Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE CONVICÇÃO E JULGAMENTO
R ENÉ A RIEL D OTTI *
“Legus servi sumus, ute líberi esse possímus” (Somos escravos das
leis, para podermos ser livres) MARCO TÚLIO CÍCERO (106-43 a.C.)
* Professor Titular de Direito Penal. Detentor da Medalha Mérito Legislativo da Câmara dos
Deputados (proposição do Dep. Osmar Serraglio). Detentor do Prêmio Vieira Neto da OAB-PR.
Sócio Benemérito do Instituto dos Advogados do Paraná. Advogado desde 1958.
1 Edição nº 2078, de 17.09.2008, p. 64.
7
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
P R E FÁ C IO
J A N ./M A R . 2009
2 Em artigo publicado no jornal Gazeta do Povo, editado em Curitiba, os advogados Antonio Carlos
de Almeida Castro, Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, Juliano Breda e José Carlos Cal Garcia,
que defendem os acusados beneficiados pelo HC nº 76.686 – PR, contestam aquela declaração de
hostilidade, nos seguintes termos: “O respeito que nutrimos pela instituição [do Ministério Público
Federal] e pelo Poder Judiciário sempre norteou as manifestações da defesa, que, sob os ditames
da ética profissional, jamais criticou publicamente as decisões contrárias a seu interesse, ainda
que, em sua avaliação, fossem injustas. A defesa lutou e recorreu em silêncio, buscando
incansavelmente o direito que lhe assistia, agora reconhecido por unanimidade pelo STJ” (A
decisão do caso “Sundown”, 13.09.2008, p. 2. Opinião).
3 Alguns membros da Polícia Federal e Procuradores da República usaram a imprensa para dizer
que o precedente acima referido comprometerá milhares de investigações em curso. Esse discurso
autoritário e insensato surge perante à consciência popular como a ideologia de que os fins
justificam os meios.
8
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
P R E FÁ C IO
J A N ./M A R . 2009
4 FIGUEIREDO DIAS, Jorge de. Direito Processual Penal, Coimbra: Coimbra Editora Ltda., 1981, vol. I, p.
194. (Os destaques em itálico são do original. Os demais são meus).
5 PIMENTA BUENO, José Antonio. Apontamentos cit., ed. Empreza Nacional do Diario, RJ, 1857, p.59,
9
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
P R E FÁ C IO
J A N ./M A R . 2009
7 A se realizar nos dias 11 a 15.11.2008, em Natal (RN), com o tema central Estado Democrático de
Direito versus Estado Policial. Dilemas e desafios em duas décadas da Constituição.
8 A lei dos suspeitos foi um instrumento do Comitê de Segurança Pública, braço da Convenção
Nacional e do tribunal revolucionário. Aprovada em 17.09.1793, a loi des suspects permitia que
autoridades, sumariamente, prendessem, julgassem e mandassem para a guilhotina os suspeitos
de conspiração.
9 O Comité de Salut Public (1793-1795) foi criado na França revolucionária pela Convenção de 6 de
abril de 1793 para promover, nas circunstâncias urgentes, as medidas de defesa geral, para efeitos
internos e externos. Inicialmente com 9 membros, teve a sua composição ampliada para 12. Mais
tarde, sob o comando de Maximiliano Maria Isidoro de Robespierre (1758-1794), o Comité
10
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
P R E FÁ C IO
J A N ./M A R . 2009
disseminou o terror ao ponto de condenar à morte pela guilhotina um dos líderes revolucionários
e ex-dirigente daquele organismo: Jorge Jacques Danton (1759-1794). No dia seguinte à Batalha de
Valmy (1792), a grande vitória dos franceses que deteve a invasão prussiana e reforçou o prestígio
da Revolução, Danton proclamou que para vencer era preciso audace, audace et audace!
Robespierre, cognominado pelos parisienses de O Incorruptível e que chegou a ser o senhor
absoluto da França, também morreu na guilhotina.
11
DERECHO PENAL ECONÓMICO: SU
LEGITIMACIÓN PARA LA DEFENSA DE LOS
DERECHOS FUNDAMENTALES *
F ERNANDO M. M ACHADO P ELLONI **
A PD D R . C ARMEN T HIELE
* Contenidos de esta contribución fueron discutidos con diversos colegas. En lo que hace a la teoría
general, mucho le debo a Luciano FELDENS, Stefano PRATESI y Gabrielle MARRA. Sobre la
incidencia en el campo del delito económico a Andrei ZENKNER SCHMIDT. Eso no significa que lo
aquí se presentará sea como ellos ven el tema. La única certeza es que los errores integran mi
patrimonio.
** Docente de Universidad de Buenos Aires. Profesor visitante de Roma “La Sapienza”, UniRitter &
PUC, Rio Grande do Sul. Doctorando con tesis presentada en la U. del Salvador, Argentina.
15
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
I – P UNTO DE P ARTIDA
Es usual y, en consecuencia, no sorprende la mención de los derechos
humanos en el lugar central de la política y ello, en todos los niveles y en
todos los órdenes. Lo hace el gobierno de turno y también la oposición.
Organizaciones no gubernamentales aplauden o critican lo que el primero
concreta o cuanto deja de concretar. Estados extranjeros, con panoramas
distintos y no tanto, por igual, hacen suya la cuestión, todos a su vez bajo la
mirada, a veces cuestionada y cuestionable, de Naciones Unidas. Además,
por otra parte, con ellos se ha trazado un puente universal entre la
comunidad internacional, cuando no ha sido sino materia de acuerdos y
cooperación en términos bilaterales o multilaterales entre la mayoría de los
países.
Con anterioridad a la Declaración Universal de 1948 no era así. Si se
pone atención sobre lo que ocurría en Alemania e Italia previo a la Segunda
Guerra Mundial, no cabe duda que la materia quedaba reservada, antes que
cualquier otra perspectiva, a la propia reacción de los recursos internos con
que cada Estado podía hacer frente a la violación de los derechos
fundamentales por parte de sus autoridades. Este ejemplo es simbólico,
podrían darse muchos más. No obstante, es suficiente a los fines de dejar
expuesta una idea sobre la gran dimensión de los derechos, de entonces a
hoy.
Pero, a pesar de lo expuesto, subsisten dos enormes conflictos,
capaces de alcanzar ulteriores problemáticas. Lograr un acuerdo sobre los
predicados de los derechos fundamentales y también sobre sus garantías y,
más tarde, comprender como misión que no es igual alcanzarlo en lo
político que en lo jurídico. En tal sentido, unos cuantos ejercicios podrán
esclarecer lo que sostengo. Cuando George W. Bush traza su meta de
proyectar el respeto de aquellos en Afganistán e Irak, no duda de que en los
Estados Unidos no se violan – en particular contra sospechosos de actos de
terrorismo –, a pesar de que por fortuna la Suprema Corte empezó a discutir
por el peso de la evidencia esa extraña coherencia. Bajo idéntica casuística,
no es igual denunciar una violación al proceso legal debido siendo
16
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
1 Porque son Unperson, por lo que recuperan un fundamento normativo penal en base a una noción
die Sorge capaz de posicionarse en una suerte de reciprocidad, lo que es ampliamente criticado con
excepción de doctrina en Sevilla, más allá de la minoría alemana. Sobre la situación de Estados
Unidos con especial interés en la garantía procesal constitucional del hábeas corpus me ocupé en
Santiago de Chile hace más de dos años.
17
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
2 Sobre estas consideraciones agrupadas, ampliar en CASSESE, Antonio, I Diritti Umani Oggi, Editori
Laterza, Roma-Bari, 2008, ps. 10-11.
3 Cfr. CASSESE, Antonio, I Diritti Umani Oggi, op. cit., p. 12.
4 Cfr. DE MORAES, Alexandre, Direitos Humanos Fundamentais, Editora Atlas, São Paulo, 2007, p. 17.
5 Cfr. DE MORAES, Alexandre, Direitos Humanos Fundamentais, op. cit., p. 17-18. Hay que tener en
18
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
6 La evolución de contenidos se puede consultar en OESTREICH, Gerhard, Die Idee der Menschenrechte
in ihrer geschichtlichen Entwicklung, Völkerverlag, Düsseldorf, 1951, p. 10ss.
19
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
7 Cfr. GARCÍA DE ENTERRÍA, Eduardo, La lengua de los derechos: la formación del derecho público
europeo tras la revolución francesa, Alianza editorial, Madrid, 1999, p. 76.
8 Cfr. GARCÍA DE ENTERRÍA, Eduardo, La lengua de los derechos..., op. cit., p. 80.
9 Para esta cuestión se puede ampliar en la polémica entre BINDING y ROCCO sobre los intereses de
la disciplina. Cfr. BINDING, Karl, Grundriss des deutschen Strafrechts. Allgemeiner Teil, Scientia
Verlag Aalen, Hamburg, 1975, p. 214ss; también Die Normen und ihre Übertretung, Band 1 Normen
und Strafgesetze, Scientia Verlag Aalen, Hamburg, 1991, p. 293ss y ROCCO, Arturo, l´Oggetto del
reato e della tutela giuridica penale en Opere Giuridiche, vol. I, Societá editrice del “Foro Italiano”,
Roma, 1932, p. 94ss.
20
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
21
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
12 Cfr. ALMEIDA RUIVO DOS SANTOS, Marcelo, Criminalidade Fiscal e Colarinho Branco: a Fuga ao Fisco é
exclusividade do White-Collar? en DE FARIA COSTA, José; MARQUES DA SILVA, Maco Antonio
(coordenação), Direito Penal Especial, Processo Penal e Direitos Fundamentais: visao Luso-Brasileira,
Quartier Latin do Brasil, São Paulo, 2006, p. 1179.
13 Cfr. MANTOVANI, Ferrando, Il problema della criminalità, CEDAM, Padova, 2005, p. 56.
14 Cfr. MANTOVANI, Ferrando, Il problema della criminalità, op. cit., p. 56-58.
15 Cfr. FIGUEREDO DIAS, Jorge de, Para uma dogmática do direito penal secundário. Um contributo para a
reforma do direito penal económico e social portugués, en PODVAL, Roberto (coordenação), Temas de
direito penal económico, Revista dos Tribunais, São Paulo, 2000, p. 12.
22
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
16 El genial codificador argentino – no hay que llegar tan lejos como a Edwin SUTHERLAND – por
ejemplo atendió y entendió los problemas de los abusos de la libertad en el comercio e industria a
manos de unos pocos grupos económicos, según su obra, en lo que observaba como nuevas
formas de delincuencia. Cfr. MORENO (h.), Rodolfo, El Código Penal y sus antecedentes, 7, Tommasi
editor, BsAs., 1923, p. 56. Diría que luego se abrieron pasos otros hechos punibles.
17 Cfr. SATZGER, Helmut, Internationales und Europäisches Strafrecht, Nomos, Baden-Baden, 2005, p. 24
y 145ss.
18 Cfr. SATZGER, Helmut, Internationales und Europäisches Strafrecht, op. cit., p. 24 y 146ss.
23
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
24
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
hace al proceso legal debido23. Pero, y mucho antes de llegar a ello, formar
parte de la Unión demanda de cada Estado un muy serio compromiso con
los predicados de aquella, en donde la Corte Europea de Derechos
Humanos ha elaborado una jurisprudencia constante – de menor a mayor –
en lo que hace a la adecuación de los derechos internos en su confrontación
con el derecho internacional que aplica24.
Hasta el momento he acentuado el entrecruzamiento de los derechos
civiles y de los derechos económicos, sociales y culturales como una
cristalización sintética de los derechos humanos, con las múltiples
manifestaciones del derecho penal: sea en lo interno en clave principal, o en
lo internacional en rol subsidiario, aún con sus variantes. Creo que con ello
se ha logrado una base racional para filtrar forma y sustancia en aquél.
