de


contradição, omissão e obscuridade, nos termos dos arts. 897-A
da CLT e 1.022 do CPC /2015. Contudo, o réu não aponta
qualquer vício, requerendo apenas a reforma da sentença, por
meio de reanálise da matéria.

No caso, a decisão embargada considerou o conjunto das


provas produzidas nos autos e referiu de forma expressa que,
diante dos relatos dos funcionários da loja que presenciaram os
fatos, ficou evidenciado que era do conhecimento da ré, ou ao
menos de parte dos empregados da loja, o fato e que o
reclamante tinha - e portava - um equipamento de defesa em
formato de lanterna. Não há, portanto, qualquer obscuridade
na sentença, e sim clara inconformidade por parte da
embargante quanto à analise e valoração da prova produzida
nos autos.

Se a parte não concorda com o julgado, deve interpor a medida


processual cabível para reforma do julgado, não servindo os
embargos para tal fim.

Rejeito.”.

É, em suma, o decidido na origem.

II - DO MÉRITO

DA NECESSÁRIA MANUTENÇÃO DA JUSTA CAUSA

Excelências, consoante elucidado, o MM. juízo da 11ª


Vara do Trabalho de Porto Alegre julgou parcialmente procedente a ação, revertendo
a demissão por justa causa para despedida imotivada e condenando a Reclamada ao
pagamento de diferenças rescisórias, o que fez com base nos seguintes
fundamentos:

“A rescisão do contrato de trabalho por justa causa é a mais


severa das penalidades aplicáveis ao empregado. Por isso, a
falta grave deve restar plenamente comprovada, sobretudo
tratando-se de alegação da prática de mau procedimento. E,
esse ônus de prova incumbe ao empregador, sobretudo porque
prevalece no Direito do Trabalho o princípio da continuidade da
relação de emprego, consoante súmula 212 do TST. Além disso,
deve observar a presença dos elementos atinentes a esta forma
de rescisão contratual, quais sejam, proporcionalidade,
imediatidade e inexistência de dupla penalidade.

Consoante consta no aviso de demissão por justa causa (ID.


95ce45a), o autor foi dispensado em 28/03/2023, com
fundamento no artigo 482, alínea "b", da CLT (mau
procedimento) pelo fato ocorrido no dia 27/03/2023. Na
referida ocasião, consoante acima referido, teria o obreiro, em
suma, abordado um suspeito de furto, além de tê-lo ameaçado
apontando um equipamento de choque conhecido por teaser.

Dito isto, é importante destacar que, embora tenha o


reclamante negado que portava o teaser no momento da
abordagem ao suspeito, ou que o tenha ameaçado com este
instrumento, a prova dos autos, especialmente os depoimentos
dos colegas de trabalho envolvidos nos fatos, tanto os escritos
juntados aos autos pela ré, como aquele colhido na instrução,
comprovam que o reclamante efetivamente portava o teaser
(no caso, uma espécie de lanterna que emite choque elétrico)
e, ainda, que ele sacou o instrumento do bolso no momento em
que foi confrontado pelo suspeito. Neste ponto, contudo, vale
ressaltar que as imagens do vídeo juntado aos autos
evidenciam de forma bastante clara que o reclamante apenas
retirou o instrumento do bolso e logo a seguir retornou a
guardá-lo, sem realizar qualquer ameaça de utilizar o
equipamento ou sequer apontá-lo ao suspeito.

Pois bem, quanto ao mau procedimento (alínea "b" do artigo


482 da CLT), na lição de CARMEN CAMINO (Direito Individual
do Trabalho, Síntese, 3ª edição, 2003, p. 549-51):

"Geralmente o mau procedimento está vinculado à conduta


pessoal do empregado quando este infringe normas de
convivência social, atenta ao decoro, constrange colegas de
trabalho e outras pessoas eventualmente presentes com
linguajar inadequado, não mantém mínima discrição pessoal".

