Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Gerência de 2016
Processo nº 3113/2016
RELATÓRIO nº 9/2020
VERIFICAÇÃO INTERNA DE CONTAS
Índice
1 – SUMÁRIO EXECUTIVO...................................................................................................... 2
2 – RECOMENDAÇÕES .......................................................................................................... 3
3 – CONTRADITÓRIO............................................................................................................. 4
8 – CONCLUSÃO ................................................................................................................... 18
10 - EMOLUMENTOS ............................................................................................................19
11 – DECISÃO ....................................................................................................................... 20
1 – SUMÁRIO EXECUTIVO
O exame da conta foi feito tendo presente o n.º 2 do artigo 53.º da Lei de Organização e Processo
do Tribunal de Contas (LOPTC)3 e ainda o disposto na Resolução n.º 06/03 – 2ª Secção, de 18 de
dezembro4.
ii. Os mapas de controlo orçamental, quer da receita quer da despesa, espelham taxas de
execução orçamental, de 2014, 2015, 2017 e 2018, muito aquém do nível exigido (85%) no
Regime Financeiro das Autarquias Locais e das Entidades Intermunicipais (RFALEI), embora
no ano em análise (2016), apresente uma taxa de execução da receita na ordem dos 82,96%.
iii. A certificação legal de contas (CLC), da gerência de 2016, menciona como “Bases para a opinião
com reservas” que, face à dimensão, multiplicidade e em certos casos antiguidade dos
elementos integrantes do imobilizado do município, bem como à sua dispersão e à insuficiente
informação interna sobre os critérios valorimétricos utlizados na valorização do imobilizado
corpóreo e sobre o grau de acabamento do imobilizado em curso, respeitante a exercícios
anteriores, não foi emitida opinião devidamente fundamentada sobre a plenitude e adequação
2
das correspondentes rubricas apresentadas no balanço, das amortizações e dos subsídios para
investimentos e dos seus efeitos nos resultados.
iv. Não se encontra finalizado o processo de inventariação e valorização dos bens, encontrando-
se em curso um processo de registo notarial para os bens imóveis (áreas de terreno cedidas) e
que ainda não estão considerados em inventário.
vi. Não foram cumpridos os prazos médios de pagamento a fornecedores legalmente admitidos,
embora em contraditório institucional tenha sido realçado o esforço do município em não
registar qualquer aumento e em possibilitar a redução dos pagamentos em atraso.
2 – RECOMENDAÇÕES
Em face das situações evidenciadas e das alegações apresentadas, justifica-se a formulação das
seguintes recomendações, ao atual órgão executivo do Município de Paredes:
3
celebrados sob qualquer forma e condição, com ou sem dispensa de celebração de
contrato escrito, e ou mediante apenas emissão de requisição, dentro dos prazos
contratualmente previstos.
ii. Ter em atenção os mecanismos de alerta precoce de desvios estipulados no artigo 56.º,
n.º 3, da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro, quanto às medidas a tomar nos casos em que
se verifiquem, em dois anos consecutivos, taxas de execução da receita previstas nos
orçamentos respetivos inferiores a 85%.
iii. Atentar na circunstância de estar vedada, à luz do disposto no artigo 49.º, n.º 7, alínea c)
e n.º9 do RFALEI, a realização de operações relativas a acordos de regularização de dívidas
com fornecedores ou entidades financeiras com a finalidade de consolidar dívida de curto
prazo, sempre que a duração do acordo ultrapasse o exercício orçamental, bem como a
posterior cedência de créditos não vencidos a instituições financeiras, impedindo a sua
repetição e renegociação, com exceção dos casos expressamente permitidos pela lei;
iv. Tomar diligências para colmatar a matéria exposta na “Opinião com Reservas” constante
da Certificação Legal de Contas, que ainda não se encontra regularizada.
vii. Preencher a Relação Nominal de Responsáveis, com a indicação dos dados relativos aos
responsáveis que constituem o órgão executivo e os respetivos períodos de
responsabilidade.
