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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE _______________/__

PROCESSO Nº __________________

"Alvo Severo Potter", já devidamente qualificada nos autos da presente execuçã o


de alimentos provisó rios, que move em desfavor de "Harry Potter", igualmente
qualificado, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por sua
procuradora signatá ria devidamente constituída, apresentar
RÉPLICA/IMPUGNAÇÃO À JUSTIFICATIVA aos fundamentos da petiçã o de fls.
____, nos seguintes termos:
1. DO DESCABIMENTO DA JUSTIFICATIVA APRESENTADA
Inicialmente, pela simples leitura da justificativa do executado, o mesmo nega
direito à menor, de receber a prestaçã o alimentícia fixada em 75% do salá rio
mínimo em caso de desemprego, sob argumento de que a decisã o do agravo de
instrumento sob o nú mero _________________ teria reduzido a verba alimentar ao
patamar de 25% do salá rio mínimo nacional.
Ocorre que sua justificativa nã o merece ser acolhida, pelos termos que se passará a
expor.
Inicialmente, é notó ria o efeito meramente protelató rio da justificativa do
executado, uma vez que o Executado recebeu o mandado que fixou os alimentos
provisó rios em 22 de dezembro de 2018 à serem pagos TODO DIA 10, sendo que o
Executado, EM TOTAL COMODIDADE E MÁ -FÉ , esperou esvair-se o prazo para
pagamento da primeira prestaçã o de alimentos para, somente apó s escoado este
prazo, interpusesse recurso para minorar a verba alimentar.
Em questõ es prá ticas, a dinâ mica dos acontecimentos transcorreu da seguinte
forma:
Assim sendo, percebe-se que o executado CONSCIENTEMENTE, DE FORMA
MALICIOSA, DEIXOU VENCER A PRIMEIRA PRESTAÇÃ O DE ALIMENTOS, PARA
SOMENTE APÓ S, PROTOCOLAR RECURSO.
Ora, simples seria para todo e qualquer devedor de alimentos, deixar vencer-
se inúmeras parcelas para após, recorrer da decisão, e depois, acaso os
alimentos sejam reduzidos, beneficiar-se indevidamente requerendo efeitos
retroativos da decisão, quando o acórdão sequer prevê tais efeitos.
De total má -fé a atitude do executado, tanto é que nos documentos que instruem a
sua justificativa, INEXISTEM ALIMENTOS QUITADOS DO MÊ S DE JANEIRO, mas tã o
somente de fevereiro e março de 2019, porquanto em sede liminar os alimentos
foram reduzidos a 25% do salá rio mínimo (decisã o liminar confirmada em acó rdã o
julgado no dia 4/4/2019).
NOTA-SE QUE O ACÓRDÃO NÃO PREVÊ EFEITOS RETROATIVOS:
Ora, além de nã o pagar os alimentos na proporçã o que era devido, deixando o
menor sem alimentos enquanto pendente recurso, o executado ainda requer
benefício de nã o pagar de acordo com a decisã o, sendo que seu recurso foi feito
somente apó s o vencimento da primeira parcela? Tal entendimento nã o merece
subsistir.
Assim nosso tribunal já decidiu anteriormente:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. RITO COERCITIVO DO ART. 733 DO CPC.
JUSTIFICATIVA REJEITADA. EFEITO RETROATIVO À DECISÃO QUE REDUZIU A VERBA ALIMENTAR EM
AÇÃO REVISIONAL. DESCABIMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA INOCORRENTE. PAGAMENTO PARCIAL.
PRISÃO CIVIL. CABIMENTO. ARGUMENTOS QUE NÃO AFASTAM A PRETENSÃO EXECUTÓRIA, A QUAL
ESTÁ FUNDAMENTADA EM TÍTULO EXECUTIVO. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA MANTIDA. AGRAVO DE
INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70059295659, Sétima Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 11/04/2014) (TJ-RS - AI: 70059295659
RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Data de Julgamento: 11/04/2014, Sétima Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 14/04/2014) (grifo meu)
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REVISÃO DE ALIMENTOS. EFEITO
RETROATIVO Á DECISÃO QUE REDUZIU A VERBA ALIMENTAR. OMISSÃO VISUALIZADA. A redução da
obrigação alimentar vigora a partir da decisão proferida e não retroage à data da citação. Embargos
de declaração acolhidos, para sanar a omissão apontada. (Embargos de Declaração Nº 70052846193,
Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall\'Agnol, Julgado em 27/02/2013)
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. NOVA FIXAÇÃO POSTERIOR EM SEDE DE AÇÃO REVISIONAL. IRRELEVÂNCIA
DA REDUÇÃO EM RELAÇÃO AO CRÉDITO ALIMENTAR VENCIDO. IRRETROATIVIDADE DA FIXAÇÃO.
Mesmo que tenha sido redefinido o valor dos alimentos, o novo valor não retroage, pois, caso
contrário, o alimentante seria estimulado a inadimplir o encargo durante a tramitação do processo, já
que os alimentos, pela sua natureza, são irrepetíveis e incompensáveis. Recurso desprovido. (Agravo
de Instrumento Nº 70035030337, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio
Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 23/06/2010)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. REDUÇÃO EM
AGRAVO DE INSTRUMENTO. IRRETROATIVIDADE. A redução dos alimentos tem efeito ex nunc, não
retroagindo para beneficiar eventual inadimplência do alimentante. Alimentos reduzidos em sede de
agravo de instrumento, nos autos de ação revisional de alimentos ajuizada pelo alimentante, somente
passam a vigorar a partir da data do decisum, para alcançar verba alimentar devida após esta data, sob
pena de afronta ao princípio da irretroatividade dos alimentos. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO.
(Agravo de Instrumento Nº 70034610097, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André
Luiz Planella Villarinho, Julgado em 09/02/2010)
Ora, o efeito que pretende o executado seja aplicado EX TUNC, não merece
prosperar, pois o que deve ser aplicado ao caso é o efeito EX NUNC. VEJAMOS
O VOTO DO EMINENTE DESEMBARGADOR SÉRGIO FERNANDO DE
VASCONCELLOS CHAVES NO JULGAMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº
70028529907, VERBIS:
“A regra de que a decisão que reduz alimentos não retroage se justifica pelo fato de que os alimentos se
destinam a assegurar a subsistência da pessoa alimentada e supõe-se que, com tal desiderato, o valor
tenha sido utilizado. Assim, mesmo que o valor tenha sido pago a maior, isto é, se superar ou a
necessidade ou a possibilidade, ensejando a redução do quantum, ainda assim descabida se revelaria a
restituição. É que a determinação de restituir valores certamente causaria privações ao beneficiário. No
que tange à incompensabilidade e irrepetibilidade dos alimentos, aliás, a doutrina é indissonante.
Portanto, uma vez definida a obrigação de prestar alimentos em oito salários mínimos, como ocorre no
caso concreto, esse valor é devido até o momento em que foi alterada por nova decisão judicial, seja
através de decisão interlocutória, seja através de sentença, homologando acordo ou julgando a ação,
como ocorreu no presente caso. E mais: somente com o trânsito em julgado dessa nova decisão é que o
novo valor passou a vigorar, pois o recurso de apelação, no caso, foi recebido em ambos os efeitos.”