El trazado constante en cuanto al respeto, reconocimiento, tutela y
promoción de los derechos fundamentales, me habilita a condicionar la
legitimación de un sistema de derecho penal en dos sentidos que, a
contramano, logran un equilibrio razonable, siempre perfectible. En efecto,
si el derecho y sus metas, sea en la elaboración de la ley como norma
genérica (o en la publicidad de la sentencia, como individualización de
aquella) y las finalidades están más que nunca condicionadas teórica y
operativamente por una Constitución y por los derechos fundamentales de
un sistema o varios en el contexto internacional, las instituciones del poder
tienen y deben de poder trabajar un orden jurídico-penal coherente con las
guías y con la supervisión a ellas25. La transformación del Das Strafrecht ist
die unübersteigbare Schranke der Kriminalpolitik, en los inicios del nuevo
milenio por un nuevo encabezado titulado Menschenrechte repercute en la
arena de la limitación: en una orilla, el Estado no puede pasarse con su
regulación – a veces con prohibición total en ello –; en la otra, no lo pueden
hacer las personas con su ejercicio, no sin que aquél intervenga y al respecto
– con este fundamento – debe de hacerlo26. Y así es como tampoco el
23 Cfr. SATZGER, Helmut, Internationales und Europäisches Strafrecht, op. cit., p. 79.
24 Cfr. SATZGER, Helmut, Internationales und Europäisches Strafrecht, op. cit., p. 142ss.
25 Si los derechos fundamentales cuentan con jerarquía constitucional es una ventaja, como en Brasil
la Constitución para llegar a los derechos humanos, art. 5 de la Constitución de 1998, v. ZENKNER
25
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
SCHMIDT, Andrei-FELDENS, Luciano, O Crime de Evasão de Divisas: a tutela penal do sistema financeiro
nacional na perpectiva da política cambial brasileira, Lumen Juris, Rio de Janeiro, 2006, p. 19ss; que se
vincula a otro trabajo previo – que he discutido oral y por escrito con su autor –, véase también
FELDENS, Luciano, A Constituição Penal: a dupla face da proporcionalidade no controle de normas penais,
Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2005, p. 38ss. Más reciente, STERNBERG-LIEBEN, Detlev, Bien
jurídico, proporcionalidad y libertad del legislador penal (Rechtsgut, Verhältnismässigkeit und die Freiheit
des Strafgesetzgebers, trad. Iñigo Ortiz de Urbina Gimeno) en HEFENDEHL, Roland (ed.), La teoría del
bien jurídico, Marcial Pons, Madrid-Barcelona, 2007, p. 106.
27 Por un achicamiento de la distancia entre la versión en favor y en crítica de bien jurídico,
ALCÁCER GUIRAO, Rafael, Apuntes sobre el concepto de delito, en Derecho Penal Contemporáneo, 2-2003,
Legis, Bogotá, p. 5ss, especialmente p. 18, reproducido y ampliado en Sobre el concepto de delito:
¿lesión del bien jurídico o lesión de deber?, Ad-Hoc, BsAs., 2003.
28 Cfr. ZENKNER SCHMIDT, Andrei-FELDENS, Luciano, O Crime de Evasão de Divisas: a tutela penal
do sistema financeiro nacional na perpectiva da política cambial brasileira, op. cit., p. 22.
29 La determinación del bien común no puede hacerse en un documento de naturaleza o pretensión
pétrea. Requiere, al contrario, un análisis dinámico, que justamente está confiado al legislador.
Habrá que estar atentos a la justificación de la selección de herramientas jurídicas, en particular,
26
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
del derecho penal. Véase, BÖSE, Martin, Derechos Fundamentales y derecho penal como “derecho
coactivo” (Grundrechte und Strafrecht als “Zwangsrech” trad. María Martín Lorenzo y Margarita
Valle Mariscal de Gante) en HEFENDEHL, Roland (ed.), La teoría del bien jurídico, Marcial Pons,
Madrid-Barcelona, 2007, p. 138ss.
30 Cfr. ZENKNER SCHMIDT, Andrei-FELDENS, Luciano, O Crime de Evasão de Divisas: a tutela penal do
sistema financeiro nacional na perpectiva da política cambial brasileira, op. cit., p. 43.
31 Así en el caso de la defraudación a la administración, art. 174 inc. 5° CPA. Hechos punibles
análogos como el contrabando de los arts. 863 u 864 del CA., Ley 22.415, encuentran un quantum
más bajo pero también más alto.
32 Como ejemplo el art. 305, primer apartado del código penal del Reino de España de 1995; también
el art. 1° de la ley 8.237 de 1990 de la República Federativa del Brasil. En términos semejantes, el
Steuerhinterziehung § 370 de la Abgabenordnung de 2002 de Alemania.
27
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
concepto de delito: ¿lesión del bien jurídico o lesión de deber?, op. cit., p. 106.
35 Cfr. STERNBERG-LIEBEN, Detlev, Bien jurídico, proporcionalidad y libertad del legislador penal, op. cit.,
p. 117.
36 Los arts. 7 y 8 de la Ley 24.769 guardan una escala penal idéntica, en los delitos-tipos básicos y
agravados respectivamente, con los de evasión. Cabe entonces, para los últimos igual comentario
críticos en atención a la proporción de su consecuencia. También, el § 266a del StGB que altera el
orden de la seguridad social.
37 Cfr. BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de Direito Penal. Parte Especial 5, Saraiva, São Paulo, 2008,
p. 250 como reflexión al art. § 337. Así como en Argentina – arts. 14bis e inc. 22° (PIDESC.) del 75
CN.–, también en Brasil hay una retroalimentación desde los derechos básicos – que la Norma
Fundamental de 1988 a más de veinte años de su sanción enuncia –, arts. 6 y 194.
38 En tal sentido hay que prestar atención a órganos y decisiones tomadas por ellos respecto de la
posición de la empresa de cara al trabajo y la seguridad social para luego atender el fraude
previsional. Cfr. LACKNER, Karl-KÜHL, Kristian, Strafgesetzbuch Kommentar, 26. Aufl., C.H. Beck,
München, 2007, p. 1232.
28
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
39 Cfr. MUÑOZ CONDE, Francisco, Derecho Penal. Parte Especial, Tirant lo Blanch, Valencia, 2004, p.
1056 en el ingreso previo al tratamiento del art. 307 del texto de 1995. También se vincula el bien
jurídico penalmente relevante de la seguridad social con el art. 41 de la Constitución del Reino de
España de 1978, que capilariza los derechos fundamentales que requieren de intervención estatal
para el goce de la libertad.
40 Así por caso, las políticas fiscales sobre el inc. 18 o 19 del art. 75 CN. en relación al art. 3 de la Ley
24.769.
41 Cfr. BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de Direito Penal. Parte Especial 5, op. cit., p. 218-219, con
inicial, de inyecciones o estímulos para determinadas actividades, frustradas por la aparición del
delito. Esto es bastante semejante a lo que se persigue en el derecho alemán a través del § 264 del
StGB, atendiendo al efecto del hecho. Cfr. LACKNER, Karl-KÜHL, Kristian, Strafgesetzbuch
Kommentar, op. cit., p. 1193.
29
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
44 No puedo extenderme en demasía aquí, sin perjuicio de lo que puedo anotar ut-infra en mi
trabajo. Solamente me atrevo a decir que la habitualidad con la que se aborda el límite al ius
puniendi estatal para el escrutinio con el que se procede al estudio del derecho penal, las más veces
no nos hace ver que la razón limitadora puede rendir y satisfactoriamente para su propia
fundamentación, en la medida que se tenga presente la aproximación teleológica de los dos
primeros apartados.
45 Cfr. FIGUEREDO DIAS, Jorge de, Para uma dogmática do direito penal secundário. Um contributo
para a reforma do direito penal económico e social portugués, en PODVAL, Roberto (coordenação),
Temas de direito penal económico, op. cit., p. 34.
46 En similares términos, a partir de la Constitución de Portugal de 1976, en rectificación de un
trabajo previo a ella, véase FIGUEREDO DIAS, Jorge de, Para uma dogmática do direito penal secundário.
Um contributo para a reforma do direito penal económico e social portugués, en PODVAL, Roberto
(coordenação), Temas de direito penal económico, op. cit., p. 37.
30
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
47 Experiencia que es por igual conocida en derechos comparados, véase sino BITENCOURT, Cezar
Roberto, Tratado de Direito Penal. Parte Especial 5, ob. cit., p. 235-236; también MUÑOZ CONDE,
Francisco, Derecho Penal. Parte Especial, op. cit., p. 1041.
48 Este principio – Keine Strafe ohne Gesetz es entendido en la dogmática alemana como
sistema financeiro nacional na perpectiva da política cambial brasileira, op. cit., p. 140-141 y 154.
31
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
51 Cfr. Fallos: 321:824 disidencias de Fayt, Boggiano y Bossert y, por separado, de Petracchi,
retomada recientemente en mayoría en Fallos: 329:1053. En este último se remitió a su disidencia
el juez Fayt y se le sumó la jueza Argibay. Agrego que argumentos análogos se pueden trasladar a
otras disposiciones como la presunción de dolo y el ataque al in dubio pro persona que supone el
orden penal cambiario.
52 Cfr. BACIGALUPO, Enrique, La problemática constitucional de las leyes penales en blanco y su repercusión
en el derecho penal económico, en BACIGALUPO, Enrique, Curso de Derecho Penal Económico, Marcial
Pons, Madrid, 1998, p. 39-40.
53 Ampliamente, SCHÜNEMANN, Bernd, Las reglas de la técnica en derecho penal (Die Regeln der Technik,
trad. Cancio Meliá, Manuel y Perez Manzano, Mercedes), en SCHÜNEMANN, Bernd, Temas actuales
y permanentes del Derecho Penal después del milenio, Tecnos, Madrid, 2002, p. 153ss.
54 El principio de legalidad y la separación de funciones en del poder, separan a uno democrático de
uno totalitario. Si se piensa que aquél responde a características del primer modelo pero surgen
estas contradicciones como son delegaciones a la administración, minimizándolas o
relativizándolas, se asiste a otro menos democrático y más autoritario de lo que se cree. Este
legado del iluminismo no es patrimonio del derecho penal sino de una teoría del Estado,
elaborada en rigor por Beccaria, verdad que por evidente alcancé solo por intervención del
catedrático Lucio MÓNACO en Urbino.
55 Ver las reflexiones de Petracchi en los fallos de Corte citados ut-supra. En lo que hace al art. 22 de
la ley 7.492/86 de Brasil tan solo un inciso es permeable a críticas por requerir cualquier giro de
32
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
divisas autorización del Banco Central, que además se concentra en la evasión de aquellas como
elemento especial del elemento subjetivo del tipo; no obstante, no habla de cumplir con la
totalidad de una normativa, siendo más puntual. Cfr. ZENKNER SCHMIDT, Andrei-FELDENS,
Luciano, O Crime de Evasao de Divisas: a tutela penal do sistema financeiro nacional na perpectiva da
política cambial brasileira, op. cit., p. 157. Si las remisiones no alcanzan el test afectarían la
prohibición. Véase, también, BACIGALUPO, Enrique, La problemática constitucional de las leyes penales
en blanco y su repercusión en el derecho penal económico, en BACIGALUPO, Enrique, Curso de Derecho
Penal Económico, op. cit., p. 42ss.
56 Cfr. LACKNER, Karl-KÜHL, Kristian, Strafgesetzbuch Kommentar, op. cit., p. 11 y sobre
Nebenstrafrecht, p. 12ss.
57 Cfr. FORTE DE NEGREIROS DEODATO, Felipe Augusto, Qual o caminho seguro para uma Gesamte
33
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
59 Cfr. Comisión, decreto de diciembre 15 de 1983, app. 10.358/83, citada por AYALA, Ignacio-
CEREZO, Álvaro-GONZÁLEZ, Ivana-MARTÍNEZ, Daniel, La objeción de conciencia en el derecho europeo
y comunitario, en MOTILLA DE LA CALLE, Agustín, Tolerancia y objeción de conciencia en el Estado
Democrático, Universidad de Alcalá, 1998, p. 38. También la app. 14.049/88, en igual sentido.
60 Cfr. NAVARRO-VALLS, Rafael-MARTÍNEZ-TORRÓN, Javier, Las objeciones de conciencia en el derecho
español y comparado, op. cit., p. 84-85. En otros términos, faltarían elementos del tipo.
61 Así para el caso italiano, sobre el art. 415 CP, decreto 602/73. Si la incitación proviene de un
ministro de culto es más grave según el 327 íd.. Cfr. MATURO, Renata-MAZZONE, Livia Chiara-
PARUTA, Federico-TAGLIAFERRE, Vera, L´Obiezione di Coscienza nell´ordinamento giuridico italiano:
problemi e prospettive, en MOTILLA DE LA CALLE, Agustín, Tolerancia y objeción de conciencia en el
Estado Democrático, op. cit., p. 58-59.