3 – CONTRADITÓRIO
No âmbito do exercício do contraditório, consagrado nas normas constantes dos artigos 13° e 61°,
n.°6, da Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas (LOPTC)5, os responsáveis
identificados no quadro seguinte foram citados para, querendo, se pronunciarem sobre os factos
insertos no Relato de Verificação Interna de Contas do Município de Paredes - Gerência de 2016,
nos termos do Despacho Judicial, de 03 de junho de 20196.
5 Lei n.º 98/97, de 26 de agosto, alterada e republicada pela Lei n.º 20/2015, de 09 de março e alterada posteriormente
pelo art.º 248º da Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro
6 Relato – fls. 20
4
Exercício do contraditório
Período de
Nome Situação na entidade Observações
responsabilidade
Cândido Joaquim Venda Moreira vereador em regime de 01-01-2016 a Pronunciou-se em contraditório pessoal,
Barbosa permanência 31-12-2016 respondendo ao ponto 9 do Relato
Nessa conformidade, foram citados os onze responsáveis que integraram o órgão executivo no
exercício de 2016, e o atual Presidente da Câmara Municipal, tendo aqueles responsáveis exercido
o direito de contraditório, nos seguintes termos:
5
orçamental, bem como pelas regras orçamentais7(…), bem como atender aos mecanismos
de alerta precoce de desvios (…).”
No que se refere aos Planos de Liquidação de Dívida Vencida, informa que também tem
sido uma preocupação constante a celebração de acordos confinados estritamente ao ano
económico em que são celebrados, contudo acrescenta que o Município de Paredes
aprovou, em reunião do órgão executivo e sessão do órgão deliberativo de 15 e 26 de junho
de 2015, os planos de liquidação de dívida vencida de diversos credores, celebrados em
2015, por períodos superiores ao ano económico em curso, “tendo por base as alterações
introduzidas pela Lei n.º 22/2015, de 17 de março, que procede à quarta alteração à Lei n.º
8/2012, de 21 de fevereiro(…)” pois, “à data, foi interpretação do Município de Paredes
que, não obstante a alínea c), do n.º 7, do art. 49.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro
(…), daquela proibição, e tal como resulta do teor do n.º 7, se excetuavam as situações
expressamente permitidas por lei. Ora, naquele seguimento, e aplicando o disposto no art.
16.º da Lei n.º 22/2015, de 17 de março (…) conjugado com os n.ºs 2 e 3 do art. 18.º do
Decreto-Lei n.º 127/2012, de 21 de junho que estabelecem que «Para efeitos do disposto
no artigo 16.º da LCPA, os planos de pagamento a apresentar pelas entidades não podem
ter um prazo superior a cinco anos e o prazo referido no número anterior pode ser alargado
até ao limite de 10 anos, desde que 50 %. da dívida sejam pagos em prazo não superior a
5 anos, nos casos em que a entidade demonstre, justificadamente e em termos claros e
inequívocos, que aquele prazo irá conduzir ao incumprimento da LCPA» (…). Daqui se
conclui que o Plano de Liquidação da entidade AC foi celebrado tendo por base legal o
exposto anteriormente, daí o prazo de pagamento corresponder a 10 anos.”
No que toca aos prazos médios de pagamentos a fornecedores, disse ser de realçar “ (…)
não só o esforço de não registar qualquer aumento como também de possibilitar a redução
dos pagamentos em atraso do Município. (…) Estes bons resultados só foram possíveis
graças a uma gestão rigorosa que envolveu todos os responsáveis e colaboradores da
Autarquia.”
7 Constantes dos artigos 40.º a 46.º e do art. 56.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro, na sua redação atual
6
Tribunal de Contas, atraso que conduziu à geração de encargos adicionais junto dos
credores e que se tentou amenizar através da celebração dos respetivos acordos de
regularização de dívida.