Cabe, verificar, portanto, se o reclamante praticou ato que


possa ser enquadrado como ato de mau procedimento e, ainda,
em caso positivo, se a aplicação da penalidade de justa causa
foi proporcional à conduta do autor.

No caso em tela, a prova dos autos evidencia que,


diferentemente do que alega a reclamada, os fiscais de loja
tinham por prática a abordagem dos clientes em supostos
casos de furto de mercadorias, além de ter o colega do
reclamante Paulo, também fiscal, atuado juntamente com o
reclamante no momento do ocorrido, iniciando a abordagem da
cliente e não tendo recebido nenhuma penalidade por assim
agir. Além disso, os relatos dos funcionários da loja que
presenciaram os fatos demonstram que era do conhecimento
da ré, ou ao menos de parte dos funcionários da loja, o fato é
que o reclamante tinha - e portava - um teaser em formato de
lanterna, tanto que as funcionárias Fabiana de Araújo e Sirlei
Moraes referem que sabiam que o autor tinha este
equipamento de defesa, pois ele havia lhes mostrado no
refeitório da empresa.

O referido teaser lanterna não tem formato ou aparência de


arma de fogo e também não emite dardos.

Pois bem, sendo certo que a abordagem de clientes em suposto


caso de furto era uma prática comum na empresa, além de que
era de conhecimento dos colegas o fato de que o reclamante
tinha um teaser, resta analisar apenas se o fato de ele ter
mostrado este equipamento ao suspeito configura um ato grave
o suficiente para caracterizar a justa causa. E a resposta, neste
caso, é negativa.

Isso porque, ainda que tenha o reclamante efetivamente


descumprido normas da reclamada ao mostrar o teaser para o
suspeito de furto, esta prática não se reveste de gravidade
suficiente para caracterizar o mau procedimento. Note-se que,
como já referido anteriormente, o reclamante não realizou uma
efetiva ameaça de utilizar o equipamento, e nem sequer o
apontou na direção do cliente suspeito de furto, tendo apenas
sacado o instrumento do bolso, deixando-o visível ao suspeito,
no momento em que foi confrontado e ameaçado por ele.

Além disso, mesmo que assim não fosse, não se pode ignorar o
fato de que o reclamante nunca havia sido punido
anteriormente por esta prática, ou qualquer outra que configure
descumprimento de normas da empresa - nem mesmo pelo
fato de portar o equipamento teaser no ambiente de trabalho.
Note-se que o reclamante estava buscando defender o
patrimônio da reclamada, de sorte que não se denota a prática
de mau procedimento, mas, no máximo, de um ato de
indisciplina (não observância de regra da empresa). Logo, não
se observa a gravidade suficiente do ato do reclamante, o que
torna a justa causa aplicada desproporcional.

A este respeito, é importante referir que o exercício do poder


disciplinar deve guardar pertinência com o bem jurídico
ofendido pela conduta do trabalhador, de modo que, neste
caso, não tendo havido efetiva ameaça de uso do equipamento
de choque, mostra-se desproporcional o enquadramento da
conduta como uma infração a normas de convivência social.
Note-se, ainda que, para que a penalidade seja proporcional,
há que se adotar, sempre que possível, uma forma gradativa de
punições, com a dispensa por justa causa sendo considerada a
última opção. A gradação da pena, que emana do caráter
pedagógico da punição, visa justamente oportunizar ao
trabalhador a readequação de sua conduta. Apenas nas
situações em que a gravidade de uma única conduta do
trabalhador impossibilitar a continuidade da relação contratual,
admite-se que aplicação direta da penalidade do artigo 482 da
CLT, situação que não verifico no caso em concreto, como
acima referido.

Por todo o exposto, reconheço a nulidade da justa causa


aplicada e declaro que o contrato foi rompido por iniciativa da
empregadora, sem justa causa. Consequentemente, defiro o
pagamento das seguintes verbas rescisórias: aviso prévio
proporcional indenizado de 33 dias; 13º salário proporcional e
férias proporcionais acrescidas de 1/3, considerando-se,
inclusive, a projeção do aviso prévio; e indenização de 40%
sobre o FGTS.

