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UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS


LICENCIATURA EM GESTÃO E ADMNISTRAÇÃO DE EMPRESAS

MATERIAL DE AUDITORIA – APONTAMENTOS

MARÇO DE 2023
OSVALDO HENRIQUES
CAPITULO 1
Introdução à Auditoria. A Contabilidade e a Auditoria.
A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AUDITORIA

Segundo vários autores há conhecimento que por volta do ano 4000 antes de Cristo
se efectuavam auditorias na Babilónia, na China e no Egipto sobretudo relacionadas
com a cobrança de impostos e com o controlo dos armazéns dos faraós.
Mais tarde (1800 AC a 95 DC) existem referências bíblicas a controlos internos e a
realização de auditorias de surpresa. Também durante o império romano era normal
os imperadores encarregarem funcionários de inspeccionarem as contabilidades das
diversas províncias.

Em 1547 tinha sido publicado em língua inglesa (depois de ter sido escrito
sucessivamente em italiano, holandês e francês) um livro de autor anónimo que
versava a escrituração comercial e que se dirigia entre outros, aos auditores.

Também na Grã-Bretanha, e desde o final do século XVII, se reconhecia o


contabilista profissional como individuo habilitado a tratar dos casos de
insolvências, falências e liquidações, etc.
Contudo, a auditoria como modernamente é entendida, teve o seu início na Grã-
Bretanha em meados do século XIX (como consequência da revolução industrial
operada anos antes), onde foram publicadas as primeiras normas de relato financeiro
e de auditora.
Em 1 854, foi criada a sociedade de contabilistas em Edinburgh que deu origem ao
actual instituto de contabilistas e auditores, na Escócia, primeiro organismo
profissional a nível mundial.
Em 1887 foi criado o AIA-lnstituto Americano de Contabilistas nos EUA.

A partir do final do século XIX, os auditores deixaram progressivamente de efectuar


trabalhos de escrituração comercial, começando a praticar a contabilidade e a
auditoria como hoje São entendidas. Isto surgiu sobretudo devido ao grande
incremento das empresas industriais e comerciais, as quais começaram a sentir a
necessidade de imp: 'mentar bons procedimentos contabilísticos e eficientes
medidas de controlo interno. Por outro lauo, o facto de a maior parte em tais
empresas serem sociedades anónimas implicou que as demonstrações financeiras
apresentadas aos accionistas fossem auditadas, o que para este tipo de sociedades se
tornou obrigatório, na GrãBretanha, a partir de 1900.
Devido a colonização inglesa nos Estados Unidos de América e no Canadá e ao
grande desenvolvimento industrial ocorrido nestes países, a auditoria acompanhou
muito de perto esse incremento, tendo alcançado não só uma enorme difusão como
também um aperfeiçoamento técnico bastante elevado.

Em 1917, o AIA, publicou os primeiros documentos técnicos sobre auditoria. O


sucessor deste organismo, o AICPA publicou em 1948, as normas de auditoria
geralmente aceites.

Na sequência dos grandes escândalos financeiros ocorridos no final do século XX,


foi publicada nos Estados Unidos de América, em 2002, a Lei Sarbanes Osley
(SOA) que se destina a proteger os investidores melhorando a precisão e a
fiabilidade das demonstrações financeiras das empresas emitentes de valores
mobiliários e, através do PCAOB, a monitorizar os auditores de tais empresas.

Com o progressivo avanço das grandes empresas multinacionais norte americanas,


sobretudo em direcção à América Latina, a auditoria expandiu-se também para esta
região, devido ao facto de os auditores só poderem expressar as suas opiniões sobre
as demonstrações financeiras consolidadas desde que as demonstrações financeiras
das respectivas empresas se' sidiárias sejam auditadas.
Na Europa, e exceptuando os casos da Grã-Bretanha e da Holanda, o
desenvolvimento desta actividade não foi tão pronunciado, se bem que os países do
Centro e do Norte estejam nitidamente mais avançados que os países latinos, onde,
tal como no caso da América do Sul, a auditoria "entrou a reboque" das
multinacionais.

Nos países socialistas, a auditoria não tem perseguido, objectivos idênticos aqueles
que são seguidos nos países capitalistas, dando-se mais ênfase à verificação da
eficácia das medidas de controlo interno.

Em Cuba, logo após o termo da Revolução que instaurou o regime socialista, alguns
departamentos governamentais mais importantes, criaram secções de auditoria
interna.

Na Europa, a Comunidade Económica Europeia, antecessora da União Europeia que


foi instituída em Roma em 1957 a primeira Directiva relacionada com a auditora.
Foi a 84/253/CEE, do Conselho, de IO de Abril de 1984, conhecida por 8a.Directiva
relativa a aproveção das pessoas responsáveis por efectuarem auditorias de
documentos contabilísticos.

Em 9 de Junho de 2006 foi publicada no jornal Oficial da União Europeia a Directiva


2006/43/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Maio de 2006, relativa
a auditoria das contas anuais consolidadas- Esta Directiva revogou a Directiva
84/253/CEE que esteve em vigor durante mais de 22 anos.

OBJECTIVOS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS


As Demonstrações Financeiras destinam-se a vários tipos de utentes que têm
necessidades diferenciadas de informação.

Para ir de encontro a essas necessidades, as entidades elaboram informações que


permitem aferir acerca da sua posição financeira e do seu desempenho. Assim,
peispectiva-se que a informação financeira preparada (entenda-se Demonstrações
Financeiras) apresentem de forma verdadeira e apropriada a posição financeira e os
resultados das operações da entidade.

Na preparação das Demonstrações Financeiras os profissionais da contabilidade são


confrontados muitas vezes, com potenciais riscos de má interpretação.

UTILIZADORES DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA


A informação financeira produzida pelas empresas destina-se a ser interpretada por
um vasto leque de agentes, nomeadamente investidores, instituições financeiras,
fornecedores, trabalhadores e autoridades fiscais.

Esta informação financeira deve ser credível de forma a permitir aos "utentes" a
tomada de decisões económicas.

Assim:

I) Os Investidores - preocupam-se com os riscos inerentes aos seus investimentos,


bem como com a rendibilidade dos mesmos; pelo que necessitam de informação que
lhes permita determinar se devem comprar, manter ou vender os seus investimentos.

Especificamente, os accionistas estão interessados na informação que lhes permite


determinar a capacidade da empresa gerar resultados.

2) Trabalhadores - os trabalhadores individualmente e os seus representativos


(sindicatos, associações profissionais) interessam-se pela informação que lhes
permita avaliar a capacidade da empresa em proporcionar remunerações e pensões,
bem como oportunidades de emprego.
3) Financiadores - estão interessados em informações que lhes permitam avaliar
a capacidade de reembolso dos seus empréstimos,

4) Fornecedores e Outros credores - estão interessados em saber se as quantias


que lhe são devidas, decorrente dos fornecimentos efectuados, serão pagas.

5) Clientes - decorrente do envolvimento que têm com a empresa, estão


interessados na sua continuidade a longo prazo.
6) Governo - o Governo tem uma função reguladora das actividades das
empresas, por isso requer informação sobre as mesmas.

Por outro lado, está interessado que as mesmas funcionem por longos períodos, pois
é um bom sinal de "saúde" da economia.
7) Público - as empresas afectam o público porque são - empregadoras,
contribuintes e em alguns casos constituem investimentos alternativos para as
poupanças.

• Estes agentes económicos dependem dos auditores/revisores


de forma a garantir a fidedignidade e representação da forma verdadeira e
apropriada da informação financeira.

CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA


A aplicação das características qualitativas e de normas contabilísticas apropriadas,
resulta, normalmente em demonstrações financeiras que apresentam uma imagem
verdadeira e apropriada da posição financeira, dos resultados e dos fluxos de caixa
de uma empresa.

O Framework do IASB considera a existência de quatro características qualitativas


da informação financeira.

Compreensibilidade

A Informação Financeira proporcionada pelas demonstrações deve ser


rapidamente compreensível pelos utentes, o que pressupõe que estes tenham não só
um conhecimento razoável dos aspectos empresariais económicos e contabilísticos
como também vontade de estudar a referida informação com a necessária diligência.
Mas não deve e ser excluída das demonstrações financeiras qualquer informação
acerca de matérias complexas exclusivamente na base de que a mesma seja
demasiado complicada e dificil para a compreensão de certos utentes.

Relevância

A informação é relevante quando influencia as decisões económicas dos utentes ao


ajudá-los a avaliar os acontecimentos passados, presentes ou futuros ou a confirmar
ou corrigir as suas avaliações passadas.
A relevância da informação é afectada pela sua natureza e materialidade, sendo
nalguns casos a natureza da informação, por si só, suficiente para determinar a sua
re\evância.

A informação é material se a sua omissão ou inexactidão influenciarem as decisões


económicas dos utentes, tomadas na base das demonstrações financeiras.
Fiabilidade

Para ser digna de confiança a informação deve representar, fidedignamente, as


operações e outros acontecimentos que ela pretende representar ou possa
razoavelmente esperar-se que represente.

Uma boa parte da informação financeira está sujeita a algum risco de não chegar a
ser representação fidedigna daquilo que ela pretende retratar devido, sobretudo, a
dificuldades inerentes, à identificação das operações e a outros acontecimentos a
serem valorizados ou a concepção e aplicação de técnicas de valorimetria e
apresentação.
Se a informação deve representar fidedignamente as operações e outros
acontecimentos que tenha por fim representar, é necessário que estes sejam
contabilizados e apresentados de acordo com a sua substância e realidade
económico-financeira e não meramente com sua forma legal.
Para que seja fiável, a Informação Financeira deve ser neutra (livre de preconceitos),
isto é, não deve influenciar a tomada de uma decisão.

A aplicação da prudência não permite a criação de reservas ocultas, ajustamentos


de activo ou de provisões excessivas.

Para que a informação seja fiável deve ser completa, tendo em conta as fronteiras
da materialidade e do custo da preparação e divulgação. Comparabilidade
Os utentes devem ser capazes de comparar:

a)- as demonstrações financeiras de uma empresa através do tempo, a fim de nelas


identificarem tendências na posição financeira e no desempenho;
b)- as demonstrações financeiras de diferentes empresas, a fim de avaliarem de
forma relativa a posição financeira, o desempenho e as alterações na posição
financeira.
Assim, a valorimetria e a exposição dos efeitos financeiros de transacções e outros
acontecimentos devem ser levados a feito de forma consistente na empresa, no
decurso do tempo e para diferentes empresas.
Os utentes devem ser informados das políticas contabilísticas utilizadas na
preparação das demonstrações financeiras, nas alterações nas políticas e dos efeitos
as alterações.
A necessidade da comparabilidade não deve ser confundida com a mera
uniformidade, não deve ser permitido que se torne um impedimento à introdução de
políticas contabilísticas melhoradas. A consistência não deve ser seguida se a
política contabilística adoptada não estiver de acordo com as características
qualitativas da relevância e da fiabilidade.

LIMITAÇÕES DAS CARACTERISTICAS QUALITATIVAS E DA


CONTABILIDADE

I — Tempestividade, a informação pode perder muito da sua relevância se for


divulgada com atraso. Mesmo que haja a hipótese de obter-se o máximo de
fiabilidade, é preferível que tal informação seja apresentada em tempo oportuno do
que com o máximo de fiabilidade mas com atraso significativo. A utilização das
estimativas contabilísticas auxilia a resolução desta aparente incompatibilidade:
tempestividade versus fiabilidade.

Estimativas contabilísticas resolvem a incompatibilidade entre as duas


características.

2 —O equilibrio entre beneficio e custo é mais uma limitação difusa (confuso, não
conciso) do que uma característica qualitativa.

O que está fundamentalmente em causa é que o custo com a divulgação da


informação não seja superior ao beneficio que a mesma proporciona aos seus
utentes. É um conceito muito subjectivo.

3 — O entre as características qualitativas é muitas vezes necessário, sendo a


importância relativa das mesmas uma questão do julgamento profissional.

Deve-se reconhecer que, infelizmente, as informações contabilísticas não podem


reproduzir o património da empresa com total fidelidade e certeza de forma a
atender com plenitude as necessidades de informação de todos os usuários.

A Contabilidade utiliza de avaliações, e como todo sistema de mensuração, tem


limitações, inclusive de custo-beneficio, pois deve conciliar a utilidade da
informação com os requisitos da sua pratica e objectividade.

O facto de a Contabilidade concentrar-se na avaliação monetária -apresenta um


grande aspecto positivo, mas também limitações, atendendo que seja impossível a
quantificação monetária de todos os eventos económicos.

O processo de avaliação é agravado pelo problema da flutuação de preços, que


impacta de forma definitiva a avaliação do património liquido e do resultado ao -
longo do tempo. Portanto, a informação do lucro líquido não deveria ser a única
medida de avaliação do sucesso de uma empresa durante um período.
Uma das limitações também da Contabilidade é trabalhar com o custo de aquisição
e não de reposição, com isso os números não são actualizados.

