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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO.

TERRAZZA MORUMBI LTDA., pessoa jurídica


de direito privado inscrita no CNPJ sob o nº 44.646.288/0001-41, com sede na Rua
Francisco Tramontano nº 101, Real Parque, São Paulo/SP, CEP: 05686-010,
representada por seu advogado MARCOS VINICIUS MARCONDES, portador da
OAB/SP 352.258 com escritório na Rua Outeiro da Cruz, 215, Jardim São Paulo, SP –
com fulcro no 1015 e seguintes do CPC, interpor o presente AGRAVO DE
INSTRUMENTO contra decisão interlocutória que indeferiu o pedido liminar a
Exceção de Pré-Executividade, pelo R. Juízo da 26ª Vara Cível do Foro Central João
Mendes- SP, nos autos Do Cumprimento de Sentença sob o nº 0037953-
86.2023.8.26.0100
Justifica a interposição do presente recurso na
modalidade de Instrumento em virtude da verificação de dano de difícil e incerta
reparação.

Com fulcro no artigo1015 e seguinte do CPC, vem


indicar que junta, as peças obrigatórias para instruir o presente recurso.

Nestes termos,

Pede deferimento.

São Paulo, 24 de janeiro de 2024.

Marcos Vinicius Marcondes

OAB/SP 352.258

RAZÕES RECURSAIS
AGRAVANTE: TERRAZZA MORUMBI LTDA

AGRAVADA: GRUPO PAULISTA DE INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES


LTDA

ADVOGADO: MARCOS VINICIUS MARCONDES, inscrito na OAB/SP sob o n.


352.258.

PROCESSO DE ORIGEM: 0037953-86.2023.8.26.0100

VARA DE ORIGEM: 26ª VARA CIVEL FORO CENTRAL DE SÃO PAULO

PUBLICAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA: 24 DE JANEIRO DE 2024

Egrégio Tribunal

Colenda Câmara

Nobres julgadores

DA DECISÃO RECORRIDA E DAS RAZÕES

Em 22 de janeiro de 2024, a Agravante protocolou


Exceção de Pré-Executidade, sendo este certificado pelo juízo “a quo” em 22 de janeiro
de 2024.

Trata-se de uma ação de cobrança de alugueres,


distribuída em agosto de 2022 em face de Carolina de Camargo Tiago Santana, Milton
Tiago Santana Junior, T.S. International Services LTDA, Emporium Moema LTDA.
As partes firmaram acordo que foi devidamente
homologado em 13 de fevereiro de 2023, levando os autos ao arquivo.

O acordo não foi adimplido, o incidente de


cumprimento de sentença, que teve como primeiro despacho o seguinte:

Fls. 01/76 - Intime-se a parte executada para, no prazo de 15


dias, comprovar o pagamento do valor indicado, sob pena da
incidência de multa e honorários, ambos fixados no patamar de
10%, sobre o valor da dívida, além de custas de satisfação de
1% sobre o total. Decorrido o prazo, a parte exequente deverá
manifestar-se em prosseguimento, providenciando cálculos
atualizados, incluindo as custas de satisfação nos cálculos, sob
pena deter de suportá-las por ocasião de cada levantamento.
Havendo pedido de pesquisas junto aos sistemas, deverá
adiantar o recolhimento das taxas previstas no Provimento CSM
nº 2.684/2023, cabendo à Serventia implementar.
Preferencialmente deverá recolher taxa para que todas as
pesquisas sejam feitas de uma só vez. Fica advertida de que
pedidos sem cálculos e sem o prévio recolhimento da taxa
comprometem a efetividade da execução e implicarão no
arquivamento. Na inércia por prazo superior a 15 dias,
independentemente de novo despacho, remetam-se os autos ao
arquivo até ulterior provocação.

Ato continua, a Agravante foi surpreendida com uma


sequência de bloqueios de suas contas bancárias de forma indiscriminada.

NO ENTENTANTO, NÃO VERIFICA NO AUTO


O PEDIDO DE INCLUSÃO JUSTIFICADO DA AGRAVANTE NOS AUTOS, E NO
MESMO DESACERTO NÃO HÁ NENHUMA DECISÃO FUNDAMENTADA PARA
INCLUIR A AGRAVANTE NO POLO PASSIVO DA EXECUÇÃO.

A Agravante surpreendida por tais bloqueios,


questionou o Juízo “A Quo”, uma vez que:

1- Não há determinação de inclusão

2- Não há intimação para pagamento

3- Cerceamento ao direito de defesa.