62 Cfr. BACIGALUPO, Enrique, La problemática constitucional de las leyes penales en blanco y su
34
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
63 Aunque se advierte que la desobediencia no debe ser confundida con el derecho de resistencia –
art. 20IVGG –, puede por fundamentos llegar a justificarse. Cfr. LACKNER, Karl-KÜHL, Kristian,
Strafgesetzbuch Kommentar, op. cit., p. 226-227.
64 Cfr. LACKNER, Karl-KÜHL, Kristian, Strafgesetzbuch Kommentar, op. cit., p. 229. Piénsese en el
propio 34.2 CPA. o en la raíz de la culpabilidad a partir del 18 CN. Bien podría pensarse, como en
el 169 CP. de Italia en un caso de perdón, al analizar hasta que punto sobrevive el
encadenamiento de los elementos del delito.
65 Una visión legitimada de un derecho penal orientado hacia la protección de bienes jurídicos en
extrema conexión, mediata e inmediata con derechos fundamentales, traspasa lo sustantivo. Sobre
sus variantes en lo que se conoce como versión “integral”, véase principalmente WOLTER, Jürgen,
Estudio sobre la dogmática y la ordenación de las causas materiales de exclusión, del sobreseimiento del
proceso, de la renuncia a la pena y de la atenuación de la misma. Estructuras de un sistema integral que
abarque el delito, el proceso penal y la determinación de la pena (Zur Dogmatik und Rangfolge von
materiellen AusschluBgründen, Verfahrenseinstellung, Absehen und Mildern von Strafe. Strukturen eines
ganzheotlichen Straftat-, StrafprozeB- und Strafzumessungssystem, trad. G. Benloch Petit) y FREUND,
Georg, Sobre la función legitimadora de la idea de fin en el sistema integral del derecho penal (Zur
Legitimationsfunktion des Zweckgedankens im gesamten Strafrechtssystem, trad. Ramón Ragués i
Vallés), en WOLTER, Jürgen – FREUND, Georg, El sistema integral del derecho penal, Marcial Pons,
Madrid-Barcelona, 2004, p. 31ss. y p. 91ss.
35
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
Argentino, IV, TEA, BsAs., 1988, p. 695ss. o directamente a su resolución en autoría o participación
para ser desplazada por una figura de hecho punible, cfr. MORENO (h.), Rodolfo, El Código Penal y
36
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
sus antecedentes, 5-6, p. 419ss y p. 5ss., respectivamente. En origen la incorporación del tipo de
asociación respondía a un contexto de arribo de ideologías que no se compartían.
70 Cfr. MARINUCCI, Giorgio-DOLCINI, Emilio, Corso di Diritto Penale, op. cit., p. 453-454.
71 Es indisoluble la fusión entre política criminal y derechos humanos. No cabe desatender la
economía y a su vez practicar el terror penal. Por un complemento, en una gran síntesis, BRAUDE
CANTERJI, Rafael, Política criminal e Direitos Humanos, Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2008, p.
67ss.
72 Usual ejemplo del complot francés, le Code Pénal § 412-2, al que se le suma el hecho punible bajo
terrorismo § 421-2-1; quizás sea más concreto el grupo con armas del § 431-13. En Italia el § 416
con su estela de elementos pero también está el StGB con su krimineller Vereinigungen del § 129 y
siguiendo tiempos modernos el § 129a, al igual que el CPA. claro con el concierto de “bises” al §
210 y la capilarización en la ley federal de estupefacientes con su § 29ter. Lo que ocurrió en la ley
penal tributaria es más de lo que resulta inútil. Si se ve presta atención todo gira detrás de los
actos que si lesionan o ponen en peligro cierto bienes conectados visibilidad a los derechos
fundamentales.
37
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
73 Cfr. MARINUCCI, Giorgio-DOLCINI, Emilio, Corso di Diritto Penale, op. cit., p. 459ss, 600.
74 Cfr. to. Ley 25.874.
75 Discusión repetida, por ejemplo también en Alemania. Cfr. LACKNER, Karl-KÜHL, Kristian,
do Advogado, Porto Alegre, 2008, p. 81ss. Los emplearé en lo sucesivo, como se verá.
78 Cfr. FELDENS, Luciano, Direitos Fundamentais e Direito Penal, op. cit., p. 83.
79 Cfr. FELDENS, Luciano, Direitos Fundamentais e Direito Penal, op. cit., p. 84.
80 Cfr. FELDENS, Luciano, Direitos Fundamentais e Direito Penal, op. cit., p. 85.
38
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
81 Por una clasificación en paridad, escalamiento y distanciamiento de penas, cfr. FELDENS, Luciano,
Direitos Fundamentais e Direito Penal, op. cit., p. 88. En Italia hay intervención legal pero orientada
a la función administrativa en lo que hace a profesionales cuya actividad pueda rozar, por
ejemplo, el reciclaje.
82 Sobre esto, GÜNTHER, Klaus, Von der Rechts – zur Pflichtverletzung. Ein „Paradigmawechsel“ im
Strafrecht? In: Vom unmögliche Zustand des Strafrechts, Peter Lang, Frankfurt am Main, 1995, p.452 y
KINDHÄUSER, Urs, Gefährdung als Strafrecht. Rechtstheoretische Untersuchungen zur Dogmatik der
abstrakten und konkreten Gefährdungsdelikte, Klostermann Frankfurt am Main, 1989, p.168.
83 Cfr. FERREIRA DA COSTA, Luis Miguel da Conceição, Sociedades Offshore. Uma abordagem á luz do
39
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
85 Cfr. FERREIRA DA COSTA, Elder Lisboa, “O crime do colarihno branco e a lavagem de dinheiro”, en
D´AVILA, Fabio Roberto-SPORLEDER DE SOUZA, Paulo Vinicius, Direito Penal Secundário, Revista
dos Tribunais, São Paulo, 2006, p. 358.
86 Cfr. FIANDACA, Giovanni-MUSCO, Enzo, Diritto Penale. Parte Speciale, vol. II-tomo II, Zanichelli,
40
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
90 Serían todos juicios positivos o de legitimación. Cfr. FELDENS, Luciano, Direitos Fundamentais e
Direito Penal, op. cit., p. 86.
91 Cfr. LACKNER, Karl-KÜHL, Kristian, Strafgesetzbuch Kommentar, op. cit., p. 695.
92 Para la doctrina opera como causal de no punibilidad, FIANDACA, Giovanni-MUSCO, Enzo, Diritto
41
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
95 Cfr. FIANDACA, Giovanni-MUSCO, Enzo, Diritto Penale. Parte Speciale, op. cit., p. 259.
96 Sobre la importancia de los derechos humanos, la relación con la Constitución y la relación con la
dogmática de Übermassverbot e Untermassverbot me he ocupado en otro lugar. Aquí me enfocaré en
un derecho comparado que aprecio como importante en mi proposición.
97 Cfr. FELDENS, Luciano, Direitos Fundamentais e Direito Penal, op. cit., p. 90.
98 Cfr. BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de Direito Penal. Parte Especial 5, op. cit., p. 417.
42
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
99 Se trata la función pública, como conjunto de obligaciones, de una parte esencial a la regla de la
libertad que suponen los derechos humanos. No es del caso ampliar las dos tesis aquí.
100 No se si la frase le pertenece a alguien más pero la he escuchado y la justificaron varios
43
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
frente a una irresponsabilidad política que de otro modo luce impune y que indudablemente,
porque las cuentas no cierran, hacen daño en el tratamiento de servicios que se capilarizan en
derechos de las personas. Con esto voy a que si mandatos de protección en hipótesis de desarrollo
personal, necesitan de un esfuerzo del legislador para su admisibilidad, la cuestión relacional
puede encontrarse satisfecha. Ampliar, STERNBERG-LIEBEN, Detlev, Bien jurídico, proporcionalidad y
libertad del legislador penal, op. cit., p. 121-122.
103 Sobre asociarse en empresas en diferentes miembros, caso 414/06, “Lidl Belgium GmbH & Co.
44
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
109 La apertura de esta puerta de ingreso a los derechos humanos en la UE. en jurisprudencia diversa
de la Corte Europea se la debo al profesor Tobias GRIES (Alemania).
110 Cfr. SATZGER, Helmut, Internationales und Europäisches Strafrecht, op. cit., p. 92.
111 En alguna medida puede importar una restricción de un derecho interno, como la circulación de
divisas vedada hace años en España y Portugal, como se dijo en el principio. Además se trata de
una protección en la que se siguen delitos-tipos para una naturaleza delictiva supranacional. Cfr.
SATZGER, Helmut, Internationales und Europäisches Strafrecht, op. cit., p. 90.
112 Cfr. SATZGER, Helmut, Internationales und Europäisches Strafrecht, op. cit., p. 87.
113 Cfr. SATZGER, Helmut, Internationales und Europäisches Strafrecht, op. cit., p. 89.
114 Los faltantes son: estafa en operaciones licenciatarias o adjudicatarias (2.- Ausschreibunsbetrug);
lavado de dinero y encubrimiento (3.- Geldwäsche und Hehlerei sowie); corrupción y soborno (5.-
Bestechlichkeit und Bestechung); malversación (6.- Amptspflichverletzung); abuso de funciones (7.-
Missbrauch von Amtsbefugnissen); y violación de secretos en el servicio (8.- Verletzung des
Diensgeheimnisses). Cfr. SATZGER, Helmut, Internationales und Europäisches Strafrecht, op. cit., p. 87.
45
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
115 En Fallos: 327:3312 al menos los jueces Petracchi, Boggiano y Maqueda – con claridad – se
animaron a admitir tipos de asociación en miras a la comisión de delitos de lesa humanidad. La
tensión de la protección difiere, como sea, entre este último caso – de derecho internacional penal
– y el de un proyecto de integración. En otra oportunidad hice referencia a la problemática que
existe en la parte general del Corpus Juris, en la desproporción que puede implicar la falta de
regulación de la tentativa, pareciéndome insuficiente la aplicación subsidiaria en el plano
nacional, si progresara la eliminación por una política superadora de signo subjetivista.
116 Cfr. BACIGALUPO, Enrique, La parte especial del Corpus Juris en Revista Canaria de Ciencias
Penales, 3-1999, Instituto Iberoamericano de Política Criminal y Derecho Penal Comparado, Las
Palmas, 1999, p. 155-156. En esencia ha cambiado la numeración, no la figura, que el autor estudia
en la versión del Corpus Juris 1996 (su comentario sobre secretos sería hoy propia al 8º y no al 6º, o
al abuso del 7º y no del 5º).
117 Cfr. SATZGER, Helmut, Internationales und Europäisches Strafrecht, op. cit., p. 120ss.
118 Véase LACKNER, Karl-KÜHL, Kristian, Strafgesetzbuch Kommentar, op. cit., p. 1525ss.; MUÑOZ
Europea, en BACIGALUPO, Enrique, Curso de Derecho Penal Económico, Marcial Pons, Madrid, 1998,
p. 415-416. Por el tema escogido no me extenderé sobre una profundización del proyecto de
integración aquí en todos sus niveles.
46
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
VI – B ALANCE D EFINITIVO
En el ocaso de la tarea emprendida considero haber demostrado el
hipervínculo existente entre los derechos humanos – todos ellos, civiles pero
también económico-sociales – y el derecho penal, en especial el que toca a
hechos punibles con repercusión en la actividad financiera y económica. Es
120 Dada por el Consejo del Mercado Común, XXVIII en Asunción en junio 19 de 2005.
121 Art. 7º. El Tratado constitutivo es de marzo 26 de 1991. Han pasado más de catorce años para que
se cristalizara la preocupación por la temática. El Protocolo de Usuhaia de julio 24 de 1998 se
concentra en las instituciones democráticas. Si bien es cierto en la relación de las temáticas, no es
igual.
122 Art. 3º.
123 Esto genera necesidades mayores de las que toca abordar aquí.
47
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
48
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
B IBLIOGRAFÍA E SENCIAL
ALCÁCER GUIRAO, Rafael, Apuntes sobre el concepto de delito, en Derecho Penal
Contemporáneo, 2-2003, Legis, Bogotá.
_ Sobre el concepto de delito: ¿lesión del bien jurídico o lesión de deber?, Ad-Hoc,
BsAs., 2003.
BACIGALUPO, Enrique, El Corpus europeo y la armonización del derecho procesal
penal en la Unión Europea y La problemática constitucional de las leyes penales en
blanco y su repercusión en el derecho penal económico en BACIGALUPO, Enrique,
Curso de Derecho Penal Económico, Marcial Pons, Madrid, 1998.