JUSTIFICAÇÃO DE UMA AUDITORIA

Em um ambiente globalizado e competitivo, é de extrema importância que as


empresas busquem cada vez mais, ferramentas que lhe auxiliem nos controlos
internos.

As informações passadas aos gestores da empresa devem ser explícita; e claras, para
que, diante das análises eles possam tomar as melhores decisões em virtude d
".rescimento e expansão dos negócios.

O avanço tecnológico e as modernizações ocorridas nos últimos anos obrigam as


empresas a se adaptarem as novas exigências do mercado. Fazendo com que
procurem o aperfeiçoamento de seus negócios, optimizando seus Controlos Internos
e desenvolvendo suas rotinas de trabalho visando o seu crescimento e a sua
estabilidade econômica.
A contabilidade passou a exercer um papel importante dentro da visão dos
administradores, acompanhando as decisões tomadas por eles e auxiliando-os na
execução de seus trabalhos, em busca das metas almejadas pela empresa.

Perante a estes estudos a Auditoria constitui como um mecanismo de apoio à gestão,


auxiliando a organização a alcançar seus objetivos, tornando-se uma ferramenta
indispensável, focada na melhoria dos controles e processos, minimizando riscos e
optimizando suas atividades.
RAZÕES PARA EFETUAR UMA AUDITORIA

Credibilidade

Fazer uma auditoria externa e completamente independente dará mais credibilidade


à sua empresa, já que os resultados apresentados aos investidores, clientes,
fornecedores ou demais interessados estarão auditados por uma entidade externa. É
preciso optar pela transparência das contas.

Veracidade

Concomitantemente com a credibilidade, a veracidade das informações


contabilísticas é um factor bastante importante para a sua empresa, sobretudo para
tentar angariar financiamento por parte dos investidores. A transparência é um
factor-chave para o sucesso da empresa junto dos clientes e investidores.

Fiscalização de processos
Em termos práticos, o controlo dos processos internos poderá ter um peso bastante
significativo na empresa, já que poderá significar uma redução de custos que apenas
poderá ser detectado através de uma auditoria externa. Com isto, a optimização de
processos poderá lançar a empresa para um maior controlo de custos que poderá
significar uma maior saúde financeira para a empresa.

Mais controlo

A auditoria poderá contribuir e dificultar alguns desvios de bens patrimoniais ou


outros desvios, visto que a contabilidade estará completamente organizada e em
o.•dem. Tal como os desvios patrimoniais ficam mais dificeis, também os
pagamentos indevidos se tornam mais complicados, tornando os fluxos financeiros
da empresa mais eficientes e sem qualquer tipo de perdas fora do previsto.

Melhoria da informação
Uma auditoria externa realizada à empresa irá contribuir para que as informações
sobre a situação económica, patrimonial e financeira da empresa sejam correctas,
havendo assim uma melhoria em todos os aspectos ligados ao seu negócio. A
informação rigorosa e exacta do ponto de situação das finanças da sua companhia
são determinantes para fazer uma boa gestão.

Exactidão nas contas

Os resultados apurados da empresa e as suas demonstrações financeiras são muito


importantes para a contabilidade. Assim, com a realização de uma auditoria, haverá
uma maior exatidão de todos os aspectos financeiros e não só da empresa. Maior
exactidão irá resulte f numa maior optimização de todos os processos dentro e fora
da empresa.

Maior correcção
Além de uma maior exactidão, haverá uma maior correcção em todos os registos
financeiros e contabilísticos da empresa, possibilitando assim um olhar "diferente"
para as áreas que estão a falhar. Deixarão de haver desvios anormais, contas mal
processadas ou em lugares incorretos na contabilidade, o que poderá possibilitar
uma diminuição de tempo nos processos financeiros dentro da sua empresa.

Sinalização de falhas na organização


A auditoria realizada por auditores independentes, permite, ainda, ver e apontar
quais são as falhas na organização administrativa e no controle interno. Após a
auditoria, será mais fácil para a empresa resolver esses problemas de organização,
tornando a empresa mais eficiente, sustentada pelos dados auditados. A auditoria
poderá ser assim um forte apoio para os decisores de áreas de recursos humanos que
poderão tomar decisões com base no estudo independente e tentar otimizar os meios
humanos e materiais ao seu serviço.
Otimização do apuramento financeiro da empresa

Com a auditoria vem a possibilidade de um apuramento de omissões maior,


nomeadamente ao nível do registo de receitas, da realiiação de créditos oportunos e
ainda a l' uidação de débitos dentro do prazo previamente acordado. Assim, a
empresa irá certamente ancionar da melhor maneira, sobretudo junto dos
fornecedores e dos clientes, tornando a sua gestão mais eficiente.

Conselhos legais

É importante para a empresa saber se está a cumprir todos os processos e leis


vigentes no país. Esse também é o papel do auditor na auditoria que faz à sua
empresa. Um menor conhecimento de alguns aspetos podem resultar em coimas
para empresa, que podem ser evitadas se a informação for a correta. Falar com o seu
auditor sobre estes assuntos poderá evitar alguns dissabores.

A UTILIDADE DA AUDITORIA NAS EMPRESAS


A Auditoria interna tem por fundamento na empresa, dar garantias aos
administradores quanto às informações geradas pela contabilidade, para averiguar
se elas estão em entendimento com os aspectos legais, e se seu relatório faz ver as
operações da empresa er um determinado intervalo de tempo. Dessa maneira, pode-
se dizer que sua finalidade é:

a) Integridade e autenticidade das informações e registos;


b) Verificar a eficácia e eficiência dos controles;
c) Utilizar métodos para salvaguardar os ativos e comprovação da existência, entre
outros.

Para que o mesmo atenda a direção da empresa, torna-se indispensável uma


auditoria periódica, com um maior grau de profundidade e visando também outras
áreas não relacionadas com a contabilidade.

Com isso veio o aparecimento do auditor interno que deve amparar-se de todos os
meios e provas que tiver disposição a seu alcance para averiguar a consistência dos
reg istros contabilísticos, mesmo que recorra a provas externas. Ou seja, para chegar
às finalidades da auditoria devem-se buscar os recursos necessários para desfecho e
afirmação das informações e inventário obtidos.

Examinando com atenção os documentos do sistema interno, eles determinam se o


mesmo efetivamente se destina a comunicar a administração, a colher os dados
necessários e a informar a administração sobre os resultados das atividades
operacionais.
Em virtude dos grandes escândalos contabilísticos ocorridos nos últimos anos, o
papel da auditoria interna e consequentemente seu planeamento de trabalho vem
sendo abordado com uma grande frequência nas empresas, pois é através desse
trabalho contabilístico que podemos detectar possíveis fraudes e erros.

AUDITORIA E REVISÃO DE CONTAS


A auditoria/revisão de contas é definida como uma análise sistematizada das
demonstrações financeiras de uma empresa, preparadas de acordo com os registos
contabilísticos da entidade, com o objectivo de expressar uma opinião sobre a
posição financeira da empresa. Complementarmente é efectuada uma apreciação da
organização contabilística e da adequacidade do sistema de controlo interno.

O auditor/revisor para alcançar este objectivo deverá proceder a um exame e


avaliação do sistema de controlo interno e do seu grau de fiabilidade, com o
objectivo de determinar a natureza e a profundidade dos testes a realizar. Nesta
perspectiva o trabalho deverá ser planeado de forma a assegurar a detecção de erros
e irregularidades que possam ter um Acto materialmente relevante nas
demonstrações financeiras.

O exame realizado é efectuado de acordo com as Normas Técnicas Internacionais


de Auditoria e Normas Técnicas de Revisão Legal de Contas.
Inicialmente a auditorial limitou-se à verificação dos registos contabilísticos,
visando observar se eles eram exactos. A forma primária, portanto, confrontava a
escrita com as provas do facto e as correspondentes relações de registo.

Com o tempo, ampliou-se o campo da auditoria, não obstante muitos ainda a


julguem como portadora exclusiva daquele remoto objecto, ou seja, a observação
da veracidade e da exactidão dos registos.

A Auditoria Interna tem por finalidadc desenvolver um plano de que auxilie a


organização alcançar seus objetivos adotando uma abordagem sistêmica e
disciplinada para a avaliação e melhora da eficácia dos processos de gerenciamento
de riscos com c, objetivo de adicionar valor e melhorar as operações e resultados de
uma organização.

Objectivo da Auditoria Interna

O objectivo geral da Auditoria Interna é avaliar e prestar ajuda a Administração e


desenvolver adequadamente suas atribuições, proporcionando-lhes análises,
e comentários objetivos, acerca das atividades examinadas.
O auditor interno deve, portanto, preocupar-se com qualquer fase das atividades da
empresa na qual possa ser de utilidade à Administração. Para conseguir o
cumprimento deste objetivo geral de serviços à administração, há necessidades de
desempenhar atividades tais como:

Revisar e avaliar a eficácia, suficiência e aplicação dos controles contábeis,


financeiros e operacionais.

- Determinar a extensão do cumprimento das normas, dos planos e procedimentos


vigentes.
- Determinar a extensão dos controles sobre a existência dos ativos da empresa e da
sua proteção contra todo tipo de perda.
- Determinar o grau de confiança, das informações e dados contbilisticos e de outra
natureza, preparados dentro da empresa.
- Avaliar a qualidade alcançada na execução de tarefas determiil% das para o
cumprimento das respectivas responsabilidades.
- Avaliar os riscos estratégicos e de negócio da organização.

TIPOS DE AUDITORIA

Assim pode-se definir a Auditoria Externa como um exame independente, objectivo


e competente de um conjunto de demonstrações financeiras de uma entidade, sendo
conduzido com o objectivo de exprimir uma opinião sobre se as Demonstrações
Financeiras apresentam de forma verdadeira e apropriada a posição financeira da
empresa.

Auditoria Interna

Inicialmente, a Auditoria Interna tinha como funções principais salvaguarda dos


activos das empresas e a verificação do cumprimento dos procedimentos e regra»
estabelecidos pelos gestores.

Como se sabe uma das principais funções da gestão reside na implementação de um


adequado sistema de Controlo Interno cujos principais objectivos consistem em
assegurar:

- A confiança e a integridade da informação;


- O cumprimento das políticas e da legislação aplicável;
- A custódia dos activos;

- A utilização económica e eficiente dos recursos;


* A realização dos objectivos fixados.

Podemos definir auditoria interna como uma técnica de controlo de gestão que,
mediante a análise, verificação e avaliação independente das actividades da
empresa, e da eficácia e conformidade do funcionamento das demais técnicas do
controlo, tendo em vista auxiliar os gestores e os demais serviços no desempenho
das suas funções e responsabilidades.

Assim, cabe ao Auditor Interno assegurar o cumprimento dos objectivos da


Administração pelo que, neste contexto, deve exercer as suas funções de forma
independente dos serviços que audita.

Os Auditores Internos devem depender hierarquicamente da Administração.

Ao desempenharem a sua função, e sempre que se justifique, devei" .lão só


evidenciar os desvios face aos procedimentos definidos, como também proporem as
medidas correctivas, que acharem convenientes, que possam contribuir para
melhorar as operações, a qualidade e tempestividade da informação de gestão, a
rentabilidade e a produtividade e a qualidade e eficácia do controlo em geral.

OUTROS TIPOS DE AUDITORIA

Auditoria Operacional

Com o progressivo desenvolvimento da actividade empresarial, em termos de


volume, dispersão geográfica e complexidade, as funções cometidas aos auditores
internos começaram a expandir-se cada vez mais no sentido de as mesmas passarem
a abranger aspectos relacionados com as diversas áreas operacionais, como seja:
compras e transportes, recepção, existência e monos; produção; controlo e
qualidade, engenharia e pesquisa; imobilizado corpóreo, marketing; pessoal;
controlo financeiro básico; gestão financeira; informática; operações internacionais.

Desta situação resultou a designação de auditoria das operações a..presariais ou,


simplesmente, auditoria operacional a qual é, afinal, um aprofundamento do âmbito
da auditoria interna.

Este tipo de auditoria, que se socorre do conjunto das técnicas de julgamento e de


apreciação das operações da empresa utilizadas na auditoria financeira, tem como
objectivo:

• Auditar os controlos operacionais;


• Auditar a gestão;

• Auditar a estratégia.
O campo de investigação da auditoria operacional é o conjunto do controlo interno
pelo que a mesma se preocupa sobretudo com a eficácia das operações e o
cumprimento das políticas e, se for o caso, com a adequação das mesmas. Por outras
palavras, a auditoria operacional, integra:

• A auditoria dos sistemas de informação e de organização e dos métodos de direcção


(auditoria dos controlos operaciona s);
• A auditoria das co ições de exploração e dos resultados (auditoria de gestão);

• A auditoria da empresa para julgar a adequação da escolha e da oportunidade das


decisões (auditoria estratégica).
Auditoria de Gestão

A auditoria de gestão é uma técnica relativamente recente podendo ser entendida


como um dos segmentos ou extensões da auditoria operacional.