SE NÃO BASTASSE TUDO ISSO, DEVE-SE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO QUE A


SÚMULA CUJO QUAL O EXECUTADO REQUER SEJA APLICADA AO CASO (621
DO STJ) É PROVENIENTE DE EXECUÇÃO DOS ALIMENTOS DEFINITIVOS, NÃO
SE APLICANDO AO CASO DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS, COMO NO CASO EM
APREÇO.
Dessa forma, via de regra, os alimentos definitivos retroagem à data da citaçã o, nos
termos do art. 13, § 2º, da Lei n 5.478/68, ao passo que os alimentos provisó rios
sã o devidos a partir da data do arbitramento, até a sentença ou julgamento do
recurso.
Nesse sentido, colho dos ensinamentos de Maria Berenice Dias:
Os alimentos provisórios são devidos durante o curso da demanda, até a sentença ou julgamento do
recurso. Alterado o valor a qualquer tempo – para mais ou para menos –, o novo montante passa a
vigorar para as prestações futuras. A modificação incidental do valor dos alimentos tem efeito ex
nunc, ou seja, a partir da data da alteração. [...] Da eficácia retroativa só dispõem os alimentos
definitivos, e isso a depender se houver aumento ou diminuição de valores. O tratamento diferenciado
decorre do princípio da irrepetibilidade do encargo alimentar. Havendo redução, em qualquer
momento, passa a vigorar o novo montante. A decisão tem eficácia ex nunc, ou seja, vale com relação
às parcelas futuras. As prestações vencidas, ainda que impagas, continuam devidas pelo valor
provisório. Somente quando fixados alimentos definitivos em valor maior do que a verba provisória é
que terá de proceder ao pagamento das diferenças desde a data da citação. Há que se atender a um
detalhe: como os alimentos provisórios vigem desde a data da fixação, e os definitivos retroagem à data
da citação, havendo majoração do valor dos alimentos, a diferença alcança somente as parcelas
vencidas a partir da citação. As prestações vencidas entre a fixação provisória e a citação permanecem
devidas pelo valor fixado em sede liminar. (in: Manual de direito das famílias. 9. ed. São Paulo: RT,
2013. p. 591 – grifo nosso).