_ La parte especial del Corpus Juris en Revista Canaria de Ciencias Penales, 3-1999,
Instituto Iberoamericano de Política Criminal y Derecho Penal Comparado,
Las Palmas, 1999.
BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de Direito Penal. Parte Especial 5, Saraiva,
São Paulo, 2008.
BÖSE, Martin, Derechos Fundamentales y derecho penal como “derecho coactivo”
(Grundrechte und Strafrecht als “Zwangsrech” trad. María Martín Lorenzo y
Margarita Valle Mariscal de Gante) en HEFENDEHL, Roland (ed.), La teoría del
bien jurídico, Marcial Pons, Madrid-Barcelona, 2007.
CASSESE, Antonio, I Diritti Umani Oggi, Editori Laterza, Roma-Bari, 2008.
DE MORAES, Alexandre, Direitos Humanos Fundamentais, Editora Atlas, São
Paulo, 2007.
FELDENS, Luciano, Direitos Fundamentais e Direito Penal, Livraria do Advogado,
Porto Alegre, 2008.
FIANDACA, Giovanni-MUSCO, Enzo, Diritto Penale. Parte Speciale, vol. II-tomo II,
Zanichelli, Bologna, 2007.
FIERRO, Guillermo J., La Ley Penal y el Derecho Internacional, 1, Astrea, BsAs.,
2007.
FIGUEREDO DIAS, Jorge de, Para uma dogmática do direito penal secundário. Um
contributo para a reforma do direito penal económico e social portugués, en PODVAL,
49
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A E S T R A NG E IR A
J A N ./M A R . 2009
50
A REFORMA DO PROCESSO PENAL
OS NOVOS TIPOS LEGAIS DE
PROCEDIMENTO (LEI 11.719
DE 20 DE JUNHO DE 2008)
A NTONIO A CIR B REDA *
I – I NTRODUÇÃO
O Código de Processo Penal, em junho de 2008, sofreu uma série de
importantes modificações, por meio das leis 11.689/2008 – que trata do
procedimento especial do júri –, 11.690/2008 – que trata da teoria da prova
– e 11.719/2008 – que regula os procedimentos ordinário e sumário (os dois
53
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
54
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
55
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
3 A nosso ver, tal como entende o ilustre Desembargador do TJRJ, o despacho que alude o art. 396 é
de simples deferimento da denúncia ou queixa, cujo efetivo juízo de admissibilidade positivo irá
ocorrer após a resposta escrita (art. 399 do CPP).
4 Direito Processual Penal. Vol. I. Coimbra: Coimbra Editora, 1974.
5 Op. cit., p. 40.
56
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
6 Confira DALIA, Andrea Antonio e FERRAIOLI, Marzia. Corso di Diritto Processuale Penale. CEDAM:
Padova, 1992, p. 189.
57
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
58
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
8 In: Justa Causa para a ação penal. São Paulo: RT, 2001. p. 221-222.
59
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
III – J UÍZO
DE A DMISSIBILIDADE C OMO O PERAÇÃO
I NTELECTUAL DO J UIZ
Oferecida a denúncia ou queixa, na fase postulatória do
procedimento, o juízo de admissibilidade envolve inicialmente uma
operação intelectual do juiz dirigida no sentido de averiguar se a imputação
– abstratamente considerada – corresponde a uma hipótese legal de infração
e se é regularmente descrita. Em caso negativo, deve rejeitar a acusação.
Nesse mesmo instante, a autoridade jurisdicional deve examinar a sua
própria competência para conhecer a causa.
9 Em todas essas hipóteses, o MP deve pedir o arquivamento do inquérito por “falta de base para a
denúncia” (art. 18 do CPP). Mesmo inidônea a prova, se oferecer denúncia, o Juiz deve rejeitá-la.
10 Cf.: METELLO SCAPARONE, “Indagini preliminari e udienza preliminare”. In: Compendio di Procedura
Penale. Coord. GIOVANNI CONSO e VITTORIO GREVI. 2ª ed. CEDAM: 2003, p. 522 e ss.
11 Art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal. Art. 157, com a redação da Lei 11.690/2008: “São
60
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
61
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
62
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
13 Em sentido contrário do texto, cf. MENDONÇA, Andrei Borges de. Nova Reforma do Código de
Processo Penal, Ed. Método, 2008, p. 263 e ss. e NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo
Penal Comentado, RT, 8ª ed., 2008, p. 715 e ss.
63
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
64
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
V – P ROCEDIMENTO O RDINÁRIO
Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo
máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do
ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela
defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem
como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de
pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
Na instrução, poderão ser inquiridas até oito testemunhas arroladas
pela acusação e pela defesa, em igual número. Nesse número não se
compreendem as que não prestam compromisso e as referidas.
A lei não regula os incidentes que podem ocorrer na abertura da
audiência de instrução e julgamento, decorrentes da ausência do acusado
ou de seu defensor, do ofendido, de testemunhas de acusação ou de defesa,
ou de peritos, convocados para prestar esclarecimentos.
16 Súmula 524, do STF: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do
promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas”.
65
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
66
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
VI – P ROCEDIMENTO S UMÁRIO
O tipo legal de procedimento, padrão para os crimes cuja pena
privativa de liberdade cominada abstratamente seja inferior a 04 (quatro)
anos, é semelhante ao procedimento ordinário, salvo em relação a duas
67
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
68
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
69
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
IX – D IREITO I NTERTEMPORAL
No conflito entre leis de vigência sucessiva, especialmente quando a
nova lei altera profundamente a estrutura do processo penal em vigor, é
sempre recomendável um capítulo de disposições transitórias, regulando “a
transição entre o regime processual anterior, derrogado para o futuro e o
posterior sancionado”18.
O art. 2º do Código de Processo Penal estabelece que “a lei processual
penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados
sob a vigência da lei anterior”.
Nessa matéria, vigora o princípio do efeito geral imediato: “a regra é
que a lei processual se aplica imediatamente aos processos a instaurar e aos
atos a praticar nos processos pendentes; não se aplica nunca aos atos já
praticados anteriormente, cuja validade deve ser julgada de harmonia com a
lei revogada”19.
Como adverte FIGUEIREDO DIAS, no silêncio da nova lei e a
“circunstância de o processo ser constituído por uma longa e complexa
tramitação, em que os diversos atos se encadeiam uns aos outros de forma
por vezes inextricável” e especialmente porque os novos tipos legais de
procedimento têm estrutura completamente diversas dos antigos
18 MAIER, Julio B. Derecho Procesal Penal. 2ª ed. Tomo I. Buenos Aires, 2004, p. 246.
19 SILVA, Germano Marques da. Curso de Processo Penal. Vol.I. Lisboa: Ed. Verso, 2008, p. 105.
70
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
71
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
72
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
23 Na vigência da lei anterior, em causas criminais complexas, com vários codenunciados, era
comum ampliar-se o prazo de 03 (três) dias para apresentação de alegações finais.
73
A RESPONSABILIDADE PENAL DAS
PESSOAS JURÍDICAS COMO
CONSEQUÊNCIA DA TUTELA
PENAL AMBIENTAL: CONSIDERAÇÕES
À LUZ DO ORDENAMENTO ESPANHOL
B RUNO T ANUS J OB E M EIRA *
I – I NTRODUÇÃO
O desenvolvimento do mercado globalizado, bem como a inovadora e
complexa concepção estrutural da indústria contemporânea ocasionaram
significativas transformações tanto em âmbito econômico, quanto jurídico.
Neste sentido, o próprio Direito Penal, instrumento de tutela
repressiva por excelência, de igual modo, vem recebendo tais reflexos,
75
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
76
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
1 RAPASSI MASCARENHAS PRADO, A. Projeto de lei dos crimes contra o meio ambiente: previsão da
responsabilidade penal das pessoas jurídicas. In: Revista dos mestrandos em direito econômico da
UFBA. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, nº 05, janeiro 1996/dezembro 1997. p. 278.
2 Veja-se mais amplamente em BECK, U. La sociedad del riesgo. Hacia una nueva modernidad. Traduzido
por Jorge Navarro, Daniel Jiménez y Maria Rosa Borrás. Barcelona: Paidós, 2001. p. 25 e ss.
3 ZÚÑIGA RODRÍGUEZ, L. La cuestión de la responsabilidad penal de las personas jurídicas. Un punto
y seguido. In: Revista de Derecho de la Universidad Católica del Norte. Coquimbo: Universidad
Católica del Norte, ano 11, nº 02, 2004. p. 156.
77
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
4 TERRADILLOS BASOCO, J. Delitos relativos a la protección del patrimonio. In: TERRADILLOS BASOCO,
J. (Ed.). Derecho penal del medio ambiente. Madrid: Trotta, 1997. p. 42.
5 Como exemplo da experiência europeia, nos “Países Baixos”, especificamente em 1989, o meio
ambiente se tornou um dos principais objetos de atenção já que com a publicação do “Informe do
Instituto Nacional de Saúde Pública e Meio Ambiente” se constatou um panorama desastroso do
entorno meio-ambiental advindo da grande industrialização e da alta densidade demográfica.
Tais motivos imediatamente fizeram com que o Poder Público reagisse por meio da elaboração de
um “Plano Nacional de Medidas Meio-Ambientais”, que tinha como objeto central uma dinâmica
regulamentação baseada na ideia do desenvolvimento sustentável, fundamento que ulteriormente
também refletiu de maneira significativa para a elaboração da legislação penal de tutela ao meio
ambiente (WALING, C. La criminalidad medio-ambiental en el ámbito del derecho penal general.
La responsabilidad de las personas jurídicas y sus representantes: La necesidad de definir límites.
In: Cuadernos de Política Criminal. Madrid: Edersa, nº 62, 1997. p. 551).
78
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
6 TERRADILLOS BASOCO, J.. Derecho penal de la empresa. Madrid: Trotta, 1995. p. 198.
7 TERRADILLOS BASOCO, J.. Derecho penal... cit. p. 199.
8 ZÚÑIGA RODRÍGUEZ, L.. Política Criminal. Madrid: Colex, 2001. p. 261-262.
79
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
9 ZÚÑIGA RODRÍGUEZ, L. Bases para un Modelo de Imputación de Responsabilidad Penal a las Personas
Jurídicas. 2ª ed. Navarra: Aranzadi, 2003. p. 85.
10 Denota-se importante destacar a divisão teórica realizada por SCHÜNEMANN diferenciando
80
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
12 SÁNCHEZ DOMINGO, M. B. Las actuaciones en nombre de otro en derecho penal. Burgos: Servicio de
Publicaciones de la Universidad de Burgos, 2002. p. 64.
13 ZÚÑIGA RODRÍGUEZ, L. Bases para un... cit. p. 183.
14 MIR PUIG, S. Derecho penal. Parte General. 7ª ed. 2ª reimp. Barcelona: Reppertor, 2005. p. 200-201.
81
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
15 GRACIA MARTÍN, L. El actuar en lugar de otro en derecho penal. Teoría general. Tomo I. Zaragoza:
Secretariado de Publicaciones de la Universidad de Zaragoza, 1985. p. 320-321.
16 GRACIA MARTIN, L. El actuar...cit. p. 327.
17 GRACIA MARTIN, L. El actuar...cit. p. 327.
82
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
83
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
jurídicas, esta se aplica àqueles que cumprem atividades de administração, sendo seus respectivos
destinatários os sujeitos extranei que atuem como diretores, administradores, ou titulares da
gestão empresarial. Entretanto, diversamente sucede no caso dos subordinados que, apesar de
serem os responsáveis efetivamente pela execução material dos supostos fatos antijurídicos não
executam atividades de administração, fazendo com que estes dificilmente respondam a título de
autor. Desta forma, resta importante mencionar que a possibilidade de sancionar um extraneus
como autor utilizando os pressupostos do artigo 31 do C.P. espanhol exclui os sujeitos que não
realizam atividades de administração, ou melhor, que não detém o domínio social. (MEINI, I.
84
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
Responsabilidad penal del empresario por los hechos cometidos por sus subordinados. Valencia: Tirant lo
blanch, 2003. p. 532-533).
23 ZÚÑIGA RODRÍGUEZ, L. Bases para un... cit. p. 192-193.
85
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
86
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
27 RUSCONI, M. A. Persona jurídica y sistema penal: ¿Hacia un nuevo modelo de imputación? In:
RUSCONI, M. A. (Ed.). Cuestiones de imputación y responsabilidad en el Derecho Penal moderno:
principio de culpabilidad. Víctima e ilícito penal. Riesgo permitido. El comportamiento alternativo conforme
a Derecho. Responsabilidad de las personas jurídicas. In dubio pro reo. Buenos Aires: Ad-Hoc, 1997. p.
