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A. OBJECTIVOS
- Dotar os estudantes de conhecimentos aprofundados e actualizados, quer ao nível teórico, quer ao nível prático na área de
Finanças Empresariais / Gestão Financeira.
- Fornecer os conceitos e as técnicas que viabilizam a análise à situação económica e financeira da empresa.
- Sensibilizar os alunos para a necessidade de uma permanente alerta para os problemas financeiros das empresas.
- Analisar as metodologias, instrumentos e técnicas de decisão relevantes para a definição de políticas financeiras de médio e
longo prazos e para a gestão de tesouraria.
- Compreender a problemática do planeamento financeiro.
B. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
1. Introdução
(Os objectivos essenciais e os limites da função financeira da empresa. Evolução da função financeira. A
função financeira e a contabilidade. A função financeira e a informação económica relevante)
2.2 – Técnicas e instrumentos de análise (Utilização de rácios e outras técnicas e instrumentos de análise)
a) Análise da rendibilidade e crescimento da empresa
b) Análise da Solvabilidade
c) Análise da liquidez
d) Análise do risco
A. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Por exemplo, nem sempre os interesses dos accionistas coincidem com os interesses
das entidades financeiras. Esse seria o caso quando os accionistas deliberassem a
distribuição de elevados dividendos que reduzisse o património disponível para
garantir o pagamento dos créditos dos bancos (ou fornecedores).
Por outro lado, certas actuações dos gestores podem não ser do interesse dos
accionistas por reduzirem a riqueza destes, como seja a realização de aquisições de
empresas a preços sobrevalorizados. Isto porque geralmente se verifica que os
gestores de empresas de maior dimensão tendem a auferir de remunerações mais
elevadas.
A técnica mais utilizada pela análise financeira é a que recorre aos rácios, um
instrumento de apoio para sintetizar uma enorme quantidade de informação, e
comparar o desempenho económico-financeiro das empresas ao longo do tempo.
Constituem assim uma base da análise financeira, mas não dão respostas. Essas
encontrar-se-ão nos aspetos qualitativos da gestão.
Função Financeira
Cabe à gestão, na sua função de direção, coordenar toda a actividade e garantir que
essa corrente de fluxos seja equilibrada e que a empresa seja rentável. A rendibilidade
exprime a capacidade de gerar lucros que na perspetiva financeira corresponde à
aptidão de gerar um excedente positivo nos fluxos financeiros.
Balanço
O Balanço é um documento que retrata a situação patrimonial de uma empresa, numa
determinada data, sendo composto pelo Ativo, Passivo e pelo Capital Próprio. É um
mapa que retrata as origens dos recursos financeiros disponíveis ou o financiamento e
as respetivas aplicações de fundos, ou os investimentos. No Balanço é evidenciado o
princípio básico da contabilidade, segundo o qual o Ativo tem que ser financiada pelo
Capital Próprio ou por Capitais Alheios. (Ativo = Passivo + Capital Próprio). O Balanço é
visto numa Perspetiva Patrimonial, quando evidencia a situação patrimonial (bens,
direitos e obrigações) de uma empresa num dado momento, incluindo o património
líquido, ou numa Perspetiva Financeira, quando evidencia a situação financeira
retratando o conjunto de aplicações de capital e o conjunto de origens ou fontes de
financiamento, numa perspetiva estática.
2 - Método Indireto onde os fluxos das atividades operacionais são apurados à partir
do componente do cash flow de exploração. O fluxo líquido de caixa das atividades
operacionais é calculado a partir do resultado líquido do exercício, ajustado às
variações ocorridas nas rubricas não relacionadas com caixa.
À análise financeira competirá, por sua vez, a colheita de informações e o seu estudo
de forma a se obter um julgamento seguro sobre a situação financeira da empresa.
Poderá utilizar as fontes genéricas de informação designadamente as demonstrações
financeiras (DF) obrigatórias face à legislação, bases de dados públicas ou privadas,
Como todas as empresas atuam num dado contexto setorial, também se pode verificar
se esta se encontra dentro dos parâmetros médios do setor e qual o grau de
cumprimento dos objetivos traçados.
Os dados de outras empresas estão disponíveis por diversos meios, podendo-se obter
informação agregada e tratada por várias entidades, designadamente o Banco de
Nacional de Angola (BNA) e o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Colheita de dados
Para que o resultado da análise seja útil deverá conter apenas a informação necessária
e suficiente, ser apresentada de uma forma estruturada, normalizada e utilizar a
representação gráfica para os indicadores I variáveis chave para a tomada da decisão.
Conceitos
Ativo Fixo: Corresponde aos ativos com permanência prevista na empresa superior a
um ano. Compreende os Ativos Fixos Tangíveis e Intangíveis, investimentos
financeiros, dívidas de terceiros a médio e longo prazo, adiantamentos a fornecedores
de imobilizado.
Tesouraria ativa: Respeita aos ativos líquidos e quase líquidos. Inclui depósitos
bancários, caixa e títulos negociáveis.
Capital alheio estável: Aqui se inclui todas as dívidas de médio e longo prazo, como
por exemplo, os empréstimos por obrigações, por títulos participativos, bancários, etc.
Recursos Cíclicos: Compreendem as contas relacionadas com operações do ciclo de
exploração, que implicam criação de recursos financeiros e que são: Adiantamentos de
clientes, Fornecedores, Estado e outros entes públicos (financiamento fornecido pelo
Estado resultante dos prazos de pagamento de impostos), Outros credores de
exploração.
S
Análise comparada e
das DF t
o
r
d
e
a
t
i
v
i
d
a
d
e
ou
empresas
concorrentes
I
Indicadores
Análise de rubricas
das demonstrações
financeiras
Fonte: Fernandes et ai. (2013), Relato financeiro: interpretação e análise, Vida Económica
Exemplo:
Variação
20x3 20x2 20x1
Balanço
20x3/20x2 20x2/20x1
Valor % Valor % Valor %
Ativo
Ativo não corrente
(500.000-450.000) / (450.000– 300.000)
450.000 = 0,11 / 300.000 = 0,50
Ativo fixo tangível 500.000 50 450.000 56 300.000 50
(40.000-50.000)
(50.000 – 50.000) = 0
Ativo intangível 40.000 4 50.000 6 50.000 8 /50.000 = - 0,20
---
Ativo corrente
(120.000-100.000) (100.000-80.000)
Inventários 120.000 12 100.000 13 80.000 13 /100.000= 0,20 /80.000= 25
(45.000-30.000) / (30.000-40.000) /
Clientes 45.000 4,5 30.000 4 40.000 7
30.000= 0,50 40.000= -0,25
---
(1.000.000-800.000) (800.000-600.000)
Total ativo 1.000.000 100 800.000 100 600.000 100
/800.000= 0.25 /600.000 = 0,33
----
A análise financeira tem por objetivo determinar até que ponto os meios financeiros
utilizados permitem salvaguardar a sua estabilidade e fazer face aos compromissos
que se forem vencendo.