As técnicas da auditoria de gestão cobrem um espectro bastante amplo de


procedimentos, métodos de avaliação, políticas e tarefas sendo desenhadas para
analisar, avaliar e rever o desempenho da empresa ou entidade em relação a um
conjunto pré- determinado de standards.

O grande objectivo da auditoria de gestão é o de verificar em que medida é que os


recursos (cada vez mais limitados) postos a disposição dos gestores estão a ser
aplicados com a maior economicidade, eficiência e eficácia.

Em termos gerais pode-se referir que as funções da gestão são primordialmente:

a. Fixar políticas e objectivos;


b. Estabelecer planos, normas e procedimentos para que se possam atingir as
políticas e os objectivos fixados;

c. Organizar
a empresa ou entidade a fim de que os planos, normas e procedimentos
possam de facto operar;
d. Controlar a forma como os referidos planos, normas e procedimentos estão a
atingir os seus fins.
Nas entidades sem fins lucrativos a auditoria de gestão toma geralmente a
designação de "Value for Money" sendo o seu principal objectivo avaliar se tais
entidades estão a funcionar de forma eficiente e se os seus gestores estão a dar o
devido valor ao dinheiro.

Auditoria previsional ou prospectiva


Cada vez mais as empresas têm necessidade de proporcionar aos seus investidores
informações adequadas sobre as perspectivas de evolução da sua situação financeira
e dos resultados, porque essa informação é essencial para influenciar a decisão dos
investidores.

A auditoria previsional visa dar uma opinião sobre a razoabilidade dessa informação
financeira prospectiva, tendo em vista o princípio contabilístico da continuidade. A
auditoria sobre a informação financeira prospectiva abrange a emissão de opinião,
sobre alguns aspectos, designadamente a informação contida no relatório de gestão
sobre a evolução previsível da sociedade, tanto nas contas individuais como nas
consolidadas, os pressupostos e consistência das previsões constituídas pelas
sociedades emitentes de títulos sujeitas a oferta pública ou para efeitos de admissão
à cotação e projectos de avaliação a económica e de saneamento financeiro das
empresas em acções e emitidas com efeito no futuro, entre outros.

Os principais objectivos que o auditor deve atingir consistem em verificar o


seguinte:

• Os pressupostos do órgão de gestão em que se baseia a informação financeira


prospectiva não são irrazoáveis e, no caso de pressupostos hipotéticos, os mesmos
são consistentes com a finalidade da informação;

• A informação financeira prospectiva está devidamente preparada na base dos


pressupostos;
• A informação financeira prospectiva está devidamente apresen' ida e todos os
pressupostos materialmente relevantes informação financeira prospectiva foi pra,
arada numa base consistente com as demonstrações financeiras históricas, usando
princípios contabilísticos apropriados.

Auditoria informática

A evolução dos meios informáticos determinou a sua utilização generalizada no


processamento das operações de todas as actividades da empresa e ao consequente
desenvolvimento da auditoria informática realizada por técnicos da própria empresa
(independentes, ou não, em relação aos auditores internos) ou por técnicos externos
(consultores pertencendo ou não aos quadros técnicos das empresas de auditores
externos).

A auditoria informática tem fundamentalmente como objectivo verificar se existem


controlos apropriados, certificar que os mesmos estão implementados e proceder à
avaliação da sua eficácia de forma a poder tirar-se conclusões sobre a performance
de todo o sistema informático. A auditoria informática assim entendida não tem
nada a ver com as técnicas de auditoria assistidas por computador, as quais são
"aplicações de procedimentos de auditoria utilizando o computador como
ferramenta de auditoria".

Auditoria social

A crescente importância dos aspectos sociais no seio das empresas tem levado a que
em alguns países industrializados, se tenham começado a desenvolver, desde o
início da década de 70 do século passado, estudos relacionados com a
responsabilidade social das empresas, a qual se pode reflectir, por exemplo, na
deterioração que a mesma produz na qualidade de vida (poluição), na qualidade dos
seus produtos, na confiança que inspira aos consumidores e aos seus accionistas
minoritários, etc.

A designação da palavra auditoria para os aspectos sociais de uma empresa tem


assumida várias interpretações, seja de auditoria social, auditoria da
responsabilidade social, ou de balanço social.

A utilização da palavra auditoria aqui referida não deve ser encarada como uma
medida quantitativa, como acontece com a auditoria financeira.

Auditoria fiscal

A extensão da auditoria ao domínio fiscal decorre da importância cada vez maior da


fiscalidade na gestão financeira das empresas e ainda por razões históricas porque
durante muito tempo a contabilidade foi utilizada para fins fiscais e adoptou os seus
procedimentos a essas normas.

A auditoria fiscal tem por objectivo fazer um exame da situação fiscal da empresa
tendo em vista o controlo da sua regularidade fiscal.

Para tal torna-se necessário averiguar os aspectos específicos definidos pelas normas
e doutrina fiscais, a valorimetria, as normas de incidência, liquidação e cobrança. as
regras de retenção na fonte e de pagamento do imposto e as obrigações
contabilísticas e declarativas.

Auditoria Forense

Auditoria forense (forensic audit) surgiu como forma de responder a aspectos legais
relacionados com as matérias contabilísticas. Trata-se, na realidade, de uma
especialização da auditoria financeira direcionada primordialmente para a
investigação e deteccção de actos ilegais cometidos pelos órgãos de gestão das
empresas ou por outras entidades e que, em ambos os casos, possam afectar as
demonstrações financeiras das empresas em causa.

A auditoria forense pretende detectar possíveis fraudes confirmando não apenas o


que está contabilizado, apresentado e divulgado nas demonstrações financeiras mas
tentando, sobretudo, detectar o que não está evidenciado nestes documentos.
Trata-se de um verdadeiro trabalho de investigação ou de peritagem altamente
especializada em que o conceito de materialidade não pode ser tido em consideração
de forma idêntica aquela que é geralmente seguida na realização da auditoria
financeira.

Muitas vezes os auditores forenses são solicitados a efectuar peritagens


contabilísticas a pedido de juízes dos tribunais aquando de processos judiciais
relacionados com conflitos entre duas ou mais entidades.

Outra fonte apresenta informações sobre o tipo de


Auditoria:

1. Formas e Tipos de Auditoria

Embora este estágio aborde a auditoria financeira, também conhecida como auditoria
externa, existem outros tipos de auditoria, tais como:

Auditoria Interna – o Institute of internal Auditors, (IIA) (2009), define auditoria


interna como uma atividade independente e objetiva de avaliação e de consultoria,
desenhada para adicionar valor e melhorar as operações de uma organização. Ela auxilia
uma organização a realizar os seus objetivos a partir da aplicação de uma abordagem
sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia por processos de gestão de
risco, controles e governação. Segundo o mesmo organismo, a auditoria interna deverá ser
realizada de acordo com as normas, independentemente do auditor ser parte interna da
organização ou outsourcing.

Se o auditor interno for funcionário da empresa, deve exercer a sua atividade de forma
independente dos serviços da organização que são objeto da sua atenção, que permitirá
desenvolver a sua atividade de forma livre e objetiva. Por esta razão o auditor interno deverá
depender hierarquicamente do órgão de gestão ou da comissão de auditoria, caso haja.
(Costa, 2014).

Auditoria operacional, tal como refere Almeida (2014),


Envolve uma revisão sistemática de parte ou de todo o processo operacional de uma empresa,
avaliando se os recursos estão a ser utilizados tendo em atenção a eficiência, eficácia e
economicidade com o objetivo de avaliar a performance da empresa, identificar áreas em que
possam ser efetuadas melhorias e fazer recomendações.
Para Nabais (1993) e Costa (2014), este tipo de auditoria é um aprofundamento do
âmbito da auditoria interna e abrange um conjunto de técnicas de julgamento e de
apreciação de operações realizadas pela empresa visando o alcance dos seguintes objetivos:
Procedimentos Substantivos em Auditoria Financeira

• Auditar os sistemas de informação e de organização e dos métodos


da direção;
• Auditar as estratégias seguidas pela empresa;
• Auditar a gestão.

Auditoria de gestão é segundo Almeida (2014), Nabais (1993) e Costa (2014), uma
extensão do âmbito da auditoria operacional, na medida em que cobre um largo espetro de
procedimentos, métodos de avaliação, políticas e enfoques, tendo o objetivo de avaliar a
performance da empresa em relação a um conjunto de pressupostos ou de regras aceites para
a guiar.

A auditoria prospetiva e estratégica, segundo Marques de Almeida, citado por Almeida


(2014),

É um tipo de auditoria de gestão que aborda a empresa como um todo, com o propósito de
compreender os fatores estratégicos internos e externos que a envolvem, incluindo a
avaliação de alternativas estratégicas, sua implementação, avaliação e controlo. Abrange
por consequência uma visão integrada dos aspetos fundamentais do processo de gestão
estratégica, ligando-o ao processo de tomada de decisão.

Auditoria forense é uma área de especialização da auditoria financeira para a


investigação de atos ilegais cometidos pela gestão por trabalhadores ou terceiros. A auditoria
forense não trabalha com base na amostragem, mas analisa todas as transações onde há
suspeitas de fraudes (Almeida, 2014).

Auditoria social para Nabais (1993), avalia os aspetos de responsabilidade social no seio
da empresa. No entanto, Costa (2014), refere que o termo auditoria usado neste contexto
não é consensual, sendo usadas expressões como auditoria da responsabilidade social ou
balanço social.
Auditoria informática, consiste num exame simplificado e independente de acordo com
os standards de auditoria geralmente aceites, cujo objetivo é averiguar se os critérios de
informação são cumpridos, se as atividades desenvolvidas e recursos aplicados em
determinada organização estão de acordo com as disposições estabelecidas previamente ou
com os standards e boas práticas relevantes. (Trigacheiro, 2014).

Para Costa (2014), a auditoria informática tem fundamentalmente como objetivo,


verificar se existem controlos apropriados, certificar que os mesmos estão implementados
e proceder à avaliação da performance da sua eficácia de forma a poder tirar-se conclusões
sobre a performance de todo o sistema informático.

Podemos ainda classificar as auditorias, segundo Curado (2013):


• Quanto à sua extensão, que pode ser parcial (quando abrange determinados
saldos de transações ou saldos de contas específicos), geral (quando engloba
todas as demonstrações financeiras).
• Quanto à sua profundidade esta pode ser integral/completa (incide sobre todas
as operações e registos efetuados no período em análise) ou por amostragem.
• Quanto à sua periodicidade, estas podem ser contínua ou corrente, na medida
em que é realizada em todos os exercícios sociais, ou eventual, ou seja, sem
caracter habitual ou periodicidade definida, apenas para satisfação de uma
necessidade.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A AUDITORIA INDEPENDENTE E A


AUDITORIA INTERNA OU OPERACIONAL

As principais diferenças são:

Propósito do trabalho
A auditoria interna ou operacional visa elaborar sugestões para o aprimoramento da
gestão operacional, salvaguardar os activos da empresa e tornar mais eficientes os
controlos internos.

Na auditoria externa independente, sua preocupação é verificar se as demonstrações


contabilísticas cond izem com os princípios fundamentais da contabilidade e se os
saldos das contas reflectem com propriedade a posição patrimonial e financeira do
cliente.
Parâmetros para a execução dos trabalhos

O auditor interno fundamenta-se nas normas e políticas elaboradas pela empresa


para a realização e em issão de seus relatórios.

Por sua vez, o auditor externo independente vale-se principalmente princípios


fundamentais de contabilidade para subsidiar suas opiniões. Os órgãos normativos
e orientadores da actividade emitem e discutem, com frequência, padrões que devem
ser obedecidos pela categoria. O auditor independente não pode desobedecer a tais
padrões de trabalho, sob pena de ver cerceada sua actuação.

Nível de preocupação com os controlos internos

A preocupação do auditor interno é com a eficiência do funcionamento dos


controlos; esse aspecto é de fundamental importância para seus trabalhos.

A auditoria externa independente, por sua vez, verifica se possíveis falhas nos
controlos internos podem produzir efeitos relevantes nas demonstrações
contabilísticas.

Dependência profissional

O auditor interno, por ser funcionário da empresa e, consequentemente, dependente


do emprego, pode sofrer restrições para a emissão de relatórios com críticas às
prá.icas empresariais ou decisões do alto es Ião. Para diminuir o grau de
dependência, o auditor intetno deve ocupar um cargo de nível hier quico superior,
de preferência subordinado ao alto escalão de comando da empresa.