112.
28 RUSCONI, M. A. Persona jurídica y sistema penal... cit. p.114.
87
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
29 GRACIA MARTÍN, L. Responsabilidad Penal de las empresas. In: MIR PUIG, S.; LUZÓN PEÑA, D. M.
(Coords.). Responsabilidad penal de las empresas y sus órganos y responsabilidad por el producto.
Barcelona: J. M. Bosh Editor, 1996. p. 42.
30 GONZÁLEZ GONZÁLEZ, E. Universitas delinquere potest. In: Anales de la Facultad de Derecho de la
88
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
2.2 Culpabilidade
Sob o título de “princípio de culpabilidade” podem incluir-se
distintos níveis de limite do ius puniendi estatal. Desta forma, tal preceito
seria caracterizado pela delimitação da responsabilidade como pressuposto
para a imposição de uma sanção penal de acordo com os eventos que de
fato a legitimam35.
Neste sentido, a atuação do Direito Penal deve possuir sempre claras
delimitações, devendo atuar somente nos casos em que se pode mensurar,
de forma clara e adequada, a medida da respectiva culpabilidade,
viabilizando, assim, a ulterior imposição de uma sanção penal. Desta forma,
a doutrina espanhola se divide e busca adotar, por meio de diversas teorias,
a justificação para uma possível adequação de um princípio de
culpabilidade moldado à imputação de responsabilidade penal dos entes
coletivos.
Partindo de tal pressuposto e com base em um instituto de origem
alemã, como primeira solução se proporia que, com relação à reprovação
social em que se assentaria a responsabilidade das pessoas jurídicas
figuraria a “culpabilidade de organização” (Organizationsverschulden). Sob
tal preceito, a pessoa ideal responderia pelos fatos realizados pelos
indivíduos com base na inobservância das medidas de cuidado necessárias
para garantir uma correta e legítima atividade empresarial36.
Assim, com relação à imputação do “injusto organizacional”, ou seja,
a título de dolo ou culpa, esta se fundaria no merecimento e necessidade da
imposição de uma sanção penal como consequência de uma determinada
89
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
personas. Traduzido por Patricia S. Ziffer, do original em alemão Die Frage der Straffähigkeit von
Personenverbänden. p. 1109.
90
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
41 PRADEL, J. La responsabilidad penal de la persona jurídica. In: HURTADO POZO, J.; DEL ROSAL
BLASCO, B.; SIMONS VALLEJO, R. (Coords.). La responsabilidad criminal de las personas jurídicas: una
perspectiva comparada. Valencia: Tirant lo Blanch, 2001. p. 135. apud ROUX, J. A. Rapport au Congrès
de l’Association Internationale de Droit Pénal (Bucarest, 1929). In: Revue internationale de droit
pénal, 1930. p. 69.
42 RUSCONI, M. A. Persona jurídica y sistema penal... cit. p. 123.
43 GONZÁLEZ GONZÁLEZ, E. Universitas delinquere... cit. p. 48.
91
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
punindo pessoas físicas inocentes, ou seja, sócios que não tinham nenhuma
participação na comissão delitiva44.
Impugnando tais argumentos, parte da doutrina se manifestou no
sentido de que a imposição de uma formidável multa pela Pública
Administração, valendo-se de sua potestade sancionadora, poderia afetar,
de igual modo, a inumeráveis sócios inocentes e que possivelmente não
teriam nada a ver com o respectivo ilícito administrativo45. Entretanto, tal
suposição definitivamente não subsiste de razão, já que a atuação do Direito
Penal, como sistema repressor por excelência, sempre proporcionará a uma
pessoa física uma sanção com caráter lesivo maior que uma penalidade
administrativa, motivo pelo qual também o torna merecedor de tantos
princípios e delimitações para o seu uso prático.
Sob uma diversa perspectiva, ademais, se sustentou que a respectiva
pena imposta a um ente coletivo não recairia a um “sócio inocente”, mas
sim em um ente totalmente distinto e com personalidade jurídica
autônoma46. Tal argumento, do mesmo modo, não garante que na prática os
efeitos de uma possível condenação deixassem de afetar os eventuais não
delinquentes.
Assim, como até agora demonstrado e como será complementado
adiante, a dogmática penal atual, estrutura idealizada para a
responsabilidade de pessoa física, ou melhor, nas palavras de ZUGALDÍA
ESPINAR, “para o bípede implume”47, todavia carece definitivamente de
elementos ou mecanismos adequados para identificar concretamente as
bases para uma possível responsabilidade criminal de um ente coletivo.
Partindo de tal consideração, emerge no contexto jurídico um
particular paradoxo: ao mesmo tempo em que a própria doutrina reconhece
ser dificilmente compatível admitir a imposição de sanções penais aos entes
coletivos, de igual modo vislumbra como razoável prever determinadas
medidas que recaiam efetivamente sobre a responsabilidade das próprias
empresas. Tal suposição se justificaria tendo em vista que a estrutura
empresarial estaria sendo cada vez mais utilizada para a atividade delitiva,
demonstrando, assim, especial periculosidade48 no mundo contemporâneo.
Cuadernos de Política Criminal. Madrid: Universidad Complutense de Madrid, nº 81, 2003. p. 541.
48 MIR PUIG, S. Derecho penal... cit. p. 768.
92
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
93
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
49 GARCÍA VICENTE, F. et al. Responsabilidad civil, consecuencias accesorias y costas procesales. Extinción de
la responsabilidad criminal. Barcelona: Bosch, 1998. p. 349.
50 GRACIA MARTÍN, L.; BOLDOVA PASAMAR, M. A.; ALASTUEY DOBÓN, M. C. Lecciones de Consecuencias
94
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
53 GUARDIOLA LAGO, Mª J. Responsabilidad penal de las personas jurídicas y alcance del art. 129 del Código
Penal. Valencia: Tirant lo Blanch, colección los delitos, nº 56, 2004. p. 70-71.
95
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
96
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
97
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
1 – O Déficit de Garantias
Partindo do anteriormente explicado, resta evidente que a aplicação
das consequências acessórias são verdadeiras sanções penais destinadas às
empresas e que, ademais de tudo, carregam consigo inumeráveis
repercussões em âmbito processual penal.
Neste sentido, como o artigo 129 do C.P. espanhol não prevê que
sujeitos aos quais se destinam ditas medidas obtenham o status de parte no
processo penal, inaugura-se também toda uma série de vulnerações de
garantias judiciais diante de uma eventual condenação.
Desta maneira, a caracterização de verdadeiras sanções penais às
pessoas jurídicas camufladas como “consequências acessória” permite que o
processo penal, incluindo a atividade instrutora e probatória, siga dirigido
para a responsabilidade penal e civil direta de administradores, diretivos ou
empregados da sociedade, admitindo as pessoas jurídicas somente como
possíveis encarregadas de responsabilidade civil subsidiária59.
Ademais, a clausura temporal, bem como a suspensão da atividade
das pessoas jurídicas podem ser aplicadas sob a forma de medidas
cautelares, de acordo com o § 2º do artigo 129 do C.P. espanhol. Neste
sentido, a adoção de tal modalidade torna-se possível por uma simples
determinação judicial, sem ao menos considerar a audiência prévia com os
representantes legais prevista nos casos ordinários de aplicação das
consequências acessórias.
Assim, considerando que na prática tais consequências são
definitivamente aplicadas como severas sanções penais às pessoas jurídicas
e diante da exclusão das mesmas como parte no processo penal, resulta
óbvia a impossibilidade do alcance das respectivas garantias, bem como da
aplicação de todos os princípios informadores processuais penais para tais
casos.
Desta forma, conclui-se que, mesmo não subsistindo de razão um
possível modelo para sancionar penalmente as pessoas jurídicas, quando se
vislumbra como admissível tal estrutura, o que demonstra ter iniciado o
59 ECHARRI CASI, F. J. Sanciones a Personas Jurídicas en el Proceso Penal: Las Consecuencias Accesorias.
Navarra: Aranzadi, 2003. p. 215-216.
98
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
99
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
Neste sentido, vale a pena ressaltar que mesmo nos diversos casos
ordinários de delinquência econômica, casos que possuem sanções de
natureza bem delimitadas e expressas como sanções penais, já se
apresentam grandes problemáticas referentes às questões de fixação do
momento delitivo, bem como com relação à identificação da consequente
competência para o ajuizamento penal63.
Desta forma, tal situação se vislumbraria agravada no caso das
consequências acessórias por não restarem estas consideradas
expressamente como penas. Assim, vislumbrando hipoteticamente a
comissão de um delito em âmbito econômico fora das fronteiras da Espanha
por uma empresa espanhola, por exemplo, não subsistiria atribuída, por si
só, a respectiva competência dos tribunais espanhóis, já que o critério
determinante para tal residiria na nacionalidade do agente criminalmente
responsável, atributo que, segundo o próprio ordenamento jurídico
espanhol, não pode ser conferida a uma pessoa jurídica64.
100
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
66 MORAL GARCÍA, A. Incidencia del Nuevo Código Penal en la Competencia Objetiva. In: MARTÍNEZ
ARRIETA, A. (Dir.). Jurisdicción y Competencia Penal. Madrid: C.G.P.J., Cuadernos de Derecho
Judicial, nº VI, 1996. p. 93.
67 ECHARRI CASI, F. J. Sanciones a Personas Jurídicas… cit. p. 227.
68 ECHARRI CASI, F. J. Sanciones a Personas Jurídicas… cit. p. 229-231.
69 GIMENO SENDRA, V. Derecho Procesal Penal. 1ª ed. Madrid: Colex, 2004. p. 155.
101
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
102
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
72 MAZA MARTÍN, J. M. Las Medidas Cautelares Penales. In: COLLADO GARCÍA-LAJARA, E. (Coord.).
Manual práctico de medidas cautelares – Procesos constitucionales, ordinarios y penales. Granada:
Comares, 2000. p. 242.
73 ECHARRI CASI, F. J. Sanciones a Personas Jurídicas… cit. p. 246.
74 LASO MARTÍNEZ, J.L. Urbanismo y medio ambiente en el nuevo Código Penal. Madrid: Marcial Pons,
1997. p. 198.
75 Como exemplo, defende MORAL GARCÍA expressamente: “É destacável e digna de elogio a
previsão específica do apartado 2 do artigo 129 da possibilidade de adoção das citadas medidas
por via cautelar” (MORAL GARCÍA, A. Aspectos Problemáticos... cit. p. 150).
103
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
104
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
VI – C ONCLUSÃO
Partindo da possibilidade de um modelo de responsabilidade da
própria pessoa jurídica e restringindo o tema à problemática oferecida pela
tutela penal ambiental, resta evidente que grande parte da normativa
destinada a esta última é desenhada exclusivamente aos entes coletivos, já
que, em grande parte dos casos, estes seriam os únicos possíveis sujeitos
ativos de tal classe delitiva.
Assim, de acordo com os preceitos teóricos expostos, bem como com
as demonstradas incongruências técnicas verificadas na utilização prática
das “consequências acessórias”, se podem extrair diversos pontos de
conclusão concernentes à presença das pessoas jurídicas no universo do
Direito Penal.
Preliminarmente e através de genéricas considerações vale ressaltar
que, todavia, não se acoberta de razão um possível modelo para sancionar
penalmente os entes coletivos, tendo em vista os inúmeros pontos de
inadequação técnica.
105
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
106
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
B IBLIOGRAFIA
BACIGALUPO, S. Responsabilidad penal de la empresa en los delitos contra la ordenación
del territorio y el medio ambiente. In: Revista de Derecho Urbanístico y Medio Ambiente.
Madrid: RDU, nº 195, julio – agosto, 2002, p. 167 – 193.
BECK, U. La sociedad del riesgo. Hacia una nueva modernidad. Traduzido por Jorge Navarro,
Daniel Jiménez y Maria Rosa Borrás. Barcelona: Paidós, 2001, 304 p.
ECHARRI CASI, F. J. Sanciones a Personas Jurídicas en el Proceso Penal: Las Consecuencias
Accesorias. Navarra: Aranzadi, 2003, 348 p.
FUENTE HONRUBIA, F. Las consecuencias accesorias del artículo 129 del Código Penal.
Valladolid: Lex Nova, 2004, 335 p.