Por forma a que o analista possa realizar um juízo sobre a situação económico
financeira de uma empresa, torna-se necessário recorrer a um conjunto de
indicadores. Embora estes possam assumir diversas formas, os mais populares são sem
dúvida aqueles que assumem a forma de rácios. Um rácio mais não é do que o
quociente entre duas grandezas geralmente extraídas diretamente da informação
contabilística de uma empresa.
Contudo, convém referenciar que o uso dos rácios na análise financeira tem algumas
limitações. Os rácios ajudam os gestores a conhecer a realidade económica e
financeira, mas não fornecem respostas, ou seja, não são vistos como instrumentos de
decisão. Não permitem fazer comparações entre empresas inseridas em conjunturas
económicas diferentes e com práticas contabilísticas diferentes e não levam em
consideração os aspetos qualitativos. Os rácios não podem ser utilizados de forma
isolada, mas sim conjugadas com outras informações recolhidas. Por se tratar de um
número obtido por um quociente pode levar a conclusões distorcidas se,
eventualmente, uma das grandezas ou ambas estiverem erradas.
Desta forma, além de se fazer uma análise relativa baseada nos rácios e indicadores,
também, é necessário analisar os números em termos absolutos, evitando assim
chegar a conclusões completamente erradas.
O estudo da rendibilidade só adquire seu verdadeiro sentido, quando for feita uma
análise dinâmica analisando não só os fatores que num dado momento condicionaram
esta rendibilidade, mas também sua evolução ao longo dos anos. Feita uma análise
A rendibilidade e o risco são dois aspetos fundamentais a levar em conta numa análise
económica e financeira. A rendibilidade refere à taxa de rendimento que se espera dos
investimentos feitos num determinado período de tempo. É obtida pela relação entre
o resultado obtido e o valor do investimento feito. Nem sempre as previsões feitas, em
relação ao retorno esperado são atingidas. Assim, surge os conceitos de risco e
incerteza. Falamos de risco quando estamos perante uma situação em que é possível
estimar, de forma objetiva, as probabilidades de um acontecimento. Existe incerteza
quando não é possível fazer estimativas recorrendo-se, então, às probabilidades.2 Esta
incerteza é condicionada por uma série de fatores que, podem ou não, ser controlados
pela empresa. Quanto maior for a incerteza, maior será o risco do investimento.
Existem duas versões fundamentais quanto à rentabilidade das vendas (ou produção).
A mais vulgarizada é aquela que compara os resultados líquidos com o valor das
vendas ou produção referentes ao mesmo período:
b) Análise da Solvabilidade
Para que uma empresa tenha solvabilidade é preciso que seja capaz de fazer face aos
seus compromissos. Em princípio, a empresa será capaz de solver os seus
compromissos desde que o seu capital próprio seja igual ou superior ao seu passivo.
c) Análise da liquidez
Um ativo de alta liquidez, portanto, é aquele que pode ser vendido rapidamente sem
perda significativa de valor. Um ativo ilíquido é aquele que não pode ser convertido
em caixa rapidamente, sem que haja redução substancial do preço. Normalmente, os
ativos são apresentados no balanço em ordem decrescente de liquidez, significando
que os mais líquidos vêm no final. O ativo circulante é relativamente líquido, e inclui
caixa e outros ativos que serão convertidos em caixa nos próximos 12 meses. Contas a
receber, por exemplo, representam o montante de vendas já realizadas e não
recebidas ainda de clientes. Naturalmente, espera-se que sejam convertidas em caixa
no futuro próximo. Existências talvez sejam os menos líquidos dos ativos circulantes,
pelo menos para a maior parte das empresas.
Um ativo é tanto mais líquido quanto mais fácil for transformá-lo em dinheiro vivo, ou
seja, a liquidez pode ser entendida como a medida de interesse que o mercado tem
em negociar esse ativo. Ela pode variar conforme o tipo de investimento feito pela
empresa, as suas perspetivas de lucro e as conjunturas econômicas nacional e
internacional.
Muitos bancos centrais já afirmaram que a questão do crédito não é de liquidez, mas
sim de solvência. O motivo é que o crédito não é norteado pela oferta de moeda, e sim
pela possibilidade de maximizar os lucros mediante cortes de empréstimos e estímulos
ao endividamento por meio da oligopolização do setor bancário.
Risco de Liquidez
Trata-se da possibilidade de ocorrência de um descasamento entre os fluxos de
pagamento e de recebimento, gerando, desse modo, uma incapacidade para cumprir
os compromissos assumidos. Ou seja, em tal situação, as reservas e disponibilidades de
uma instituição tornam-se insuficientes para honrar as suas obrigações no momento
em que ocorrem.
Indicadores de Liquidez
Liquidez Geral > 1 significa que a empresa possui ativos suficientes para honrar com
todos os seus compromissos de curto prazo, obtendo ainda um excedente.
Liquidez Geral = 1 significa que a empresa possui ativos suficientes para honrar com
todos os seus compromissos de curto prazo.
Liquidez Geral < 1 significa que a empresa não consegue ou não tem capacidade
suficientes para honrar com todos os seus compromissos de curto prazo.
Para este indicador, não existe um valor estabelecido como acontece com a liquidez
geral, embora para efeitos de análise da liquidez consideram-se como níveis aceitáveis
para o mesmo entre 40% a 60%.
Para análise deste rácio, internacionalmente está definido um limite mínimo de 20%
para o mesmo, sendo que abaixo deste considera-se que a empresa apresenta
problemas de liquidez. Contrariamente, quando for muito elevado, considera-se que a
empresa não está a saber maximizar ou rentabilizar os seus recursos.
d) Análise do Risco
A popularidade deste indicador é tal que o leva a ser um dos indicadores mais
utilizados pelas instituições financeiras na apreciação do risco de crédito de um cliente.
Para além destes, os rácios de actividade incluem igualmente indicadores que tentam
analisar a produtividade da utilização dos ativos em geral ou de outros fatores
específicos, como será o caso da chamada rotação do ativo, vendas por trabalhador,
cash-flow por trabalhador, etc. Cingir-nos-emos aqui apenas a alguns dos indicadores
mais utilizados.
Salientamos que a observação dos valores destes indicadores deverá ser relativizada
dentro do contexto de um determinado sector.
Rotação do Ativo (RAC), dá-nos uma ideia da produtividade dos ativos em termos de
geração de vendas:
RAC = Vendas / Ativo Total Líquido
Para que essa conclusão seja válida, importa salientar que pelo menos duas condições
têm que ser encontradas:
• Que o saldo de créditos sobre clientes utilizado seja significativo;
• Que as vendas não sejam irregulares.
O fluxo utilizado no denominador por diversos analistas inclui, em vez das Compras, o
custo das existências vendidas e matérias consumidas (CEVMC). No entanto, poderá
ser mais correta a utilização das compras.