Diante desse cenário, requereu a Agravante de forma


liminar:

Liminarmente a suspensão da execução, e a revogação de todos


os atos processuais anteriormente praticados sem a intimação da
Executada, determinando a liberação dos valores bloqueados em
favor da Executada

O R. Juízo “A QUO”, face ao pedido liminar,


emanou a seguinte decisão:

Fls. 80/111: Trata-se de exceção de pré-executividade oposta por


Terraza Morumbi Ltda por meio da qual alega, em síntese, ter
sido surpreendida pela realização de bloqueio em suas contas
bancárias sem que tivesse sido incluída no polo passivo do feito
executivo e validamente intimada. Sustenta que o bloqueio vem
lhe causando grande percalço e inviabilizando o pagamento de
seus empregados. Postula a suspensão da execução e revogação
dos atos processuais anteriores, bem como o desbloqueio de
valores ou, subsidiariamente, o bloqueio de percentual não
superior a 10% de seu faturamento.

Não se verifica no caso em tela a verossimilhança das alegações


para fins de desbloqueio de bens ou suspensão liminar da
execução sem prévia oitiva da parte exequente.

Em sede de cognição sumária, não se vislumbra a alegada


nulidade ou a ausência de inclusão da excipiente no polo passivo
da execução.

Isso porque se trata de execução de título extrajudicial juntado


às fls. 62/67 destes autos por meio do qual a excepta e a sócia
administradora da excipiente (fl. 114) e também executada
Carolina de Camargo Tiago Santana expressamente
convencionaram a inclusão da excipiente no polo passivo da
execução, bem como sua obrigação solidária ao pagamento do
valor entabulado no acordo (fl. 63).

Saliente-se que, conforme decisão de fl. 77, foi determinada a


intimação da parte executada, inclusive a representante legal da
excipiente, para pagamento da dívida, a qual foi efetivamente
intimada na pessoa de seu advogado subscritor do acordo
(certidão de fl. 79).

Nesse cenário, por se tratar da mesma sócia administradora, não


há verossimilhança na tese de que a excipiente desconhecia a
existência da execução e que não fora intimada para pagamento.

De outra parte, em relação à imprescindibilidade dos valores e


sua destinação, conquanto tenha trazido uma lista de
empregados em sua petição, a excipiente não comprovou a
alegação por documentos idôneos, tampouco esclareceu o valor
que seria destinado a cada empregado.

Por tais razões, indefiro, por ora, os pedidos de suspensão da


execução e de desbloqueio dos valores.

Fica a parte exequente intimada para se manifestar sobre a


exceção, em 05 dias. Após, tornem conclusos para deliberação.
Int. São Paulo, 22 de janeiro de 2024.

Doutos Desembargadores, o R. Juízo “A QUO”,


mostra que não seguiu o DEVIDO PROCESSO LEGAL, entendendo que por estar a
sócia intimada para pagamento, não há falha na inclusão da empresa Agravante no polo.

Sem razão.

A Justiça tem como seu pilar o ato jurídico perfeito,


onde é respeitado os princípios, elementos e legislação vigente.

Diante disso, os princípios constitucionais do


contraditório e da Ampla Defesa, da Publicidade e do Devido Processo legal.

Clara vislumbra a mácula ao devido processo legal,


e o reflexo dele. Uma vez que a empresa Agravante hoje mantém uma estrutura com
mais de 3 dúzias de funcionários, fornecedores que são pequenas empresas, e os
bloqueios das contas acabam por colocar em risco, inclusive, a continuidade das
atividades da Agravante, o que ocasionaria inúmeros desempregos e piora da condição
social de muitas famílias.
Vislumbrando os autos, que execução em face da
Agravante se deu de forma prematura e totalmente descabida, sendo que a excipiente
não teve oportunidade de se manifestar quantos aos valores apresentados pelas
Agravada, ou quanto ao pedido de bloqueio de contas via SISBJUD, assim tornando a
execução algo inconsistente e correndo o processo ao querer da Agravada.

Tendo em vista acima apontado, vem a Agravante


demonstrar de forma límpida a mácula a Constituição Federal a qual garante o direito da
Agravante de apresentar suas razões.

Compulsando os processos observa-se que não se


observou com o devido cuidado se a Agravante tomou o conhecimento da execução,
demonstrando de forma direta e literal violação a Constituição Federal.

Ora, Incólume Julgador, a não intimação viola de


forma direta os incisos LIV e LV do artigo 5º da Constituição Federal, conforme a
seguir exposto.

A Carta Magna por meio do inciso LIV do artigo 5º


tende a democratizar a justiça, com o intuito de legitimar a todos a possibilidade de se
defender e defender seus bens de qualquer ataque que ache importuno ou ilegal.