A auditoria externa, por ser independente, sofre menores restrições, tendo maior
autonomia para reportar suas críticas e opiniões.

Formato do relatório

O relatório da auditoria interna não é padronizado, podendo variar de empresa para


empresa, ou mesmo depende do responsável pela chefia do departamento.

Já o relatório do auditor externo independente não pode fugir aos modelos


padronizados pelos órgãos normqtivos da actividade- Ministério das Finanças,
Conselho Superior de Contabilidade, Banco Central, Comissão de Valores
Mobiliários, etc.

Usuários dos trabalhos e dos relatórios de auditoria

Os rel rios de auditoria interna destinam-se quase sempre aos gesa:es da empresa;
normalmente é res ita sua circulação.

Os relatórios de auditoria externa independente têm como principais usuários o


público externo ao cliente, tais como accionistas, investidores no mercado de capitais
e credores.
A AUDITORIA EM ANGOLA

Desde que Angola transitou da economia planificada para a economia de mercado


que algumas firmas internacionais de auditores começaram a abrir escritórios em
Angola. Eram nove as concorrentes " big nine" para hoje serem apenas quatro "big
four":Deloitte Touche Tohmatsu; Ernst & Young; KPMG e Pricewaterhouse
Coopers.

A principal razão para que tal tivesse acontecido teve sobretudo a ver com o facto
de grandes multinacionais terem aberto subsidiárias em Angola, o que levou à
necessidade de as suas demonstrações financeiras serem auditadas uma vez que
iriam integrar as contas consolidadas das respectivas empresas-mãe.

O ensino da auditoria não acompanhou logo de início, as necessidades da profissão,


o que levou a que tivessem sido as firmas internacionais de auditores a suprir
internamente tal lacuna através da realização de cursos de formação dirigidos aos
seus técnicos angolanos.

O ensino da auditoria nos últimos anos passou a fazer parte da estrutura curricular
dos cursos nas Universidades de Angola.

REVISOR OFICIAL DE CONTAS

Um Revisor Oficial de Contas (ROC) é um profissional de contabilidade que tem a


competência exclusiva de rever legalmente as contas, auditar as contas e serviços
relacionados, de todo o tipo de instituições, empresas e entidades públicas (sob forma
empresarial).

O trabalho do Revisor Oficial de Contas deve ser realizado de acordo com as normas
técnicas, aprovadas ou reconhecidas pela Ordem dos Contabilistas e Revisores
Oficiais de Contas.

O Revisor Oficial de Contas deve possuir uma cédula profissional, que é emitida pela
Ordem.
Entre as competências do ROC, incluem-se a fiscalização da gestão para observância
das disposições legais e estatutárias de empresas e outras entidades, a consultoria e a
docência.

A Certificação legal das contas, que se destina a testar a sinceridad . :egularidade das
contas.
Revisão legal de empresas consiste na fiscalização das contas e da gestão, bem como
do cumprimento das disposições legais e estatutárias.

A certificação legal das contas pressupõe a prévia realização de um adequado exame


das contas da empresa ou entidade, abrangendo todas ou determinadas áreas com
incidência patrimonial efectiva ou contingente, desenvolvido de forma sistemática
e tecnicamente ordenada.

Compete ao revisor oficial de contas adoptar os procedimentos de revisão legal de


contas adequados a cada caso, na extensão e profundidade necessárias, até conseguir
provas idóneas que fundamentem a sua opinião sobre os factos ou actos sujeitos a
exame.

O exame das contas de empresas ou de quaisquer outras entidades, como meio


técnico de formar opinião e expressar convicções sobre a sinceridade e regularidade
dos documentos sujeitos a fiscalização por revisores oficiais de contas, deverá
obedecer a um conjunto de princípios gerais e concretiza-se através de
procedimentos específicos adequados, quer tal exame tenha incidência sobre a
expressão contabilística da universalidade dos negócios sociais das empresas ou
entidades, evidenciada em documentos de prestação de contas, sendo então
qualificado de revisão legal de contas, quer se limite a fins específicos ou a
determinadas áreas da gestão cujos reflexos patrimoniais devam ser devidamente
relevados na sua escrituração, neste caso identificado como revisão legal
(explicitação dos fins específicos ou dessas áreas).

A certificação legal das contas exprime a convicção de que os documentos de


prestação de contas apresentam, ou não, de forma verdadeira e apropriada, a
situaçãc -Inanceira e os resultados das operações da empresa ou entidade
relativamente à data e ao período a que os mesmos se referem; a certificação legal
das contas deverá ainda referir se os documentos de prestação de contas foram
sujeitos a exame, em conformidade com as normas técnicas de revisão legal de
contas.

Constituem procedimentos genéricos de revisão legal de contas todas as verificações


técnicas, exames documentais e outros e, de uma forma genérica, quaisquer acções
periciais que conduzam o revisor oficial de contas a formar opinião independente e
objectiva acerca de factos, relatórios, demonstrações financeiras e outros
documentos ou actos sobre o que for solicitado a pronunciar-se e lhe facultem
suporte para emitir parecer fundamentado.
Após o exercício da revisão ou auditoria de contas, o ROC emite uma certificação
legal das contas ou um relatório de auditoria, em que exprime a sua opinião sobre a
situação financeira, os resultados das operações e os fluxos de caixa da empresa ou
entidade respectiva, quer seja:

Certificação sem reservas;


Certificação sem reservas mas com ênfase;
Certificação com reservas por limitação do âmbito do
exanvs • > Certificação com reservas por desacordo;
Certificação adversa.

Qual a diferença entre um Técnico de contas e um ROC?

Certamente que existem algumas dúvidas sobre a diferença entre um Técnico de


contas e um ROC, que habitualmente designam os oficiais certificados para a
actividade de gestão da contabilidade. Os Técnicos Oficiais de Contas são
responsáveis pela execução da contabilidade;

Os Revisores Oficiais de Contas são os profissionais a quem compete a revisão


(auditoria de base legal) dessa mesma contabilidade a fim da certificação legal das
contas.

Um Técnico de Contas faz a ponte entre a fiscalidade e a empresa que representa,


não se limitando a fazer a contabilidade da mesma mas certificando-se que esta está
em conformidade com a legislação em vigor, e que todas as contribuições para o
Estado estão em dia. Cabe-lhes a responsabilidade de abarcar tudo o que envolva a
área financeira da mpresa, respondendo por isso pela reputação contabilística e
financeira da mesma aquando -lecessárias clarificações ou elaborações de relatórios
técnicos sobre a entidade.

Um Revisor Oficial de Contas (ROC) funciona como um auditor externo que tem a
responsabilidade e a quem é reconhecida a competência legal para rever a
contabilidade e auditar contas e serviços respeitantes a qualquer tipo de entidade e
organização, mesmo as de cariz público. Cabe-lhe a responsabilidade de conferir se
todas as contas estão em conformidade com o estipulado pelas normas técnicas
aprovadas ou reconhecidas pela Ordem dos Revisore'. de Contas (OROC), emitindo
após a revisão ou auditoria de contas uma certificação legal das mesi7t ou um
relatório de auditoria, documentando a sua opinião sobre a situação financeira, os
resultados das operações e os fluxos de caixa da entidade em questão.
CAPITULO 2
Príncipio
Contabilístico
As demonstrações financeiras devem apresentar de forma verdadeira e apropriada, aspectos
materialmente relevantes, sobre a posição financeira da Instituição (e ou Empresa), o resultado
das operações e os fluxos de caixa, relativamente à data, e ao período a que se referem, de
acordo os princípios contabilísticos geralmente aceites.

O conjunto de normas e convenções que guiam ou orientam os contabilistas na preparação das


demonstrações financeiras, são designados como os princípios contabilísticos geralmente
aceites.

O facto de um profissional ou entidade acreditar que um determinado princípio contabilístico


é adequado não o torna geralmente aceite. Será necessário que ele seja aceite não só por uma
grande parte dos profissionais envolvidos no processo económico, como também e
fundamentalmente, que a sua aplicação nas demonstrações financeiras resulta numa melhor
forma de expressão dos dados empresariais, para todos os sectores de actividade.
Por outro lado, os princípios não são imutáveis uma vez que a evolução da técnica
contabilística relacionada com as alterações da situação económico-social pode determinar o
abandono e substituição por outros princípios até então considerados de aceitação geral. Com
o objectivo de que as contas apresentem uma imagem verdadeira e apropriada do património,
da situação financeira e dos resultados, deverão ser seguidos os seguintes princípios gerais:

1) Da Continuidade
A empresa é uma entidade que desenvolve a sua actividade de modo contínuo, tendo uma
duração ilimitada. Não tem como objectivos a respectiva liquidação ou a redução significativa
do volume das suas operações.
2) Da Consistência
As políticas contabilísticas de uma empresa perpetuam-se de um exercício para o outro.
3) Da Especialização (ou do Acréscimo)
Reconhecimento dos proveitos e os custos quando obtidos ou incorridos, independentemente
do seu recebimento ou pagamento. Devem ser incluídos nas demonstrações financeiras dos
períodos a que respeitam.
4) Do Custo Histórico
Os registos contabilísticos devem basear-se em custos de aquisição ou de produção, em valores
nominais ou constantes.
5) Da Prudência
Possibilidade de integração nas contas um grau de precaução mediante a realização de
estimativas exigidas em condições de incerteza sem, no entanto, permitir a criação de reservas
ocultas ou provisões excessivas ou a deliberada quantificação de activos e proveitos por
defeito ou de passivos e custos por excesso.
6) Da Substância sobre a Forma

As operações devem ser contabilizadas atendendo à sua substância e à realidade financeira e


não apenas à sua forma legal.

7) Da Materialidade

As demonstrações financeiras devem evidenciar todos os elementos que sejam relevantes e


que possam afectar avaliações ou decisões de terceiros. Se for feita uma mudança de política
contabilística que tenha efeitos materialmente relevantes, é necessário divulgar que foi feita
uma mudança e quantificar o seu efeito.
8) Da Não Compensação

Separação dos elementos das rubricas do activo e do passivo (balanço), dos custos e perdas e
de proveitos e ganhos (demonstração de resultados), não havendo lugar a encontro de saldos.
9) Da Correspondência de Balanços Sucessivos

O balanço de abertura de exercício tem de apresentar os mesmos saldos que o balanço de


encerramento do exercício anterior.
10) Da Recuperação do Custo da Existências
As existências finais não devem apresentar-se no Balanço por um valor que não possa ser
recuperado com a sua alienação. (Deriva do Princípio da Prudência).

Importância para o Auditor

O Auditor deve garantir o cumprimento dos princípios contabilísticos geralmente aceites e


para tal, deverá estabelecer mecanismos de actuação em diversos aspectos:

• Organização
• Procedimentos Normativos
• Registos e Relatórios
• Auditoria Interna
A eficiência do Controlo deriva da qualidade dos meios humanos, materiais e metodológicos
empregues na actividade de auditoria, bem como da eficiente aplicação das normas técnicas
da contabilidade.
O trabalho de auditoria, enquanto actividade a desenvolver em colaboração e cooperação
(pessoal e institucional), implica uma correcta aplicação de processos organizacionais e de
relações humanas, por forma a garantir melhores resultados.

2.2 - A IMAGEM VERDADEIRA E APROPRIADA


A expressão "imagem verdadeira e apropriada", traduzida do termo anglosaxónico "a true
and fair view", tem vindo a assumir-se cada vez mais no vocabulário comum dos Técnicos de
Contas.

"A imagem verdadeira e apropriada está para a contabilidade, assim como ajustiça está para
o direito",

A "imagem verdadeira e apropriada" é considerado um macro-princípio contabilístico


integrado na estrutura conceptual da contabilidade.

Esta expressão, vem a propósito para relembrar que as demonstrações financeiras devem
mostrar uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira, do desempenho e das
alterações na posição financeira de uma entidade, seja ela da economia real ou da economia
social.

O PGC refere que as características qualitativas das demonstrações financeiras (relevância,


fiabilidade e comparabilidade), adicionando aos princípios e normas contabilísticas
adequadas (princípios contabilísticos geralmente aceites, valorimetria), fazem que surjam
demonstrações financeiras geralmente descritas como apresentando uma "imagem verdadeira
e apropriada" da posição financeira e do resultado das operações da empresa.

O Técnico de Contas ao assinar as demonstrações financeiras e as declarações fiscais, em


conjunto com o representante legal da empresa, assume claramente as suas responsabilidades
em prol da "imagem verdadeira e apropriada" significa que não omite qualquer informação
pedida e está de acordo com os registos contabilísticos".

2.4PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTABILÍSTICA INTERNACIONAL


O crescimento das empresas e a consequente necessidade de novos investidores veio realçar a
importância da qualidade da informação financeira.