Prazo Médio de Rotação das Existências (PME), assume uma interpretação
semelhante à dos tempos médios anteriores (e com limitações parecidas). O saldo
incluído no numerador da expressão será agora, naturalmente, o das existências
(devendo ser, de preferência, e pelos motivos anteriores, um saldo médio). Quanto ao
denominador, o seu valor dependerá em princípio da natureza da sociedade em
questão.
PME = (Existências/CEVMC)*365
Embora também por vezes se utilize o valor das Compras (fluxo de entrada) em
denominador, será de salientar que será mais correta a solução de utilizar uma
grandeza que corresponda a um fluxo de saída. De facto, o que se pretende medir é o
número médio de dias de vendas de mercadorias e produtos que se encontram
imobilizados em stock. E como os stocks de existências são em princípio valorizados a
Podemos ainda definir o fundo de maneio próprio como os capitais próprios deduzidos
do ativo imobilizado líquido. Outra forma de calcular o fundo de maneio próprio é
como a diferença entre o fundo de maneio líquido e os débitos de médio e longo
prazo.
Em termos gerais, o que a regra de ouro da gestão financeira nos diz é que "os capitais
utilizados pela empresa no financiamento dos seus ativos devem ter uma maturidade
(período em que estão ao dispor) igual ou superior à vida económica destes". Em
termos numéricos, esta regra implica que o ativo imobilizado deve ser igual aos
capitais permanentes ou que o ativo circulante deve ser igual aos débitos de curto
prazo.
Normalmente as empresas têm as suas necessidades, e como tal obtêm recursos para
satisfazer as respetivas necessidades. Durante o ciclo de exploração a empresa usa
meios no sentido de obter recursos que financiam.
Uma Tesouraria cujo valor é bastante positivo, poderá ser sinónimo de existência de
demasiado capital ocioso, ou seja, recursos financeiros disponíveis e não aplicados de
forma eficiente, perdendo-se, assim, oportunidades de capitalização que poderão ser
significativas.
Por oposição, uma Tesouraria cujo valor apresenta sinal negativo, é sinónimo de
preocupação, pois a empresa poderá correr risco de crédito.
Sendo que:
Ativo = Passivo + Situação Líquida:
Ativo Corrente + Ativo Fixo Líquido = Passivo Corrente + Capital Permanente
Ativo Corrente – Passivo Corrente = Capital Permanente - Ativo Fixo Líquido
De referir ainda, que o FM tem uma natureza estática e não leva em conta o princípio
de continuidade dos exercícios, segundo o qual uma empresa opera continuamente,
com duração ilimitada. Como forma de aumentar o FM, a empresa poderá recorrer ao
aumento do Capital Permanente ou redução do Ativo Fixo.
A tesouraria ativa diz respeito aos ativos correntes que não sejam considerados cíclicos
ou com carácter de permanência, resultantes das decisões de carácter financeiro e
estratégicos que sejam alheios à exploração. A tesouraria passiva refere aos passivos
correntes relacionados com as decisões de financiamentos.
Para Brealey, Myers e Allen (2013), no âmbito da gestão financeira de curto prazo as
decisões sobre os ativos correntes são interdependentes, não se podendo gerir
isoladamente cada componente do ativo corrente de uma empresa, sem ter em
consideração uma outra componente. Por exemplo, a decisão de oferecer a clientes
mais tempo para pagar as suas compras reduz o saldo futuro de tesouraria, bem como a
adoção do sistema just in time para a encomenda de produtos permite libertar capital,
pois opera-se com um nível menor de existências.
Ainda segundo Brealey et al. (2013, p.679) «As decisões financeiras de curto prazo
diferem das decisões de longo prazo, como a compra de fábricas e equipamentos ou a
escolha da estrutura do capital, de duas maneiras. Primeiro geralmente envolvem
ativos e passivos de curta duração e, segundo, podem ser facilmente revertidas». Para
os autores, um gestor financeiro responsável por decisões financeiras de curto prazo
não necessita de antever o futuro longínquo, na medida em que a decisão de contrair
um empréstimo bancário a 60 dias, poderá ser avaliada corretamente apenas pelas
previsões de tesouraria dos meses imediatos. Nesta linha de raciocínio, os autores
concluem que de certa forma as decisões de curto prazo são mais fáceis, mas não
menos importantes do que as decisões financeiras de longo prazo, pois uma empresa
pode encontrar oportunidades de investimento bastante vantajosos, encontrar o rácio
Para Barros e Barros (1998), as decisões tomadas pelo gestor financeiro devem
ponderar sempre a rendibilidade com a solvabilidade e o risco, não existindo decisões
isoladas que permitem atingir um único objetivo sem que apareçam desvantagens
noutros objetivos. Na verdade, as decisões financeiras com vista a obter uma maior
rendibilidade estão associadas a um maior risco, da mesma forma que as decisões
financeiras tendentes a minimizar o risco geralmente apresentam uma menor
rendibilidade.
Desde que Smith (1980) sugeriu que a gestão do FM é importante devido ao seu efeito
no risco, na rendibilidade e consequentemente no valor das empresas, a literatura
sobre o FM vem desenvolvendo através de contribuições empíricas. Em particular,
alguns estudos mais recentes se têm centrado sobre a forma como o investimento em
FM afeta o desempenho das empresas (Aktas, Croci & Petmezas, 2014; Baños-
Caballero, García-Teruel, & Martínez-Solano, 2013b; Deloof, 2003; Hill, Kelly, &
Hihgfield, 2009; Huson & Nanda, 1995; Mota, 2013; Pais, 2014; Santos, Ferreira & Faria,
2009; Shin & Soenen, 1998; Wang, Chen & Song, 2014; Weinraub & Visscher, 2011;
Ferreira de Sá, 2012; entre outros).
Gestão dos débitos a curto prazo, engloba a gestão das relações das relações
financeira com os fornecedores e restantes credores (como Estado) assim como a
cobertura dos deficits temporários de tesouraria (ex.: conta corrente caucionada).
A função do tesoureiro
O Tesoureiro é o profissional responsável por efetuar todos os lançamentos e baixas
referentes a recebimentos com cartões de crédito e débito no sistema integrado de
gestão.
O autor reconhece na sua obra duas políticas de gestão financeira de curto prazo
distintas. As políticas conservadoras (flexíveis) caraterizadas por uma maior propensão
à concessão de créditos a clientes, maior investimento em existências, manutenção de
Uma empresa poderá adotar uma política agressiva na gestão do seu FM, mantendo
um baixo nível de ativos correntes no total de ativos, ou também (para as decisões de
financiamento) mantendo um nível elevado de passivos correntes no total de passivos
da empresa. Níveis excessivos de ativos correntes podem ter um efeito negativo na
rendibilidade, porém um nível baixo de ativos correntes pode levar a um défice de
liquidez, resultando em dificuldades em manter um bom funcionamento operacional
(Van horne & Wachowicz, 2008).