Apresentou, ainda, como fundamento legal a alteração operada pela Lei n.º 22/2015, de 17
de março, ao art. 16.º da Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, alegando que “(…) E, por esta
alteração, posterior à Lei n.º 73/2013, e especial nomeadamente em matéria de
regularização de dívida, veio-se dar uma nova redação àquele artigo 16.º que permitia a
celebração dos aludidos planos de liquidação, passando a sua redação atual a ser a
seguinte: As entidades com pagamentos em atraso a 31 de dezembro de 2014 têm de
apresentar um plano de liquidação de pagamentos, até 60 dias após a entrada em vigor
da presente lei, à Direção-Geral do Orçamento (DGO), e, nos casos dos serviços da
administração local, à Direção-Geral da Administração Local (DGAL)”. O que, no seu
entendimento, e suportado com informação técnica que atestava a legalidade do
procedimento, lhe permitia concluir que, da conjugação das disposições dos nºs 1 e 2 do
art. 18.º do DL 127/2012, de 21 de junho, existia previsão legal para a celebração de planos
de liquidação de dívidas para além do período de um ano económico.
iii. Os responsáveis Cândido Joaquim Venda Moreira Barbosa, Manuel Fernando Nogueira da
Rocha, Maria Hermínia Guedes Moreira e Pedro Dinis da Silva Mendes, no exercício do
direito ao contraditório, aderiram às alegações apresentadas pelo Presidente da Câmara
Municipal em exercício na gerência em causa, Celso Manuel Gomes Ferreira, tendo
apresentado os mesmos fundamentos de facto e de direito, concluindo todos no sentido
de que agiram “sempre de boa-fé e com a plena consciência de que não estava a ser violada
qualquer norma ou regra financeira”.
iv. Os responsáveis Beatriz Sofia Gomes Meireles, Glória Patrícia da Cunha Almeida Cardoso,
Helder Rodrigo de Sousa Ribeiro, José Alexandre da Silva Almeida, José Carlos Ribeiro
Barbosa e José Luís Garcez Alves de Sá responderam ao contraditório ainda que
informando que exerceram o mandato como Vereadores em regime de não permanência
(sem Pelouro). Nessa qualidade, pronunciaram-se sobre o facto de os Resultados
Operacionais, Financeiros e Correntes, bem como o Resultado Líquido, serem negativos,
que “traduziram a fragilidade da situação económico-financeira da entidade”, expondo que
foram “assistindo a uma prática reiterada de compromissos assumidos ao longo do tempo
e que, a curto e médio prazo, traduzem inevitavelmente, se assumidos sem garantia efetiva
de financiamento como de resto ocorreu, uma degradação da situação económico-
financeira de qualquer entidade e, consequentemente elevados Prazos Médios de
Pagamento a fornecedores e taxas de execução orçamental da receita e da despesa em
valores aquém das previsões orçamentais”.
7
minutas, o que levou estes vereadores da oposição a votarem contra a aprovação destes
acordos.
4 – EXAME DA CONTA
O exame da conta foi feito tendo presente o disposto no n.º 2, do art.º 53, da Lei n.º 98/978, de 26
de agosto e ainda o disposto na Resolução n.º 06/2003 – 2.ª Secção, de 18 de dezembro.
Euro
Conta de documentos Conta de Dinheiro
Gerência de 2016
(Contas de Ordem) (Mapa de Fluxos de Caixa)
Débitos
Saldo de abertura 10.871.262,36 3.443.698,59
Entradas 170.839,79 11.042.102,15* 56.280.936,12 59.724.634,71
Créditos
Saídas 1.117.863,89 55.974.170,65
Saldo de Encerramento 9.924.235,26 11.042.099,15* 3.750.464,06 59.724.634,71
* A diferença de € 3,00 foi regularizada em 2017, respeita à contabilização de Receita virtual liquidada em 2015 e considerada em
saldo nos Recibos para Cobrança em 2015 e 2016.
A mesma reflete o resultado das operações financeiras constantes dos Mapas de Fluxos de Caixa
e de Contas de Ordem9 do Município.