Por conseguinte, a crescente interpenetração e crescimento dos mercados económicos e


financeiros conduz à reconhecida necessidade de procura da minimização das inconsistências
nos procedimentos contabilísticos, entre os diversos países. Torna-se urgente implementar
um corpo de normas, aceite internacionalmente, por forma a assegurar que a informação que
serve de base à tomada de decisões económicas por parte de todos os agentes seja
transparente, compreensível, fiável, consistente e comparável à escala internacional.
A informação financeira que é preparada para accionistas e outros interessados baseia-se num
conjunto de princípios e procedimentos que variam de país para país. Em consequência, a
ausência de comparabilidade entre os vários relatos financeiros conduz a situações cada vez
mais indesejáveis, e isto porque:

• Aumenta consideravelmente os custos de preparar a informação financeira — uma empresa


multinacional terá de preparar tantas demonstrações financeiras quantos os países em que
opera;

• As próprias empresas pretendem ter um sistema uniforme que lhes permita aferir do
desempenho financeiro das suas unidades produtivas espalhadas por diferentes países;

• Investidores e outros utentes da informação financeira, porque têm de conviver com esta
magnitude de diferenças, principalmente quando pretendem analisar determinado sector de
actividade à escala internacional, incorrem em despesas extra de análise com as consequências
negativas a elas associadas.

A harmonização está relacionada com o cumprimento de requisitos de consenso.

A ausência de comparabilidade conduz a nefastas consequências. Dificuldade de


entendimento e compreensão resultando das diferenças contabilísticas podem levar à tomada
de decisões erradas.

Perante esta falta de base de comparação, a informação financeira perde a sua credibilidade
e nasce a necessidade de criar uma metodologia comum a ser seguida pelas unidades
económicas, com vista à comparação e compreensão das informações pelos diversos agentes
económicos.

A harmonização implica, deste modo, um processo de conciliação de diferentes pontos de


vista e visa padronizar as práticas contabilísticas de diferentes países de forma a alcançar
alguma comparabilidade entre as demonstrações financeiras. A harmonização visa também
alcançar a convergência, a nível internacional, das diferentes normalizações de âmbito
nacional.

Se as empresas aderem a um conjunto de normas mundialmente reconhecidas, haverá maior


coerência nas inforrnações financeiras apresentadas em relatórios anuais e em outros
documentos da empresa. Isso facilitará a tomada de decisão do investidor e o registo nas
bolsas de valores do mundo."

A normalização e a harmonização procuram a redução da diversidade contabilística.

A normalização visa a uniformidade, a aplicação rígida das normas, a homogeneidade. A

harmonização pretende o aumento da comparabilidade das práticas contabilísticas e assenta


na flexibilidade relativa.
CAPITULO 3
Normas de auditoria
Em termos gerais uma norma significa "lei, regra, fórmula pela qual se deve dirigir qualquer
pessoa, coisa, etc.; modelo, exemplo, regra, procedimento". (dicionário da língua portuguesa).

Aplicadas a uma qualquer actividade profissional, as normas têm fundamentalmente a ver com
a qualidade do trabalho executado pelo que, no que respeita à auditoria, elas debruçam-se não
só sobre as qualidades profissionais dos auditores como também sobre o julgamento pelos
mesmos exercido na execução do seu exame e na elaboração do consequente relatório.

Neste capítulo iremos fazer referência às normas emitidas pelos seguintes três organismos:

AICPA que, como já referimos, foi o primeiro organismo profissional que publicou normas
de auditoria;

UEC, organismo representativo da profissão contabilística a nível europeu e que existiu de


1951 a 1986;

IFAC, organismo representativo da profissão contabilística a nível mundial, que foi criado em
1977.

Normas de auditoria do AICPA (ORDENAÇÃO POR GRUPOS)

A origem das normas de auditoria remonta a 1917 quando o AIA antecessor do AICPA
preparou os primeiros documentos técnicos sobre auditoria. Desde Outubro de 1939 que o
Committee auditing procedure (Comité dos procedimentos de auditoria), hoje denominado
Auditing Standards Board (Departamento de normas de auditoria) do AICPA tem vindo a
emitir diversos Statements on auditing procedure (declarações de normas de auditoria) que
anteriormente se chamavam Statements on auditing procedure (declarações de procedimentos
de auditoria).

Tais documentos referem-se aos procedimentos de auditoria que serão estudados que de acordo
com o julgamento profissional do auditor que pode conduzi-lo a realizar procedimentos
adicionais aos recomendados pelo referido Conselho

As primeiras normas de auditoria foram aprovadas em 1948 e dividem em três grandes grupos:
normas gerais, normas relativas ao trabalho de campo e normas para a elaboração de relatórios.
O AICPA emite regularmente diversos documentos técnicos interpretativos das dez normas
acima referidas.

Normas de auditoria da UEC

A UEC foi criada em 17 de Novembro de 1951. Em Dezembro de 1976 a UEC criou o seu
Departamento de normas de auditoria, a partir de 1978, passou a emitir diversas normas com o
objectivo de:

-aumentar o padrão de auditoria na Europa;

-hannonizar a auditoria das demonstrações financeiras;

-promover o desenvolvimento dos princípios e técnicas de auditoria;

-incrementar a compreensão mútua dos relatórios dos auditores sobre as demonstrações


financeiras das empresas.

Em 1986 a UEC extinguiu-se, dando origem, a FEE.

Até final de 1986 foram publicadas pela UEC 20 normas de auditoria (ORDENAÇÃO
NUMÉRICA)

1 -Objecto e âmbito da auditoria das demonstrações financeiras anuais, data da publicação,


Março 1978

2-A utilização do trabalho de outro auditor, Março de 1978

3-0s papéis de trabalho do auditor, Março de 1978

4-Considerações de auditoria a respeito do princípio da continuidade, Março de 1978

5-A auditoria de contratos de operações cambiais de instituições de crédito, Setembro de 1978

6-Controlo de qualidade — assegurar e aumentar a qualidade das auditorias, Junho de 1979

7-Efeito da função auditoria interna no âmbito do exame do auditor independente, Dezembro


1980

8-0 relatório de auditoria, Maio 1981

9-Revisão por um auditor independente das demonstrações financeiras não anuais de uma
empresa, Janeiro 1982

10-A presença do auditor na contagem fisica das existências, Maio 1982

11 -Declarações do órgão de gestão dirigidas ao auditor, Maio 1982

12-A detecção de fraude dentro do âmbito de uma auditoria de demonstrações financeiras,


Outubro 1982
13-Consideraçõeg de auditoria a respeito de acontecimentos ocorridos após a data de referência
do balanço, Dezembro 1982

14-Considerações especiais a respeito da auditoria de demonstrações financeiras de pequenas


empresas, Julho 1983

15-A confirmação de saldos devedores como um procedimento de auditoria, Dezembro de 1983

16-0 auditor e os valores comparativos nas demonstrações financeiras, Dezembro 1983

17-Procedimentos de auditoria relativos a contingências (eventualidades ou incertezas),


Dezembro de 1983

18-Considerações de auditoria relativas ao relatório do órgão de gestão, Dezembro de 1984 19-


Auditoria dos investimentos financeiros, Novembro 1985

20-Considerações especiais a respeito da auditoria de demonstrações financeiras consolidadas,


Outubro 1986.

A FEE que substituiu a UEC nunca emitiu qualquer norma de auditoria por considerar que tal
não se justificava face a existência das normas internacionais de auditoria da IFAC, que serão
abordadas a seguir.

Normas de auditoria da IFAC (ORDENAÇÃO POR ASSUNTOS)

A IFAC foi criada em 7 de Outubro de 1977

A primeira norma de auditoria da IFAC foi publicada em Janeiro de 1980 e debruçava-se sobre
o objectivo e o âmbito da auditoria das demonstrações financeiras; Em Julho de 1994 todas as
normas (standards) e declarações (statements) da IFAC foram objecto de uma ordenação por
assuntos.

Em seguida vem a estrutura actual de pronunciamentos técnicos emitidos pelo IAASB que é
uma comissão permanente da IFAC.

PRONUNCIAMENTOS TÉCNICOS

O Código de ética para contabilistas profissionais lidera as normas da IFAC:

1 0 rectângulo - Código de ética

20.rectângulo — Pronunciamentos técnicos emitidos pelo IAASB

30.rectângulo — Normas internacionais de controlo de qualidade

40.rectângulo — Estrutura internacional do trabalho de asseguração

50.rectângulo — Auditoria e revisões da informação financeira histórica (50, 60 e 70 na mesma


linha)
60.rectângulo — Outros trabalhos de asseguração que não se limitam apenas as auditorias e
revisões históricas

70.rectângulo — Serviços relacionados (auditoria na base consolidada)

80.rectângulo — ISAs — Normas internacionais de auditoria (80, 90, 100 e 11 0 mesma linha)
90.rectângulo- ISREs - trabalhos de revisão

trabalhos de
100.rectângulo- ISAEs -
asseguração
11 0.rectângulo — ISRSs- serviços relacionados
12 .rectângulo IAPSs- Declarações práticas internacionais de auditoria (120, 130, 140 e 150
0

mesma linha)

130-rectângulo -IREPSs- " trabalhos de revisão 140.rectângulo-IAEPSs- ' asseguração

150.rectângulo- IRSPSs - serviços relacionados

NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTROLO DE QUALIDADE (ISQC) (30. rectângulo)

1- Controlo de qualidade para firmas que efectuam auditorias e revisões de informação


financeira histórica e outros trabalhos de asseguração e de serviços relacionados NORMAS
INTERNACIONAIS DE AUDITORIA (ISA) (80.rectângu10)

200 à 299 PRINCÍPIOS GERAIS E RESPONSABILIDADES

200 Objectivo e princípios gerais que governam uma auditoria de demonstrações financeiras

210 Termos dos compromissos de auditoria

220 Controlo de qualidade para auditoria de informação financeira histórica

230 Documentação de auditoria

240 A responsabilidade do auditor em levar em consideração uma fraude numa auditoria de


demonstrações financeiras

250 Consideração de leis e de regulamentos numa auditoria de demonstrações financeiras

260 Comunicação de assunto de auditoria às pessoas encarregadas da govemação

300 à 499 AVALIAÇÃO DO RISCO E RESPOSTA A RISCOS AVALIADOS

300 Planeamento de uma auditoria de demonstrações financeiras

315 Compreensão da entidade e do seu meio envolvente e avaliação dos riscos de distorções
materiais

320 Materialidade em auditoria


330 Os procedimentos do auditor em resposta aos riscos avaliados

402 Considerações de auditoria relativas a entidades que utilizam organizações de prestação de


serviços

500 à 599 - PROVA DE AUDITORIA

500 Prova de auditoria

501 Prova de auditoria: considerações adicionais para itens específicos

505 Confirmações externas 510 Trabalhos

iniciais: saldos de abertura

520 Procedimentos analíticos

530 Amostragem em auditoria e outras formas de testes

540 Auditoria de estimativas contabilísticas

545 Auditoria das mensurações ao justo valor e às divulgações

550 Partes relacionadas

560 Acontecimentos subsequentes

570 Continuidade

580 Declarações do órgão de gestão

600 à 699 USAR O TRABALHO DE 01JTRos

600 Utilização de trabalho de outro auditor 610 Levar em

consideração o trabalho da auditoria interna 620

Utilização do trabalho de um perito

700 à 799 CONCLUSÕES E RELATO DE AUDITORIA

700 0 relatório do auditor independente sobre um conjunto completo de demonstrações


financeiras para fins gerais

701 Modificações ao relatório do auditor independente

710 Comparativos

720 Outras informações em documentos que contenham demonstrações financeiras auditadas

800 à 899 ÁREAS ESPECIALIZADAS


800 0 relatório do auditor sobre trabalhos de auditoria com finalidades especiais
DECLARAÇÕES PRÁTICAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA (IAPS)

1000 Procedimentos de confirmação entre Bancos

1004 As relações entre as entidades de supervisão bancária e os auditores externos dos Bancos

1005 Considerações especiais na auditoria de pequenas entidades

1006 Auditoria de demonstrações financeiras de Bancos

1010 A consideração de matérias ambientais na auditoria de demonstrações financeiras

1012 Auditoria de instrumentos financeiros derivados

1013 Comércio electrónico — efeito na auditoria de demonstrações financeiras

1014 0 relato pelos auditores sobre o cumprimento das normas internacionais de relato
financeiro
NORMAS INTERNACIONAIS DE TRABALHOS DE REVISÃO (ISRE) (90 rectângulo)

2400 Trabalhos de revisão de demonstrações financeiras

2410 Revisão de informação financeira intercalar realizada pelo auditor independente da


entidade

NORMAS INTERNACIONAIS DE TRABALHOS DE ASSEGURAÇÃO (ISAE)

3000 Trabalhos de asseguração que não sejam auditorias ou revisões de informação financeira
histórica

3400 0 exame de informação financeira prospectiva


NORMAS INTERNACIOANAIS DE SERVIÇOS RELACIONADOS (ISRS)

4400 Trabalhos para realizar procedimentos acordados relativos a informação financeira

4410 Trabalhos para compilar informação financeira


NORMAS TECNICAS DE REVISÃO DE AUDITORIA

As Normas Técnicas de Revisão/Auditoria, que compreendem as Normas Gerais, Normas de


Trabalho de Campo e Normas de Relato, são de aplicação obrigatória e constituem os
princípios básicos e os procedimentos essenciais a cumprir pelos revisores/ auditores no
desenvolvimento dos trabalhos por elas abrangidos.