Aktas, Croci, e Petmezas (2014) por sua vez, examinaram o valor do efeito da gestão
do FM para uma grande amostra de empresas dos EUA entre 1982-2011.
Diferentemente de outros estudos, os autores descartaram a possibilidade de que os
resultados são impulsionados pelo aumento dos riscos decorrentes da adoção de
políticas de gestão de FM agressivas. Admitem que para as empresas com FM
excessivamente negativo, a relação entre o FM e o risco de empresa é negativa, e
consistente com os resultados de desempenho (ou seja, o investimento adicional no
FM está associado a um menor risco, um maior nível de inventário e um desempenho
No geral, vários fatores tanto internos como externos influenciam as decisões dos
gestores das empresas quanto à questão da política de gestão dos ativos e passivos
correntes a adotar, ou seja, quanto ao nível apropriado destes.
Hill, Kelly e Highfield (2009) buscam entender no seu estudo os fatores que
influenciam a política de gestão do FM adotada pelas empresas. Os resultados
indicaram que o aumento da volatilidade das vendas e da probabilidade de
dificuldades financeiras leva as empresas a adotarem políticas mais agressivas na
gestão do FM. Além disso os resultados também indicaram que a política do FM é
influenciada pela capacidade financeira, dado que empresas com fraca capacidade
interna de financiamento, com acesso limitado a mercados de capitais e com maiores
custos de financiamento externo usam geralmente políticas mais agressivas na gestão
do fundo maneio. Deste modo, observa-se que mais do que uma opção, muitas vezes a
adoção de políticas agressivas resulta das limitações financeiras das empresas. A
concluir os autores ressalvaram a importância da inclusão das condições operacionais
e de financiamento no processo de tomada de decisão sobre a política a adotar, que
muitas vezes é ofuscada pelas práticas do setor em que a empresa se insere.
Numa perspetiva de curto prazo, espera-se que o gestor financeiro elabore um plano
financeiro que permita a empresa atingir os objetivos de produção e vendas, minimizar
os custos financeiros e assegurar a liquidez. Se tomarmos em conta o médio e longo
prazo como uma sequência de curto prazo, o gestor financeiro preocupa-se no curto
prazo com a liquidez e no médio e longo prazo com a solvabilidade e a rendibilidade.
Menezes (2008) considera que a curto prazo o objetivo financeiro fundamental traduz-
se geralmente na elevação da tesouraria global com a dupla preocupação de
preservação de um razoável equilíbrio entre a redução do custo do capital e a
minimização do risco financeiro. O alcance deste objetivo preconiza a previsão e o
controlo sistemático dos fluxos financeiros de exploração e extraexploração, o qual
pressupõe uma primeira configuração das políticas financeiras de curto prazo internas,
para melhor prever os fluxos financeiros, nomeadamente os pagamentos e
recebimentos de exploração.
Enqvist, Graham e Nikkinen (2014) examinaram o papel dos ciclos de negócios sobre a
relação FM/rendibilidade, trabalhando com uma amostra de empresas finlandesas
cotadas ao longo de um período de 18 anos. Utilizaram o ciclo de conversão de caixa
(CCC) como medida do FM e, como medida de rendibilidade, utilizaram a rendibilidade
operacional dos ativos (ROA) e os resultados operacionais brutos. A análise da
correlação indicou uma relação negativa e estatisticamente significativa entre o CCC e
a ROA e entre CCC e os resultados operacionais brutos, indicando que as empresas
podem melhorar as suas rendibilidades apostando numa maior eficiência na gestão do
FM, ou seja, diminuindo o CCC. A partir daí os autores sugeriram que o investimento
em processos de FM e a incorporação de práticas que melhorem a eficiência da gestão
do FM em rotinas diárias são essenciais para a rendibilidade das empresas, devendo
ser incluídas no processo de planeamento financeiro.
Nesta linha Howorth e Westhead (2003) no seu estudo sobre as rotinas de gestão de
FM de uma grande amostra aleatória de pequenas empresas no Reino Unido
detetaram uma variabilidade considerável na adoção de rotinas de gestão de FM,
documentando que devido aos limitados recursos detidos pelas pequenas empresas,
estas normalmente escolhem uma área da gestão de FM para concentrarem os seus
esforços, tentando melhorar a sua performance. Os resultados indicaram que o
retorno marginal que os gestores entendem como sendo atingíveis pelo investimento
em gestão do FM, exerce uma grande influência sobre a extensão e o foco da mesma.
Para Brealey et al. (2013) o problema do gestor financeiro está em prever as origens e
as aplicações futuras de disponibilidades, sendo que estas previsões têm a finalidade
de oferecer ao gestor financeiro um padrão ou um orçamento para avaliar o
desempenho subsequente e alertar o gestor para as necessidades de fluxos de
tesouraria futuros, pois o dinheiro tem o hábito de «desaparecer» rapidamente. Nesta
linha, salienta-se que apesar de nem sempre as previsões serem cumpridas, a
execução de um adequado planeamento financeiro reduz as possibilidades de se
enfrentar apertos financeiros, como a falta de liquidez para o financiamento da
atividade da empresa ou para o pagamento das contas que se vão vencendo. Deste
modo, o planeamento financeiro de curto prazo assume-se como uma ferramenta
essencial para a estratégia de qualquer empresa, pois sem planear os primeiros passos,
torna-se mais difícil traçar um plano correto para o longo prazo.
A gestão financeira de curto prazo deve ser traduzida num documento fundamental, o
orçamento de tesouraria, que demonstra o funcionamento global da empresa em
termos de recebimentos e pagamentos previsionais. Tomadas de decisão com maior
assertividade, assim como a procura por melhores soluções, tornar-se-ão possíveis
através de um conhecimento prévio dos fluxos financeiros prováveis, visando a
maximização da tesouraria global ao menor custo e sem originar desequilíbrios
conjunturais ou estruturais de tesouraria. O gestor financeiro tem de assumir as
decisões no que toca à previsão das origens e das aplicações futuras de
disponibilidades.
Existem vários fatores que influenciam a seleção das fontes de financiamento de curto
prazo. Segundo Shim e Siegel (2007), estes fatores são o custo, o efeito do crédito, o
risco, a flexibilidade, as condições de mercado expectáveis, a taxa de inflação, a
liquidez e a estabilidade das operações da empresa. Como tal, e de modo a selecionar
a vertente mais correta para si, uma empresa terá de comparar as alternativas no que
toca ao seu custo, à sua exigibilidade e às suas garantias. O custo destaca-se como o
critério mais decisivo, nomeadamente as taxas de juro, que são de obrigatória
negociação por parte da empresa, as comissões e o imposto de selo. No processo de
seleção da fonte de financiamento a seguir, existem ainda outros fatores importantes
a levar em conta no momento da decisão como o privilégio dado às alternativas que
oferecem maior estabilidade temporal devido a uma maior facilidade na respetiva
renovação dos financiamentos, a procura por uma maior flexibilidade na configuração
de operações e a opção por diferentes entidades bancária de forma a assegurar uma
independência negocial. Estas situações devem ser confrontadas entre si, com o
objetivo de evitar que as suas garantias não afetem a capacidade de endividamento
futuro da empresa e dos seus acionistas.