Destaco que o saldo de salário já foram pagas, consoante TRCT


de ID. 65f3be0.

O recolhimento do FGTS sobre as verbas deferidas será objeto


de exame em tópico próprio.

Determino, ainda, a expedição de alvará ao reclamante para


Secretaria da Vara, para saque do FGTS e encaminhamento do
seguro desemprego. Destaco que a efetiva percepção do
benefício ficará condicionada ao preenchimento dos demais
requisitos legais.

No tocante à multa prevista no art. 477, §8º, da CLT, destaco


que o parágrafo 6º do referido artigo trata tão somente do
prazo para o pagamento das verbas rescisórias constantes do
termo de rescisão. Ou seja, a multa prevista no § 8º do art.
477 da CLT tem por hipótese de incidência o inadimplemento
das parcelas constantes do instrumento de rescisão. Por tratar
de penalidade, entendo que a norma deve ser interpretada de
forma restritiva e, nesta senda, considero incabível estender
seus efeitos para o caso de condenação judicial ao pagamento
de diferenças de verbas rescisórias, pelo que descabe a
aplicação da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT.”.
A decisão, porém, carece de reforma.

Ora, ao expor as razões que o convenceram de que


a falta cometida pelo Autor não seria grave o suficiente para aplicação da justa
causa, o juízo a quo dá a entender que a empresa tinha ciência de que o Reclamante
portava o teaser.

In verbis (ID. 19d5950 - Pág. 322):

“Além disso, mesmo que assim não fosse, não se pode ignorar
o fato de que o reclamante nunca havia sido punido
anteriormente por esta prática, ou qualquer outra que
configure descumprimento de normas da empresa - nem
mesmo pelo fato de portar o equipamento teaser no
ambiente de trabalho. Note-se que o reclamante estava
buscando defender o patrimônio da reclamada, de sorte que
não se denota a prática de mau procedimento, mas, no
máximo, de um ato de indisciplina (não observância de regra
da empresa). Logo, não se observa a gravidade suficiente do
ato do reclamante, o que torna a justa causa aplicada
desproporcional.”.

Ocorre que em sua defesa a Reclamada deixou claro


que desconhecia o fato do Reclamante portar a arma de choque (ID. 4bacf2c - Pág.
62), sendo que ao longo da instrução processual do feito não foi produzida
qualquer prova contrária a esta afirmação. A única testemunha ouvida, Sr.
Paulo Roberto Ferreira Caldeira, afirmou de forma cabal que não havia
sido levado ao conhecimento da empresa que o Reclamante portava o
equipamento:

“que a chefia do depoente e do reclamante era o encarregado


Leonardo e a gerente de loja era Andréia; que acredita que
Leonardo não sabia que o reclamante portava "teaser"
na loja; que tomou conhecimento de que ele portava
"teaser" um pouco antes do incidente; que o depoente
não levou ao conhecimento de nenhum superior; que o
depoente acredita que o reclamante foi dispensada porque ele
portava um "teaser" e isso não era permitido "para nós";
que quando o depoente foi admitido, lhe foi informado
que não deveria portar nenhum instrumento, nem
mesmo canivete, sendo-lhe entregue apenas o
uniforme; (...)”.

Como se vê, a testemunha também afirmou que não


era permitida a utilização de qualquer tipo de arma, o que lhe foi informado já na
ocasião da admissão. Portanto, conforme prova dos autos, o Reclamante tinha
ciência da proibição e a empresa não sabia que o Autor portava um teaser durante o
exercício de suas atividades laborais.