GARCÍA VICENTE, F.; et al. Responsabilidad civil, consecuencias accesorias y costas procesales.
Extinción de la responsabilidad criminal. Barcelona: Bosch, 1998, 560 p.
GIMENO SENDRA, V. Derecho Procesal Penal. 1ª ed. Madrid: Colex, 2004, 863 p.
GÓMEZ DE LIAÑO GONZÁLEZ, F. El Proceso Penal – Tratamiento Jurisprudencial. 7 ed. Oviedo:
Forum, 2004, 637 p.
GONZÁLEZ GONZÁLEZ, E. Universitas delinquere potest. In: Anales de la Facultad de Derecho
de la Universidad de la Laguna. La Laguna, 1991, p. 41-71.
GRACIA MARTÍN, L. El actuar en lugar de otro en derecho penal. Teoría general. Tomo I.
Zaragoza: Secretariado de Publicaciones de la Universidad de Zaragoza, 1985, 488 p.
GRACIA MARTÍN, L. Responsabilidad Penal de las empresas. In: MIR PUIG, S.; LUZÓN PEÑA,
D. M. (Coords.). Responsabilidad penal de las empresas y sus órganos y responsabilidad por el
producto. Barcelona: J. M. Bosh Editor, 1996, 310 p.
GRACIA MARTÍN, L.; BOLDOVA PASAMAR, M. A.; ALASTUEY DOBÓN, M. C. Lecciones de
Consecuencias Jurídicas del Delito. 3ª ed. Valencia: Tirant lo Blanch, 2004, 589 p.
GUARDIOLA LAGO, Mª J. Responsabilidad penal de las personas jurídicas y alcance del art. 129
del Código Penal. Valencia: Tirant lo Blanch, colección los delitos, nº 56, 2004, 179 p.
107
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
LASO MARTÍNEZ, J. L. Urbanismo y medio ambiente en el nuevo Código Penal. Madrid: Marcial
Pons, 1997, 238 p.
MAZA MARTÍN, J. M. Las Medidas Cautelares Penales. In: COLLADO GARCÍA-LAJARA, E.
(Coord.). Manual práctico de medidas cautelares – Procesos constitucionales, ordinarios y
penales. Granada: Comares, 2000, 606 p.
MEINI, I. Responsabilidad penal del empresario por los hechos cometidos por sus subordinados.
Valencia: Tirant lo blanch, 2003, 557 p.
MIR PUIG, S. Derecho penal. Parte General. 7ª ed. 2ª reimp. Barcelona: Reppertor, 2005, 781
p.
MONTERO AROCA, J. Principios del proceso penal – Una experiencia basada en la razón.
Valencia: Tirant lo Blanch, 1997, 191 p.
MORAL GARCÍA, A. Aspectos Problemáticos en los Delitos Contra el Medio Ambiente. In:
GRANADOS PÉREZ, C. (Dir.). Problemas Derivados de la Delincuencia Medioambiental.
Estudios de Derecho Judicial. Madrid: C.G.P.J., nº 52, 2004, 207.
MORAL GARCÍA, A. Incidencia del Nuevo Código Penal en la Competencia Objetiva. In:
MARTÍNEZ ARRIETA, A. (Dir.). Jurisdicción y Competencia Penal. Madrid: C.G.P.J.,
Cuadernos de Derecho Judicial, nº VI, 1996, 384 p.
NÚÑEZ CASTAÑO, E. Responsabilidad Penal en la Empresa. Valencia: Tirant lo Blanch, 2000,
223 p.
PRADEL, J. La responsabilidad penal de la persona jurídica. In: HURTADO POZO, J.; DEL
ROSAL BLASCO, B.; SIMONS VALLEJO, R. (Coords.). La responsabilidad criminal de las
personas jurídicas: una perspectiva comparada. Valencia: Tirant lo Blanch, 2001, 285 p.
RAPASSI MASCARENHAS PRADO, A. Projeto de lei dos crimes contra o meio ambiente:
previsão da responsabilidade penal das pessoas jurídicas. In: Revista dos mestrandos em
direito econômico da UFBA. Salvador, nº 05, enero 1996/diciembre 1997, p. 277–299
RUSCONI, M. A. Persona jurídica y sistema penal: ¿Hacia un nuevo modelo de
imputación? In: RUSCONI, M. A. (Ed.). Cuestiones de imputación y responsabilidad en el
Derecho Penal moderno: principio de culpabilidad. Víctima e ilícito penal. Riesgo permitido. El
comportamiento alternativo conforme a Derecho. Responsabilidad de las personas jurídicas. In
dubio pro reo. Buenos Aires: Ad-Hoc, 1997, 159 p.
SÁNCHEZ DOMINGO, M. B. Las actuaciones en nombre de otro en derecho penal. Burgos:
Servicio de Publicaciones de la Universidad de Burgos, 2002, 118 p.
SHÜNEMANN, B. Cuestiones básicas de dogmática jurídico-penal y de política criminal
acerca de la criminalidad de empresa. In: Anuario de Derecho Penal y Ciencias Penales.
Madrid, t. XLI, fasc. II, maio-agosto/1988, p. 529-558
TERRADILLOS BASOCO, J. Delitos relativos a la protección del patrimonio. In: TERRADILLOS
BASOCO, J. (Ed.). Derecho penal del medio ambiente. Madrid: Trotta, 1997, 142 p.
TERRADILLOS BASOCO, J. Derecho penal de la empresa. Madrid: Trotta, 1995, 236 p.
WALING, C. La criminalidad medio-ambiental en el ámbito del derecho penal general. La
responsabilidad de las personas jurídicas y sus representantes: La necesidad de definir
límites. In: Cuadernos de Política Criminal. Madrid: Edersa, nº 62, 1997, p. 511–519.
108
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
109
CAPITALISMO, PUNIÇÃO E PRISÃO –
INTERFACES POSSÍVEIS SOB
A ÓPTICA FOUCAULTIANA
J OÃO C ARLOS C ARVALHO DA S ILVA *
I NTRODUÇÃO
A reflexão em torno da questão punitiva, embora secular, continua a
despertar acesas discussões nos círculos acadêmicos. O resultado prático
dos embates teóricos ganha relevância quando transposto para países de
capitalismo periférico, marcados pela exclusão social e pela sistemática
violação/inefetivação de direitos.
111
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
1 – P UNIÇÃO E R ACIONALIZAÇÃO
O Estado, no século XVI era livremente comandado pela figura do
monarca, detentor absoluto do poder político. Tal poder, assentado na
onipotência real, desconhecia quaisquer vínculos e limites e se caracterizava
por impor uma barbárie repressiva que solapava os súditos. É possível falar
em uma utilização irracional do poder político, que se fazia presente na
sociedade através de um exercício indiscriminado da punição.
Os suplícios aos criminosos se davam de maneiras muito diversas.
Não obstante, a punição voltava-se predominantemente ao corpo do
condenado, de modo a infligir-lhe dor, sofrimento e humilhação.
A prisão como pena autônoma, por sua vez, era desconhecida nesse
período, servindo tão somente para preservar o corpo do condenado até a
aplicação do castigo.
Já no fim do século XVII, a obra do monge beneditino MABILLON
exerceu grande influência no contexto das punições. Insurgia-se o monge
contra o modo que as penitências eram infligidas ao condenado, propondo
reformas quanto ao trabalho, à higiene, etc. (DOTTI, 1998, p. 08). Fruto do
anseio ilustrado por MABILLON, o iluminismo traz ideais humanizantes
acerca das punições, abandonando a fundamentação teológica da pena para
conferir-lhe um fim utilitário.
Os iluministas passaram a ter no Homem o centro das atenções,
valendo-se do jusnaturalismo para pregar direitos preexistentes e
superiores ao Estado, o que permitiu impor limites ao poder estatal, uma
vez que este perdera seu caráter absoluto.
Uma das mudanças introduzidas pelos jusfilósofos da época foi a
ideia de que o crime não devia guardar relação com a infração moral. Com
tal distinção, permitiu-se retirar do âmbito de intervenção do Estado
absolutista condutas antes punidas tão somente por constituírem faltas
morais.
112
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
113
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
114
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
1 Art. 399 do Código Penal: Deixar de exercer profissão, ofício ou qualquer mister em que ganhe a
vida, não possuindo meio de subsistência e domicílio certo em que habite; prover a subsistência
por meio de ocupação proibida por lei e manifestamente ofensiva da moral e dos bons costumes:
Pena de prisão celular por quinze a trinta dias (ALVES, 1997, p. 25).
2 Não mais o controle arbitrário peculiar às monarquias absolutistas, mas um exercido o mais
veladamente possível, justificado cientificamente e até, certo ponto, limitado por garantias legais.
115
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
116
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
117
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
3 Texto de 1804 escrito pelo Bispo Watson: “As leis são boas, mas, infelizmente, são burladas pelas
classes mais baixas. As classes mais altas, certamente, não as levam muito em consideração. Mas
esse fato não teria importância se as classes mais altas não servissem de exemplo para as mais
baixas”. “Peço-lhes que sigam essas leis que não são feitas para vocês, pois assim ao menos
haverá a possibilidade de controle e de vigilância das classes mais pobres” (FOUCAULT, 1999,
p.94).
4 Ordem do rei dirigida diretamente a uma pessoa, obrigando-a a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa.
5 Por exemplo: “maridos ultrajados por suas esposas, pais de família descontentes com seus filhos,
famílias que queriam se livrar de um indivíduo, comunidades religiosas perturbadas por alguém,
uma comuna descontente com seu cura” (FOUCAULT, 1999, p. 96).
118
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
119
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
3.3 A Prisão
O século XIX assistiu ao desenvolvimento paulatino da prisão e ao
expansionismo do modo de produção capitalista.
Nesse contexto, a prisão-pena concretizava o método adequado para
se exercer o controle do indivíduo, ao passo que o capitalismo era uma das
instâncias que reclamava esse controle.
Vê-se, nesse sentido, que não somente a prisão, mas a fábrica e
demais instituições (escola, quartéis militares, hospitais) seguiam o modelo
de controle, exercido tanto em nível moral como pedagógico, psiquiátrico,
6 O criador da polícia na Inglaterra, Colquhoun, era alguém que a princípio foi comerciante, sendo
depois encarregado por uma companhia de navegação de organizar um sistema para vigiar as
mercadorias armazenadas nas docas de Londres (FOUCAULT, 1999, p. 101).
120
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
etc. A prisão nada mais era do que a instituição ideal para esse novo
modelo. O suprassumo da ideia do panoptikon.
Contextualizando, pois, a prisão, observa-se que ela possuía natureza
semelhante às demais instituições sociais, diferenciando-se delas na medida
em que atuava particularmente no indivíduo tido por criminoso. Seu mister
circunscrevia-se a combater a criminalidade, segregando os agentes
infratores de modo impedi-los de delinquir.
Enquanto fruto de uma sociedade classificada por FOUCAULT como
sociedade de controle, a prisão tinha seus pressupostos assentados nos
ideais presentes à época, os quais se baseavam no modelo econômico
capitalista. Tal modelo se inspirava na ideia de proteção dos bens de
produção e se impulsionava através da tensão decorrente dos conflitos entre
classes.
Aceitando-se como plausível a ideia de “conflitos entre classes”,
remetida, aqui, à ideia de conflito de interesses, nota-se que começa a se
configurar, no cenário capitalista, a imagem do sujeito que vai representar a
ideia da ameaça social. Começa a se desenvolver a figura do delinquente
que deve ser vigiado.
Tal sujeito, certamente, identificar-se-á, de alguma forma, com
aqueles que não tomaram parte privilegiadamente no novo modelo de
produção econômica.
Aí é possível observar o viés político da prisão, já que ela realiza um
projeto de punição nascido no bojo da sociedade burguesa.
C ONSIDERAÇÕES F INAIS
O movimento iluminista ocasionou grandes mudanças na formulação
teórica do direito penal, proporcionando a racionalização do poder punitivo
estatal, onde a pena só poderia ser aplicada a crimes previstos
expressamente na legislação e que atingissem algum bem social relevante.
O que se seguiu, porém, foi uma tendência do poder em voltar-se ao
controle e correção dos indivíduos que se desviassem da norma,
descartando-se a perspectiva de análise direcionada tão somente aos fatos.
O instrumental para isso foi tomado dos próprios mecanismos de controle
existentes nas camadas sociais populares.
Decorrência desse movimento foi o abandono de alguns princípios
iluministas e a simultânea valorização da prisão como forma de punição.