➢ Papel comercial
• O papal comercial equivale aos valores mobiliários ou títulos da dívida de
curto prazo que uma empresa emite. Esta fonte constitui uma forma das
empresas possuírem um acesso mais direto aos fundos dos investidores,
evitando os custos da intermediação bancária. Apesar disso, as entidades
bancárias são úteis no processo devido ao facto de colocarem os títulos
junto dos investidores na tomada firme da operação pois adquirem na
íntegra os valores mobiliários que os investidores não comprarem (Ferreira,
Mota e Nunes, 2004).
Conclui-se assim que, a forma mais válida de efetuar uma gestão financeira coerente
para a empresa será através da perceção antecipada de possíveis problemas
financeiros. Interiorizando estas adversidades, as decisões a tomar pelas organizações
no que concerne aos seus modos de financiamento a curto prazo, serão muito mais
conscientes e terão uma influência positiva superior na sua estrutura financeira.
Entende-se por estrutura de capital a forma como uma empresa se financia e a forma
como aplica os capitais, isto é, se se financia através de capitais próprios ou capitais
alheios. e se aplica mais em bens de investimento de maturidades elevadas ou em
bens circulantes de maior liquidez.
Estas conclusões foram alvo de várias críticas e com elas surgiram outras teorias
explicativas da estrutura de capital. Em 1977, o próprio Merton Miller desenvolveu a
Teoria Trade Off que assentava na existência de uma estrutura ótima de capital através
de um modelo que introduzia o impacto da fiscalidade associada ao financiamento
para empresas e investidores. O ponto de equilíbrio da estrutura ótima de capital seria
Surgiram depois diversas outras teorias que procuravam identificar a estrutura ótima
de capital, entre as quais: (i) a teoria dos custos de falência, (ii) a teoria da agência, (iv)
e a teoria da informação assimétrica.
Sendo assim, a estrutura de capital tem sido um tema alvo de vários estudos ao longo
dos anos, tendo sido criadas várias teorias que visam explicar quais os fatores e de que
forma os mesmos influenciam as decisões de estrutura de capital, conforme
mencionado anteriormente. De seguida serão apresentadas de forma mais detalhada
algumas das mais notórias teorias desenvolvidas nos últimos anos.
Os seguidores desta corrente defendem que a empresa deve fazer uso de capital
alheio até atingir um custo de capital mínimo, tendo em conta a solvibilidade da
empresa. Segundo Suárez (1996), citado por Rebelo (2003), Durand foi o
impulsionador dessa abordagem, pois foi o primeiro autor a defender a nível teórico a
abordagem tradicional, no seu estudo em 1952. A abordagem tradicional resulta assim
como um meio-termo entre a abordagem pelo lucro líquido e a abordagem do lucro
operacional líquido do estudo de Durand (1952).
Esta abordagem defende a existência de uma relação positiva entre o nível de capital
alheio na estrutura de capital da empresa e o seu valor. Tendo por base a ideia de que
os custos da utilização de capitais alheios são inferiores aos da utilização de capitais
próprios, o aumento do nível de capital alheio na estrutura de capital da empresa
levará a diminuição dos custos de capital da mesma e consequentemente ao aumento
do seu valor, como consequência do efeito de alavanca financeira originado pela
utilização de capitais alheios. Este efeito verificase sempre que os custos financeiros de
financiamento são inferiores à rentabilidade do investimento da empresa.
Esta abordagem defende uma estrutura de capital composta 100% por capitais alheios
ignorando os riscos associados ao aumento do endividamento.
Esta abordagem contesta a anterior pois defende que não existe uma estrutura de
capital ótima, sendo a estrutura de capital irrelevante pois não altera o valor da
empresa. A diminuição do CMPC que seria obtida pelo aumento do capital alheio será
absorvida pelo aumento proporcional do custo do capital próprio.
Esta abordagem defende a existência de uma estrutura de capital ótima para cada
empresa, que seria a combinação proporcional de capital alheio e capitais próprios de
modo a existir um equilíbrio entre o risco e o retorno da empresa, que minimize o
custo do capital e que maximize o valor da empresa.
Segundo esta abordagem, visto que o custo do capital alheio é menor, a empresa deve
aumentar o nível de capital alheio até ao ponto em que o CMPC atinja um patamar
mínimo, sendo esta a estrutura de capital ótima que conduz à maximização do valor da
empresa.
Brealey e Myers (1992) salientam que segundo essa abordagem, os acionistas das
empresas com um nível de capital alheio moderado tendem a desvalorizar o risco
financeiro, não alterando a rentabilidade exigida. Somente exigirão uma rentabilidade
maior quando esse nível começar a tornar-se excessivo. Como esses estão sujeitos a
um maior risco financeiro do que os credores, decorrente quer da sua posição legal
quer institucional, o aumento excessivo do nível do capital alheio fará com que exijam
uma rentabilidade superior proporcional ao aumento do risco. Tal como salientado por
Rebelo (2003) a rentabilidade exigida pelos acionistas registará uma relação positiva
com o rácio de endividamento.
Por sua vez, o custo do capital alheio manter-se-á constante até um determinado nível
de capital alheio. Contudo a partir de um nível excessivo de capital alheio os credores
irão percecionar um maior risco financeiro e por sua vez também irão exigir
igualmente uma rentabilidade maior proporcional ao aumento do risco.
O CMPC decresce até um ponto ótimo, pois até esse ponto as economias que serão
obtidas pela maior utilização dos capitais alheios serão maiores do que as
deseconomias decorrentes do aumento crescente do custo dos capitais próprios.
Nesse ponto ótimo ocorre a exata compensação, onde o custo do capital próprio anula
a vantagem de aumentar o nível de capital alheio.
Conclui-se que para níveis moderados de capital alheio, o valor da empresa aumenta
com a sua utilização. A maximização do valor da empresa ocorre no ponto ótimo. A
partir desse ponto o aumento do nível de capital alheio afeta negativamente o valor da
empresa.
Martins (1999) e Suárez (1996) citados por Rebelo (2003), referem que a abordagem
tradicional é muito defendida por gestores financeiros mas como essa não é suportada
por nenhum modelo formal não reúne os requisitos para ser considerada uma
verdadeira teoria.
Apesar dessa abordagem já ter sido concedida por Durand (1952) na sua abordagem
do Lucro Operacional Líquido (Net Income Operating Method – NOI Method), os
autores foram os primeiros a descrever o modo, ou seja de que forma se confirma essa
irrelevância.