A Reclamada, portanto, se desimcumbiu do ônus de


comprovar que agiu dentro da legalidade, conforme artigo 482, alínea “B”, da CLT.
Ademais, a única testemunha ouvida, Sr. Paulo Roberto Ferreira Caldeira,
que estava presente durante toda a situação que deu causa à demissão,
afirmou o seguinte:

"Que trabalha na reclamada desde 08/04/2022, na loja da Av


Venâncio Aires, 1211, onde foi colega do reclamante; que o
reclamante também era fiscal de loja; que o reclamante
portava um "teaser" no bolso da calça e o depoente
presenciou isso e acredita que os colegas também
tivessem conhecimento; que a chefia do depoente e do
reclamante era o encarregado Leonardo e a gerente de loja era
Andréia; que acredita que Leonardo não sabia que o
reclamante portava "teaser" na loja; que tomou
conhecimento de que ele portava "teaser" um pouco
antes do incidente; que o depoente não levou ao
conhecimento de nenhum superior; que o depoente
acredita que o reclamante foi dispensada porque ele
portava um "teaser" e isso não era permitido "para
nós"; que quando o depoente foi admitido, lhe foi
informado que não deveria portar nenhum instrumento,
nem mesmo canivete, sendo-lhe entregue apenas o
uniforme; que no dia do incidente estava na loja o depoente e
o reclamante, como fiscais; que o depoente verificou que uma
pessoa estava furtando no interior da loja e avisou a central
pelo rádio para que fosse avaliado o que fazer; que o
reclamante ouviu a mensagem pelo rádio e veio acompanhar o
depoente; que então o depoente e o reclamante foram
conversar com ela para que ela "não roubasse" e então
a pessoa ficou brava e deu um soco na mercadoria da
prateleira; que o reclamante estava perto e se assustou
e puxou o "teaser"do bolso e apontou para ela
ameaçando; que a pessoa foi embora, gritando, e se retirou;
que havia uma cliente próximo, que xingou o
reclamante e esbravejando disse que, "se fosse com ela,
dava um tapa" no reclamante; que essa cliente ficou
indignada de o reclamante ter sacado o "teaser" para
ameaçar; que ao contatar com a pessoa que estava furtando,
o depoente, a certa distância, disse para ela "isso não pode";
que não era proibido o fiscal de loja contatar com a pessoa que
estivesse fazendo furto ou algo de errado; que muitas vezes a
central teve que acionar a Brigada Militar e em algumas
situações a pessoa foi levada com eles; que a Brigada Militar
em algumas situações pode demorar e pode dar tempo da
pessoa se retirar; que dependendo da mercadoria a pessoa leva
e ninguém interfere; que o depoente vai tentar de forma
ostensiva fazer com que a pessoa note que está sendo vigiada
e induzir a largar o que está furtando; que no setor de
monitoramento ficava o coordenador Leonardo, o
subgerente Joel ou a a gerente Andréia; que era difícil não
ter alguém na central, e ao que sabe o depoente isso não
ocorreu; que mencionou "difícil" porque poderia haver algum
momento porque a pessoa que estava no monitoramento
poderia ter que sair momentaneamente da sala para arrumar o
relógio ponto, por exemplo; que o relógio ponto ficava ao lado
da central de monitoramento; que as pessoas mencionadas
revezavam naquela sala; que o reclamante mostrou o
"teaser" para o depoente, e ele tinha forma de lanterna,
e era preto; que a lanterna só funciona quando encosta na
pessoa e dá um choque; que é diferente da arma "teaser" que
lança os dardos e dá o choque mesmo à distância; nada mais."

Como se vê, a única testemunha ouvida no processo


ratificou toda a narrativa contida na defesa, indo ao encontro do que foi filmado,
cabendo destacar o seguinte:

● A Reclamada proibia o porte e utilização de


qualquer tipo de armamento;

● O Reclamante conhecia a proibição, conforme


afirmado pela testemunha, mas ainda assim portava
um teaser;

● No dia do ocorrido o Reclamante sacou o


teaser do bolso e ameaçou o suspeito de furto;

● Havia uma cliente que presenciou o ocorrido e


demonstrou indignação;
● O teaser ficava no bolso do Reclamante e não
em uma mochila, como alega;

● Os superiores do Autor não sabiam que ele


possuía o armamento, tampouco que levava para a
empresa ou que pretendia utilizá-lo.

