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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA EMPRESARIAL,

DE EXECUÇÕES FISCAIS E DE REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE


__________/___

A pessoa jurídica de direito privado ___________________________________________, inscrita no


CNPJ sob o n° _______________________, estabelecida no endereço Rua
___________________________, _____________/______, CEP: _________, (Doc. 01)
representada por seu sócio administrador ____________________________, brasileiro, _______,
casado sob o regime da __________________, inscrito no CPF sob o n° ________________,
residente e domiciliado na Rua ________________, ______________/____, CEP ________, com
endereço eletrônico: ___________________, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, por
seus procuradores (Doc. 2), ajuizar a presente

AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL

em face do ESTADO DE ____________, pessoa jurídica de direito público inscrita no CNPJ sob o
nº ______________________, representado pela ADVOCACIA-GERAL DO ESTADO DE
_____________, sediada na ________________________________________________, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:

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I - BREVE RELATO DOS FATOS:

1. Breve relato fático


2. A Secretaria de Estado de Fazenda de ________ está exigindo o imposto, com as
informações do PTA ______________________, do veículo Placa/Renavam
__________________________. (Doc. 03)
3. O fato gerador/imponível ocorreu em 2013 (exemplo). Demonstraremos que não houve a
interposição pela Fazenda Pública de Execução Fiscal, portanto, houve a prescrição do
direito do fisco em realizar a cobrança de referido imposto, em razão do decurso de tempo.
4. Neste parâmetro, é ilegal a cobrança do IPVA.

II - FUNDAMENTOS:

II.1 - PRELIMINAR – PRESCRIÇÃO DO DIREITO DO FISCO EM COBRAR O


IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULO AUTOMOTOR - IPVA.

1. A nulidade é vício fundamental e, assim, priva o processo de toda e qualquer eficácia.

2. Neste sentido, dispõe o art. 269, inc. IV, do CPC:


“Art. 269 – Haverá resolução de mérito.
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição”. (grifamos)

3. A declaração de NULIDADE não exige forma ou procedimento especial. Em qualquer fase


do processo, o Juiz poderá declarar a nulidade do feito, tanto a requerimento da parte como
“ex officio”, senão vejamos:

“Não se revestindo o título de liquidez, certeza e exigibilidade, condições basilares


exigidas no processo de execução, constitui-se em nulidade, como vício
fundamental; podendo a parte argúi-la, independentemente de embargos do devedor,
assim como pode e cumpre ao juiz declarar, de ofício, a inexistência desses
pressupostos formais contemplados na lei processual civil.”(RSTJ 40/447). No
mesmo sentido: RJ 205/81.“( Código de Processo Civil e legislação processual em
vigor – Theotonio Negrão – Ed. Saraiva – Comentários art. 618: 2 – pág. 488 – 28ª
edição ).

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4. O Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor – IPVA exigido na Certidão de
Dívida Ativa – CDA, tem como fato gerador/fato imponível o primeiro dia do exercício de
2013. (Exemplo)

5. O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é lançado de ofício no


início de cada exercício, com fundamento no art. 142 do CTN e a sua constituição definitiva
ocorre com a cientificação do contribuinte para o recolhimento da exação, podendo ser
realizada por qualquer meio idôneo, como o envio de carnê ou a publicação de
calendário de pagamento, com instruções para a sua efetivação.

6. Portanto, no presente caso, os vencimentos ocorreram em (conforme o exemplo) 23 de


janeiro, 25 de fevereiro e 25 de março do ano de 2013, podendo o Fisco Estadual
promover sua cobrança com início no dia seguinte à data de vencimento para o pagamento
do imposto. Após o vencimento o crédito é exigível do contribuinte.

7. No entanto, não poderá o Estado de ____________ realizar a cobrança deste crédito em


razão da prescrição, o que não ocorreu, pois não houve a interposição de Execução
Fiscal.

8. Se tivesse ocorrido a cobrança em Execução Fiscal, o que não houve, o despacho de


citação deveria ter ocorrido dentro dos cinco anos das datas de vencimento acima
relacionadas. (Doc.04)

9. Neste sentido, a exigência do crédito tributário (IPVA) poderia ter sido realizado até
2018 (Exemplo), pois as extinções do direito do Fisco em realizar a cobrança,
ocorreram em 23 de janeiro, 25 de fevereiro e 25 de maio do ano de 2018.