A empresa pode emitir dois tipos de títulos financeiros: obrigações (dívida sem risco) e
ações (capital próprio);
Após inúmeras criticas ao seu artigo “The Cost of Capital, Corporation Finance and the
Theory of Investment”, de 1958, em 1963, os autores publicam um artigo ”Corporate
Income Taxes and the Cost of Capital: A Correction“ onde abandonam o pressuposto
da inexistência de impostos.
Novo (2009) refere que os autores afirmaram que o principal objetivo deste artigo era
corrigir erro de não terem reconhecido o efeito da fiscalidade no artigo anterior. Os
autores reconhecem que à utilização do capital alheio oferece uma vantagem fiscal
face à utilização de capital próprio, pois os juros pagos pela utilização de capital alheio
poderão ser deduzidos na carga fiscal da empresa, ao contrário dos dividendos pagos
pela utilização dos capitais próprios. Dessa forma consideram que as vantagens de
utilizar os capitais alheios são maiores do que as tinham sugerido no artigo anterior.
Após apresentarem estes argumentos e mantendo os restantes pressupostos
estabelecidos no artigo de 1958, os autores incentivam as empresas a fazerem maior
uso do capital alheio, sugerindo que a estrutura de capital ótima será aquela que for
composta por 100% de capital alheio.
Contudo, os autores alertam que, apesar dos benefícios fiscais obtidos com a utilização
de capital alheio, as empresas não devem recorrer ao capital alheio à 100%. As
empresas devem estipular limites de endividamento de modo a preservar um certo
grau de flexibilidade, pois o excesso da utilização de capital alheio pode aumentar a
possibilidade de falência se os fluxos gerados internamente não forem suficientes para
cobrir as despesas.
Esta teoria aparece como consequência do artigo de Modgliani e Miller (1963). Como
referido anteriormente, os autores publicaram este artigo pois aperceberam-se de que
a consideração do efeito da fiscalidade levaria a conclusões diferentes das obtidas do
artigo de 1958.
Esta teoria assenta assim no efeito da fiscalidade sobre a estrutura de capital. Defende
que o impacto que a fiscalidade exerce sobre a estrutura de capital se deve à diferença
de tratamento fiscal entre os custos suportados com a utilização de capitais próprios e
os capitais alheios. Os custos suportados com a utilização de capitais alheios, sob a
forma de juros, sendo dedutíveis fiscalmente, possibilitam uma redução na carga fiscal
da empresa, por sua vez, os custos suportados com a utilização dos capitais próprios,
sob a forma de dividendos, não o possibilitam. Esta situação fará com que o imposto
sobre o rendimento das empresas seja um estímulo ao endividamento, pois o
financiamento através do endividamento possibilita às empresas reduzirem a sua
carga fiscal.
Essa situação fará com que o benefício marginal da utilização de capital alheio torne-se
decrescente.
Neste contexto, os autores preveem a existência de uma relação negativa entre outros
benéficos fiscais não resultantes da divida e o imposto sobre o rendimento com o
endividamento. Em suma a teoria defende a existência de uma estrutura de capital
ótima resultante da ponderação entre os prós e contra da utilização de capitais
alheios.
Segundo Stewart Myers, citado por Gomes (2012) essa abordagem defende a
existência de um rácio ótimo entre Capitais Próprios e Capitais Alheios, obtido através
de um “trade off” entre os custos e benefícios da utilização de capitais alheios. O autor
refere os benefícios fiscais dos capitais alheios como um dos benefícios da utilização
de capitais alheios e os custos de falência com um dos custos da utilização de capitais
alheios.
De acordo com esta teoria os gestores das empresas devem estimar o nível de capital
alheio que maximize o valor da empresa, onde esse valor será maximizado com a
utilização de capitais alheios.
Contudo o valor da empresa será restringido pelos custos gerados pela utilização de
capitais alheios. Tendo isso em conta será objetivo da empresa atingir o ponto ótimo
Gomes (2012) resume dizendo que a teoria em si defende que se devem comparar os
proveitos e custos inerentes a utilização de capitais alheios, tendo como objetivo a
maximização do valor da empresa.
Segundo Gomes (2012) foi Evan Dudley, no seu artigo “Testing Models of Dynamic
Trade Off Theory”, que identificou a existência de duas abordagens da teoria Trade Off,
a “Static Trade Off Theory” e a “Dynamic Trade Off Theory”.
Segundo Novo (2009) a enorme complexidade das empresas tem despertado um grande
interesse e diferentes atitudes entre os diversos “stakeholders” (gestores, acionistas,
credores). Essa situação tem causado conflitos que podem ser prejudicais ao bom
funcionamento e afetar negativamente o seu valor.
Nos anos setenta aparece um novo modelo que procura investigar a relação entre a estrutura
de capitais e os interesses, por vezes conflituosos, entre os gestores, os acionistas e os
credores, visando diminuir e se possível eliminar os custos que derivam desses conflitos.
Jensen e Meckling (1976) referidos por Correia (2003), são pioneiros nas pesquisas acerca da
relação entre os custos de agência e da estrutura de capitais com o seu trabalho “Theory of
the Firm: Managerial Behavior, Agency Costs and Ownership Structure” . Segundo Novo (2009)
e de acordo com Jensen e Meckling uma relação de agência pode ser definida da seguinte
forma:
“…uma relação de agência pode ser denominada como aquela que envolve um contrato em
que uma ou mais pessoas (o principal), contrata outra (o agente), para desenvolver algum
serviço em seu favor, envolvendo a delegação de algum poder de decisão para o
agente.”(p.32)
Jensen e Meckling (1976) referidos por Pinho (2013) afirmam que existirá razões para que se
acredite que o agente não agirá sempre de acordo com os interesses do principal, o que
Pinho (2013) salienta que esses custos designados por “custos de agência” serão de acordo
com a sua natureza intitulados por “custos de agência do capital próprio” quando se referirem
a custos originados pelos conflitos de interesse entre os gestores e os acionistas e “ custos de
agência do capital alheio” quando se referir a conflitos de interesse entre acionistas e
credores.
Gomes (2012) refere que foi George A. Akertlof (1970) com a publicação do seu artigo “The
Market for Lemons: Quality Uncertainty and the Market Mechanism”, quem introduziu o
conceito de informação assimétrica na literatura económica.
Segundo Novo (2009) Ross (1977) foi um dos primeiros investigadores a relacionar a
informação e as decisões de investimento. O autor sugeriu uma adaptação da abordagem de
Modgliani e Miller de modo a que se possa considerar a estrutura de capital num mundo real
onde, segundo o autor, o mercado não possui toda a informação sobre as atividades da
empresa.
Harris e Raviv, referidos por Gomes (2012), consideram que existe assimetria de informação
quando os gestores das empresas têm em seu poder informações que os investidores não
possuem. Os gestores possuem informações operacionais e sobre características das empresas
que os investidores não possuem, tais como retornos previstos, os riscos envolvidos, as
oportunidades de investimento e as decisões operacionais.
