Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A IMPORTÂNCIA DA CADEIA DE
CUSTÓDIA DA PROVA: UMA
ANÁLISE DO CASO O.J. SIMPSON À
LUZ DOS ARTS. 158-A A 158-F, DO...
Geraldo Donizete Luciano, Leandro de Deus Filho
A CADEIA DE CUST ÓDIA NA PRODUÇÃO PROBAT ÓRIA PENAL T HE CHAIN OF CUST ODY IN PRO…
Daniel Diamant aras
Condenação do Brasil no caso "Favela Nova Brasília" e os parâmet ros de at uação est at al na violência …
Heloisa Fernandes Câmara
1
ABSTRACT: This article has a proposal to verify the legal effects of the chain of
custody of the evidence, as well as analysis in the light of Brazilian legislation, the
mistakes that occurred in the main case O.J. Simpson. Preamble, studied a new figure
in the evidence chain of custody (arts. 158-A to 158-F, of the CPP), introduced in the
Criminal Procedure Code, with the advent of Law 13,964 / 2019. Subsequently, it
proceeded with a differentiation between illicit evidence and illegitimate evidence.
Finally, we seek to demonstrate the effects of the breach of the chain of custody of the
evidence in the current procedural legislation.
Keywords: Chain of Custody. Proof. Illicit.
INTRODUÇÃO
1 Graduado em Direito pelo Centro Universitário de Patos de Minas. Especialista em Direito Ambiental.
Especialista em Segurança Pública. Professor do Curso de Pós-Graduação em Direito Ambiental do
Centro Universitário de Patos de Minas. Professor de Direito Ambiental, Direito Constitucional, Ecologia
e Teoria Geral do Direito das Faculdades INESC e FACTU – Unaí/MG. Advogado. Sócio do Escritório
Luciano e Oliveira Sociedade de Advogados.
2 Acadêmico do curso de Direito da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Unaí – FACTU. Possui
curso de extensão em Direito Ambiental pela Escola Brasileira de Direito – EBRADI. Estagiário do
Escritório Luciano e Oliveira Sociedade de Advogados, com atuação na seara penal.
2
3 Em que pese nunca ter ganho um Super Bowl (finais do futebol americano), tendo participado somente
de um jogo de playoffs em 1974, O. J. Simpson foi o maior corredor da NFL por 4 temporadas,
conseguindo também o feito de correr mais de 200 jardas em 6 jogos, marca que perdura até hoje.
4 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/1/19/mundo/23.html
5 Disponível em: https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/caso-oj-simpson-julgamento-do-
seculo-eletriza-estados-unidos-nos-anos-90-10229001
6 Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2014/06/17/perseguicao-a-oj-simpson-
nas-ruas-de-los-angeles-completa-20-anos.htm
3
uma das inúmeras novidades legislativas trazidas pela “Lei Anticrime” (Lei
13.694/2019).
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa qualitativa, em que se buscou
definir características especificas sobre cada figura estudada. Em relação aos
métodos e técnicas de investigação, conforme ensinamentos dados por Eduardo C.
B. Bittar (2009, p. 179) “as técnicas de pesquisa deverão variar, conjugar-se ou se
adequar conforme o campo de trabalho em que esteja situada a temática de discussão
que se queira abordar em Direito”.
Assim, com base nos ensinamento de Bittar (2009) o presente estudo foi
elaborado utilizando técnicas de investigação teórica consistentes em técnicas
históricas, quando se aborda a origem dos institutos jurídicos; técnicas normativas
quando o foco é o estudo normativo-jurídico, acompanhado com comentários
doutrinários sobre o tema, e, por fim em técnicas conceituais, quando há a demanda
de instigação em nível conceitual em pontos diversos do conhecimento jurídico.
Garante a “mesmidade”, evitando que alguém seja julgado não com base no
“mesmo”, mas no “selecionado” pela acusação. A defesa tem o direito de ter
conhecimento e acesso às fontes de prova e não ao material que “permita” a
acusação (ou autoridade policial). Não se pode mais admitir o desiquilíbrio
inquisitório, com a seleção e uso arbitrário de elementos probatórios pela
acusação ou agentes estatais. (LOPES JUNIOR, 2020, p. 459).
Por intermédio deste rastro a polícia acabou por chegar à casa de O.J.
