O autor processou a ré por não ter realizado o estorno do valor pago por um pacote de viagem após o cancelamento dentro do prazo. Apesar do estorno ter ocorrido posteriormente, a ré foi condenada a pagar danos morais de R$ 2.000,00 pelo atraso no estorno e frustração da expectativa do consumidor. O pedido de danos materiais foi julgado extinto sem resolução de mérito devido ao estorno posterior do valor pago.
Descrição original:
f
Título original
5 - ausencia estorno pacote viagem - hurb - estorno durante o processo - perda superveniente - Dano Moral PROC - OK
O autor processou a ré por não ter realizado o estorno do valor pago por um pacote de viagem após o cancelamento dentro do prazo. Apesar do estorno ter ocorrido posteriormente, a ré foi condenada a pagar danos morais de R$ 2.000,00 pelo atraso no estorno e frustração da expectativa do consumidor. O pedido de danos materiais foi julgado extinto sem resolução de mérito devido ao estorno posterior do valor pago.
O autor processou a ré por não ter realizado o estorno do valor pago por um pacote de viagem após o cancelamento dentro do prazo. Apesar do estorno ter ocorrido posteriormente, a ré foi condenada a pagar danos morais de R$ 2.000,00 pelo atraso no estorno e frustração da expectativa do consumidor. O pedido de danos materiais foi julgado extinto sem resolução de mérito devido ao estorno posterior do valor pago.
0805436-90.2023.8.19.0002 AUTOR: JOAO CARLOS DA SILVA RÉU: HURB TECHNOLOGIES S.A -
PROJETO DE SENTENÇA
Dispensado o relatório na forma do artigo 38 da Lei 9.099/95.
Trata-se de demanda pelo procedimento especial previsto na Lei 9.099/95,
por meio da qual narra o autor que adquiriu um pacote e viagem para duas pessoas no dia 27.08.2022, com destino a Dubai, no valor pago parcelado em boleto na importância de R$ 5.278,00. Relata que solicitou o cancelamento e estorno do valor em 17.11.2022 e que seria aplicado multa de 20%, e que assim teria direito ao ressarcimento do valor de R$ 4.222,40, com prazo de estorno em 60 dias. Disserta que decorreu o prazo para o estorno do valor e que até o momento do ajuizamento da ação a ré não havia realizado o estorno. Por essas razões, requer indenização por danos materiais no valor de R$ 4.222,40 e compensação por danos morais no valor de R$ 2.000,00.
Em contestação, a ré argui preliminares, e, no mérito, alega a ausência na
falha da prestação do serviço e impossibilidade de danos morais.
Em sede de Audiência de Instrução e Julgamento, compareceram ambas as
partes, não sendo possível ter obtido acordo, tendo as partes se manifestado pela ausência de provas a produzir e, por fim, se reportaram as suas respectivas peças.
Passo a decidir.
REJEITO a preliminar de falta de interesse de agir, tendo em vista que é
direito da parte autora buscar seu pretenso direito perante o Poder Judiciário e porque através da análise dos argumentos descritos na petição inicial é possível verificar a existência de pretensão resistida, a qual a parte autora busca pela via adequada.
Presentes os pressupostos processuais de constituição e validade do
processo, não havendo quaisquer nulidades ou irregularidades que devam ser declaradas ou sanadas, bem como outras preliminares que pendam de apreciação, passo ao exame do mérito.
A relação jurídica entre as partes é de consumo, já que estão presentes os
requisitos subjetivos (consumidor e fornecedor - artigos 2º e 3º) e objetivos (produto e serviço - §§ 1º e 2º do artigo 3º) dispostos no CDC.
Constato que a autora realizou a juntada de provas mínimas
fundamentadoras dos fatos constitutivos de seu direito, trazendo aos autos comprovantes que corroboram com a narrativa fática apresentada em sua inicial, atendendo assim ao disposto no art. 373, I do CPC e Súmula 330 do TJRJ.
Desta forma, torna-se, portanto, verossímeis suas alegações, cumprindo a
autora com seu ônus de constituir provas constitutivas de seu direito.
Em contestação, a ré não impugna os fatos narrados na inicial, apenas
aduz como matéria de defesa que o estorno do valor do pacote já teria sido realizado, trazendo no corpo da contestação tela sistêmica apontando o estorno do valor em 23.03.2023.
Em manifestação de ID 51446702 o autor confirma que ocorreu o estorno
do valor em 23.03.2023, mas argumenta acerca do decurso do prazo previsto para o estorno do valor após a data do cancelamento.
Desta forma, em relação ao pedido de indenização por danos materiais,
constata-se a perda superveniente do objeto, tendo em vista a ocorrência do estorno do valor do pacote em 23.03.2023. Contudo, em que pese ter ocorrido o estorno do valor pago pelo pacote adquirido e cancelado, evidencio que a solicitação de cancelamento foi realizada pelo autor em 17.11.2022, conforme documento de ID 47256124, sendo certo que decorreu o prazo estipulado para o estorno, tendo inclusive a própria ré admitido o decurso do prazo para pagamento, na forma do documento de ID 47256113.
O estorno do valor do pacote ocorreu em 23.03.2023, sendo certo que
somente foi realizado o estorno do valor após a citação da ré para integrar o polo passivo da presente demanda.
Desta forma, resta evidente a existência da falha na prestação do serviço,
diante da ausência da realização do estorno dentro do prazo previsto, sem prova de excludentes.
Em relação ao pedido de compensação por dano moral formulado, verifico
que a falha na ausência do estorno do valor do pacote de viagem em questão frustra a legítima expectativa do consumidor.
Os fatos descritos na petição inicial evidenciam a existência de danos que
extrapolam a esfera do mero aborrecimento, principalmente em observância à frustração da legítima expectativa do comprador, ponderando-se ainda que o estorno somente ocorreu após a citação do réu nesta demanda, razão pela qual o pedido de compensação por danos morais merece ser julgado procedente.
Portanto, tenho por justo e razoável o valor de R$ 2.000,00 a título de
compensação por dano moral que reputo suficiente e adequado, sem representar enriquecimento sem causa da parte adversa.
Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos
com resolução de mérito, na forma do artigo 487, inciso I, do CPC para: 1- CONDENAR a parte ré a pagar à parte autora a quantia de R$ 2.000,00, a título de compensação por danos morais, com correção monetária desde a publicação da sentença e juros de 1% ao mês a partir da citação. JULGO EXTINTO, sem resolução do mérito, o pedido de indenização por danos materiais em virtude da perda superveniente do objeto. Sem custas e honorários de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95.
Nos termos do Enunciado 13.9.1 do Aviso Conjunto TJ/COJES 15/2016,
cientifico as partes que caso não seja realizado o pagamento da condenação judicial no prazo de 15 dias após o trânsito em julgado da Sentença, o débito deverá ser acrescido da multa de 10% prevista no artigo 523, §1º, do CPC, deflagrando-se a execução mediante requerimento da parte interessada.
Certificado e trânsito em julgado e nada sendo requerido pela parte
interessada, dê-se baixa e arquivem-se.
Submeto o projeto de sentença à homologação pelo MM. Juiz de Direito,