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DIREITO PENAL

PROF. KAROLINE COELHO DE ANDRADE E SOUZA

1 Direito Penal 05/07/23


CONTEÚDO
DA AULA:
CRIMES
CONTRA A
HONRA
2 05/07/23
DISPOSIÇÕES INICIAIS
HONRA: É o complexo ou conjunto de predicados ou
condições da pessoa (físicos, morais e intelectuais) que lhe
conferem consideração social e estima própria.

É um direito inviolável: art. 5º, X + art. 1º, III, CRFB.

Pode ser dividida em honra subjetiva e objetiva.

3 Direito Penal 05/07/23


SUBJETIV
OBJETIVA CALÚNIA
E A
REPUTAÇÃ APREÇO INJÚRI
DIFAMAÇ
O PRÓPRIO A
ÃO
O conceito que os membros da O conceito que o sujeito tem de
sociedade têm a respeito do si mesmo a respeito dos seus
indivíduo, relativamente a seus atributos morais, éticos, culturais,
atributos morais, éticos, culturais, intelectuais, físicos ou
intelectuais, físicos ou profissionais.
profissionais.
Pode ser:
• HONRA DIGNIDADE:
HONRA COMUM vs. HONRA atributos morais (honestidade e
PROFISSIONAL bons costumes);
• HONRA DECORO: atributos
físicos e intelectuais.
CALÚNIA – ART. 138, CP
1 BEM JURÍDICO TUTELADO
• Honra objetiva.

2 SUJEITOS
• Crime “bi-próprio”.
• Os “desonrados” como prostitutas, criminosos, infames e
depravamos também podem ser sujeitos passivos.
• Pessoa jurídica? Arts. 225, §3º e 173, §5º da Constituição.
CALÚNIA – ART. 138, CP
3 TIPO OBJETIVO
• IMPUTAR falsamente a alguém fato definido como crime (caput):
• Deve se tratar de fato singularizado!!
• Calúnia reflexa: ex:. imputação falsa de corrupção passiva – art. 317, CP);
• Se for imputação falsa de contravenção penal? O propalador e o
divulgador apenas
reproduzem a
• PROPALAR OU DIVULGAR (§1º): calúnia, não a
• Propalar: relato verbal (esfera social menor); criam!
• Divulgar: esfera mais ampla, tornar público por qualquer meio, inclusive a
fala.
CALÚNIA – ART. 138, CP
4 ELEMENTO NORMATIVO: FALSAMENTE

• FALSO: em razão da não existência do fato ou em relação à autoria;


• A falsidade é presumida, mas permite que se prove não ser falso por meio da exceção da
verdade.

• Se o fato é crime mesmo, fica afastada a tipicidade e existe um interesse público maior em
apurar a conduta imputada.

• Se o agente acha que a imputação é verdadeira, mas é falsa?


• E se ele tem dúvidas a respeito da falsidade?
CALÚNIA – ART. 138, CP
5 CALÚNIA CONTRA OS MORTOS

• §2º do art. 138: “É punível a calúnia contra os mortos”.

• Protege-se não o morto (ele não é o sujeito passivo), mas a sua memória
e a reputação, de forma que o(s) sujeito(s) passivo(s) nesse caso são os
parentes interessados da preservação do bom nome do morto.
CALÚNIA – ART. 138, CP
6 TIPO SUBJETIVO
• Dolo de dano: vontade livre e consciente de caluniar a vitima, imputando-lhe
falsamente a prática de ato definido como crime;

• + Animus caluniandi = elemento subjetivo especial do tipo;


• Ou seja, necessário o desejo de ferir a honra por meio de uma calúnia.

• OBS.: O dolo pode ser direto ou eventual para o caput e apenas direto para o
§1º.
CALÚNIA – ART. 138, CP
6 TIPO SUBJETIVO

• Animi que retiram o caluniandi:

• animus jocandi (intenção jocosa, de brincar),


• animus consulendi (intenção de aconselhar, advertir),
• animus corrigendi (intenção de corrigir),
• animus defendendi (intenção de defender),
• animus narrandi (intenção de narrar, relatar o que sabe e deve fazer).
CALÚNIA – ART. 138, CP
7 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
• Consuma-se com o conhecimento da imputação falsa por terceiro;
• Tentativa possível, a depender do meio utilizado.

