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Processo: 

0805436-90.2023.8.19.0002
AUTOR: JOAO CARLOS DA SILVA
RÉU: HURB TECHNOLOGIES S.A -

PROJETO DE SENTENÇA

Dispensado o relatório na forma do artigo 38 da Lei 9.099/95.

Trata-se de demanda pelo procedimento especial previsto na Lei 9.099/95,


por meio da qual narra o autor que adquiriu um pacote e viagem para duas
pessoas no dia 27.08.2022, com destino a Dubai, no valor pago parcelado em
boleto na importância de R$ 5.278,00. Relata que solicitou o cancelamento e
estorno do valor em 17.11.2022 e que seria aplicado multa de 20%, e que assim
teria direito ao ressarcimento do valor de R$ 4.222,40, com prazo de estorno em
60 dias. Disserta que decorreu o prazo para o estorno do valor e que até o
momento do ajuizamento da ação a ré não havia realizado o estorno. Por essas
razões, requer indenização por danos materiais no valor de R$ 4.222,40 e
compensação por danos morais no valor de R$ 2.000,00.

Em contestação, a ré argui preliminares, e, no mérito, alega a ausência na


falha da prestação do serviço e impossibilidade de danos morais.

Em sede de Audiência de Instrução e Julgamento, compareceram ambas as


partes, não sendo possível ter obtido acordo, tendo as partes se manifestado pela
ausência de provas a produzir e, por fim, se reportaram as suas respectivas peças.

Passo a decidir.

REJEITO a preliminar de falta de interesse de agir, tendo em vista que é


direito da parte autora buscar seu pretenso direito perante o Poder Judiciário e
porque através da análise dos argumentos descritos na petição inicial é possível
verificar a existência de pretensão resistida, a qual a parte autora busca pela via
adequada.

Presentes os pressupostos processuais de constituição e validade do


processo, não havendo quaisquer nulidades ou irregularidades que devam ser
declaradas ou sanadas, bem como outras preliminares que pendam de apreciação,
passo ao exame do mérito.

A relação jurídica entre as partes é de consumo, já que estão presentes os


requisitos subjetivos (consumidor e fornecedor - artigos 2º e 3º) e objetivos
(produto e serviço - §§ 1º e 2º do artigo 3º) dispostos no CDC.

Constato que a autora realizou a juntada de provas mínimas


fundamentadoras dos fatos constitutivos de seu direito, trazendo aos autos
comprovantes que corroboram com a narrativa fática apresentada em sua inicial,
atendendo assim ao disposto no art. 373, I do CPC e Súmula 330 do TJRJ.

Desta forma, torna-se, portanto, verossímeis suas alegações, cumprindo a


autora com seu ônus de constituir provas constitutivas de seu direito.

Em contestação, a ré não impugna os fatos narrados na inicial, apenas


aduz como matéria de defesa que o estorno do valor do pacote já teria sido
realizado, trazendo no corpo da contestação tela sistêmica apontando o estorno do
valor em 23.03.2023.

Em manifestação de ID 51446702 o autor confirma que ocorreu o estorno


do valor em 23.03.2023, mas argumenta acerca do decurso do prazo previsto para
o estorno do valor após a data do cancelamento.

Desta forma, em relação ao pedido de indenização por danos materiais,


constata-se a perda superveniente do objeto, tendo em vista a ocorrência do
estorno do valor do pacote em 23.03.2023.
Contudo, em que pese ter ocorrido o estorno do valor pago pelo pacote
adquirido e cancelado, evidencio que a solicitação de cancelamento foi realizada
pelo autor em 17.11.2022, conforme documento de ID 47256124, sendo certo que
decorreu o prazo estipulado para o estorno, tendo inclusive a própria ré admitido o
decurso do prazo para pagamento, na forma do documento de ID 47256113.

O estorno do valor do pacote ocorreu em 23.03.2023, sendo certo que


somente foi realizado o estorno do valor após a citação da ré para integrar o polo
passivo da presente demanda.

Desta forma, resta evidente a existência da falha na prestação do serviço,


diante da ausência da realização do estorno dentro do prazo previsto, sem prova
de excludentes.

Em relação ao pedido de compensação por dano moral formulado, verifico


que a falha na ausência do estorno do valor do pacote de viagem em questão
frustra a legítima expectativa do consumidor.

Os fatos descritos na petição inicial evidenciam a existência de danos que


extrapolam a esfera do mero aborrecimento, principalmente em observância à
frustração da legítima expectativa do comprador, ponderando-se ainda que o
estorno somente ocorreu após a citação do réu nesta demanda, razão pela qual o
pedido de compensação por danos morais merece ser julgado procedente.

Portanto, tenho por justo e razoável o valor de R$ 2.000,00 a título de


compensação por dano moral que reputo suficiente e adequado, sem representar
enriquecimento sem causa da parte adversa.

Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos


com resolução de mérito, na forma do artigo 487, inciso I, do CPC para: 1-
CONDENAR a parte ré a pagar à parte autora a quantia de R$ 2.000,00, a título de
compensação por danos morais, com correção monetária desde a publicação da
sentença e juros de 1% ao mês a partir da citação. JULGO EXTINTO, sem
resolução do mérito, o pedido de indenização por danos materiais em virtude da
perda superveniente do objeto. Sem custas e honorários de sucumbência, nos
termos do art. 55 da Lei 9.099/95.

Nos termos do Enunciado 13.9.1 do Aviso Conjunto TJ/COJES 15/2016,


cientifico as partes que caso não seja realizado o pagamento da condenação
judicial no prazo de 15 dias após o trânsito em julgado da Sentença, o débito
deverá ser acrescido da multa de 10% prevista no artigo 523, §1º, do CPC,
deflagrando-se a execução mediante requerimento da parte interessada.

Certificado e trânsito em julgado e nada sendo requerido pela parte


interessada, dê-se baixa e arquivem-se.

Submeto o projeto de sentença à homologação pelo MM. Juiz de Direito,


nos termos do art. 40 da Lei nº 9.099/95.

Ricardo Gadelha dos Santos

Juiz Leigo

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