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PREFEITURA MUNICIPAL DO SALVADOR

PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO


PROCURADORIA FISCAL

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 10ª VARA DA


FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SALVADOR – BAHIA.

Execução Fiscal nº 0824902-10.2016.8.05.0001

O MUNICÍPIO DO SALVADOR, por intermédio do seu Procurador


adiante assinado, nos autos da execução fiscal em epígrafe, proposta contra Matos Comercio
Exportacao e Importacao Ltda - Me, vem, com o devido acato, chamar o processo à ordem.

O Fisco Municipal ajuizou a presente execução fiscal para cobrança do


crédito de TFF, referente aos exercícios 2014/2015. À fl. 24, a parte executada requereu a
extinção do feito, sob o argumento que efetuou depósito no valor de R$ 5.561,66 (cinco mil,
quinhentos e sessenta e um reais e sessenta e seis centavos) para quitação dos débitos
exequendos.
De logo, o Fisco informou que o valor depositado pela parte não cobria
integralmente a dívida e sequer incluía o montante referente aos honorários advocatícios,
conforme petição de fls.53/55, requerendo o depósito da quantia remanescente.

Ocorre que, por equívoco, não se observou que o documento


juntado pela parte às fls.41/47 se tratava de DAJE- Documento de Arrecadação Judicial e,
ainda, que em nenhum momento fora colacionado o comprovante do referido depósito,
mas apenas “comprovante de saque com cartão em conta fácil para pagamento de
contas”.

Considerando o quanto exposto, requer que este MM. Juízo certifique


se o DAJE colacionado pela parte contrária, no valor de R$ 5.561,66 (cinco mil, quinhentos e

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Procuradoria Geral do Município - Travessa D’ajuda, n° 02, Ed. Sul América, 1º e 2º andares, Centro, Salvador/Ba. CEP: 40.020-030.
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sessenta e um reais e sessenta e seis centavos), foi efetivamente depositado.

Ressalte-se que os créditos devidos à Fazenda Pública constituem


direitos indisponíveis, de modo que o erro material em que incidiu o Município é plenamente
corrigível, até mesmo de ofício, nos termos do artigo 392 do CPC:

Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos


relativos a direitos indisponíveis.

Importa mencionar que O MM. Juízo a quo no exercício de sua função


jurisdicional e com o objetivo de desenvolver o processo proferiu sentença extintiva da Execução
Fiscal, face ao presumido pagamento integral do débito, nos termos do art.924, II c/c art. 925 do
CPC.

Ocorre que a legislação tributária é clara ao dispor sobre o pagamento como


causa extintiva do crédito tributário, nos termos do art.156, I, do CTN. Contudo, existem limites para
o adimplemento do débito. Dessa forma, inexiste presunção de pagamento de crédito tributário, é o
que dispõe o art.158, I, do CTN:

Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção


de pagamento:
I - quando parcial, das prestações em que se decomponha;
II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros
tributos.

Nesse sentido, o CTN expressamente determina que não há presunção de


pagamento quando o crédito foi pago parcialmente e o restante se decompôs em parcelas. Assim,
não há presunção de adimplemento do débito referente às prestações decompostas.

Dessa forma, havendo pagamento a menor do crédito fiscal, independente de


qualquer manifestação do ente municipal sobre o seu descumprimento, não há presunção de
pagamento das demais parcelas não pagas.

Além disso a suposta inércia por parte do ente público de que o

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bloqueio realizado fora integral, o que implicou na extinção da execução fiscal em face da
executada, é fato que pode e deve ser revista, na medida em que não há confissão no que se
refere a direitos indisponíveis, como, aliás, assente na jurisprudência dos nossos Tribunais,
exemplificada através da Apelação Cível nº 0117425-84.2010.805.0001 (TJ/BA) a seguir
transcrita:

“TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO


FISCAL. PAGAMENTO. INEXISTÊNCIA. EXTINÇÃO. PEDIDO. ERRO
MATERIAL. CONFIGURAÇÃO.
I- Os créditos devidos à Fazenda Pública constituem
direitos indisponíveis, descabendo admitir mera
confissão de entes de Direito Público no sentido de
que valores que são devidos, estariam pagos,
conforme interpretação do artigo 351 do Código de
Processo Civil, combinado com o artigo 26 da Lei de
Execuções Fiscais.
II- O erro material, corrigível até mesmo de ofício,
autoriza de sentença, segundo inteligência do
disposto no artigo 463, I, do Código de Processo
Civil. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.
III- Evidenciado, através de documentos, que o pedido de
extinção da execução fiscal decorreu de inexatidão
material, essa provocada por errônea afirmação da
Fazenda Pública no sentido de que o débito estaria
pago, impositiva é a desconstituição da sentença
para determinar o processamento do feito. “

Da leitura da decisão supra, verifica-se que não houve o pagamento


integral do débito referente ao crédito tributário e também do valor referente aos honorários
advocatícios, tal fato é corrigível ex officio pelo magistrado, sendo possível, deste modo, revisar
a decisão que determinou a extinção total da execução fiscal em razão de erro do credor.

Ante o exposto, requer o acolhimento e provimento dos presentes


Embargos de Declaração, opostos com o objetivo de que seja sanado o erro material em
que incorreu este d. Juízo, ao extinguir o presente feito inobstante a ausência de quitação
integral do crédito tributário, determinando, consequentemente, o prosseguimento da
execução fiscal com a devida intimação da executada, para que esta complemente o valor
referente ao saldo remanescente a ser indicado pela Dívida Ativa do Município, na data do
efetivo depósito.

Termos em que pede deferimento.


Salvador, 09 de março de 2020.

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GIOCONNDA LADEIA
Procuradora do Municípios

JOSÂNGELA BARBOSA
Analista PGMS

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