121
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
R EFERÊNCIAS
ALVES, Paulo. A verdade da repressão: práticas penais e outras estratégias na ordem
republicana: 1890-1921. São Paulo: Editora Arte & Ciência/UNIP, 1997.
BECCARIA, Cesare, Marchese di. Dos delitos e das penas. Rio de Janeiro: Rio Estácio de Sá,
2002.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão: causas e alternativas. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2001.
CARDOSO, Franciele Silva. Penas e medidas alternativas: análise da efetividade de sua
aplicação. São Paulo: Método, 2004.
DOTTI, René Ariel. Bases e alternativas para o sistema de penas. 2.ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 1998.
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2002.
SHECAIRA, Sérgio Salomão; CORRÊA JUNIOR, Alceu. Teoria da Pena: finalidades, direito
positivo, jurisprudência e outros estudos de ciência criminal – São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2002.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, Henrique. Manual de direito penal brasileiro: parte
geral. 5. ed. rev. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.
122
JUSTIÇA INVISÍVEL E/OU VERDADE VISÍVEL:
RELAÇÕES ENTRE LÓGICA E HISTÓRIA *
C HRISTIAN O TTO M UNIZ N IENOV **
eloquência” (DERRIDA, Jacques. Anne Dufourmantelle convida Jacques Derrida a falar da hospitalidade.
São Paulo: Escuta, 2003, p. 85).
2 Esta questão estabelece um diálogo de deslocamento com a oposição derridiana entre força justa,
legítima ou não violenta e violência sempre injusta. Ver DERRIDA, Jacques. Força de lei: o
fundamento místico da autoridade. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 9.
123
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
3 FEYERABEND, Paul. A conquista da abundância: uma história da abstração versus a riqueza do ser. São
Leopoldo: Unisinos, 2006, p. 27.
4 RICOEUR, Paul. Ética e moral. In: Leituras 1: em torno ao político. São Paulo: Loyola, 1995, p. 164-5.
5 Sobre a desconfiança em relação à audição cega e a recorrente e necessária remissão da audição à
visão como origem ou fundamento, ver nosso trabalho sobre Montaigne: NIENOV, Christian Otto
Muniz. Dos canibais, ou: sobre a invasão do bárbaro para a libertação do canibal colonizado pelo
civilizado. Revista de estudos criminais, ano VII, n. 26, jul/set 2007, p. 149-72.
6 Sobre a epistemologia da sensibilidade comandada pelo visiologocentrismo, ver nosso outro
trabalho sobre Montaigne: NIENOV, Christian Otto Muniz. Da visceralidade: sobre a primazia do olfato
(no prelo).
7 “En el sistema sólo habla el controlador, el jefe. El sistema es siempre la voz del jefe: por eso todo
sistema es totalitario...” (CIORAN, Emil Michel. Conversaciones. Barcelona: Tusquets, 2001, p. 22.)
124
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
8 FONSECA, Rubem. Laurinha. In: Ela e outras mulheres. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 90.
A partir desta nota todas as referências a este escrito serão abreviadas por LA.
9 LA, p. 91.
10 LA, p. 91.
11 LA, p. 92.
125
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
12 LA, p. 92.
13 RAWLS, John. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 62-3. “... even where laws
and institutions are unjust, it is often better that they should be consistently applied. In this way
those subject to them at least know what is demanded and they can try to protect themselves
accordingly; whereas there is even greater injustice if those already disadvantaged are also
arbitrarily treated in particular cases when the rules would give them some security” (RAWLS,
John. A theory of justice. Cambridge: Harvard University Press, 1999, p. 51.)
126
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
14 LA, p. 93.
15 LA, p. 93-4.
16 Ver DERRIDA, J. Anne..., p. 35.
17 LA, p. 94.
127
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
Azar o seu”18. Começa então a segunda fase da tortura, a quebra de ossos até
a morte, através de uma agonia deliberada (“Ele tem que sofrer...”19) e lenta:
“Pegamos duas barras de ferro na garagem e um martelo e
voltamos para o quarto. Tiramos o lençol de cima do corpo de
Duda.
Vamos começar pelos tornozelos, disse Manoel.
Lentamente, eu disse, lentamente, o puto tem que sofrer.
Quebramos com as barras de ferro os dois tornozelos de Duda.
Esperamos um pouco e quebramos os ossos da canela, aquele osso
que quando a gente está jogando futebol e leva um chute dói pra
caralho.
Ele gritava como um louco. Mais um intervalo para ele se
recuperar, não queríamos que ele desmaiasse de dor, e então
esfacelamos seus dois joelhos.
Ele continuava gritando e agora defecava e urinava na cama.
Outro intervalo. Em seguida, com as barras de ferro, quebramos
os cotovelos, depois as costelas, depois a clavícula, sempre com um
intervalo entre uma coisa e outra. Com um martelo parti todos os
dentes dele.
Então ele começou a gritar fininho, com a voz que nós
queríamos que ele tivesse quando arrancamos os seus colhões.
Mas agora era tarde, fazia mais de três horas que estávamos
arrebentando os ossos dele.
O puto morreu coberto de merda, mijo e sangue.
Levamos a cama para o quintal dos fundos, enchemos de
gasolina e tacamos fogo”20.
5 – Vingança ou justiça: a indecidibilidade é visível, a decidibilidade é
invisível. A história de Laurinha coloca o difícil problema da definição de
justiça. Se a visibilidade da injustiça parece evidente, e a multiplicação dos
exemplos seria um deleite para o olhar, a justiça carece de visibilidade. Mas
prolifera em desejo. A morte violenta de Duda é um ato de justiça? Ou seria
um ato de vingança, portanto, uma nova injustiça? Mesmo ignorando a
dúvida que habita a visibilidade perdida (da morte de Laurinha), ainda
18 LA, p. 95.
19 LA, p. 95.
20 LA, p. 95-6.
128
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
21 Ver HERÔDOTOS. História. 2 ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1988; HERÓDOTO. Historiae. 3 ed.
Oxonii [Oxford]: Clarendoniano, 1927, 2 v.
129
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
130
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
25 FONSECA, Rubem. Anjos das Marquises. In: A Confraria dos Espadas. São Paulo: Companhia das
Letras, 1999, p. 22. A partir desta nota todas as referências a este escrito serão abreviadas por AM.
26 AM, p. 22.
27 AM, p. 23.
131
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
28 AM, p. 24-5.
132
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
29 AM, p. 27-8.
30 “Lo propio de la utopía es admitir que el estado de perfección es posible.” (CIORAN, E. M.
Conversaciones..., p. 122.) Ver DERRIDA, J. Força..., p. 26 (sobre o progresso histórico), 36-8 (sobre o
aumento hiperbólico na exigência de justiça como sensibilidade a uma desproporção essencial
que deve inscrever na própria justiça o excesso – perfectibilidade – e a inadequação –
pervertibilidade), 86 (sobre a perfectibilidade infinita do direito internacional) e 87-8 (sobre a
desconstrução como greve geral política – substituição: perfectibilidade – e proletária – supressão:
pervertibilidade); CIORAN, E. M. Conversaciones..., p. 23-4 (sobre a perfectibilidade indefinida do
homem como ideia básica da utopia).
31 “La historia es en sus tres cuartas partes la historia de las tiranías, de la esclavitud humana.”
Sobre o aspecto trágico da história como sentido irônico, ver CIORAN, E. M. Conversaciones..., p. 47,
123, 124-5.
34 Ver DERRIDA, J. Força..., p. 40-1.
35 Sobre o que chamamos aqui o silogismo da justiça (ou da desconstrução), ver DERRIDA, J. Força...,
p. 26-8.
36 Ver DERRIDA, J. Força..., p. 30.
133
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
134
“O DIREITO PENAL DO INIMIGO”
E “A CONTROVÉRSIA”
M AURÍCIO S TEGEMANN D IETER *
1 - A PRESENTAÇÃO
O ensaio tem por objetivo desenvolver uma crítica ao discurso do
Direito Penal do Inimigo – na forma particular e original em que é
apresentado por GÜNTHER JAKOBS – à luz da obra A Controvérsia, de JEAN-
CLAUDE CARRIÈRE.
O referencial teórico é a possibilidade de analogia entre os
argumentos invocados para defender o direito de oprimir e explorar os
indígenas do Novo Mundo no Século XVI e os utilizados para sustentar a
necessidade de um direito penal capaz de lidar com ameaças extremas a
partir da exceção de regras básicas do jogo democrático.
O sentido da crítica parte da constatação de MASSIMO PAVARINI de
que embora a proposta de JAKOBS se apresente como descrição, no pouco
que prescreve coloca em risco todo o Estado Democrático de Direito. Por
isso, é preciso refutar de modo contundente e sob as mais diferentes
perspectivas os argumentos que ampliam o alcance do poder punitivo ou
*
O autor é mestre e doutorando no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade
Federal do Paraná, especialista em Direito Penal, pesquisador-convidado do Instituto Max-Planck
(Freiburg), professor de graduação e pós-graduação de Direito Penal e Criminologia em
diferentes instituições de ensino superior e advogado criminal em Curitiba.
135
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
1 A reflexão foi desenvolvida no curso do Prof. MÁSSIMO PAVARINI ministrado no Curso de Altos
Estudos da CAPES/PROEX, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal do Paraná no mês de agosto de 2008.
2 JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.25-26.
3 JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.27-28.
136
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
4 Isto é, os marginalizados devem ser expulsos, confinados ou eliminados. JAKOBS, Günther. Derecho
penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.228-29.
5 JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.30.
6 JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.51.
7 Essa aproximação “religiosa” do inimigo também fica evidente quando JAKOBS o define como
aquele que se comporta permanentemente como um “diabo” – supondo ser o paraíso o conjunto
abstrato das expectativas normativas de comportamento. Ver JAKOBS, Günther. Sobre la
normativización de la dogmática jurídico-penal, p.54.
8 JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.36-37.
9 JAKOBS, Günther. Dogmática de derecho penal y la configuración normativa de la sociedad, p.43.
10 JAKOBS, Günther. Dogmática de derecho penal y la configuración normativa de la sociedad, p.46 e 68,
137
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
11 JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.31.
12 As técnicas de neutralização, entretanto, são deixadas ao arbítrio do poder, aparentemente por
conveniência. JAKOBS, Günther. Dogmática de derecho penal y la configuración normativa de la sociedad,
p.46.
13 JAKOBS, Günther. Sobre la normativización de la dogmática jurídico-penal, p.55.
14 JAKOBS, Günther. Sobre la teoria de la pena, p.34.
15 No que se aproxima da medida de segurança, embora sua execução renuncie a qualquer fim
terapêutico. JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.31.
16 JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.39 e JAKOBS, Günther.
mostra disposição recalcitrante em violar a ordem jurídica, assim o fazendo por repetidas
manifestações de conduta, como poderia ser legítimo antecipar a tutela penal quando ainda não
existem manifestações concretas de condutas contrárias a um bem jurídico protegido? Isso
138
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
evidencia – caso ainda se precise de evidência – que o inimigo não é definido conforme seu
comportamento, de forma objetiva, mas subjetivamente, sendo identificado por estereótipos e
idiossincrasias que disparam meta-regras punitivas, o que é próprio de um direito penal do autor:
não se pune o indivíduo pelo que fez (até porque, em muitos destes casos, sequer haveria
tentativa punível) mas pelo que é. Assim, o Direito Penal do Inimigo depende de meras hipóteses,
projeções, prognoses, expectativas de comporamento futuro: vive deslocado no tempo; não é
deste mundo, apesar do que sustenta o autor em JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e
derecho penal del enemigo, p.53.
20 JAKOBS, Günther. Dogmática de derecho penal y la configuración normativa de la sociedad, p.44.
21 Se bem a crítica à proposta de JAKOBS desenvolvida neste artigo cinge-se às comparações possíveis
com a novela de CARRIÈRE, não se pode deixar de fazer referência a ensaio de GIORGIO AGAMBEN
“Estado de Exceção”, que fornece elementos para uma crítica muito mais profunda ao argumento
da exceção no Estado Democrático de Direito.
22 Fato que aparece no texto de forma bastante ingênua, para dizer o mínimo, como se pode
comprovar em JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.40-41 e
46-47.
23 Nas quais as questões de segurança são debatidas diuturnamente, e cuja capacidade de resistência
contra essa indizível ameaça é “questionável”, conforme JAKOBS, Günther. Dogmática de derecho
penal y la configuración normativa de la sociedad, p.42.
