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1 de Março de 2003 Filosofia política

A lógica de Marx
Desidério Murcho

Karl Marx
de Francis Wheen
W.W Norton, 2009, 424 pp.

Karl Heinrich Marx nasceu a 5 de Maio de 1818,


na cidade alemã de Trier e morreu em Londres em
1883. No cemitério de Highgate, em Londres, a
17 de Março de 1883, só 11 pessoas se
apresentaram no funeral de Marx. Entre elas, o
seu amigo de longa data, Friedrich Engels, que
não hesitou em declarar que “o nome e a obra de
Marx persistirão ao longo dos tempos”. Dadas as
circunstâncias, esta parecia uma previsão votada
ao fracasso. Todavia, Engels tinha razão.

Dada a influência de Marx no mundo


contemporâneo, não é de admirar a existência de

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várias biografias. Há biografias académicas e


biografias populares, biografias que pretendem
apresentá-lo como um génio do pensamento
político e biografias que pretendem apresentá-lo
como a incarnação do Mal — um mal que
justificou até a intervenção da Nossa Senhora de
Fátima, que apesar de parecer não se preocupar
com os milhões de pessoas que morriam à fome
no Terceiro Mundo, se preocupou com o facto de
haver um império comunista e ateu. Prioridades
católicas.

A nova biografia de Francis Wheen é um trabalho


informado dirigido ao grande público, que não
procura apresentar Marx como um demónio nem
como um deus, mas como um simples homem. E,
neste aspecto, consegue ser uma obra admirável,
dando-nos a conhecer a vida de Marx, com as
suas contrariedades do dia-a-dia, as suas manias,
os seus defeitos e as suas qualidades.

Esta biografia compreende 12 capítulos, uma


introdução e três apêndices, além das notas que
referem as fontes, dos agradecimentos e do índice
analítico. Apresenta-se redigida num estilo directo
e despretensioso, por vezes até humorístico, o que
ajuda o leitor mais tímido a vencer as páginas
ligeiramente densas, onde algumas das ideias
importantes de Marx são apresentadas e
discutidas. Para quem nada sabe de Marx além de
lugares-comuns, esta biografia é um bom ponto
de partida.

Marx era filho de um advogado judeu

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moderadamente progressista, que se converteu ao


catolicismo quando a situação política e social a
isso o aconselharam. Marx deveria herdar a
profissão paterna e foi com esse intuito que foi
enviado para a Universidade de Bona e de Berlim.
Na altura, Hegel era o santo padroeiro do
pensamento de língua alemã, o expoente máximo
da filosofia e da cultura, a autoridade
insofismável — Marx detestou-o. Pelos mesmos
motivos que qualquer pessoa sensata hoje o
detesta: o seu estilo grandiloquente, a mania de
dizer coisas triviais de maneiras rebuscadas e com
a aparência de profundidade, e o pretensiosismo.
Marx chegou mesmo a escrever um poema em
que escarnece de Hegel, e que hoje poderia ser
usado para escarnecer de grande parte do
pensamento alemão do século XX.

Apesar de detestar Hegel, Marx cedo começou a


interessar-se pela filosofia política e pelos estudos
económico-filosóficos. Para consternação do pai,
acabou por abandonar o estudo do Direito e
dedicou-se ao estudo da Filosofia. Para sua
própria consternação, acabou por achar que a
filosofia de Hegel era um marco importante da
filosofia ocidental, sendo no entanto necessário
trazê-la do céu das abstracções espirituais para a
terra das preocupações sociais e políticas.

As relações de Marx com a família eram pouco


íntegras. Nas suas cartas bajulava o pai e a mãe,
mas fugia sistematicamente a visitar a família ou
sequer a dar-lhe atenção. Este facto desagradável

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acerca de Marx tem, todavia, uma atenuante: a


sua mãe era extremamente dominadora e o jovem
Marx sentia, aparentemente, necessidade de se
distanciar da sua protecção subjugadora.

Apesar de conduzir uma vida típica de estudante


que gosta de pândegas, Marx apaixonou-se por
Jenny, com quem viria a casar e a viver feliz toda
a vida. Todavia, só depois de muita pressão por
parte de Jenny, cuja família aristocrática era
bastante mais rica do que a de Marx, é que ele se
decidiu a casar, depois de muitos adiamentos.
Aparentemente, Marx sempre colocou a sua vida
de estudante sem responsabilidades acima de
praticamente tudo e só a insistência de Jenny e o
seu próprio amor por ela o terá levado a casar-se,
não sem alguma relutância.