Desta forma, observando o caso em tela, a aplicação


da justiça unilateralmente, como está sendo feito, é uma ofensa ao princípio da
igualdade, protegido pela Carta Magna, desta forma, entender que a intimação deveria
ter aberto a chance da Agravante confrontar a decisão de sua inclusão no processo, o
que não ocorreu, assim cerceando o seu direito de acesso à justiça que o artigo 5º inciso
LIV garante, in verbis:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

(...)

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de


seus bens sem o devido processo legal; (destaques
e grifos nossos).

O Acesso à justiça é um é o pleno direito Humano de


exercício da sua cidadania e defesa da sua moral.

Da mesma forma que a Constituição Federal protege


o direito de provocar o judiciário, ela também garante o direito de proteção da pessoa e
seus bens, conforme supra demonstrado no dispositivo constitucional.

O princípio do devido processo legal é a garantia


que o cidadão goza de utilizar de todos os meios jurídicos existentes para se guardar e se
proteger de ataque que entender não ser justo.

Conforme no caso concreto, a Agravante sofre com


o entendimento que o deve ser acomodar com a situação jurídica interpretada, sem que
possa clamar por justiça.
Neste condão, o Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do Agravo de Instrumento n. 19.747/DF, por meio da Primeira Turma,
Relator Luiz Gallotti, J. 11/09/1958, v.u.. TF, emanou o seguinte entendimento:

"Lei injusta. Não pode o juiz deixar de aplicá-la,


pois não lhe é facultado substituir pelas suas as
concepções de justiça do legislador (Holmes). O
juiz só poderá desprezar o mandamento da lei,
quando for inconstitucional e não apenas injusto"

Ainda o colendo Supremo Tribunal Federal, no


julgamento da ADIN N. 1158-8/AM, expressou seguinte:

A essência do substantive due process of law reside


na necessidade de proteger os direitos e as
liberdades das pessoas contra qualquer modalidade
de legislação que se revele opressiva ou, como no
caso, destituída do necessário coeficiente de
razoabilidade.

Quanto a decisão de prosseguir a execução sem a


devida intimação viola o preceito do Artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal de
claro vislumbra que a penhora sobre o bens sem a devida intimação tira a fórceps o
direito da Agravante de se proteger contra decisão totalmente equivocada.

Sendo que a Constituição Federal por meio do


dispositivo supra, busca proteger o direito da Agravante em Juízo demonstrar suas
razões pela qual está sendo injustiçada.
Nessa toada, o cerceamento ao contraditório é mal
visto por todo mundo jurídico nacional, conforme pode-se observar pelos argumentos da
Doutrina, in verbis:

Maria Sylvia Zanella Di Pietro (DI PIETRO, Maria


Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 20ª edição, São Paulo, Atlas, 2007, p. 367) teci
as seguinte palavras:

O princípio do contraditório, que é inerente ao


direito de defesa, é decorrente da bilateralidade do
processo: quando uma das partes alega alguma
coisa, há de ser ouvida também a outra, dando-se-
lhe oportunidade de resposta. Ele supõe o
conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o
seu direito de resposta ou de reação. Exige: 1-
notificação dos atos processuais à parte
interessada; 2- possibilidade de exame das provas
constantes do processo; 3- direito de assistir à
inquirição de testemunhas; 4- direito de apresentar
defesa escrita.

Nesta linha Gilma Mendes (Mendes, Gilmar


Ferreira, Curso de direito constitucional,4ª ed.,São Paulo,Saraiva, 2009, p.592)
entende que o contraditório e a ampla defesa não se constituem em meras
manifestações das partes em processos judiciais e administrativos, mas, e
principalmente uma pretensão à tutela jurídica.

Primeiramente, requer que seja aplicado o efeito


suspensivo ao presente Agravo de Instrumento

Por fim, requer que seja declarada suspensão da


execução até que seja julgada o transito em julgado da Exceção de Pré-Executividade,
liberando os valores bloqueados em favor da Agravante, determinando a intimação da
Agravante para contesta-los em 10 dias

DO PEDIDO

Por todo o exposto, requer aos Nobres


Desembargadores que o presente Agravo de Instrumento seja recebido, conhecido e
provido, para que seja reformada a decisão do julgador a quo Julgando determinando
que seja intimada a Agravante para se manifestar sobre a sua inclusão no polo passivo
da execução.

Nestes termos,

Pede deferimento.

São Paulo, 24 de janeiro de 2024

Marcos Vinicius Marcondes

OAB/SP 352.258

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