10. A extinção ocorre 5 (cinco) anos contados da constituição definitiva do crédito


tributário, constituição esta ocorrida nas datas de vencimento do imposto.

11. O Estado de __________, representado pela Advocacia-Geral do Estado poderia ter exigido,
por meio de execução fiscal, dentro do prazo de 5 (cinco) anos da constituição definitiva.
Vejamos o que prescreve o art. 174 do Código Tributário Nacional, Lei n° 5.172/66:

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“Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 (cinco)
anos, contados da data da sua constituição definitiva”. (grifamos).

12. O Código Tributário Nacional – CTN recepcionado como lei complementar estabelece
norma geral de direito tributário, conforme o que preceitua o art. 146, III, “b” da
Constituição Federal. A prescrição é inequivocadamente norma geral de direito tributário
sob reserva de lei complementar. Neste sentido, não haverá validade, referente a prescrição
de sua disciplina sobre prazos, termos iniciais, suspensões, interrupções estabelecidos em lei
ordinária.

13. Por extinguir o próprio crédito tributário, conforme o inciso V do art. 156 do CTN a
prescrição é passível de reconhecimento de ofício.

“Art. 156. Extinguem o crédito tributário:


V - a prescrição e a decadência”; (grifamos)

14. O art. 219 do Código de Processo Civil com a redação dada pela lei n. 11.280/2006
mencionada, de caráter geral ao reconhecimento da prescrição de ofício, estabelece que:
“Art. 219 (....) §5º O juiz pronunciará de ofício, a prescrição.” (grifamos).

15. Portanto, a prescrição como matéria para a presente ação anulatória de débito fiscal é
cabível, sendo causa de extinção do crédito conforme o inciso V do art. 156 do CTN,
passível de reconhecimento de ofício pelo Juiz.

16. Neste sentido, a Fazenda Pública Estadual não poderá cobrar o tributo em comento,
pois já se operou a prescrição, respeitando os ditames do art. 174, CTN.

17. A jurisprudência é pacífica no Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais ao


retratar a contagem da constituição definitiva do crédito tributário, com a exigência da
cobrança, por meio de Execução Fiscal, dentro do prazo de 5 (cinco) anos, sob pena de
prescrição, a ver:

EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.


IPVA. VEÍCULO OBJETO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA.
LEGITIMIDADE PASSIVA DO CREDOR-FIDUCIÁRIO. LEI ESTADUAL
14.937/2003. PRELIMINAR REJEITADA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
NOTIFICAÇÃO PARA PAGAMENTO. PRESCRIÇÃO ANTERIOR AO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO. PRESCRIÇÃO CONFIGURADA EM RELAÇÃO
AO EXERCÍCIO DE 2006 E 2007.

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- A CFRB, ao admitir a instituição de imposto sobre a propriedade de veículos
automotores (IPVA), não restringe à tributação à hipótese de propriedade plena,
podendo, na forma da lei, constituir fato gerador do tributo a propriedade limitada.
- A alienação fiduciária é o contrato pelo qual o credor recebe o domínio resolúvel e
a posse indireta, tornando-se o alienante ou devedor o possuidor direto e depositário
da coisa móvel.
- De acordo com a Lei estadual nº 14.937/2003, o proprietário do veículo automotor
é contribuinte do IPVA, e, diante dessa previsão, fica obrigado ao pagamento do
imposto o credor fiduciário, sendo parte legítima para figurar no pólo passivo da
ação de execução fiscal.
- O IPVA, por constituir modalidade de tributo sujeito a lançamento de ofício,
prescinde de notificação pessoal do contribuinte e de processo administrativo,
iniciando-se o cômputo do prazo prescricional da notificação para o pagamento.
- É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que, "nos tributos
sujeitos a lançamento de ofício, como no caso do IPVA e IPTU, a constituição do
crédito tributário perfectibiliza-se com a notificação ao sujeito passivo,
iniciando-se, a partir daí, o prazo prescricional quinquenal para a cobrança do
débito tributário, nos termos do art. 174 do CTN". (AgRg no REsp 1325143/MG,
DJe 08/04/2013).
- Configura-se a prescrição decorridos cinco anos a partir da constituição definitiva
do crédito, como consta no art. 174, caput, do CTN.
- Preliminares rejeitadas.
- Prejudicial de prescrição acolhida quanto a alguns exercícios.
- Apelo não provido. (Apelação Cível 1.0069.12.002499-2/001 0024992-
58.2012.8.13.0069 (1), Relatora Des.(a) Heloisa Combat, Órgão Julgador / Câmara,
Câmaras Cíveis / 4ª CÂMARA CÍVEL Data de Julgamento 02/10/2014 ). (grifamos)