Quando Marx terminou o seu doutoramento o


clima político tornara impossível que conseguisse
ensinar numa Universidade de língua alemã.
Apesar de o seu doutoramento versar sobre um
tema aparentemente inócuo da filosofia grega
antiga, as suas ideias progressistas eram já
conhecidas, dadas as suas intervenções públicas
em vários jornais, o que lhe arruinou uma
possível vida académica. Hoje é irónico pensar
que Marx não tenha conseguido ensinar numa
Universidade; as iminências pardas que lhe
recusaram a vida académica não são hoje mais do
que pó que ninguém recorda, ao passo que as
ideias e a influência de Marx dificilmente poderia
ter sido maior. Uma lição para as más

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universidades do mundo inteiro — e para as


portuguesas onde ainda hoje um pensador
inovador jamais seria admitido como professor.

O jornalismo foi a carreira de recurso a que Marx


deitou mão. Mas a sua paixão pelas ideias
políticas não lhe permitiam um jornalismo
confortável; de modo que todos os jornais que
dirigiu eram mal vistos pelo poder político,
acabando por agravar a sua situação pública.

A escrita de Marx era extremamente persuasiva.


Baseada em argumentos por vezes bastante
elaborados do ponto de vista lógico, Marx tinha
no entanto uma maneira vívida de os apresentar.
A sua retórica era calorosa, mas geralmente
desastrosa, violando uma das regras fundamentais
da escrita argumentativa: Marx era incapaz de
escrever sem insultar uma parte substancial do
seu próprio público. Na verdade, Marx tinha uma
capacidade especial para fazer inimigos, tendo
perdido grande parte do seu tempo a escrever
diatribes contra personalidades pardas que só
ficaram na história precisamente porque Marx
escreveu contra elas.

Apesar da sua extraordinária capacidade para


fazer inimigos, dado o seu gosto pelo conflito,
Marx era capaz de ser tolerante com ideias que
ele considerava erradas e disparatadas. Mal se
mudou para Paris fez amizade com o poeta
romântico Heinrich Heine (1797-1856), uma
autoridade no mundo das letras, cujos poemas
foram musicados por Schubert e Schumann. Marx

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tinha desde a juventude uma grande admiração


por Heine e não deixou que a religiosidade
hesitante de Heine, nem as suas ingenuidades
políticas, destruíssem a sua admiração. Eleanor
Marx viria a explicar que o seu pai pensava que
os poetas eram “excêntricos e temos de permitir
que possam ir pelos seus próprios caminhos; não
devem ser avaliados pelos mesmos padrões com
que avaliamos os homens comuns e nem mesmo
pelos padrões com que avaliamos os homens
extraordinários”.

Um dos primeiros sinais do rumo que haveria de


conduzir Marx ao pensamento progressista mais
radical do século XX foi o seu ateísmo. Marx
rapidamente se apercebeu não apenas das falácias
da religião, mas também do facto de estas serem
usadas como instrumento político e social para
fazer calar os mais pobres e os mais
desfavorecidos: “O sofrimento religioso é ao
mesmo tempo a expressão do sofrimento real e
um protesto contra o sofrimento real. A religião é
o suspiro da criatura oprimida, o coração de um
mundo sem coração e a alma de condições
desalmadas. É o ópio do povo”.

Uma das características dos escritos de Marx é a


sua lógica, que desarma os leitores menos
sofisticados, levando-os a cair no erro comum de
pensar que só porque algo é logicamente coerente
é verdadeiro. Isto, claro, é falso. A teoria de
Ptolomeu é logicamente coerente mas falsa; a
coerência não é garantia da verdade. Mas é um

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facto que qualquer teoria verdadeira tem de ser


coerente.

Os escritos de Marx revelam uma boa capacidade


de análise das situações políticas e sociais do seu
tempo, mas uma capacidade inferencial limitada.
Ora, a capacidade para traçar inferências correctas
a partir dos dados da experiência ou a partir dos
resultados da nossa avaliação de situações dadas é
fundamental na construção de teorias. É talvez
esta capacidade limitada para traçar inferências
que explica o insucesso da doutrina marxista.
Todavia, a ideia geral que hoje corre —
nomeadamente, a de que o pensamento de Marx
nada tem para nos ensinar — é curiosamente
falsa.

A ideia de que as sociedades democráticas


ocidentais vieram para ficar, paralisando assim a
história, que nada mais teria para nos mostrar em
termos políticos e sociais, parece condenada ao
fracasso. E algumas das razões pelas quais essa
ideia parece condenada ao fracasso prendem-se
com aspectos já entrevistos por Marx. As
sociedades democráticas actuais estão dominadas
pelos meios de comunicação de massas, eleições
que fazem lembrar concursos televisivos,
multinacionais mais poderosas do que Estados, e
uma irracionalidade notória na gestão da riqueza e
dos recursos naturais. Mas ao contrário do que
Marx parecia dizer, o capitalismo não produziu
hordas de trabalhadores a viver perto dos níveis
de pobreza absoluta. Pelo contrário, as classes

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médias expandiram-se imenso e hoje os


trabalhadores conduzem automóveis caros,
compram casas de férias, têm micro-ondas e
televisões wide screen. Todavia, a verdade é que
parte desta riqueza só é possível graças à
exploração de países do terceiro mundo, à
exploração irracional dos recursos naturais e ao
aprofundamento de uma sociedade desumanizada
e febrilmente consumista, egoísta e cega. Poderá
Marx ter algo para nos ensinar hoje?

