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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A)DE DIREITO DA

COMARCA DE MAMANGUAPE-PB

HABEAS CORPUS PARA TRANCAMENTO DE TERMO


CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA EM VIRTUDE DE ATIPICIDADE
DA CONDUTA

CASO EXCEPCIONAL DE MANIFESTA AUSÊNCIA DE ATIPICIDADE DA


CONDUTA.

ARYELLE PRICILLA TORRES CORREIA, ora impetrante, brasileira, casada,


advogada inscrita na OAB/PB sob nº 20.493, com escritório profissional na Rua Golfo
de Botínia, 161, Cabedelo, CEP 58.102.062, sob número telefônico (83) 987170927,
vem respeitosamente perante Vossa Excelência impetrar a presente ordem de:

Em favor de

MÁRCIA MARIA DA CRUZ TORRES FERREIRA, brasileira, aposentada por


impavidez, em união estável, inscrita sob CPF 008.157.394-43, residente e
domiciliada na Rua Julio Pereira da Silva, n 47, Mangabeira 1

1 –  FATOS

O paciente fora surpreendido com a representação perante a delegacia de polícia da


Cidade de Mamanguape, como incurso nas sanções do art. 138, 139, 140 do Código
Penal.

Acontece que no dia 30.05.2022, a paciente que é pobre na forma da lei, juntamente
com sua companheira, efetuaram a compra de uma máquina de papelaria como
ferramenta de sua labuta e manutenção das despesas do lar, uma SILOUETE CAMEO
3, no valor de R$ 1.300 (um mil e trezentos reais). A paciente teve de recorrer a um
empréstimo para compra do equipamento por estar passando por dificuldades
financeiras. A compra foi efetuada e o pagamento concluído em sua modalidade à vista,
apesar de seus pacos recursos, porém ao chegar em casa, Márcia constatou que a
máquina que havia acabado de comprar estava com defeito e impossibilitada de uso. Ao
procurar a Senhora Josiquele de Santana Soares, a mesma se negou a devolver o
dinheiro da mesma, mesmo tendo consciência que o objeto que havia vendido possuía
defeitos que tornava a máquina obsoleta para venda.
Ao procurar um expert para o conserto, conforme se encontram conversas do Whatsapp,
em anexo aos autos, tem-se demonstrado mediante prova documental a degradação,
funcionalidade do objeto vendido a paciente.

Ora, sentindo-se ludibriada, a ora paciente comunicou no grupo de vendas da internet,


que havia sido lesada pela senhora Josiquele, com animus narrandi, em virtude
inclusive de seu Direito de Liberdade de expressão.

II- DO DIREITO

Para a caracterização dos crimes contra a honra, é necessária a imputação a alguém de


fato definido como crime, sabendo o autor da calúnia ser falsa a atribuição. É consenso
na doutrina que o crime de calúnia exige três condições: a imputação de fato
determinado, sendo este qualificado como crime, onde há a falsidade da imputação. O
elemento normativo do tipo consistente na falsidade da imputação e o elemento
subjetivo do tipo, o animus caluniandi.

No caso do agente acreditar que aquela imputação é verdadeira, crendo no que está
falando, não poderá ser enquadrado no crime de calúnia, ocorrendo o erro do tipo, que
afastaria o dolo, tornando o FATO ATÍPICO.

Esclareça-se que em nenhum momento Márcia teve dolo em sua conduta, apenas
comunicando e narrando o ocorrido com ela, em face da nítida má-fé da parte contrária.

III – DA FALTA DE JUSTA CAUSA e ATIPICIDADE DA CONDUTA

Na edição 130 da Jurisprudências em tese, o Superior Tribunal de Justiça consolidou o


entendimento de que é necessário o conhecimento prévio pelo agente da falsidade da
imputação pois, somente assim poderia se configurar o delito previsto no artigo 138 do CP.
Vejamos:

Para a caracterização do crime de calúnia, é indispensável que o agente que


atribui a alguém fato definido como crime tenha conhecimento da falsidade da
imputação.

Desse modo, para a condenação pelo crime de calúnia, injúria e difamação, além da
necessidade de preenchimento dos três elementos citados (imputação de fato
determinado, qualificado como crime e que seja falsa a imputação), imperioso se
faz a comprovação de que o agente tinha consciência da falsidade da imputação.

No caso do agente acreditar que aquela imputação é verdadeira, crendo no que está
falando, não poderá ser enquadrado no crime de calúnia, ocorrendo o erro do tipo, que
afastaria o dolo, tornando o FATO ATÍPICO.

No caso dos autos, para a constatação do alegado nesse pedido não há necessidade de
aprofundado exame de provas, posto que existem todos os diálogo entre as partes, prova
documental demonstra prima facie a realidade fática.

A paciente é primária, possui ótimos antecedentes, jamais tendo se envolvido em


qualquer espécie de ilícito penal. É pessoa conceituada com conduta e reputação ilibada
não podendo de tal sorte ser processado criminalmente, além de portadora de
enfermidade mental, onde todo o transtorno decorrente deste prejuízo sofrido, a abalou
profundamente (Segue laudo em anexo).

A vista do exposto, pede-se em nome do bom direito, seja o presente pedido processado
na forma legal, para ser ao final concedida a ordem impetrada, determinando-se o
trancamento do Termo Circunstânciado, o que se pede como medida de Direito e de
inteira Justiça.

Termos que,
Pede deferimento.

João Pessoa, 07 de julho de 2022

ARYELLE PRICILLA TORRES CORREIA


OAB/PB 20.493

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