As Normas Técnicas são suplementadas e desenvolvidas por Directrizes de Revisão/Auditoria.


Supletivamente, são aplicáveis as normas e recomendações de auditoria, emitidas pela
Internacional Federation of Accountants (IFAC).

As Directrizes Técnicas são preparadas pela Comissão Técnica das Normas, submetidas a
consulta aos revisores/auditores e aprovadas pelo Conselho Directivo, sendo de aplicação
obrigatória, salvo se existirem razões fundamentadas para a sua não aplicação. Quando tal
suceda, o revisor/auditor deve ter plena consciência que é de sua responsabilidade provar que
a orientação e/ou os procedimentos alternativos utilizados proporcionam, pelo menos,
segurança equivalente àquela que seria proporcionada pela disposição derrogada.

As dúvidas que surjam ou os esclarecimentos que se tornem convenientes relativamente à


aplicação das Directrizes de Revisão/Auditoria poderão dar lugar a Interpretações Técnicas, a
emitir pela Comissão- Técnica das Normas, quando forem de aplicação generalizada. Tais
Interpretações Técnicas serão objecto de divulgação, para orientar os revisores/auditores na
aplicação das Normas e Directrizes de Revisão/Auditoria e para promover a boa prática
profissional.

Âmbito de aplicação

As Normas e Directrizes de Revisão/Auditoria aplicam-se ao exame completo (revisão/


auditoria) das demonstrações financeiras e a outras funções de interesse público, bem como a
serviços relacionados, que compreendem exames simplificados ("reviews"), procedimentos de
revisão/auditoria acordados com o cliente e trabalhos de compilação de informação financeira.

Normas Gerais

O revisor/auditor deve realizar o seu trabalho como diligência e zelo profissionais e cumprir as
disposições do Código de Ética e Deontologia Profissional designadamente no tocante a
independência, competência e sigilo profissional.

O revisor/auditor deve acordar com o seu cliente, e redigir a escrito de forma clara e completa,
os termos do seu compromisso, designadamente a natureza e âmbito do trabalho, o nível de
segurança a proporcionar e o tipo de relatório a apresentar, quando tais termos não resultem
expressamente da lei.

A segurança proporcionada pelo revisor/auditor, relativamente à credibilidade das asserções


contidas na inforrnação financeira, assenta na sua satisfação quanto à evidência recolhida em
resultado dos procedimentos adoptados. O nível de segurança proporcionada pelo
revisor/auditor pode ser aceitável (elevado, mas não absoluto), ou moderado, conforme se trate
de uma revisão/auditoria ou de um exame simplificado.
Embora a detecção de fraudes e erros não seja normalmente um dos objectivos do seu trabalho,
o revisor/auditor deve, no planeamento e execução deste, adoptar uma atitude de dúvida
sistemática, tendo presente o risco da ocorrência de tais situações.

O revisor/auditor é responsável pela opinião que expressa, podendo contudo, para a formação
dessa opinião, recorrer ao trabalho de outros revisores/auditores ou de outros peritos. Em caso
algum pode o revisor/auditor recorrer a qualquer forma de subcontratação que vise derrogar ou
limitar a sua responsabilidade.

Normas de Trabalho de Campo

Acções preparatórias
O revisor/auditor deve adquirir conhecimento suficiente da entidade e do seu negócio, através
de uma prévia recolha e apreciação crítica de factos significativos, dos sistemas contabilístico
e de controlo interno, e dos factores internos e externos que condicionam a estrutura
organizativa e a actividade exercida pela entidade.

O revisor/auditor deve avaliar a forma como o sistema de controlo interno efectivamente


funciona e, nos sistemas de informação computorizados, tomarem consideração a forma como
eles afectam a revisão/auditoria.

Na determinação do risco de revisão/auditoria, o revisor/auditor deve usar o seu julgamento


tendo em conta a materialidade e o relacionamento desta com aquele risco. Considera-se que
uma informação é materialmente relevante se a sua omissão ou distorção puder influenciar as
decisões dos utilizadores das demonstrações financeiras.

Planeamento
O revisor/auditor deve planear o trabalho de campo e estabelecer a natureza, extensão,
profundidade e oportunidade dos procedimentos a adoptar, com vista a atingir o nível de
segurança que deve proporcionar e tendo em conta a sua determinação do risco da
revisão/auditoria e a sua definição dos limites de materialidade.

A complexidade e o volume das operações levam, em regra, o revisor/auditor a fazer incidir os


seus procedimentos de revisão/auditoria sobre amostras, as quais devem ser criteriosamente
seleccionados.

O revisor/auditor deve identificar as pessoas singulares ou colectivas com as quais a entidade


tenha uma relação de controlo ou de influência significativa ou outra qualquer relação especial,
assim como as transacções com tais pessoas, adaptando os seus procedimentos às
circunstâncias.

Coordenacão. execucão e supervisão do trabalho


O revisor/auditor deve assegurar adequadamente a coordenação e supervisão do trabalho,
quando este for executado por técnicos auxiliares.

O revisor/auditor deve obter prova de revisão/auditoria apropriada e suficiente, através de


inspecções, observações, indagações, confirmações, cálculos e procedimentos analíticos, cuja
realização e conclusões devem ser adequadamente documentadas por forma a suportar a sua
opinião.
Sendo da responsabilidade do órgão de gestão a preparação de demonstrações financeiras que
apresentem de forma verdadeira e apropriada a posição financeira, o resultado das operações e
os fluxos de caixa da entidade, bem como a adopção de políticas e critérios contabilísticos
adequados e a manutenção de um sistema de controlo interno apropriado, deve o revisor/auditor
solicitar àquele órgão que subscreva uma declaração confirmando tal responsabilidade, as
asserções contidas nas demonstrações financeiras e as informações que prestou no decurso da
revisão/auditoria.

O revisor/auditor deve tomar em consideração os acontecimentos significativos, favoráveis ou


desfavoráveis, ocorridos posteriormente à data de referência das demonstrações financeiras,
que se fossem conhecidos em devido tempo deveriam ter sido adequadamente relevados ou
divulgados.

Normas de Relato

No documento final que emitir, o revisor/auditor deve, de uma forma clara e sucinta, além de
expressar a sua opinião, se for caso disso, identificar a natureza e o objecto do trabalho e,
tratando-se de relato de revisão/auditoria ou de exame simplificado, descrever as
responsabilidades do órgão de gestão e as suas próprias e o âmbito do trabalho efectuado, bem
como, eventualmente, apresentar as informações complementares que entenda necessárias.

Nos casos de revisão/auditoria conducente a uma certificação legal das contas ou a um relatório
do auditor externo, porque o revisor/auditor proporciona um nível de segurança aceitável, a sua
opinião deve ser expressa de uma forma positiva, isto é, declarando se as demonstrações
financeiras, tomadas como um todo, apresentam, ou não, de forma verdadeira e apropriada, em
todos os aspectos materialmente relevantes, a posição financeira, o resultado das operações e
os fluxos de caixa da entidade, com referência a uma data e ao período nela findo, de acordo
com o referencial adoptado na preparação das mesmas (princípios contabilísticos geralmente
aceites ou os especificamente adoptados em Portugal para um dado sector de actividade).

Nos casos de exames simplificados, porque o revisor/auditor proporciona um nível de


segurança moderado, a sua opinião deve ser expressa de forma negativa, isto é, declarando se
nada, ou algo, chegou ao seu conhecimento que o leve a concluir que as demonstrações
financeiras contêm distorções que afectem de forma materialmente relevante a sua
conformidade com o referencial adoptado na preparação das mesmas.

As informações divulgadas nas demonstrações financeiras devem ser entendidas como


razoavelmente adequadas face ao referencial adoptado na sua preparação, salvo declaração
expressa do revisor/auditor noutro sentido.

Quando estiver perante situações que não lhe permitam expressar uma opinião, o
revisor/auditor deve declarar expressamente as razões.

Quando o trabalho tenha um objecto, uma finalidade elou um âmbito específico ou limitados,
tais circunstâncias devem ser claramente descritas no relatório e tidas em conta na opinião.
RT - RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS

RT 1 - Conferência dos Documentos de Prestação de Contas a Publicar


RT 3 - Verificação da Aplicação do Princípio Contabilístico da Consistência
RT 5 - Revisão de Demonstrações Financeiras Intercalares
RT 9 - Revisão das Demonstrações Financeiras Consolidadas
RT 11 - Revisão da Informação Financeira Prospectiva
RT 16 - Despesas Confidenciais ou não Documentadas
RT 19 - A Utilização do Trabalho de Outros Revisores/Auditores e de Técnicos ou Peritos

IT - INTERPRETAÇÕES TÉCNICAS

IT 1 - Comparativos nas Demonstrações Financeiras Consolidadas


IT 2 - Locação Financeira
IT 3 - Revisão da Primeira Consolidação de Contas de Algumas Instituições Financeiras
IT 4 - Verificação do Imposto Diferido no Reinvestimento das Mais-Valias nas Alienações de
Elementos do Imobilizado Corpóreo
IT 5 - Aplicação do Método da Equivalência Patrimonial
IT 6 - Aplicação da Directriz Contabilística n.0 16 - Reavaliação de Activos Imobilizados
Tangíveis
IT 7 - Classificação das Locações
IT 8 - Elementos a Incluir nos Fundos Próprios das Instituições Sujeitas à Supervisão do Banco
de
Portugal (Aviso n.0 12/92, de 22 de Dezembro)
IT 9 - Amortização pelo Método das Quotas Degressivas
IT 10 - Transformação de Empresas em Nome Individual em Sociedades
IT 13 - Declaração do Órgão de Gestão
IT 14 - Perda de Metade do Capital
IT 15 - Certificação Legal das Contas (CLC) com escusa de opinião
IT 16 - Despesas pagas em numerário em projectos do POE/PRIME
A ÉTICA E A DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

Conceitos fundamentais

Entende-se por ética a parte da filosofia que trata da moral. Ética e moral são também
considerados os ramos do conhecimento que têm a ver com os costumes, ou seja, com as
fonnas de comportamentos habituais ou normais.

A ética é pois a ciência do dever ser, o que implica a existência de valores. Os valores são
atribuições feitas pelo espírito humano, são elementos essenciais da ética.

Por seu lado, deontologia é a ciência dos deveres.

Dever se entende como o acto que tem de se encontrar em virtude de uma ordem, preceito
ou contrato. Assim sendo, a deontologia profissional tem pois a ver com as regras de
qualquer actividade profissional. (Viu-se que a deontologia profissional do auditor encabeça
as normas de auditoria da IFAC).

Enquanto a ética está relacionada com características de ordem geral, a deontologia abarca
um âmbito mais restrito.

(Ética ciência dos valores. É lei — abrangência é geral. Deontologia ciência dos deveres. É
norma — âmbito é restrito).

O Código de Ética da IFAC


No que se refere à profissão contabilística, a IFAC aprovou em Julho de 1990 as primeiras
Normas "guidelines" sobre Ética, as quais deram origem, em Julho de 1996, ao Código de
Ética para os Contabilistas Profissionais, posteriormente objecto de várias revisões, a última
das quais em Junho de 2005 e que entrou em vigor em 30 de Junho de 2006.

O actual Código de Etica da IFAC divide-se nas seguintes três partes:


- Parte A, que estabelece os princípios fundamentais da ética profissional para os
contabilistas profissionais e que proporciona uma estrutura conceptual para a aplicação de
tais princípios;

- Parte B, que ilustra como é que a estrutura conceptual deve ser aplicada aos contabilistas
profissionais em prática pública (professional accountants in public practice);

- Parte C, que ilustra como é que a estrutura conceptual deve ser aplicada aos contabilistas
profissionais em entidades (Professional accountants in business).

A parte A do Código de Ética da IFAC, que se intitula Aplicação Geral do Código, integra
seis secções.

Secção 100 — Introdução e princípios fundamentais

Começa-se por salientar que um marco que distingue a profissão contabilística é a sua aceitação
da responsabilidade de actuar no interesse público e que portanto a responsabilidade do
contabilista profissional não é a de satisfazer exclusivamente as necessidades de um cliente ou
de uma entidade patronal específica.