O Autor, em seu depoimento pessoal, confessou que


adquiriu o equipamento, alegando apenas que mantinha na mochila. Contudo,
tem-se que resta incontroverso que de fato o adquiriu e levava para empresa, o que,
somado ao depoimento da testemunha, aos registros em vídeos e aos depoimentos
do ID. 8610de3, ratifica o relato da empresa.

Excelências, a Reclamada também colheu


alguns depoimentos no mesmo dia, 04 (quatro) no total, de funcionários
que presenciaram a situação (ID. 8610de3). São relatos escritos de próprio
punho e assinados por estas pessoas, que estavam presentes durante todo
o ocorrido.

Reitera-se, restou comprovado que o Reclamante


agiu fora de suas atribuições, utilizando equipamento não autorizado pela
empresa, que inclusive não permite armamento algum, o que fez diante de
clientes que se revoltaram com a situação. Logo, não restou alternativa que
não sua demissão imediata e motivada pelo mal procedimento com que agiu,
embasada no artigo 472, alínea “B” da CLT.

Em face disso, requer seja reformada a sentença do


ID. 19d5950, a fim de que seja ratificada por este E. TRT/04 a demissão por justa
causa aplicada no caso em tela, com o julgamento de improcedência dos pedidos de:
aviso prévio, gratificação natalina, férias acrescidas do terço constitucional, liberação
dos depósitos de FGTS, multa fundiária, liberação das guias para habilitação do Autor
no Seguro Desemprego ou mesmo condenação da empresa ao pagamento de
indenização substitutiva, bem como quaisquer outras diferenças que venham a ser
postuladas, visto que nada é devido ao Reclamante.

DO FUNDO DE GARANTIA

A Reclamada foi condenada ao pagamento do Fundo


de Garantia acrescido da multa fundiária, sobre as verbas decorrentes na reversão
da demissão por justo motivo para despedida imotivada.

A decisão, porém, não merece prosperar.

Excelências, foi amplamente demonstrado que o


Reclamante agiu fora de suas atribuições, utilizando equipamento não autorizado
pela empresa, que inclusive não permite armamento algum, o que fez diante de
clientes que se revoltaram com a situação. Assim sendo, não restou alternativa que
não sua demissão imediata e motivada pelo mal procedimento com que agiu,
embasada no artigo 472, alínea “B” da CLT.

A demissão por justa causa deverá ser mantida por


este E. Tribunal Regional, mediante reforma da decisão de origem. Logo, nada mais
tendo sido deferido ao Autor, não há que se falar em incidência de FGTS ou multa
fundiária, pois são pedidos incidentes.

Em face disso, por se tratar de pedido acessório,


deverá ser reformada a decisão de origem, para que a Reclamada seja eximida do
pagamento de FGTS e multa fundiária, o que se requer.

DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA E PERICIAIS

Diante da necessária reforma da decisão de origem,


e consequente julgamento de total improcedência da ação, requer seja a Reclamada
absolvida do pagamento de honorários sucumbências e perícias, que deverão ser
atribuídos à parte autora, nos termos do artigo 791-A, da CLT.

III - DOS REQUERIMENTOS

Ante o exposto, requer a Reclamada que sejam


acolhidas na íntegra suas razões recursais, com a consequente reforma da sentença,
a fim de que seja reformada a sentença do ID. 19d5950, mediante ratificação por
este E. TRT/04 da demissão por justa causa aplicada no caso em tela, com o
julgamento de improcedência dos pedidos de: aviso prévio, gratificação natalina,
férias acrescidas do terço constitucional, liberação dos depósitos de FGTS, multa
fundiária, liberação das guias para habilitação do Autor no Seguro Desemprego ou
mesmo condenação da empresa ao pagamento de indenização substitutiva, bem
como quaisquer outras diferenças que venham a ser postuladas, visto que nada é
devido ao Reclamante.

N. T.,

E. Provimento.

Porto Alegre/RS, 31 de janeiro de 2024.

JAIRO RAMALHO MONTEIRO


OAB/RS 44.583

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