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ESTADO DO MARANHÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS

Processo nº 5417/2013
Jurisdicionado: GABINETE DO PREFEITO DE SÃO FRANCISCO DO BREJÃO
Natureza: Tomada de Contas
Responsável: Alexandre Araújo dos Santos
Parecer nº 24092776/2019/ GPROC2/FGL

Trata-se de Tomada de Contas realizada em cumprimento ao disposto no art. 153 e 157 do Regimento Interno, art. 9º, § 4º da Lei Orgânica do TCE/MA,
nas Instruções Normativas 09/2005 e 17/2008 do TCE/MA e atendendo a determinação da Portaria nº 736/2014.

De acordo com a Resolução nº 194/2013 – TCE/MA, a Prefeitura Municipal de SÃO FRANCISCO DO BREJÃO, foi declarada inadimplente junto ao
TCE, estando assim, em desacordo com os Art. 158, inciso IX da Constituição Estadual, com redação dada

Apesar de devidamente citado, por AR e por EDITAL, o gestor não apresentou defesa.

Os Técnicos desta Corte de Contas, afirmaram que, embora o demonstrativo dos recursos financeiros federais e estaduais repassados ao município não
tenham sido apresentados pela Administração, realizaram pesquisa em outros órgãos, como aos sites www.bb.com.br, www.fnde.gov.br,
www.datasus.gov.br, www.mds.gov.br, www.sefaz.ma.gov.br, www.cgu.gov.br e SIAFEM, e chegaram a um valor presumível no montante de R$
9.536.019,02 de receita anual.

Diante de tudo outrora mencionado, outro deslinde ao feito não pode ser atribuído, senão o de considerar a emissão de parecer opinando pela
desaprovação das contas , bem como considerar a irregularidade das Contas de gestão do município (como da administração direta, FUNDEB,
FMS e FMAS) não prestadas pelo gestor, além de aplicar ao mesmo as penalidades administrativas cabíveis, posto que, como visto, os recursos entraram
como receita sem que este tenha prestado contas dos gastos que porventura tenha efetuado.

Portanto, o valor da receita que efetivamente ingressou nos cofres públicos da prefeitura sob enfoque, deverá ser imputado como débito ao gestor.

A inadimplência do responsável é evidente.

Sua postura atenta contra o procedimento instituído pela legislação, razão pela qual as contas devem ser julgadas irregulares na esteira do art. 22, I e seu
parágrafo 2º da LOTCE/MA:

Art. 22. O Tribunal julgará as contas irregulares quando evidenciada qualquer das seguintes ocorrências:

I – omissão no dever de prestar contas;

§ 2º -A prestação de contas em desacordo com as normas legais e regulamentares aplicáveis à matéria ou que não consiga demonstrar por outros
meios a boa e regular aplicação dos recursos, ensejará a irregularidade das contas, nos termos do inciso II, sem prejuízo da imputação de débito.

Há norma estabelecendo o procedimento e esta foi descumprida, ensejando a irregularidade das contas de gestão do município e a emissão de opinião
pela desaprovação das contas de governo. Não bastasse, é inarredável a necessidade de aplicação de multa ao responsável, dado que sua conduta é
cominada com sanção nos termos do art. 67 da LOTCE/MA:

Art. 67. O Tribunal poderá aplicar multa de até R$ 100.000,00 (cem mil reais), atualizada na forma prescrita no § 1º deste artigo, aos responsáveis por
contas e atos adiante indicados:

II – contas julgadas irregulares, não havendo débito, mas comprovada qualquer das ocorrências previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22;

III - ato praticado, ou omitido, com grave infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou
patrimonial;

VII – sonegação de processo, documento ou informação, em auditoria ou inspeção realizada pelo Tribunal;

No processo em epígrafe, ficou evidente a omissão no dever de prestas contas bem como a prática de infração a norma legal e regulamentar de natureza
contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial.

De outra parte, não houve demonstração da boa e regular aplicação dos recursos, ensejando à irregularidade das contas de gestão e imputação de débito
no valor de R$9.536.019,02.

À guisa de todos os apontamentos acima descritos, este Parquet de Contas opina no sentido de que as contas de governo sejam desaprovadas e que as
contas de gestão da administração direta, fmas, fms e fundeb do município em epigrafe, referentes ao exercício de 2012, sejam julgadas irregulares,
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nos termos do art. 22, I da LOTCE/MA, tudo acrescido das seguinte providências:- imputação de débito no valor de R$9.536.019,02;- responsabilização
pelo pagamento de multa de 100% do valor do débito imputado (art. 66 da LOTCE/MA);- aplicação de multa no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais) com arrimo no art. 67, II, III e VII da LOTCE/MA;- aplicação de multa de 30% dos vencimentos anuais do responsável, por deixar de divulgar o
RGF no prazo estabelecido por lei (art. 5º, I e § 1º da Lei nº 10.028/00);

É o parecer.

São Luís-MA, 26 de Novembro de 2020.

Assinado Eletronicamente Por:

Flávia Gonzalez Leite


Procuradora de Contas

Em 26 de Novembro de 2020 às 12:18:28

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