A teoria Pecking Order foi desenvolvida por Ross (1977), Leland e Pyle (1977), Myers (1984) e
Myers e Majluf (1984).
Segundo Silva (2011) os autores defendem que as decisões de financiamento são tomadas de
acordo com uma hierarquia de preferências pelas fontes de financiamento a disposição da
empresa. Esta é estabelecida porque a assimetria de informação existente entre os gestores e
os investidores criam muitos condicionantes ao financiamento externo. Tal como frisado por
Frank e Goyal (2003) referidos por Romão (2013), quando os gestores possuem mais
informação sobre a atividade da empresa do que os potenciais investidores esta situação gera
inconvenientes que penalizarão as empresas financeiramente quando estas procurarem
financiamento.
Silva (2011) acrescenta que quando os investidores externos percecionarem que possuem
menos informação do que os acionistas e os gestores, esta situação pode levá-los a subavaliar
o valor da empresa. Contudo esta situação pode ser evitada pelos gestores ao estabelecer esta
hierarquia das fontes de financiamento. Myers (1984) e Myers e Majluf (1984) referidos por
Romão (2013), confirmam esta situação afirmando que a assimetria de informação ira
determinar esta hierarquia
Segundo Silva (2011), com base nos trabalhos de Donaldson (1961), Myers (1984), Myers e
Majluf (1984), a teoria Pecking Order ordena as fontes de financiamento da seguinte forma:
Em primeiro lugar, as que são mais afetadas pelos custos de informação e oferta e que ao
mesmo tempo possuem menor risco. Sendo estas os fundos gerados internamente.
Em terceiro e último lugar, optam pela fonte de financiamento que possui mais custos de
informação, sendo esta a emissão de capital próprio.
Gomes (2013), com base em Myers (1984) e Brealey e Myers (1998), frisa o seguinte sobre a
hierarquização das fontes de financiamento das empresas;
Tal como defendido pela teoria e referido por Silva (2011), a preferência dos gestores pelo
autofinanciamento irá influenciá-los a reter resultados para financiar investimentos futuros, e
consequentemente essa situação resultará num aumento do ativo da empresa. Por sua vez no
curto prazo, as empresas que possuem ativos líquidos suficientes, não recorrem ao aumento
Novo (2009) conclui no seu trabalho que neste contexto as empresas com elevada capacidade
de gerar fundos registarão um nível baixo de capital alheio. Por outro lado empresas com
reduzida capacidade registarão um nível superior de capital alheio, pois tenderão a emitir mais
dívida.
Myers (2001) referido por Silva (2013), defende que esta teoria ajuda a compreender o facto
das empresas mais rentáveis possuírem um nível mais baixo de capital alheio. Aonde uma
maior rendibilidade implica por sua vez uma maior capacidade de gerar fundos internamente e
consequentemente uma menor necessidade de recorrer ao endividamento. Logo o aumento
da rendibilidade levará à diminuição do endividamento.
Segundo o autor as empresas com boas perspetivas futuras de evolução, e quando os fundos
gerados não forem suficientes, preferirão obter financiamento através da emissão de dívida, o
que, pelo efeito de sinalização, originará uma reação positiva do mercado, levando ao
aumento do preço das suas ações.
Caso esta necessite de algum financiamento adicional, essa situação permitirá que se financie
pela emissão de capital de forma mais eficiente.
Shyam-Sunder e Myers (1999) referidos por Silva (2013), argumentam que o rácio de
endividamento altera-se com a diminuição/aumento das necessidades de recursos externos e
não porque as empresas ambicionam encontrar uma estrutura ótima de capitais.
Novo (2009) defendeu que “Os gestores possuem informações sobre as empresas e, através de
programas de incentivos sinalizam as informações da estrutura financeira da empresa para o
Mercado” (p.36). Essa abordagem levou ao desenvolvimento da teoria de Sinalização, que
segundo Novo (2009) foi impulsionada por Ross (1977) e Leland e Pyle (1977). Esta teoria
defende que o valor dos títulos emitidos pelas empresas vai depender da forma como o
mercado interpretar as suas decisões financeiras. Os investidores irão interpretar estas
De acordo com Gama (200,p.66) citado por Novo (2009) “os sinais mais utilizados no domínio
financeiro são: a sinalização pelo nível de endividamento e pela política de dividendos”(p.36)
A teoria do Market timing é umas das abordagens teóricas sobre a estrutura de capitais mais
atuais, os autores tentam explicar a estrutura de capital baseando-se na assimetria de
informação. Esta teoria foca-se no momento da emissão de ações por parte das empresas e
considera a existência de um mercado imperfeito e ineficiente. As “falhas” desse mercado
possibilitarão à empresa realizar um encaixe a um custo inferior.
Rogão (2006) e Graham e Harvey (2001), após encontrarem suporte limitado na teoria da
Hierarquia das fontes de financiamento e na teoria Static Trade Off, mencionaram a prática
Market Timing como um factor crucial na estrutura de capital das empresas.
Contudo, foi Baker e Wurgler (2002), referidos por Rogão (2006), que introduziram a teoria
Market Timing. Segundo os autores, essa abordagem teórica sobre a estrutura de capitais
defende que a estrutura de capitais das empresas é o resultado acumulado das várias
tentativas passadas de aproveitar condições favoráveis do mercado de ações, pelos gestores
das empresas. Estes emitem novas ações quando percecionam que estas estão sobreavaliadas
pelo mercado e recompram-nas quando percecionam que estão subavaliadas.
Romão (2013) refere que esta teoria incide sobre a forma como os gestores tentam aproveitar
as tendências do mercado de capitais relativamente ao valor dos títulos. O objetivo dessa
prática é explorar as variações dos mercados de modo a otimizar o financiamento de
oportunidades de investimento.
As empresas tendem a emitir novas ações em detrimento da emissão de divida quando o seu
valor de mercado é superior ao seu valor contabilístico e quando o seu valor de mercado é
inferior ao seu valor contabilístico elas tendem a emitir dívida em detrimento da emissão de
novas ações.
Esta teoria aparece nos anos oitenta em consequência do enorme crescimento de “takeovers”
como do aumento do interesse de vários investigadores sobre a relação existente entre a
estrutura de capital e os “takeovers”. Um “takeover” ou aquisição, é a compra total ou da
maioria do capital de uma empresa por outra, normalmente visam a tomada de controlo, ou
seja, a transferência do controlo de uma empresa, de um grupo de acionista para outro. Por
sua vez, os “takeovers”, ou aquisições, podem ser amigáveis ou hostis “hostile takeover”.
Quando o Conselho de Administração da empresa alvo da aquisição é a favor da operação
tratar-se de uma aquisição amigável, por sua vez, quando esta é contra a realização dessa
operação trata-se de uma aquisição hostil “hostile takeovers”.