8 Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas (LOPTC), alterada e republicada pela Lei n.º 20/2015, de 09 de
março, alterada posteriormente pelo artigo 248.º da Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro
9 Anexo B do Relato
10 Anexo C do Relato
11 Anexo D do Relato
12 Anexo E do Relato
8
Resultados Grau de execução orçamental
Euro Previsões Corrigidas 63.386.422,00 €
Resultados Operacionais -10.048.383,61 Receita Receita Cobrada Líquida 52.582.860,14 €
Resultados Financeiros -1.260.063,23 % Execução 82,96
Resultados Correntes -11.308.446,84 Dotações Corrigidas 63.386.422,00 €
Despesa
Resultados Extraordinários 2.893.290,71 Despesas Pagas 52.781.821,24 €
Resultado Líquido do Exercício -8.415.156,13 % Execução 83,27
Aprovada pelo órgão executivo em 25 de fevereiro de
Norma de Controlo Interno
2014
Contabilização Montantes
13
Anexo D do Relato
14
Anexo D do Relato
9
Euro
Os Resultados Correntes são consequência dos montantes negativos exibidos como Resultados
Operacionais e Financeiros.
15 Anexo D do Relato
10
Custos e perdas (A) 2016 2015 Proveitos e ganhos (B) 2016 2015
691 - Transferência de 791 - Restituição de
267.002,45 638.450,53
Capital concedidas Impostos
792 - Recuperação de
692 - Dívidas Incobráveis
Dívidas
693 - Perdas em 793 - Ganhos em
19,70 6.616,64 1.567,81 1.106,17
existências existência
694 - Perdas em 794 - Ganhos de
358.026,54 60.391,83 20.858,18 16.091,45
Imobilizações Imobilizações
695 - Multas e 795 - Benefícios Penal.
996,26 1.292,50 784.451,66 299.739,86
Penalidades Contratuais
696 - Aumentos Amort. 796 - Reduções Amort.
417.531,09 565.891,95
Provisões Provisões
697 - Correções Rel. 797 - Correções relativ.
328.071,81 91.566,84 371.569,81 237.251,07
Exerc. Anteriores Exercícios anteriores
698 - Outros Custos e 798 - Outros Prov.
95.877,68 49.513,54 2.347.306,60 2.484.870,69
Perdas Extraordinários Ganhos Extraordinários
Total 1.049.994,44 847.831,88 Total 3.943.285,15 3.604.951,19
A taxa de execução orçamental da receita regista o valor 82,96%, não tendo ainda atingido o valor
de 85% previsto no Regime Financeiro das Autarquias Locais e Entidades Intermunicipais
(RFALEI) aprovado pela Lei nº 73/2013, de 3 de setembro16.
11
6 – ANÁLISE DA CONTA DE GERÊNCIA
6.1. - CERTIFICAÇÃO LEGAL DE CONTAS
A Certificação Legal de Contas18 menciona como “Bases para a opinião com reservas” que “Dada
a dimensão, multiplicidade e em certos casos antiguidade dos elementos integrantes do
imobilizado do Município, associada à sua dispersão, assim como à insuficiente informação
interna, quer sobre os critérios valorimétricos utilizados na valorização do imobilizado corpóreo,
quer sobre o grau de acabamento do imobilizado em curso, proveniente de exercícios anteriores,
não nos é possível emitir uma opinião devidamente fundamentada sobre a plenitude e adequação
do valor das correspondentes rubricas apresentadas no balanço, assim como das correspondentes
amortizações e dos subsídios para investimentos e, consequentemente, dos seus efeitos nos
resultados.”
Consultada a CLC da gerência seguinte (2017) verifica-se que das “Bases para opinião com
reservas” consta o mesmo texto, mantendo o mesmo parágrafo, pelo que será oportuno alertar a
entidade no sentido de colmatar a situação referida e fazer o devido acompanhamento em futuras
verificações de contas do Município.
O limite da dívida é estabelecido, a 31 de dezembro de cada ano, como 1,5 vezes a média da receita
corrente líquida cobrada nos três exercícios anteriores.
