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10/07/2023, 10:47 · Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão - 1º Grau

Fórum do Termo Judiciário de São Luís


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0843870-74.2021.8.10.0001 MONITÓRIA (40)
AUTOR: ARMAZEM MATEUS S.A.
Advogado(s) do reclamante: THAYZA GABRIELA RODRIGUES FREITAS (OAB 10177-MA),
JOYCE COSTA XAVIER (OAB 10515-MA)
REU: PEDRO FERNANDO RABELO LIMA
Advogado(s) do reclamado: PAULO JOSE SANTOS AGUIAR (OAB 20706-MA)  
 

Armazém Mateus S.A. ajuizou ação monitória em face de Pedro Fernando


Rabelo Lima com o objetivo de receber a quantia de R$12.791,09 fundamentada em
documentação escrita sem eficácia executiva.

Em sua inicial, o autor, ora embargado, sustentou que o requerido deixou de


adimplir sua obrigação na relação contratual tida entre ambos, vez que não efetuou
o pagamento da quantia de R$7.056,86 decorrente de serviços de compra, venda e
transporte de mercadorias em 2019, cuja atualização e soma alcançou o importe de
R$12.791,09.

Inicial instruída com documentos, em especial as holerites referentes a


entregas de mercadorias e seu respectivo valor (id. 53530999), duplicatas (id.
53531019) e memória de cálculo (id. 53530093).

Despacho de id. 53610594 deferiu a expedição de mandado de pagamento do


débito descrito na inicial e oportunizou o oferecimento de embargos à monitória.

Opostos embargos monitórios (id. 60255963) com pedido de gratuidade de


justiça e sem preliminares. No mérito, defendeu que os entregadores da autora
emitiam os boletos e os clientes efetuavam o pagamento, pelo que suscitou a falta
de controle da embargado quanto aos valores recebidos e apontou excesso na
cobrança, pois o importe devido alcançava R$56,86 em virtude de 3 pagamentos
efetuados, no total de R$7.000,00: R$2.000,00 (08.05.2020), R$2.000,00 (25.05.2020) e
R$3.000,00 (sem data informada).

Afirmou que a atualização da quantia deveria ser feita a contar da citação, e


com o pagamento parcial, os embargos deveriam ter parcial procedência.

Ventilou ainda litigância de má-fé do embargado, vez que não teria dado baixa
no pagamento e atribuiu a nova responsabilidade de pagamento ao embargante
pelo mesmo fato.

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Por fim, pediu o deferimento da gratuidade de justiça e acolhimento dos


aludidos embargos.

Manifestação anexada pelo embargado (id. 62026869) buscou rebater os


argumentos dos embargos e reiterou os termos da exordial.

Intimadas para que indicassem provas a produzir (id. 65595601), não houve
manifestação (id. 68533840).

Por ter sido formulado pedido de justiça gratuita pelo embargante, foi
determinada sua intimação para que fizesse prova da situação de hipossuficiência
(id. 70859985), porém o comando não foi cumprido (id. 73265258).

É o relatório. Decido.

Antecipo julgamento conforme permissivo legal.

Pendente análise do pedido de gratuidade de justiça feito pelo embargante.

Com a verificação concreta de não correspondência entre a situação fática e o


estado de incapacidade financeira, foi determinada a juntada da declaração de IRPF e
comprovantes de rendimentos, contudo transcorreu em branco o prazo assinalado.

Assim, não foi anexado nenhum documento à defesa do


requerido/embargante que sustentasse as alegações proferidas, de modo que
incabível a concessão da benesse nos moldes em que formulada.

Indefiro a justiça gratuita ao embargante.

No mérito, tem-se que a controvérsia emergida na presente demanda diz


respeito ao pagamento do negócio jurídico mencionado na inicial, com entrega da
mercadoria à parte embargante e base de cálculo de evolução da dívida.

No entanto, tenho que o embargado, veio a comprovar a consecução do


negócio mencionado na exordial, com a expedição e entrega dos produtos indicados
no estabelecimento gerido pelo embargante, como se depreende dos documentos
anexados e da própria narrativa dos autos, pois o requerido confessa a existência do
negócio e utilização dos bens adquiridos.

Sua defesa, portanto, vincula-se ao adimplemento quase integral do valor


cobrado.
Segundo as regras processuais ordinárias, incumbia à parte autora, ora
embargada, fazer prova dos fatos constitutivos do seu direito (art. 373, inciso I, do
CPC), enquanto caberia à requerida, ora embargante, dos fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos do direito do autor (art. 373, inciso II, do CPC).

Todavia restou tão somente delineada a existência do direito do requerente


(embargado) a buscar o crédito devido, posto que comprovado o cumprimento
integral da parcela obrigacional a que se comprometera.
Isso porque as holerites emitidas indicam expressamente que os arquivos
foram emitidos em nome do requerido, ora embargante, que corresponderiam à
compra, venda e entrega de mercadorias.
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Noutro lado, os comprovantes de pagamento anexados pelo embargante (de


2020) não apresentam vinculação a nenhuma das notas fiscais ou recibos de entrega
juntados pelo autor/embargado (de 2019).

Por tais razões, inclusive, não há falar em má-fé do autor/embargado.

Além disso, o demandado se insurgiu tão somente quanto à data inicial para
atualização do débito.

Contudo, o artigo 397, do Código Civil, dispõe que o inadimplemento da


obrigação positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o
devedor.

Assim, vencida a obrigação, possível a cobrança da dívida somada aos juros


legais e correção decorrentes do tempo de inexecução da obrigação.

No caso dos autos, a possibilidade de execução de cada boleto se dá pelo


transcurso do prazo de entrega do último material de cada nota, que é quando se
tem por vencida a dívida insculpida em cada documento.

Portanto, os juros de mora (1% ao mês) e atualização monetária devem contar


da data do vencimento de cada prestação, porém com base no INPC (e não o IGP-M).

Do exposto, acolho parcialmente os embargos à ação monitória para


reconhecer o excesso na execução referente ao índice de juros adotado e julgo
parcialmente procedente o pedido da inicial para condenar o réu/embargante ao
pagamento da quantia de R$7.056,86, a qual deve ser acrescida de juros de mora de
1% ao mês e atualização monetária, pelo INPC, contados a partir do vencimento.

Ao observar o proveito econômico almejado e aquele obtido, sucumbência


mínima do autor/embargado.

Custas e honorários advocatícios pelo requerido/embargante, esses fixados


em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.

Intimem-se.

São Luís/MA, data do sistema.

Juíza Alice Prazeres Rodrigues


Assinado eletronicamente por: ALICE PRAZERES RODRIGUES
13/06/2023 11:21:13
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
ID do documento:

23061311211368400000088037350
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