18. Em caso análogo ao presente é a jurisprudência pacífica do Egrégio Superior Tribunal


de Justiça - STJ, vejamos:

“EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. IPVA.


DECADÊNCIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. REGULARIDADE.
PRESCRIÇÃO. PARÂMETROS. 1. O Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA) é lançado de ofício no início de cada exercício (art. 142 do
CTN) e constituído definitivamente com a cientificação do contribuinte para o
recolhimento da exação, a qual pode ser realizada por qualquer meio idôneo,
como o envio de carnê ou a publicação de calendário de pagamento, com
instruções para a sua efetivação. 2. Reconhecida a regular constituição do crédito
tributário, não há mais que falar em prazo decadencial, mas sim em prescricional,
cuja contagem deve se iniciar no dia seguinte à data do vencimento para o
pagamento da exação, porquanto antes desse momento o crédito não é exigível do
contribuinte. 3. Para o fim preconizado no art. 1.039 do CPC/2015, firma-se a
seguinte tese: "A notificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA
perfectibiliza a constituição definitiva do crédito tributário, iniciando-se o prazo
prescricional para a execução fiscal no dia seguinte à data estipulada para o
vencimento da exação." 4. Recurso especial parcialmente provido. Julgamento
proferido pelo rito dos recursos repetitivos (art. 1.039 do CPC/2015)”. (REsp n.

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1.320.825 – RJ (2012/0083876-8) Relator Ministro Gurgel de Faria, Recorrente
Estado do Rio de Janeiro, Data do Julgamento: Brasília, 10 de agosto de 2016.

19. Portanto, se não houve a propositura de Execução Fiscal, também não ocorreu a a
interrupção da prescrição, que apresentamos no inciso I, parágrafo único do art. 174
determinando que:
“Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal”.

20. Diante de todas as considerações apresentadas, torna-se claro que houve a ocorrência
da prescrição da pretensão do Estado de ________, devendo ser extinto o crédito
tributário em respeito ao art. 174 e inciso V do art. 156 do Código Tributário Nacional,
por medida de direito e justiça.

II.1 - DA NÃO OCORRÊNCIA DE PARCELAMENTO CONFIRMADA PELA


SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DO ESTADO DE ______________.

1. Realizado pedido de certidão de débitos tributários junto à Secretaria de Estado de Fazenda


de ________, identificamos a existência da cobrança do IPVA, sem nenhum
parcelamento realizado da dívida. (Doc. 05)

2. Portanto, não houve causa de suspensão da exigibilidade do crédito ou interruptiva do prazo


prescricional.

3. Concluímos que o IPVA não teve sua exigibilidade suspensa, e muito menos a
interrupção da prescrição, pois não houve parcelamento. Havendo a prescrição do
direito do fisco em cobrar referido imposto.

III - PEDIDO:

1. Ante o exposto, requer se digne Vossa Excelência a deferir os seguintes pleitos:

a) a concessão de tutela antecipada, para fins de suspender a exigibilidade do crédito tributário


constituído pelo réu em face da autora, que tem como objeto a cobrança de IPVA;

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b) Requer a concessão de justiça gratuita;

c) a citação do réu para contestar o pedido no prazo legal;

d) declarar a prescrição da cobrança, em que o Fisco Estadual não exigiu o IPVA dentro
do prazo legal de 5 (cinco) anos, por ser medida de direito e justiça;

e) Condenar o Réu ao pagamento das custas e honorários de sucumbência.

Termos em que pede deferimento.


_______/___, ___ de __________ de _____.

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OAB/___ ________ OAB/___ __________

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