Foi analisado o ponto nº 4 - Dívida Total, constante do Relatório de Gestão20, onde se demonstra
que o Município cumpriu com o limite estabelecido no RFALEI.
Nos cálculos de aferição da dívida total apresentados na presente verificação interna21, apura-se
uma margem de € 11.128.995,40, que resulta num limite para aumento em 2017, de € 2.225.799,08,
de acordo com a alínea b), do n.º 3, do art.º 52.º do RFALEI.
18 Anexo I do Relato
19 Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro, objeto de sucessivas alterações e republicação pela Lei nº 51/2018, de 16 de agosto
20 Anexo J do Relato
21 Anexo K do Relato
12
6.3. – GRAU DE EXECUÇÃO ORÇAMENTAL DA RECEITA E DA DESPESA
Os mapas de controlo orçamental, quer da receita quer da despesa, espelham taxas de execução
orçamental, de 2014, 2015, 2017 e 2018, muito aquém do nível exigido no Regime Financeiro das
Autarquias Locais e das Entidades Intermunicipais (RFALEI), embora no ano em análise (2016),
apresente a taxa de execução da receita na ordem dos 82,96%, conforme se pode verificar no
quadro abaixo22 apresentado:
Sobre esta questão, o Presidente do Município informou que “(…) no decurso de 2016, registou-
se uma rescisão do Contrato de Execução de Transferência de Competências em matéria de
Educação que determinou na respetiva componente um montante de cerca de € 1.500.000,00 de
receita arrecadada a menos face à prevista, bem como um valor de entrada na componente de
Empréstimos de Médio e Longo Prazo inferior ao previsto.”
No que respeita aos Empréstimos de MLP atribuem a redução verificada à “(…) delonga na
obtenção do Visto no processo de Empréstimo de Saneamento Financeiro, que se traduziu num
desvio na respetiva componente no valor global de € 1.945.830,85, porquanto à data do
correspondente visto a faturação em dívida e a pagar com recurso àquele empréstimo importava
em apenas € 9.815.517,15 e já não no montante inicial do empréstimo, € 11.761.348,00”.
“Quanto à taxa de execução da despesa, o Município registou uma taxa de execução 83,27%,
procurando não comprometer toda a despesa prevista em sede de orçamento corrigido.”23
Para efeitos do estipulado nos artigos 40.º e 83.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro, foram
efetuados os respetivos cálculos24, concluindo-se pela existência de um excedente orçamental
corrente.
13
6.5. –ACORDOS DE FACTORING E ACORDOS DE REGULARIZAÇÃO DE DÍVIDA
Da análise dos documentos verificou-se que, nos anos de 2009 e 2012, o Município de Paredes
apresenta dois contratos de factoring, celebrados entre dois fornecedores e duas instituições
financeiras, com base nos quais foram cedidos os respetivos créditos sobre o Município, com o
pagamento, em 2016, do montante de € 70.380,51, sem acréscimo de quaisquer juros, conforme
discriminado no quadro seguinte:
Execução do contrato de
Contrato de factoring
Factoring
Credor (Cedente) Pagamentos efetuados 2016
Data da
Entidade
Outorga
Capital Juros
era vedada pela Lei das Finanças Locais (Lei nº 2/2007, de 15 de janeiro), nomeadamente pela 1.ª parte do n.º 12, do
art.º 38.º, na medida em que visava consolidar dívida de curto prazo; em 2015, na vigência do RFALEI (Lei nº 73/2013,
de 03 de setembro), este tipo de operações estava completamente interdito, de acordo com o postulado no nº 7 do art.
49.º. É de ressalvar, no entanto, que por via quer da entrada em vigor da Lei n.° 8/2012, de 21 de fevereiro, quer da
alteração posterior operada pela Lei n.º 22/2015, de 17 de março, e do D.L n.º 127/2012, de 21 de junho, que configura
objetivamente a entrada em vigor de uma lei posterior mais favorável, as condutas dos responsáveis pela celebração
destas operações deixaram de constituir infrações financeiras, por força da aplicação do art. 2.°, n.° 4, do Código Penal.