24 JAKOBS, Günther. Dogmática de derecho penal y la configuración normativa de la sociedad, p.43.
139
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
3 - A C ONTROVÉRSIA
A conquista e o início da colonização da América do Sul por
espanhóis no Século XVI é o pano de fundo do livro de JEAN-CLAUDE
CARRIÈRE, que narra com liberdade poética a famosa “controvérsia de
Valladolid”, cujo fim era determinar se a condição humana do indígena era
ou não semelhante à dos conquistadores europeus, para saber se legítimo
aos olhos de Deus sua escravização29.
O debate realizado em 1550 por ordem do rei da Espanha Carlos V
opôs o padre dominicano BARTOLOMEU DE LAS CASAS ao filósofo GINES DE
SEPÚLVEDA. O estopim do debate – ou o pretexto para discutir a “questão
25 JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.41. No mesmo sentido,
JAKOBS, Günther. Dogmática de derecho penal y la configuración normativa de la sociedad, p.45-46.
26 JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.46 e 64.
27 Embora o autor defina que existem limites para a reação do Direito Penal contra o inimigo,
deslocará a possibilidade de definir esse limite para um cálculo sobre a necessidade de violar este
ou aquele direito do acusado em cada caso. Mas se cabe ao próprio Estado definir quais ações são
necessárias – isto é, se cabe ao algoz definir o que lhe é permitido para vingar-se – a limitação
proposta é risível, e não pode ser considerada uma resposta. JAKOBS, Günther. Dogmática de
derecho penal y la configuración normativa de la sociedad, p.43.
28 Para que não pareça exagerada a alcunha de “reacionária” aqui atribuída a teoria de JAKOBS
recomenda-se a leitura do excerto no qual o autor exalta valores patrióticos, familiares e religiosos
como porto-seguro das expectativas de comportamento em sociedades passadas, agora colocadas
em risco pelo pluralismo cultural que aumenta o número de inimigos potenciais (!). Assim,
JAKOBS, Günther. Dogmática de derecho penal y la configuración normativa de la sociedad, p.45.
29 CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p.7.
140
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
desejável para o máximo aproveitamento das aptidões dos corpos. Índios dóceis são, assim,
candidatos perfeitos para o trabalho, restando apenas à Igreja a missão de introjetar neles os
valores cristãos que colaboram no processo disciplinar. A referência, por óbvio, segue as reflexões
de FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir, p.117-121.
33 De fato, já em 1492, a primeira bula papal não apenas reconhecia a soberania da Espanha sobre as
novas terras ao Oeste como também determinava que os “pacíficos” indígenas deveriam ser
levados à fé católica. Entretanto, a bula papal foi ignorada e as notícias da barbárie dos
conquistadores contra os indígenas eram cada vez mais frequentes. Em resposta, em 1512
teólogos editaram as “leis dos Burgos”, que reduziam a jornada de trabalho nas “encomiendas” e
enfatizavam a necessidade de oferecer uma educação católica os índios mais jovens. Como os
problemas continuaram, e sendo cada vez mais notória a crueldade dos espanhóis, em 1537 a bula
“Sublimis Deus” anuncia que os índios são dotados de razão e dignidade, e que por isso não
devem ser presos arbitrariamente ou privados de seus bens. Apesar desta nova e mais enfática
manifestação, nada mudou em relação à violência contra os nativos do outro lado do oceano. Em
conclusão, apesar da inequívoca posição da Igreja, suas leis, bulas e advertências eram
ridicularizadas pela prática diária da exploração colonial, o que em parte significava certa falta de
prestígio de sua autoridade no mundo além-mar. CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p.12-23 e
31.
141
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
das mais diversas ordens eclesiásticas, peças-chave que materializavam a extensão do poder
papal nas novas terras, indicando ainda a possibilidade de expansão do catolicismo com o
potencial arrebanhamento de inúmeros novos fiéis.
37 “ – (...) a imagem de um homem matando seu semelhante – tão comum e tão bem aceita numa
povos não estavam em guerra conosco! Chegavam até nós sorridentes, a alegria no rosto, curiosos
de nos conhecer, trazendo frutas e presentes! Nem mesmo sabiam o que é guerra! E nós lhe
trouxemos a morte! Em nome de Cristo!”. CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p.46-47.
142
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
39 Como salienta o cardeal: “ – Não estamos aqui para falar da crueldade dos espanhóis, mas para
falar sobre a natureza e a qualidade desses indígenas. Compreende?”. CARRIÈRE, Jean-Claude. A
Controvérsia, p.53. Ver também p.89.
40 Oportuno aqui fazer referência ao cínico contra o qual DUSSEL dirige sua obra, definido como
aquele que pretende justificar uma ordem ética (e, reflexivamente, normativa) fundada na
aceitação da morte, do assassinato ou do suicídio coletivo, conforme DUSSEL, Enrique. Ética da
Libertação, p.144. Idêntica é a conclusão de LAS CASAS, em CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia,
p.171.
41 “ – Eu lembro a Vossa Eminência, e aos outros membros da assembleia, que me contento em pedir
143
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
Aristóteles a entende, seria um absurdo; afirmo simplesmente que eles estão no patamar mais
baixo desta condição, e que a natureza deles difere essencialmente da nossa”. CARRIÈRE, Jean-
Claude. A Controvérsia, p. 94-95.
45 CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p.89. Vale notar, em todo caso, que nunca esteve em
discussão o direito dos europeus de explorar as novas terras: a exploração que coloca em questão
a natureza humana dos índios é sempre “lógica”, “natural”, resultado inequívoco da vontade
divina. Logo, a questão é viabilizar a manutenção e ampliação deste sistema, e não de transformá-
lo, pois não estão em discussão as relações de produção, nem interessa compreender como se
produzem estruturalmente as vítimas de um sistema de dominação, mas apenas de racionalizar
ou tentar limitar as injustiças que ele pressupõe ou mantém.
46 CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p.77-78, 89-102 e 150-151. LAS CASAS não demorará em
desvendar o sentido da argumentação de seu adversário, que quer colocar Deus como co-orador
de seu discurso, para servir aos interesses e justificar os crimes dos espanhóis a partir de um lugar
que não pode ser contestado, pois absoluto. “(...) – Todo o seu discurso parece só ter um objetivo, o de
colocar Deus a seu lado, a qualquer preço, mesmo que seja à força. O senhor diz a todo instante: deus guia
meus atos, me ajuda a segurar minha espada, nada faço sem ele, pois Ele está comigo. Mas o que leio por
trás de tudo isso é bem outra coisa. Eu leio: Deus serve a meus interesses! É o que justifica meus crimes!”.
CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p. 60-61.
47 Uma das mais comuns e perigosas falácias da lógica e da retórica, como explica SAGAN, Carl. O
144
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
49 SEPÚLVEDA é claro neste ponto: índios não são animais, são humanos, porém humanos de uma
categoria inferior. CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p.157-158.
50 CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p.112-113 e 133-142. O frei precisa defender a “igualdade
que não suprime a diferença” porque sabe que os índios só estarão sob amparo dos mandamentos
se forem considerados semelhantes aos espanhóis, como explica em CARRIÈRE, Jean-Claude. A
Controvérsia, p.198-199.
51 CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p.129.
52 Assim na discussão sobre um ídolo do deus Quetzalcóatl que SEPÚLVEDA traz aos olhos dos
145
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
53 “– Mas tudo isso não passa de um jogo de linguagem! Estamos engolindo sofismas aqui! Não
podemos decidir sobre a natureza dos índios com ardis de filósofo!”. CARRIÈRE, Jean-Claude. A
Controvérsia, p.152.
54 Neste ponto o livro narra a apresentação de três índios perante a comissão, trazidos da América a
pedido do Cardeal. Os índios são “testados”, fisicamente ameçados e expostos a uma encenação
cômica feita por bobos da corte para que sejam avaliadas suas reações. CARRIÈRE, Jean-Claude. A
Controvérsia, p.154-169 e 176-185.
55 “– Eles são sensíveis como nós, conhecem o amor e o medo, os sentimentos mais sutis, mas para
enxergá-los, para enxergá-los bem, devemos olhá-los com outros olhos que não os nossos olhos
habituais, De outra forma, jamais os veremos como são”. CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia,
p.186-187.
56 CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p.220.
146
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
57 Tal conclusão, absolutamente inesperada, assusta até mesmo SEPÚLVEDA. LAS CASAS tenta reagir,
mas a sua indignação é refutada secamente pelo cardeal: “– Não, não! Está bem está bem! Frei
Bartolomeu, não vamos recomeçar! Não estamos aqui para isso!”. CARRIÈRE, Jean-Claude. A
Controvérsia, p.222-228.
58 CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p.86.
59 Para a atual proposta de um Direito Penal do Inimigo, em regra “catedráulicos”, no sentido da
expressão é de LYRA FILHO, Roberto. Por que estudar Direito, hoje?, p.14-20.
147
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
60 Aqui, é claro, a referência ao teorema de Thomas, como descrito em BARATTA, Alessandro. Che
cosa è la criminologia critica?, p.63.
61 Ainda que fosse possível, não parece desejável que lhes seja concedida a palavra, pois como
alertava SEPÚLVEDA “– Desde que um povo saiba falar, sabe mentir!”. CARRIÈRE, Jean-Claude. A
Controvérsia, p. 88
62 JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo, p.40-41.
63 CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia, p. 129.
148
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
64 Esta perspectiva pode ser vista em detalhe em várias obras de CHOMSKY, especialmente “Piratas e
Imperadores” e “Poder e Terrorismo”. A ameaça de inimigos que fundamenta uma técnica
gerencial do poder sustentada pela irracionalidade do medo e a possibilidade de evitar as
restrições impostas pelo ordenamento pelo argumento da exceção – no contexto de uma suposta
ameaça terrorista nos EUA pós 11/09 – foi objeto de trabalho recente no qual concluo que o uso de
tais “regras de linguagem” colocam em risco o Estado Democrático de Direito. Em detalhes,
DIETER, Maurício Stegemann. Terrorismo.
65 Novamente aqui é válida a referência a SAGAN, que ao apresentar seu “kit de detecção de
mentiras” lembra que os melhores exemplos de falácias argumentativas “podem ser encontrados
na religião e na política, porque seus profissionais são frequentemente obrigados a justificar duas
proposições contraditórias”. O argumento das consequencias adversas permite defender certas
ações ou decisões sob a ameaça de uma consequencia futura desagradável, embora improvável
em termos científicos. SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios, p.210-211.
149
R EVISTA DE E STUDOS C RIMINAIS 32
D O UT R IN A N A C IO N A L
J A N ./M A R . 2009
5 – B IBLIOGRAFIA
BARATTA, Alessandro. Che cosa è la criminologia critica? In: Dei Delitti e delle Pene, 1991,
n. 1, p.63.
CARRIÈRE, Jean-Claude. A Controvérsia. Trad. André Viana e Antonio Carlos Viana. São
Paulo: Companhia das Letras, 2003.
CHOMSKY, Noam. Piratas e Imperadores, Antigos e Modernos: o terrorismo internacional no
mundo real. Trad. Milton Chaves de Almeida. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
_____. Poder e Terrorismo. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Record. 2005.
DIETER, Maurício Stegemann. Terrorismo: reflexões a partir da Criminologia Crítica.
DUSSEL, Enrique. Ética da Libertação: na idade da globalização e da exclusão. Trad.
Ephraim Ferreira Alves, Jaime A. Clasen e Lúcia M.E. Orth. 2. ed. Petrópolis: Vozes,
2002.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. 26. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
JAKOBS, Günther. Derecho penal del ciudadano e derecho penal del enemigo. In: JAKOBS,
Günther e MELIÁ, Manuel Cancio. Derecho Penal del enemigo. Buenos Aires:
Hammurabi, 2005.
_____. Dogmática de derecho penal y la configuración normativa de la sociedad. Madri:
Thomson Civitas: 2004.
_____. Sobre la normativización de la dogmática jurídico-penal. Trad. Manuel Cancio Meliá e
Bernardo Feijóo Sánchez. Madri: Thomson Civitas, 2003.
_____. Sobre la teoria de la pena. Trad. Manuel Cancio Meliá. Bogotá: Universidad
Externado de Colombia, 1998.
LYRA FILHO, Roberto. Por que estudar Direito, hoje? Brasilia: Ed. Fair, 1984.
SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro.
Trad. Rpsaira Eichemberg. 14. reimp. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.
150