Essa é a opinião do seu mais recente biógrafo,


Francis Wheen. Do seu ponto de vista, Marx tem
sido mal interpretado. Não temos hordas de
proletários nos limites da pobreza? Temos o
terceiro mundo, que resulta da exploração
capitalista. E temos hordas de desempregados.
Todavia, Wheen vai longe de mais. As hordas de
desempregados que temos hoje vivem
provavelmente muito melhor do que os
proletários do século XIX. E não é fácil ver se a
fome no terceiro mundo é realmente um resultado
da exploração capitalista ocidental, se um
resultado da falta de solidariedade e sensibilidade
dos próprios proletários do mundo desenvolvido.
Por outro lado, os proletários têm cada vez menos
importância na nossa sociedade, como força
fundamental na produção de riqueza; é o sector
terciário que hoje comanda a economia, muito
mais do que o primário ou o secundário.

Todavia, há indícios que fazem pensar que os


actuais modelos sociais e políticos têm de ser

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revistos. E talvez Marx constitua um guia


importante. Como Wheen sublinha, o Capital, a
obra de fundo de Marx, não é apenas um tratado
económico, social e político; é também uma obra
sobre a felicidade humana e sobre o facto de ela
não se poder alcançar de um ponto de vista
exclusivamente materialista. Isto pode parecer
surpreendente para quem está habituado a encarar
Marx como um paladino do materialismo. Mas há
aqui uma confusão terminológica. Marx
deplorava, de facto, a espiritualidade religiosa —
por várias razões sociais e políticas, mas também
porque este tipo de espiritualidade é um obstáculo
à verdadeira espiritualidade. O que Marx
deplorava era um mundo desumanizado pelas
relações económicas entre as pessoas. E nesse
aspecto o seu pensamento não podia ser mais
actual.

Os padrões de vida nunca foram tão elevados para


tantas pessoas como hoje em dia nos países
desenvolvidos. Todavia, algo de essencial parece
faltar. Este é um mundo regido pelo consumismo
frívolo, pela mentira da publicidade e da política
populista, pela destruição dos recursos naturais,
pela comunicação desviante que faz uma multidão
gritar num bar sem realmente conversar nem
estabelecer relações sociais sólidas. É de duvidar
que Marx tenha a receita para a solução destes
problemas; é também duvidoso que ele tenha
compreendido completamente os mecanismos que
conduzem a uma sociedade desumanizada. Mas
não é disparatado repensar as suas propostas e

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reanalisar as suas análises para procurar entrever


um modelo de sociedade diferente do actual.

Um dos aspectos mais infelizes do pensamento de


Marx foi o facto de ele achar que a chegada da
Revolução seria incontornável. Ao longo da sua
vida, ao assistir às diversas convulsões sociais
que fizeram o seu tempo, Marx procurava
incessantemente indícios de que a Revolução do
Proletariado estaria prestes a acontecer. No
entanto, ela nunca veio. Contudo, talvez uma
outra forma de revolução tenha de acabar por
acontecer, quando a pressão da falta de recursos
ecológicos começar a fazer-se sentir. A ideia de
que podemos continuar a viver indefinidamente
tal como vivemos hoje é um puro disparate; se
todas as pessoas do mundo consumissem a
energia que as pessoas dos países desenvolvidos
consomem, o planeta não resistiria durante muito
tempo. Não se trata de saber se queremos ou não
encontrar alternativas para o modelo de sociedade
em que hoje vivemos; nós teremos de o fazer.
Trata-se é de saber que modelo queremos.

Um dos aspectos curiosos desta biografia de Marx


é o facto de nos mostrar uma característica
incómoda da sua personalidade: o facto de ser
anti-Rússia. Claro que estamos a falar da Rússia
dos Czares; mas Marx pensava que se tratava de
uma sociedade de tal forma atrasada que só pela
pressão dos países desenvolvidos, como a
Alemanha, a França ou a Inglaterra, poderia ser
levada a alcançar a Revolução. É um lugar-

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comum dizer que as previsões de Marx falharam


porque a tão almejada Revolução do Proletariado
não ocorreu em países altamente industrializados
e desenvolvidos, como ele previra, mas em países
praticamente feudais, como a Rússia e a China.
Mas esta é uma crítica injusta. Tanto o regime
Chinês como o Russo, e as respectivas
revoluções, pouco ou nada tiveram de marxistas,
excepto alguns slogans mal compreendidos e
retirados do contexto. Marx não desejava uma
sociedade policial, sem liberdade de imprensa,
nem liberdade política; pelo menos, é o que o seu
biógrafo nos quer fazer crer.