Simpson, onde obteve valoroso material probatório; manchas de sangue no carro,
manchas de sangue em suas meias e no chão do jardim (tudo isto, encontra-se muito
7Conforme Badaró (2020); a expressão acabou sendo consagrada pelo Tribunal Supremo Espanhol,
na sentença de 10 de fevereiro de 2020: “es a través de la cadena de custodia como se satisface la
garantia da mismidad de la prueba”.
6
8
The People v. O. J. Simpson explora a história de O. J. Simpson que foi acusado de assassinar sua
esposa, é baseado no livro de Jeffrey Toobin The Run of His Life: The People v. O. J. Simpson que foi
lançado por ele em 1997.
7
9
Segundo Mafalda Melim (2013) “o standard de prova pode ser definido como o grau de convicção
mínimo exigido para considerar provado um determinado evento, i.e. o nível a partir do qual se
entenderá suficientemente demonstrada a ocorrência de uma qualquer circunstância. Trata-se de uma
figura que pretende auxiliar o julgador no processo de valoração da prova, indicando o patamar
mínimo de convencimento que deverá ser atingido” (negrito do autor).
8
A prova é ilegal toda vez que sua obtenção caracterize violação de normas
legais ou de princípios gerais do ordenamento, de natureza processual ou
material. Quando a proibição for colocada por uma lei processual, a prova
será ilegítima (ou ilegitimamente produzida); quando, pelo contrário, a
proibição for de natureza material, a prova será ilicitamente obtida
(GRINOVER; SCARANCE; GOMES FILHO, 1995, p. 115).
Deste modo, pode-se inferir que as provas ilícitas em sentido restrito, são
aquelas obtidas em desconformidade com os caracteres materiais. Vale dizer, há
indubitável violação à direitos constitucionais, notadamente aqueles que orbitam sob
o pálio da dignidade da pessoa humana, como o direito à privacidade (art. 5º, X,
CF/88), inviolabilidade do sigilo das comunicações (art. 5°, XII, CF/88) e a integridade
física (art. 5º, XLIII, CF/88).
As provas ilegítimas por seu turno, tem seu núcleo fincado na violação a
preceitos de índole puramente processual, tendo estes preceitos, nas palavras de
Norberto Avena (2019) um fim em si mesmos. À guisa de elucidação, a inobservância
do modelo de cross examination (art. 212, caput, CPP), ou, ainda, a perícia realizada
apenas por um perito não oficial (art. 159, §1°, CPP), infringem as normativas
estabelecidas pelo Código de Processo Penal, e se afiguram, pois, como provas
ilegítimas.
O art. 5º, inciso LVI, da Carta Constitucional é incisivo ao vaticinar que: “são
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. Poder-se-ia
argumentar que a norma Constitucional abrange, tão apenas as provas ilícitas em
sentido restrito.
Tal celeuma, entretanto, encontra-se superada, tendo em vista a nova
redação dada ao art. 157, do Código de Processo Penal, pela Lei 11.690/2008, que
passou a prever que: “são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo,
as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais
ou legais”.
Tem-se, portanto, como consectário da ilicitude ou ilegitimidade da prova, o
seu desentranhamento e consequente inutilização, ex vi, art. 157, caput, CPP.
De fato, consoante pondera Guilherme de Souza Nucci (2015) de nada
adiantaria a formação de um processo repleto de garantais constitucionais, focado no
juiz e no promotor imparciais, com direito à ampla defesa e ao contraditório, realizado
9
10
(ADI 6298 MC, Relator (a): Min. LUIZ FUX, Decisão Proferida pelo (a) Ministro (a) VICE-
PRESIDENTE, julgado em 22/01/2020, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-019 DIVULG
31/01/2020 PUBLIC 03/02/2020).
10
11
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou
para a defesa.
11
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo penal. 8. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2020.
______. Supremo Tribunal Federal. ADI 6298, Relator: Ministro Luiz Fux.
22/01/2020. DJe 31/01/2020.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 8. ed.
Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.
LOPES JUNIOR, Aury. Direito processual penal. 17ª ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 24. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas,
2016.
TOOBIN, Jeffrey. American crime story: o povo contra O.J. Simpson. 1. ed. Rio
de Janeiro: Darkside, 2016.