14
Acordos de Regularização de dívida em 2016
Data do Pagamentos efectuados em
Credor (Cedente) Entidade Data da Retenção Dívida
Valor do acordo fim do 2016
celebração /Caução
acordo 01/01/2016 31/12/2016 Capital Juros
E AD 02/09/2013 2 276 607,17 163 350,72 48 meses 1 687 824,33 0,00 1 687 824,33 49 334,94
F AD 11/07/2013 308 052,38 30 638,12 48 meses 230 734,08 0,00 230 734,08 6 390,06
G AD 15/07/2013 281 997,66 29 374,77 48 meses 156 035,52 0,00 156 035,52 4 352,47
H AD 24/07/2013 282 689,46 29 446,84 48 meses 212 074,62 0,00 212 074,62 5 854,82
I AD 15/04/2013 611 889,26 50 626,79 48 meses 452 611,75 0,00 452 611,75 12 718,29
J AD 18/09/2013 172 552,13 14 357,02 48 meses 134 084,59 0,00 134 084,59 4 075,56
L AD 18/09/2013 431 385,41 44 935,98 48 meses 333 747,15 0,00 333 747,15 9 248,03
M AD 08/08/2013 334 741,63 0,00 48 meses 234 501,27 0,00 234 501,27 7 327,99
M AD 15/07/2013 224 417,86 23 143,51 48 meses 162 609,65 0,00 162 609,65 4 406,85
O AD 19/12/2013 1 010 873,40 90 569,40 48 meses 867 835,65 0,00 867 835,65 25 899,89
J AD 05/12/2013 1 603 103,68 55 174,82 48 meses 1 315 114,97 0,00 1 315 114,97 42 633,21
P AD 12/12/2013 517 067,15 52 754,07 49 meses 449 949,54 0,00 449 949,54 13 093,50
Q AD 12/12/2013 559 521,93 49 002,96 48 meses 205 500,48 0,00 205 500,48 5 948,50
R E 02/12/2013 313 554,59 29 134,21 48 meses 111 877,73 0,00 111 877,73 2 832,77
L E 02/12/2013 383 784,51 29 905,71 48 meses 131 182,11 0,00 131 182,11 3 467,25
I AD 20/12/2013 1 084 346,55 11 600,90 48 meses 466 190,26 0,00 466 190,26 14 175,94
Subtotal 11 032 667,42 718 915,58 7 233 899,33 0,00 7 233 899,33 213 636,93
E AD 15/05/2015 574 445,23 59 814,98 120 meses 597 260,34 0,00 597 260,34 9 751,16
P AD 15/05/2015 327 170,42 34 080,25 120 meses 340 177,69 0,00 340 177,69 5 553,70
J AD 15/05/2015 511 851,52 45 463,96 120 meses 396 822,88 0,00 396 822,88 6 601,19
T AD 15/05/2015 702 021,76 49 004,41 120 meses 574 224,21 0,00 574 224,21 9 574,44
G AD 15/05/2015 502 635,64 51 160,10 120 meses 510 553,96 0,00 510 553,96 8 348,58
H AD 15/05/2015 160 425,92 6 692,18 60 meses 164 147,25 0,00 164 147,25 2 720,97
U AD 27/05/2015 611 063,47 63 652,45 120 meses 635 306,25 0,00 635 306,25 10 371,92
V AD 15/05/2015 193 068,07 18 285,74 60 meses 207 778,48 0,00 207 778,48 3 274,60
X AD 15/05/2015 237 830,30 17 375,11 120 meses 166 164,97 0,00 166 164,97 2 833,59
AB AD 15/05/2015 122 446,55 11 267,75 60 meses 119 235,67 0,00 119 235,67 1 866,15
I AD 15/05/2015 1 140 947,70 84 857,43 120 meses 1 048 954,22 935 118,06 113 836,16 23 136,07
M AD 15/05/2015 142 329,60 14 826,00 60 meses 154 245,31 119 321,83 34 923,48 3 106,33
AC AD 15/05/2015 1 064 687,82 0,00 120 meses 1 002 581,03 896 112,23 106 468,80 23 655,04
Subtotal 6 420 670,20 468 762,69 6 049 950,22 1 950 552,12 4 099 398,10 112 406,98
TOTAL 17 453 337,62 1 187 678,27 13 283 849,55 1 950 552,12 11 333 297,43 326 043,91
Acresce referir que, dos vários acordos contratualizados em 2015, a maioria foi liquidada em 2016
ao abrigo de contrato de empréstimo para saneamento financeiro, apresentando, ainda, 3 desses
acordos, valores em dívida no final do exercício em análise, no montante de € 1.950.552,12.