Assim, havendo minoraçã o da verba alimentar, o novo montante é devido somente


a partir da sua modificaçã o e nã o atinge as parcelas vencidas anteriormente.
Nesse mesmo sentido é a recentíssima decisã o abaixo transcrita:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. DECISÃO AGRAVADA QUE REJEITOU A
APLICAÇÃO RETROATIVA DA DECISÃO QUE REDUZIU A OBRIGAÇÃO ALIMENTÍCIA E MANTEVE A
PRISÃO CIVIL DO EXECUTADO. INSURGÊNCIA DO ALIMENTANTE/EXECUTADO PLEITEANDO O
RECONHECIMENTO DO EFEITO RETROATIVO À DATA DA CITAÇÃO NA AÇÃO QUE RECONHECEU A
OBRIGAÇÃO ALIMENTAR. INSUBSISTÊNCIA. ENCARGO REDUZIDO EM DECISÃO LIMINAR EM AÇÃO
REVISIONAL. EFICÁCIA RETROATIVA QUE NÃO ATINGE O DÉBITO ANTERIOR À CITAÇÃO DO
ALIMENTANDO NA DEMANDA REVISIONAL. EXEGESE DO ART. 13, § 2º, DA LEI N. 5.478/68 E DA SÚMULA
621 DO STJ. PRECEDENTES. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (TJ-SC - AI:
40267798520178240000 Brusque 4026779-85.2017.8.24.0000, Relator: André Luiz Dacol, Data de
Julgamento: 12/03/2019, Sexta Câmara de Direito Civil)

Datíssima vênia de entendimentos contrários, reconhecer o efeito retroativo


da redução dos alimentos resultaria em beneficiar o alimentante
inadimplente, permitindo que este pague o valor reduzido da dívida, o que
não pode ser admitido.
Ora, decidir-se pela retroatividade da questã o com efeito ex tunc é o mesmo que
ferir diretamente a segurança jurídica dos alimentos devidos à menor. E assim já
citou a Ilustríssima Ana Beatriz Ferreira Rabello Presgrave, membro da Comissã o
de Processo Civil do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), em
comentá rios feitos à Sumula 621 do STJ: “Considerando que a segurança jurídica é
um dos pilares do Estado Democrá tico de Direito e que se encontra assegurada no
caput do art. 5º, CF, entendo que uma leitura constitucionalmente adequada do art.
13, § 2º, da Lei de Alimentos (que data de 1968), impede que haja a plena
retroatividade dos efeitos da decisã o que majora, diminui o valor ou exonera o
devedor de alimentos”
Assim sendo, a justificativa apresentada pelo executado merece ser afastada, sendo
decretada a sua prisã o civil, tendo em vista o nã o pagamento do débito alimentar
de janeiro de 2019, que atualmente, perfazem o montante de R$ 787,62, que
devem ser acrescidos das custas e honorá rios advocatícios requeridos em exordial.
b) DO NÃO PAGAMENTO DO VALOR INCONTROVERSO
Excelência, na remota hipó tese de nã o serem acolhidos os argumentos jurídicos
verdadeiros acima narrados, o que se admite somente por hipó tese e esgotamento
da defesa, necessá rio chamarmos a atençã o ao fato de que o executado tentou
justificar o nã o pagamento da prestaçã o vencida em janeiro de 2019 sob
argumento de que a verba alimentar foi reduzida de 75% para 25% com efeito ex
tunc (o que demonstrou-se ser inverídico).
Porém, ainda que para o executado nã o seja devido 75% do salá rio mínimo
nacional, mas sim apenas 25% do salá rio mínimo, certo é que ele mesmo aponta
como valor incontroverso da dívida o percentual de 25% do salá rio mínimo
nacional, sem SEQUER PAGAR TAL PRESTAÇÃ O, e o que é pior, requer mais prazo
para pagamento, o que é uma verdadeira aberraçã o jurídica (pedido juridicamente
impossível).
ASSIM SENDO, DIANTE DA INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO DA PRESTAÇÃO
ALIMENTÍCIA DE JANEIRO DE 2019, NEM MESMO PELO VALOR
INCONTROVERSO DA DÍVIDA, REQUER SEJA A PRISÃO CIVIL DO EXECUTADO
DECRETADA DE IMEDIATO!
2. CONCLUSÃO
Face o exposto, requer seja afastada a justificativa do executado, decretando-se a
prisã o civil do mesmo, com o reconhecimento da dívida alimentar em 75% do
salá rio mínimo nacional, que conforme atualizaçã o monetá ria e juros, corresponde
a uma dívida atual de R$ 787,62 (que deve ser acrescida de custas e honorá rios
advocatícios) com a procedência da execuçã o provisó ria ora intentada, em sua
integralidade.
Alternativamente, apenas no caso do entendimento de Vossa Excelência ser
diverso do que fora defendido aqui na presente impugnaçã o no item “1”, alínea a,
requer seja decretada a prisã o civil do executado, com o reconhecimento da dívida
alimentar em 25% do salá rio mínimo nacional, que conforme atualizaçã o
monetá ria e juros, corresponde a uma dívida atual de R$ 262,54 (que deve ser
acrescida de custas e honorá rios advocatícios);
Termos em que pede e espera deferimento.
DATA, CIDADE.
ADVOGADO - OAB
(cá lculo do valor atualizado da dívida em anexo)
Peça criada pela Autora Kizi Caroline Marques Castilhos Roloff, advogada inscrita
na OAB/RS sob o nº 109.785, criadora do Iuris Petiçõ es.

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