De seguida, refere-se que ao contabilista profissional se exige que cumpra com os seguintes
princípios fundamentais: integridade, objectividade, competência e devido zelo profissionais,
confidencialidade e comportamento profissional.

Secção 110 — Integridade

Este princípio impõe a todos os contabilistas profissionais a obrigação de serem francos e


honestos nas suas relações profissionais e empresariais.

Secção 120 — Objectividade

Este princípio impõe a todos os contabilistas profissionais a obrigação de não comprometerem


o seu julgamento profissional ou empresarial devido a preconceitos, conflitos de interesses ou
a influência indevida de terceiros.

Secção 130 — Competência e devido zelo profissionais


Este princípio impõe aos contabilistas profissionais as seguintes obrigações:

A' a) Manter conhecimento e perícia profissionais ao nível exigido para assegurar que os
clientes ou entidades patronais recebam um serviço profissional competente; e
b) Actuar diligentemente .com zelo ou cuidado) de acordo com as ponpas técnicas e
profissionais aplicáveis quando prestam serviços profissionais. decttcct do
Secção 140 — Confidencialidade
Este princípio impõe aos contabilistas profissionais a obrigação de se absterem de:
a) Divulgar fora da firma ou da entidade empregadora informação confidencial obtida como
resultado de relações profissionais e empresairias sem autorização apropriada e especifica ou a
não ser que haja um direito ou obrigação legal ou profissional a divulgar
b) Usar informação confidencial obrida como resultado de relações profissionais e empresariais
em seu proveito ou no de terceiros

Secção 150 — Comportamento profissional


Este princípio impõe aos contabilistas profissionais a obrigação de cumprirem com as leis e
regulamentos relevantes e evitarem qualquer acção que possa trazer descrédito à profissão. Isto
inclui acções que uma terceira parte razoável e informada, tendo conhecimento de toda a
informação relevante, possa concluir negativamente que afectam a boa reputação da profissão

INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS
No que se refere a incompatibilidades, estabelece-se que as mesmas podem ser de três tipos, a
saber:
a)-lncompatibilidades em) geral, ou seja, considera-se que a profissão de auditor "é
incompatível com qualquer outra que possa implicar a diminuição da independência, de
prestígio ou da dignidade da mesma ou ofenda outros princípios de ética e deontolo
profissional".
b)-lncompatibilidades absolutas, ou seja, os auditores "não podem exercer funções de membros
de órgãos de administração, gestão, direcção ou gerência em empresas ou outras entidades
salvo as de gestor e liquidatários judiciais e outras decorrentes de atribuição por lei".
Se se pode considerar estranho que um auditor possa exercer as funções de gestor ou
liquidatário judiciais mais estranho ainda é o facto de tais incompatibilidades não se aplicarem
quando os auditores exercem as suas funções "em pessoas colectivas públicas, de utilidade
pública administrativa ou de mera utilidade pública, bem como em instituições particulares de
solidariedade social".
c)-lncompatibilidades relativas, ou seja, não pode exercer funções de auditor numa empresa ou
outra entidade aquele que:
- Tiver, ou cujo cônjuge ou parentes em linha recta tiverem, participação no capital social
da mesma;

- Tiver o cônjuge ou qualquer parente ou afim na linha recta ou até ao 30. grau na linha
colateral nela exercendo funções de membro de órgãos de administração, gestão, direcção ou
gerência;
- Nela prestar serviços remunerados que ponham em causa a sua independência
profissional;
- Exercer numa concorrente funções que não sejam enquadráveis nas competências
exclusivas e específicas dos auditores, salvo concordância das empresas ou outras entidades
em causa;
-nela tenha exercido nos últimos três anos funções de membro dos seus órgãos de
administração, gestão, direcção ou gerência.
Finalmente, os auditores "que nos últimos três anos tenham exercido funções de auditoria das
contas em empresas ou outra entidade não podem nela exercer funções de membros dos seus
órgãos de administração, gestão, direcção ou gerência, salvo as de gestor e liquidatário judiciais
e outras decorrentes de atribuição por lei"
CAPÍTULO 4
PLANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO
TRABALHO DE AUDITORIA

PLANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DE AUDITORIA

O planeamento é a função administrativa que determina os objetivos que devem ser atingidos
e como se deve fazer para alcançá-los.

Na fase do planeamento, especificam-se o alcance da auditoria, critérios, metodologia a ser


aplicada, tempo e recursos requeridos para garantir que sejam contempladas as actividades,
processos, sistemas e controlo mais importantes.

4.1- AS DIFERENTES FASES DE UMA AUDITORIA

Planear uma auditoria significa desenvolver uma estratégia geral e uma abordagem
pormenorizada quanto a natureza, tempestividade e extensão esperadas de uma auditoria,
devendo o auditor planear e realizar de forma eficiente.

O processo de auditoria deve ser visto como um elemento integrante de um sistema de gestão
e um instrumento que permite aferir o cumprimento dos planos definidos contribuindo para a
melhoria contínua da Organização.

O processo de melhoria contínua implica a organização e realização de auditorias, de modo a


manter o sistema de gestão operacional e a eliminar qualquer inconformidade que porventura
não esteja de acordo as referenciais e requisitos a cumprir.

Assim, podemos distinguir 4 diferentes fases de uma auditoria: Compromisso, Planeamento,


Execução e Relatórios

4.1.1 - COMPROMISSO
O auditor deve estabelecer um acordo com o seu cliente, identificando os termos do
compromisso necessários e registar numa carta compromisso de auditoria ou um contrato de
trabalho.
O contrato a ser rubricado entre o auditor e a instituição a ser auditada (cliente) deve conter
dentre outros objectivos, os seguintes aspectos:

> Os objectivos da auditoria as demonstrações financeiras;


> A responsabilidade do órgão de gestão na elaboração das demonstrações financeiras;
> O âmbito da auditoria, incluindo referências a legislação, regulamentos e normas técnicas
emitidas pelo organismo profissional do auditor;

> O acesso restrito, por parte do auditor, a quaisquer registos, documentos e outras
informações necessárias e relacionadas com a auditoria.

4.1.2 - PLANEAMENTO
O Planeamento é a fase em que são traçados e elaborados os cronogramas de trabalho, a
elaboração do orçamento de horas, orçamento de moedas e a elaboração da carta proposta.

Os objectivos do planeamento de auditoria podem ser atingidos de modo mais eficiente quando
o mesmo é efectuado por escrito e quando a emissão desses objectivos resulta na elaboração de
programas de auditoria.

As grandes firmas de auditoria dão grande importância ao planeamento, definindo roteiros,


formulários e padrões para sua elaboração. Geralmente, o planeamento é elaborado pelo
responsável do trabalho de auditoria com a participação e aprovação dos accionistas e ou
gerentes das instituições.

No processo de elaboração do planeamento do trabalho de auditoria, devem ser respondidas


muitas questões, com destaque para as seguintes:

> Que tipo de modelo de gestão a empresa utiliza?


> Qual a sua estrutura organizacional?
> Qual o plano estratégico das operações?
> Quais os sistemas operacionais, administrativos e de controlo interno que a empresa
utiliza? Os mesmos estão documentados? Existem manuais?

A determinação do risco de auditoria é um outro aspecto a ter em consideração no acto do


planeamento da auditoria, pois que é nesta fase que deve-se ter em atenção o risco de ser
emitido um relatório errado ou incompleto. Esse risco pode ser classificado como:

> Risco inerente que é a percepção da possibilidade de ocorrência de erros ou


irregularidades relevantes, mesmo antes de se conhecer e avaliar a eficácia do sistema
de controlo da empresa.

> Risco de controlo que é o risco de não existir um bom sistema de controlo interno que
previna ou detecta em tempo útil, os erros ou irregularidades relevantes.

> Risco de detecção: é o risco de não serem descobertos eventuais erros ou irregularidades
relevantes.
4.1.3 - EXECUÇÃO
A fase de execução compreende a realização de provas e reunião de evidências em quantidade
e qualidade, baseando-se nos objectivos, critérios e na metodologia selecionada durante o
planeamento.

A fase de execução dos trabalhos de auditoria ou exames é normalmente chamada de trabalho


de campo e consiste na etapa de aplicação do programa de auditoria e colheita de evidências,
compreendendo as seguintes etapas:

> Reunião de abertura dos trabalhos de auditoria; Para o início dos trabalhos é pertinente
que se faça uma reunião da equipa de auditores com o gerente da área e ou com o
dirigente da organização, a fim de apresentar o plano de trabalho, esclarecer o objectivo
do trabalho a ser executado e solicitar o devido apoio para o bom desempenho das
actividades.

> Estudo e avaliação dos controlos internos; A execução do trabalho de auditoria requer que
o auditor estuda e avalia o sistema de controlo interno da instituição (a ser auditada) para
determinar o grau de confiança a ser depositada e a natureza e extensão dos
procedimentos de auditoria. Quanto melhor e mais eficientes e eficazes forem os
controlos internos implantados na entidade auditada, mais segurança adquire o auditor
com relação aos exames que está a proceder.

> Aplicação dos programas de auditoria; O programa de auditoria constitui-se no


desenvolvimento do plano de auditoria, executado previamente aos trabalhos de campo
em consonância aos objectivos definidos e nas informações disponíveis sobre as
actividades da entidade auditada. É o plano de acção detalhado, destinado a orientar
adequadamente o trabalho do auditor, permitindo-lhe complementá-lo quando
circunstâncias imprevistas o recomendarem.

> Procedimentos gerais de auditoria; Consiste num conjunto de métodos e técnicas


utilizadas pelo auditor, previstas num programa de auditoria para a realização do seu
trabalho de modo a recolher as evidencias para determinar as suas conclusões. Os
principais procedimentos de auditoria são: Entrevista, observação, inspecção, confronto,
análise, confirmação e conferência.
ESQUEMA DAS FASES DO PROCESSO DE AUDITORIA

Compromisso Planeamento

4.2 - A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA ENTIDADE E DOS SEUS SISTEMAS


DE INFORMAÇÃO E CONTROLO INTERNO

4.2.1 - CONHECIMENTO DO NEGOCIO


O conhecimento do negócio da empresa em que as demonstrações financeiras serão auditadas,
permite ao auditor identificar e compreender os acontecimentos, as transacções e as praticas
que no seu julgamento podem ter um efeito significativo nas demonstrações financeiras ou na
auditoria ou no relatório da auditoria. Esse conhecimento contribui e permite ao auditor,
determinar os riscos inerente e de controlo e a natureza, tempestividade e extensão dos
procedimentos de auditoria.

A obtenção do necessário conhecimento do negócio de uma empresa é um processo contínuo


e cumulativo, o que obriga em primeira instância aos auditores, um número significativo de
horas de trabalho.

O auditor deve utilizar diversas fontes para obter o conhecimento da actividade da empresa e
tem a tarefa de_dialogar e debater com o pessoal afecto a empresa, com os auditores internos
(caso han, advogados, consultores, analisar relatórios, visitar as instalações bem como tomar
contacto com as actas de reuniões da assembleia geral e os relatórios de contas.

4.2.2 - SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E CONTROLO INTERNO

Sistemas de Informação é um sistema automatizado (que pode ser denominado como Sistema
Informacional Computadorizado), seja manual, que abrange pessoas, máquinas elou métodos
organizados para recolha, processamento, tramitação e disseminação de dados que representam
informação para o usuário e/ou cliente.

Informações são dados oferecidos de uma forma significativa e útil para os indivíduos. Dados
são correntes de factos brutos que importam eventos que estão ocorrendo nas organizações ou
no ambiente fisico, antes de terem sido organizados e arranjados de uma forma que as pessoas
possam entendê-los e usá-los.
Todo Sistema de Informação que manipula dados e gera informação, usando ou não recursos
de tecnologia em computadores, pode ser genericamente considerado como um sistema de
informação. Por exemplo, o sistema de informação organizacional pode ser conceituado como
a organização e seus vários subsistemas internos, contemplando ainda o meio ambiente externo
4.2.2.1 - Sistema Contabilístico

Um sistema contabilístico tem a tarefa de efectuar os registos de uma empresa pelos quais as
transacções são processadas e manter os registos financeiros. Tal sistema identifica, agrega,
analisa, calcula, classifica, regista, resume e relata transcções e outros acontecimentos.

Os auditores devem obter uma suficiente compreensão do sistema contabilístico de forma a


identificarem e compreenderem as principais classes de transacções nas operações da empresa;
Identificar como é que as transacções começam; O processo de relato contabilístico e financeiro
das transacções e outros acontecimentos importantes até a sua inclusão nas demonstrações
financeiras.