Um dos aspectos mais tocantes da vida de Marx


foi a sua longa amizade com Engels. Friedrich
Engels (1820–95), alemão de nascimento, cedo se
estabeleceu na Inglaterra. Tendo herdado um
lucrativo negócio, enveredou desde cedo pelo
activismo libertário. Era um homem de
pensamento límpido e de grande autonomia
intelectual. Inteligente, culto, dedicou-se de alma
e coração às causas libertárias desde os seus
tempos de estudante — e, com igual energia, a
uma vida sexual prolixa. Quando conheceu Marx
pessoalmente não gostou dele — não gostou da
sua ironia que revelava arrogância, do modo
como dizia mal de tudo e de todos. Todavia,
acabou por reconhecer em Marx um pensamento
original poderoso, pontuado por análises
devastadoras e rigorosas da sociedade do seu
tempo. Acabou por ser o maior amigo de Marx —
confidente, financiador, co-autor e até autor

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fantasma, pois muitos dos artigos publicados em


nome de Marx foram efectivamente escritos por
Engels.

Um dos aspectos mais caricatos da vida pessoal


de Marx, sobretudo quando se instalou em
Londres, era o facto de conduzir a sua vida como
um burguês respeitável. Como na realidade não
era um burguês, apesar de ser uma pessoa
respeitável, mas sim um homem sem recursos,
andou literalmente toda a vida a fugir do homem
do talho e de outros credores. Mas não prescindia
de alugar as casas mais caras e de fazer férias nos
locais mais caros, onde toda a “sociedade” se
mostrava. Isto pode parecer hipócrita da parte de
um homem que lutava contra a exploração a que a
burguesia votava o proletariado e sem dúvida que
há algo de frívolo nesta atitude; mas ela tem uma
explicação. O seu amor à causa da libertação
humana levou-o a nunca ter emprego certo e a
passar por dificuldades financeiras e políticas
constantes, tendo nomeadamente sido expulso do
seu próprio país. Anos depois, Marx haveria de
declarar que de nada se arrependia excepto de ter
imposto à sua mulher e filhas uma vida de
sacrifícios e dificuldades. Esta era uma das razões
pela qual ele procurava ter uma vida tão
semelhante quanto possível à de um burguês
respeitável: para garantir às suas filhas um futuro
— que naquela altura significava um bom
casamento, o que implicava pertencer à
“sociedade”.

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A autoridade intelectual de Marx manifestou-se


logo desde a sua juventude. Jenny, a sua mulher,
tinha uma paixão adolescente e romântica pelo
seu revolucionário idealista — e continuou a
apoiá-lo durante toda a sua vida. Marx tinha o
dom da palavra, o aspecto e o tom de quem tem
autoridade e uma visão superior das coisas.
Mesmo os seus mais contundentes inimigos lhe
reconheciam estas qualidades. Todavia, era um
homem cuja “violência” se esgotava nas palavras.
Na verdade, era extremamente dedicado à sua
família e amigos, sendo extremamente bem-
humorado e sempre disposto a passar um serão ou
uma tarde a brincar com os seus filhos, que ele
adorava acima de tudo.

A vida pessoal de Marx foi tragicamente


pontuada pela morte de vários dos seus filhos e,
finalmente, da sua mulher — sempre vítimas de
doença. Os seus descendentes não tiveram melhor
sorte, acabando todos os seus filhos e netos por
perecer tragicamente. O único descendente
directo de Marx que morreu tranquilamente de
velhice já no século XX foi o filho da criada de
Marx — um filho ilegítimo de que talvez Marx
tenha sido o pai, apesar de não haver certezas a
esse respeito. Francis Wheen apresenta novos e
persuasivos dados que apontam para a
paternidade de Marx. Todavia, nem este deslize
conjugal parece ter abalado a felicidade conjugal,
não acarretando sequer que a criada em causa
tenha sido despedida.

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A vida e obra de Marx merecem uma


reapreciação. A primeira, para demonstrar que
Marx não era nem um Iluminado nem um
Demónio, mas apenas um pensador como
qualquer outro. A segunda, porque no estado de
desertificação actual quanto a modelos
alternativos de sociedade, as suas ideias podem
muito bem revelar-se inspiradoras, indicando-nos
um caminho a seguir — sem que isso se confunda
com qualquer tipo de regime soviético, chinês ou
cubano. Uma obra a não perder.

Desidério Murcho
Livros (Dezembro de 2000).

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