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(*) Documento assinado eletronicamente por EDUARDO ANDRE DE AGUIAR LOPES em 14 de Fevereiro de 2023 às 15:17 h conforme Art. 10, §1º da Medida Provisória

01ª Promotoria de Justiça da Comarca de Porto Franco

REC-1ªPJPOF - 22023
Código de validação: F3AD61025C
A Vossa Excelência o Senhor

FERNANDO OLIVEIRA DA SILVA

Prefeito Municipal

CAMPESTRE DO MARANHÃO

Ref.: PA nº 082-269/2023 - 1ªPJPOF

CONSIDERANDO que o artigo 127 da Constituição Federal dispõe que “o

Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
2.200-2/2001 c/c Art. 2º, EC32/01 e Arts. 107 e 219 do Código Civil Brasileiro.

sociais e individuais indisponíveis”;

CONSIDERANDO que compete ao Ministério Público “expedir recomendações,

visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao
respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo
razoável para a adoção das providências cabíveis” (art. 129, inciso III, da Constituição
Federal, art. 6º, incisos VII, alínea “b”, primeira parte e XX, da Lei Complementar nº
75/93, art. 27, Parágrafo Único, inciso IV e art. 80 da Lei nº 8.625/1993);

CONSIDERANDO que a Lei Complementar nº 101/2000 – Lei de

Responsabilidades Fiscais, estatui a responsabilidade na gestão fiscal com
estabelecimento de planejamento e limites de despesas e seu controle, conforme
previsto no art 1º, §1º da LRF: “ Art. 1º. Omissis. § 1o A responsabilidade na gestão
fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e
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corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o
cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a
limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com
pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações
de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição
em Restos a Pagar.”

CONSIDERANDO o comando constitucional que obriga o gestor planejar e

executar o orçamento conforme previsão em leis orçamentárias, vetando a
realização de despesas não previstas: “ Art. 167. São vedados: (...) II — a realização
de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos
orçamentários ou adicionais;”
CONSIDERANDO que a realização de despesas não previstas no
orçamento são irregulares, como decidiu o STF: “ Reveste-se de plausibilidade jurídica,
no entanto, a tese, sustentada em ação direta, de que o legislador estadual,
condicionado em sua ação normativa por princípios superiores enunciados na CF, não
pode, ao fixar a despesa pública, autorizar gastos que excedam os créditos
orçamentários ou adicionais, ou omitir-lhes a correspondente fonte de custeio, com a
necessária indicação dos recursos existentes. [ADI 352 MC, rel. min. Celso de Mello,
2.200-2/2001 c/c Art. 2º, EC32/01 e Arts. 107 e 219 do Código Civil Brasileiro.

j. 29-8-1990, P, DJ de 8-3-1991.]”
CONSIDERANDO que a lei orçamentária anual do município de Campestre do
Maranhão disponibilizada no Porto da Transparência não consta seus anexos,
impossibilitando a análise das operações orçamentárias anuais previstas, sendo
possível visualizar apenas o total de despesa prevista para a Secretaria Municipal de
Cultura, Turismo, Desporto e Lazer como sendo de R$ 2.034.806,56 (dois milhões e
trinta e quatro mil e oitocentos e seis reais e cinquenta e seis centavos), incluindo
manutenção da secretaria, pessoal, custeio e investimentos;
CONSIDERANDO que do valor orçado para execução do Pregão Eletrônico nº
012/2022 é de R$ 2.171.508,00 (dois milhões e cento e setenta e um mil e quinhentos e oito
reais) é superior ao valor total de despesas previstas para todas as ações da Secretaria
Municipal de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer;
CONSIDERANDO que os limites orçamentários são previsões de despesas
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anual, envolvendo realizações como carnaval, aniversário do município, festas juninas,
festejos religiosos dentre outras despesas relacionadas a “cultura”;
CONSIDERANDO que as despesas empenhadas devem ser pagas quando
liquidadas, conforme 58 da Lei nº 4.320/1964;
CONSIDERANDO a REC-GPGJ 12023 encaminhada a V. Exa. foi
recomendado observância da “ plausividade de contratações que demandem o
dispêndio de expressivos montantes de recursos públicos na contratação de artistas e
de fornecimento de equipamentos, materiais e estruturas para a realização de eventos
festivos durante o período carnavalesco de 2023” ;
CONSIDERANDO apesar de ter sido encaminhado cópia do Pregão Eletrônico
nº 012/2022, não foi possível individualizar as despesas a serem realizadas no período
carnavalesco, posto que inexiste ordem de serviço ou outro elemento de aprovação por
parte da Administração Pública;
CONSIDERANDO que mesmo V. Exa, sendo instado a se manifestar acerca do
procedimento instaurado e requisitado a apresentar todos os contratos/procedimentos
de contratação até o momento, não encaminhou os documentos necessário e
esclarecimentos suficientes;
CONSIDERANDO que a Lei nº 12.527 - Lei de Acesso à Informação,
2.200-2/2001 c/c Art. 2º, EC32/01 e Arts. 107 e 219 do Código Civil Brasileiro.

estabelece que é dever do gestor público garantir acesso público de informações de

interesse coletivo, esclarecendo que os registro das despesas são obrigatórias: “ Art. 8º
É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de
requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências,
de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. § 1º
Na divulgação das informações a que se refere o caput, deverão constar, no mínimo: III
- registros das despesas;”
CONSIDERANDO que a Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que a
transparência referente às despesas é obrigatória: “ Art. 48. São instrumentos de
transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em
meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes
orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório
Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões
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simplificadas desses documentos. Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do
parágrafo único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa
física ou jurídica o acesso a informações referentes a: I – quanto à despesa: todos os
atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no
momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao
número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à
pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao
procedimento licitatório realizado;”
CONSIDERANDO que a ordenação ou permissão de pagamentos não
autorizados por lei, podem acarretar em ato de improbidade administrativa descrito no
art. 10, IX da LIA e crime do art. 1º, XIV do DL nº 201/1967;

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO, representado pelo Promotor

de Justiça Eduardo André de Aguiar Lopes, Titular da 1ª Promotoria de Justiça de
Porto Franco, no uso de suas atribuições legais resolve RECOMENDAR:

Ao Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de Campestre do Maranhão, Sr.

Fernando Oliveira da Silva, que suspenda qualquer ato de contratação ou
realização de eventos carnavalescos com verbas públicas municipais, até a
2.200-2/2001 c/c Art. 2º, EC32/01 e Arts. 107 e 219 do Código Civil Brasileiro.

comprovação de observância dos limites orçamentários previstos na Lei Orçamentária

Municipal.

Face à urgência, deverá a autoridade administrativa destinatária manifestar-se

acerca do acatamento ou não da presente Recomendação IMPRORROGAVELMENTE
até às 12h do dia 15/02/2023 (quarta-feira), devendo demonstrar a observância dos
limites orçamentários legais, sob pena de adoção das medidas judiciais cabíveis.

assinado eletronicamente em 14/02/2023 às 15:17 h (*)

EDUARDO ANDRE DE AGUIAR LOPES
PROMOTOR DE JUSTIÇA
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