8 EXCEÇÃO DA VERDADE (EXCEPTIO VERITATIS) - §3º


• Possibilidade de o sujeito ativo provar a veracidade da imputação;
• Provada a verdade, estaremos diante de uma conduta atípica (para a calúnia).
CALÚNIA – ART. 138, CP
8 EXCEÇÃO DA VERDADE (EXCEPTIO VERITATIS) - §3º

• Não pode ser utilizada no caso de calúnia:


a) nos crimes de ação privada, quando o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;
• A vítima do crime imputado não intentou a ação penal, ou a ação está
correndo ainda;
b) nos fatos imputados contra as pessoas enumeradas no inciso I do art. 141,
CP;
c) se o ofendido for absolvido do crime imputado por sentença irrecorrível –
não se pode ultrapassar a coisa julgada.
CALÚNIA – ART. 138, CP
9 CALÚNIA E DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
• 138, CP vs. 339, CP.
• Denunciação caluniosa: “Dar causa à instauração de investigação policial,
de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito
civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe
crime de que o sabe inocente”. (redação de 2020).

10 AÇÃO PENAL
• A ação é de EXCLUSIVA INICIATIVA PRIVADA – art. 145, CP.
DIFAMAÇÃO – ART. 139, CP
1 BEM JURÍDICO TUTELADO
• Honra objetiva;

2 SUJEITOS
• Ativo: Qualquer pessoa.
• Passivo: Qualquer pessoa.

• Não cabe difamação contra memória dos mortos!!!


• PJ?
DIFAMAÇÃO – ART. 139, CP
3 TIPO OBJETIVO
• DIFAMAR (imputar/atribuir/acusar) alguém da prática de fato ofensivo a sua
reputação;

• Conceitos e opiniões não são difamar, mas provavelmente configurarão


injúria;

• Ex.: José falou a Maria que João deixou de pagar suas contas, tornou-se
devedor. Ser devedor de algo é considerado desonroso, de forma que José
ofendeu a honra de João ao imputar-lhe este fato, praticando difamação;
DIFAMAÇÃO – ART. 139, CP
3 TIPO OBJETIVO

• Mesmo que a imputação seja verdadeira, configura difamação.


• Exceção da verdade: funcionário público.

• A imputação precisa ser determinada e objetiva.

• Precisa chegar a conhecimento de terceiro.


DIFAMAÇÃO – ART. 139, CP
4 TIPO SUBJETIVO

• Dolo de dano (direto ou eventual): vontade livre e consciente de difamar o


ofendido, imputando-lhe prática de fato desonroso;

• Elemento subjetivo especial: animus difamandi.

• Não há modalidade culposa.


DIFAMAÇÃO – ART. 139, CP
5 NÃO CONSTITUI DIFAMAÇÃO – art. 142 (cabível para injúria também):
I. a imputação de fato desonroso por parte do advogado em juízo (art. 7º, §2º
do Estatuto da OAB e 133, da Constituição) = animus defendendi;
II. a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo
quando inequívoca a intenção de difamar = animus criticandi.
III. o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento do dever de ofício = animus narrandi.

• Aqueles citados nos incisos I e III responderão caso deem publicidade à


difamação (ou injúria), em razão do parágrafo primeiro do art. 142, CP.
DIFAMAÇÃO – ART. 139, CP
6 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
•Consuma-se quando o conhecimento da imputação dolosa chega a terceira
pessoa que não a vítima.
•Não admite tentativa (forma falada), embora, em tese, seja possível, por
exemplo, no caso de difamação por escrito, quando a vítima intercepta o escrito antes de
chegar ao conhecimento de terceira pessoa.
DIFAMAÇÃO – ART. 139, CP
7 EXCEÇÃO DA VERDADE
• Só cabe em um caso específico, isto é, quando o fato ofensivo é imputado à
funcionário público e relaciona-se ao exercício de suas funções  327, CP

• E no caso de o funcionário já ter deixado o cargo e o fato imputado supostamente


foi praticado no exercício da sua função?
• 2 correntes:
• Fragoso e Noronha: não se admite;
• Bento de Faria e Bitencourt: se admite.
DIFAMAÇÃO – ART. 139, CP
8 EXCEÇÃO DE NOTORIEDADE
• Em tese, é o procedimento especial pelo qual o autor da difamação poderia
vir a juízo e provar que o fato imputado é notório, isto é, de
conhecimento público, procurando uma absolvição pelo crime de
difamação.
• Prevista apenas no direito processual (523, CPP), sem correlação com o
direito material: ou seja, esse procedimento não se aplica, no entendo da
maioria dos autores;
• Bitencourt e Masson: mesmo que o fato seja notório, estará configurada a
difamação.
• Capez: se for demonstrada a notoriedade, não há ofensa a honra.
DIFAMAÇÃO – ART. 139, CP
9 AÇÃO PENAL
• A ação é de EXCLUSIVA INICIATIVA PRIVADA.

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