4.2.2.2 - Sistemas de Controlo Interno


Um sistema de controlo interno significa todas as politicas e procedimentos adoptados pelo
órgão de gestão de uma empresa que auxiliam a atingir o objectivo de gestão de assegurar, tanto
quanto for praticável, a metodologia e a eficiente conduta do seu negocio, incluindo a aderência
as politicas estabelecidas pelo órgão de gestão, a salvaguarda dos activos, a prevenção e
detenção de fraudes e erros, a precisão e plenitude dos registos contabilísticos e a preparação
tempestiva de informação financeira fidedigna.

Por outro lado, os procedimentos de controlo interno devem estar de acordo as politicas, leis e
os regulamentos que para além do ambiente de controlo, o órgão de gestão estabeleceu afim de
atingir os objectivos específicos da empresa.

Como é evidente, os auditores têm a tarefa de obter o conhecimento suficiente quer do ambiente
de controlo, quer dos procedimentos de controlo, como fonna de avaliarem as atitudes,
consciencialização e acções dos Directores e Administrativos relativamente aos controlos
internos e a sua importância para a empresas.

4.3 - MATERIALIDADE E RISCO DE AUDITORIA


4.3.1 - MATERIALIDADE
Uma informação é materialmente relevante se a sua omissão ou erro forem susceptíveis de
influenciar as decisões dos leitores que se baseiem nessa informação.
A avaliação do que é materialmente relevante é uma questão de julgamento profissional do
revisor/auditor. Embora o revisor/auditor planea a auditoria para detectar distorções
quantitativamente com relevância material, ele avalia não só a importância, ou seja, a
quantidade mas também a natureza, ou seja, a qualidade de qualquer distorção detectada.
Ao tratar de distorções potenciais, o revisor/auditor considera a materialidade não só num
nível global (por exemplo em relação aos Resultados Líquidos), capital próprio, etc., mas
também em relação a saldos de contas individuais ou divulgações.

A materialidade tem em consideração:

- Rubricas individuais de activo e de passivo;


- Capital próprio;

- Fundo de maneio;
- Valor de vendas / custo das vendas;
- Rubricas individuais da Demonstração de Resultados

- Resultado operacional

- Resultado do exercício e resultados transitados.

O revisor/auditor passa em revista não só a quantia mas também a natureza das distorções que
chegam ao seu conhecimento. A natureza das distorções pode dar lugar a outras preocupações,
o revisor/auditor deve então estar alerta para os erros detectados de quantias relativamente
pequenas que possam ter um efeito materialmente relevante na informação financeira.

Exemplo: Pagamento ilegal de uma quantia que noutras condições seria irrelevante, no entanto
se chegar ao conhecimento do revisor/auditor pode ser considerada materialmente relevante se
existir uma possibilidade razoável de conduzir a uma responsabilidade contingente ou uma
perda materialmente relevante de activos.

A materialidade deve ser tida em consideração aquando da fase de planeamento da auditoria


e tendo em atenção o seu nível global, os itens tomados individualmente e as considerações de
natureza legal e regulamentar.

4.3.2 - RISCOS
Existem inúmeros riscos associados ao trabalho do revisor/auditor:

a) Risco de revisão/auditoria: entende-se por risco da revisão/auditoria o risco que pode levar
o revisor/auditor a dar uma opinião não apropriada sobre as demonstrações financeiras.

As componentes do risco da revisão/auditoria podem ser de 3 tipos:


- Risco inerente;
- Risco de controlo;
- Risco de detecção.

b) Risco inerente: pode ser definido como a susceptibilidade de o saldo de uma conta (ou classe
de transacções) apresentar erros que podem ser materialmente relevantes quer sejam
considerados individual ou globalmente, antes de se considerar a existência de controlos
internos.

A avaliação do risco inerente deve ser considerada em relação aos seguintes aspectos:

* O meio envolvente da actividade da empresa;

* Os ajustamentos a demonstrações financeiras de exercícios anteriores;

* A complexidade das transacções;

* A competência e integridade da Administração;

* A competência e a adequação do pessoal da empresa;

* A susceptibilidade de se perderem activos;


* O nível de decisão da gestão.

c) Risco de controlo: pode ser definido como o risco de que possam ocorrer erros em saldos
ou transacções, que possam ser materialmente relevantes quer considerados individual ou
globalmente, e que não possam ser evitados ou detectados atempadamente pelo sistema de
controlo interno.

d) Risco de detecção: é o risco resultante de os procedimentos do revisor/auditor não


conduzirem à detecção de erros que existam nos saldos ou nas transacções, quer a nível
individual quer a nível global.

Os riscos inerentes e de controlo diferem do risco de detecção pelo facto de existirem


independentemente da revisão/auditoria da informação financeira. Estes riscos são funções da
actividade da empresa, do seu meio e da natureza dos saldos das contas ou das classes de
operações sem depender da forma como é conduzida uma revisão/auditoria.

Entre a materialidade e o nível de risco de revisão/auditoria existe uma relação inversa. Se


aumentar o nível de materialidade aceitável o risco de revisão/auditoria reduz-se e vice-versa.

O revisor/auditor tem, ao determinar a natureza, oportunidade e extensão dos seus


procedimentos de ter em conta esta relação. No capítulo XI veremos em que medida os riscos
inerente e de controlo condicionam o tipo de testes realizados pelo revisor/auditor.

4.4 - PLANO GLOBAL DE AUDITORIA E PROGRAMAS DE TRABALHO

4.4.1 - PLANO GLOBAL DE REVISÃO / AUDITORIA


O revisor/auditor deve desenvolver e documentar um plano global de revisão/auditoria que
descreva o âmbito e a condução esperados, suficientemente pormenorizado para orientar o
desenvolvimento do respectivo programa de trabalho. Por outro lado, a sua forma e conteúdo
variam de acordo com a dimensão da entidade, a complexidade da revisão/auditoria, a
necessidade de reuniões dos membros da equipa de trabalho e a metodologia e a tecnologia
específicas a usar.

Ao desenvolver o plano global de revisão/auditoria, o revisor/auditor deve considerar os


assuntos seguidamente indicados, alguns dos quais serão tratados em Directrizes Técnicas
específicas:

Conhecimento do Negócio

- Factores económicos gerais e condições do sector de actividade que afectam o negócio da


entidade.

- Características importantes da entidade, os seus negócios, as suas estratégias, o seu


desempenho financeiro e os requisitos dos vános tipos de relato, incluindo as alterações desde
a data de conclusão da revisão/auditoria anterior.

- O nível geral de competência do órgão de gestão.


Conhecimento dos Sistemas Contabilístico e de Controlo Interno

- As políticas contabilísticas adoptadas pela entidade e as alterações que possam surgir com
relação as mesmas.

- O efeito das novas tomadas de posição (normas, directrizes, recomendações, interpretações,


etc.) contabilísticas ou de revisão/auditoria.

- O conhecimento acumulado pelo revisor/auditor quanto aos sistemas contabilístico e de


controlo interno e a importância relativa que se espera que seja colocada nos testes de controlo
e nos procedimentos substantivos.

Risco e Materialidade

- As estimativas esperadas dos riscos inerente e de controlo e a identificação de áreas de


revisão/auditoria significativas.

- O estabelecimento de níveis de materialidade para a revisão/auditoria.

- Indícios, incluindo a experiência de períodos passados, de distorções materialmente


relevantes ou de fraudes.

- A identificação de áreas contabilísticas complexas, incluindo as que envolvam estimativas


contabilísticas.
Natureza, Tempestividade e Extensão dos Procedimentos

- Possível alteração da importância relativa de cada uma das áreas de revisão/auditoria


específicas.
- As épocas em que os trabalhos de revisão/auditoria devem ser efectuados (no final do
exercício ou no decorrer deste).
- O trabalho do serviço de auditoria interna e o seu efeito esperado nos procedimentos de
revisão/auditoria externa.

Coordenação, Direcção, Supervisão e Verificação

O envolvimento de outros revisores/auditores, incluindo os de outros escritórios do


revisor/auditor, na revisão/auditoria de componentes, tais como, empresas filiais
(subsidiárias), sucursais e divisões.

- O envolvimento e a troca de informações com peritos, terceiros e auditores internos.

- O número de locais onde a entidade exerce a actividade (dispersão geográfica).

- Requisitos técnicos dos membros das equipas de revisão/auditoria.


Utilização de Tecnologias de Informação pelo Revisor/Auditor elou pela Entidade

- A extensão em que o computador é usado em cada aplicação contabilística significativa.

- A complexidade das operações efectuadas pela entidade através de computador, incluindo a


utilização de serviços externos.

- A estrutura organizacional das actividades de processamento por computador.

- A disponibilidade dos dados.


- A utilização de técnicas de revisão/auditoria assistidas por computador.
Outros Assuntos

- Verificação dos papéis de trabalho de revisão/auditoria, das demonstrações financeiras e da


certificação/relatório do exercício anterior, e o dossier permanente e os arquivos de
correspondência.

- A possibilidade do princípio da continuidade poder ser posto em causa.


- Condições que exijam atenção especial, tais como a existência de partes em relação de
dependência.

- Os termos do compromisso e quaisquer responsabilidades oficiais.


- A natureza e a tempestividade de relatórios ou outras comunicações com a entidade
estabelecidos na carta de compromisso.

4.4.2 — Programa de Revisão/Auditoria


O revisor/auditor deve desenvolver e documentar um programa de revisão/auditoria que
estabeleça a natureza, tempestividade e extensão dos procedimentos planeados necessários para
implementar o plano global de revisão/auditoria. Tal programa serve como um conjunto de
instruções aos membros da equipa envolvidos na revisão/auditoria e como forma de controlar
e registar a adequada execução do trabalho. O programa deve também conter os objectivos de
revisão/auditoria para cada uma das áreas e um orçamento de tempos com as horas estimadas
para as várias áreas ou procedimentos.

Ao preparar o programa, o revisor/auditor considerará as estimativas específicas dos riscos


inerente e de controlo e o necessário nível de segurança a ser proporcionado pelos
procedimentos substantivos. O revisor/auditor considerará também a tempestividade dos testes
de controlo e dos procedimentos substantivos, a coordenação de qualquer apoio esperado da
entidade, a disponibilidade de técnicos e o envolvimento de outros revisores/auditores ou
peritos.

4.4.3 — Alterações ao Plano Global de Revisão/Auditoria e ao Programa de


Revisão/Auditoria
O plano global de revisão/auditoria e o programa de revisão/auditoria devem ser revistos
sempre que necessário no decurso dos trabalhos. O planeamento deve ser actualizado quando
se verifiquem alterações nas condições ou resultados inesperados dos procedimentos de
revisão/auditoria. As razões subjacentes às alterações significativas devem ser documentadas.
Referencias Bibliográficas

— COSTA, Carlos Baptista. Auditoria Financeira — Teoria e prática.


Lisboa: Rei dos Livros, 7. a Edição, 2007.

COSTA, Carlos Baptista. Audi toria Financeira — Teoria e


prática. Lisboa: Rei dos Livros, 8. a Edição, 2008.
CHAVES, Sofia Apon tamentos de Audi toria da Faculdade de
Economia da Universidade Metodista de Angola

LANDA, Man u el Apon tanentos de Audi toria da Faculdade de


Economia da Universidade Agos tinho Neto
PERES, Jorge Leão Apon tamen tos de Audi toria da Faculdade de
Economia da Universidade Lusíadas
Indice de Abreviaturas
AICPA American Institute of Certifed Public Accountants
CI Controlo Interno
CIRC Código do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas
CLC Certificação Legal de Contas
CMVM Comissão de Mercado de Valores Mobiliários
CNSA Comissão Nacional de Supervisão de Auditoria
COSO Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission
CSC Código das Sociedades Comerciais
DF Demonstrações Financeiras
DL Decreto-lei
ERM Enterprise Risk Management
EROC Estatuto dos Revisores Oficiais de Contas
ESNL Entidades do Setor não Lucrativo
FCT Fundo de Compensação do Trabalho
FGCT Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho
IASB International Accounting Standards Board
IAASB International Auditing and Assurance Standards Board
IFAC International Federations of Accountants
IIA Institute of internal Auditors
IRC Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas
IRS Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares
ISA International Statements on Auditing
IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado
ME Materialidade de Execução
MEP Método da Equivalência Patrimonial
MG Materialidade Global
NCRF Norma Contabilística de Relato financeiro
OROC Ordem dos Revisores Oficiais de Contas
PCAOB Public Company Accounting Oversight Board
POB Public Oversight Board
PMR Prazos Médios de Recebimentos
RA Risco de Auditoria
RAI Resultados antes de Impostos
RC Risco de Controlo
RD Risco de Deteção
RDM Risco de Distorção Material
RI Risco Inerente
ROC Revisor Oficial de Contas
SCI Sistema de Controlo Interno
SNC Sistema de Normalização Contabilística
SOX Sarbanes-Oxley Act
SROC Sociedade Revisores Oficiais de Contas
VN Volume de negócios

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