Harris e Ravis (1991) referem que a ideia base dessa teoria é que as ações ordinárias, ao
contrário da dívida, são títulos que possuem direitos de voto. Os autores acreditam que a
estrutura de capital de uma empresa consegue influenciar o resultado de um “hostile
takeover”.
Gomes (2012), expõe que os resultados dos trabalhos que visam explicar a relação entre os
“takeovers” e a estrutura de capital têm na sua maioria concluído que uma ameaça de um
“hostile takeover” normalmente leva a um aumento do nível de capital alheio. A ameaça de
um “hostile takeover” pode levar os gestores a maximizarem o preço das ações da empresa de
modo a protegerem-se.
Os autores Harris e Raviv, no seu artigo “The theory of capital structure” de 1991, que incide
sobre a relação existente entre a estrutura de capital e os processos de “takeovers” chegaram
as seguintes conclusões:
-As empresas que sejam alvo de “hostile takeovers” irão aumentar os seus níveis de capital
alheio o que levará a um aumento do preço das suas ações.
- A utilização de capitais alheios tem uma relação negativa com a possibilidade de sucesso do
“hostile takeovers”.
- As empresas que tenham sido alvo de um “hostile takeovers” sem êxito registarão um maior
nível de capital alheio do que as com êxito.
Os autores sugerem que essa teoria seja interpretada como uma teoria de curto prazo, em que
as alterações a estrutura de capitais são realizadas para colmatar ameaças eminentes de
“takeover”.
Esta abordagem aparece nos finais dos anos oitenta, registada por diversos investigadores da
gestão estratégica. Estes propuseram a perspetiva estratégica como uma nova abordagem ao
estudo da estrutura de capital. Acreditaram que esta perspetiva aliada a perspetiva financeira
ajudará a obter uma maior compreensão da problemática da estrutura de capital.
Correia (2003) salienta alguns autores que têm investigado a relação entre a estrutura de
capital das empresas e as suas estratégias empresarial e de negocio, entre eles encontravam
se Barton e Gordon (1987) e Lowe, Naughton e Taylor (1994). Contudo salienta que até a
altura existia pouco trabalho empírico e teórico desenvolvido nessa área.
Correia (2003) expõe no seu trabalho as cinco proposições que os investigadores desta teoria
acreditavam representar a aplicação da perspetiva estratégica a problemática da estrutura de
capital. Sendo estes os seguintes:
Correia (2003) salienta que as condições que os gestores não controlam, tais como as
flutuações da economia, são capazes de obrigá-los a alterar a estrutura de capital estabelecida
pela empresa.
Ao contrário das abordagens anteriores, esta teoria baseia-se em aspetos não financeiros para
explicar a estrutura de capital das empresas. Defende que os determinantes da estrutura de
capitais das empresas serão, como referido por Correia (2003), “ os valores, objetivos,
preferências, experiências e características dos proprietários-gestores, oportunidades e
ameaças do meio evolvente e forças e fraquezas internas da empresa.”(p.101)
Rebelo (2003) salienta que a literatura sobre o ciclo de vida das empresas não regista nenhum
conceito de ciclo de vida mas deixa subentendido que este corresponde à curva de
desenvolvimento natural das empresas, onde essas passam por várias fases que podem ser
sequenciais ou não.
Apesar de existirem muitos modelos, o mais comum é o de cinco fases; nascimento, expansão,
maturidade, diversificação e declínio. Contudo a maioria dos autores que utilizaram variáveis
financeiras para caracterizar as diferentes fases do ciclo de vida das empresas apenas
consideram quatro fases; nascimento, expansão, maturidade e declínio
Segundo Rebelo (2003) vários autores têm utilizado variáveis, consideradas determinantes da
estrutura de capital das empresas, tais como a dimensão, a distribuição de dividendos, o cash
flow, a idade, o risco, a rendibilidade, entre outras, para caracterizar as fases do ciclo de vida
das empresas.
De seguida regista se um resumo das características financeiras das fases do ciclo de vida,
elaborado por Rebelo (2003), adaptado de Gup e Agrrawal (1996:42-43) e Scott e Bruce
(1987:48). Neste quadro é feita a caracterização de somente quatro fases pois a maioria dos
autores que consideraram variáveis financeiras apenas usaram esse número de fases e de
acordo com a autora, as características financeiras da fase de diversificação são idênticas às da
fase de expansão.
Relativamente aos capitais próprios, a sua natureza faz com que não sejam por norma
reembolsáveis aos responsáveis pela sua entrada na empresa, precisamente os
detentores do seu capital. Assim, os capitais próprios, qualquer que seja a forma que
assumam, têm por regra um carácter de permanência a longo prazo na empresa.
Quanto aos capitais alheios, são caracterizados desde logo pelo facto de terem de ser
reembolsados às entidades financiadoras por eles responsáveis. Por outro lado, o
referido reembolso pode diferir bastante entre cada instrumento específico no que se
refere ao período temporal em que terá de ser efetuado. Esta situação faz com que se
possa dividir os capitais alheios em capitais alheios de curto prazo (normalmente
considerados aqueles que têm de ser reembolsados num período de tempo inferior a
um ano) e capitais alheios de médio e longo prazo (precisamente aqueles que podem
ser reembolsados num horizonte temporal mais alargado, por norma igual ou superior
a um ano).
O conceito de capitais permanentes não é mais do que o valor dos capitais com os
quais uma empresa se financia que têm carácter de médio/longo prazo, ou seja, ou
não terão de ser reembolsados (caso dos capitais próprios) ou então poderão ser
reembolsados num período de tempo alargado (caso dos capitais alheios de médio e
longo prazo). Logo, os capitais permanentes de uma empresa correspondem
precisamente à soma dos capitais próprios com os capitais alheios num determinado
momento. Em termos de balanço, os capitais permanentes correspondem à soma do
capital próprio com o passivo de médio e longo prazo.
Uma empresa tem duas formas de financiar a sua actividade: recorrendo a capitais
próprios ou a capitais alheios. Tipicamente, os capitais próprios são aqueles que não
tem qualquer contrapartida fixa de remuneração, ou seja: trata-se de capital que pode
ou não ser remunerado de acordo com a rendibilidade gerada pela empresa. Os
capitais alheios, por seu lado, são aqueles que têm à partida uma remuneração mínima
fixada (que pode ser uma taxa fixa ou variável, de acordo com uma taxa de referência
de mercado) e que em regra possuem um esquema de reembolso previamente
definido.
Capitais próprios
• Autofinanciamento: Meios financeiros obtidos e retidos na empresa que
deverão permitir o reembolso de dívidas de médio e longo prazo, assegurar a
manutenção da actividade produtiva da empresa (amortizações, provisões e
reservas de investimento) e garantir o seu crescimento (resultados líquidos
retidos para pagamento de dívidas).
Capitais alheios
• Capital de risco: Participação (normalmente, temporária e minoritária) no
capital próprio de empresas com potencial de expansão e viabilidade,
permitindo a partilha de risco do negócio.