“O artigo 16º da Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, na nova redação que lhe foi dada pela Lei nº 22/2015, de 17 de
28
março, conjugado com o disposto no Decreto-Lei nº 127/2012, de 21 de junho e com o nº 7 do artigo 49º da Lei nº
15
O referido empréstimo foi submetido a fiscalização prévia29, tendo sido visado em sessão diária
de visto de 05 de setembro de 2016.
Questionado o município acerca do atual estado de inventariação e valorização dos seus bens,
vem informar que “(…) à presente data e com exceção de algum bem imóvel que, precisamente
pela sua complexidade e antiguidade, possa ainda gerar o desconhecimento da existência deste e
que por essa razão não se encontre registado e contabilizado a favor deste Município, crê-se ser
possível assegurar que se encontram devidamente registados e inventariados todos os bens (…).
Não obstante ao preteritamente aludido, cumpre igualmente informar que se encontra em curso
o processo de registo notarial (Conservatória do Registo Predial e Autoridade Tributária), para os
casos em que se verifique, e respetiva inventariação das áreas cedidas ao abrigo das Licenças de
Loteamento em cumprimento de disposto no Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, na sua
redação atual. Pelo que estes bens imóveis (áreas de terreno cedidas) não se encontram, à data
de 31 de dezembro de 2017, ainda considerados em inventário.”30
Em sede de contraditório institucional, o atual Presidente da Câmara Municipal vem ainda reiterar
os esforços que tem procurado reunir no sentido de garantir uma imagem fidedigna da posição
patrimonial da autarquia, para que se possa registar uma melhoria nessa matéria.
No que respeita à contabilidade de custos, o Presidente do Município informa “(…) que o processo
já se encontra implementado, no Município de Paredes, havendo pequenos ajustamentos de
melhoria que se têm verificado ao longo tempo.”31
Uma vez que se tratam de elevados prazos de pagamento, deverá o município ser alertado no
sentido de reverter a situação, de modo a evitar o pagamento de juros de mora, bem como a dar
cumprimento ao disposto no artigo 299.º do Código dos Contratos Púbicos (CCP), aprovado pelo
73/2013, de 3 de setembro, veio permitir aos municípios a celebração de acordos de pagamentos com os seus credores
(…).” (cf. Ponto 3 do ofício resposta nº 12375/2016, entrado neste Tribunal em 22/08– Anexo M do Relato.
29 Anexo M do Relato
30 Consta do ponto 3, alínea a) do ofício resposta – Anexo G do Relato
31 Consta do ponto 3. alínea b) do ofício resposta – Anexo G do Relato
32 Anexo N do Relato – Mapas da DGAL e resposta constante do ponto 3 alínea d) do Anexo G
16
Decreto-Lei nº 18/2008, de 29 de janeiro, na redação dada pelo Decreto Lei n.º 214-G/2015, de 02
de outubro, e no n.º 3 do artigo 5.º do Decreto Lei n.º 62/2013, 10 de maio33.
Sobre esta questão, em sede de contraditório institucional, vem o Município realçar “(…) não só
o esforço de não registar qualquer aumento como também de possibilitar a redução dos
pagamentos em atraso do Município. (…) Estes bons resultados só foram possíveis graças a uma
gestão rigorosa que envolveu todos os responsáveis e colaboradores da Autarquia”.
De acordo com o já referido no ponto 3 deste Relatório, foram citados, através de Despacho
Superior de 03 de junho de 2019, todos os responsáveis da Câmara Municipal que
desempenharam funções no exercício de 2016, bem como o Município de Paredes, na pessoa do
atual Presidente (PCM).
Em qualquer das respostas obtidas não foi contrariado nenhum dos factos apresentados no relato,
sendo que, no entanto, as justificações que foram apresentadas pelo PCM e pelos responsáveis
foram tidas por relevantes, relativamente aos pontos que deram origem a recomendações e a
eventual infração financeira, tendo sido levadas em consideração no presente Relatório.
Conforme mencionado, em sede de contraditório institucional, o PCM refere ainda que serão tidas
em boa conta as recomendações propostas.
33 Transpõe
a Diretiva n.º 2011/7/EU, do Parlamento Europeu e do Conselho, que estabelece medidas contra os atrasos
de pagamentos nas transações comerciais.
17
8 – CONCLUSÃO
Apesar das situações descritas no presente Relatório, que deram origem a casos de
desconformidade e irregularidade com as normas e princípios financeiros em vigor, bem como as
que configuraram irregularidades de caráter técnico e administrativo, a conta reúne as condições
para ser homologada, propondo-se a homologação com recomendações tendentes a suprir ou
corrigir as situações detetadas.
Nos termos previstos no n.° 9, do artigo 65° da LOPTC, mais se adianta que as recomendações
formuladas no Relatório VIC n.° 37/201534 versam sobre as matérias retratadas neste Relatório,
tendo sido comunicado pelo PCM que foram realizados procedimentos com vista ao seu
cumprimento. Não houve até esta data qualquer censura, por parte deste Tribunal ou de outro
órgão de controlo interno, aos responsáveis identificados no ponto 3 deste Relatório, de que
tenhamos conhecimento.
Do Projeto de Relatório de Verificação Interna de Contas foi dada vista ao Ministério Público neste
Tribunal, nos termos do disposto no n.º 5, do artigo 29º e do n.º 1, do artigo 57º da LOPTC e do
artigo 136º do Regulamento do TC, tendo a Excelentíssima Senhora Procuradora-Geral Adjunta
emitido o Parecer do Ministério Público n.º 21/2020, de 24 de fevereiro, concluindo que:
2. O exame da conta foi feito tendo presente o n.º 2 do artigo 53.º da LOPTC e ainda o
disposto na Resolução 06/03 – 2ª Secção, de 18 de dezembro.
18
10 - EMOLUMENTOS
Nos termos do artigo 9º, do Decreto-Lei n.º 66/96, de 31 de maio, com a redação dada pelo artigo
n.º 1, da Lei n.º 139/99, de 28 de agosto, os emolumentos calculados relativos à gerência em
análise são:
Gerência Montante €
2016 17.164,00
19
11 – DECISÃO
Os Juízes da 2.ª Secção, em Subsecção, face ao que antecede e nos termos da alínea b), do
n.º 2, do artigo 78.º da LOPTC, conjugado com o disposto nos n.os 3 e 4, da Resolução n.º 06/03 –
2.ª Secção, deliberam:
III. Ordenar:
IV. Após notificação nos termos do n. os 1 e 3 do ponto III, se proceda à respetiva divulgação
via internet, excluindo os anexos, conforme previsto no n.º 4, do art.º 9, da LOPTC;
20
Tribunal de Contas, em 12 de março de 2020
A Juíza Relatora,
Os Juízes Adjuntos,
21
FICHA TÉCNICA
Nome Categoria
Coordenação Geral
Helena Cruz Fernandes Auditora-Coordenadora
Coordenação
Isabel Maria de Fátima Relvas Cacheira Auditora-Chefe
Técnico
Ana Maria Antunes Ramalheira Neto Técnica Verificadora Superior de 2ª Classe
Margarida Santos Jurista
CONSTITUIÇÃO DO PROCESSO
Volume Descrição
22